Gazeta Mercantil RiskOffice Finanças & Mercados
01 de agosto de 2005 - pág. B3

Contratação de modernas técnicas passa a fazer parte da estratégia de companhias abertas

A implantação de modernas metodologias de controle de risco deixou de ser preocupação apenas das instituições financeiras, passando a fazer parte também dos objetivos estratégicos das companhias não-financeiras. Embora essas ferramentas estejam cada vez mais presentes no ambiente legal, as companhias têm buscado os controles internos muito mais para agregar valor ao empreendimento do que para atender exigências legais, afirma o economista Carlos Antônio Rocca, sócio diretor da Risk Office.

Segundo ele, a ausência de uma política ativa de gerenciamento de risco de mercado pode impor graves prejuízos à empresa e seus acionistas, e isso tem sido percebido pelos executivos. Por isso, uma política dessa natureza não pode ser ignorada porque ela implica redução do custo de capital da empresa, minimizando a volatilidade dos lucros e do fluxo líquido de caixa, bem como a probabilidade de ocorrência de perdas e situações de "stress" financeiro, acrescenta Rocca.

Um estudo feito pela Risk Office* mostra que existe forte evidência de que a magnitude do impacto da volatilidade de taxas de juros, taxas de câmbio e preços de commodities sobre empresas não financeiras é muito maior do que se imagina. O estudo, que examinou a variação das taxas de rentabilidade trimestral observadas entre o 1º trimestre de 1995 e o 4º trimestre de 2003 — de uma amostra de 56 companhias de capital aberto que apresentaram os maiores índices de liquidez na bolsa — constatou que flutuações de preços e taxas de mercado produzem impactos consideráveis sobre os resultados das empresas não-financeiras.

Em quase 25% das empresas a volatilidade dos preços e taxas de mercado explica mais de 40% da variação de lucros; para 29% das empresas esse percentual se situa entre 20% e 40%; somente no caso de 7 empresas pode-se dizer que o impacto não é estatisticamente significante, inferior a 10%.

Conforme Rocca, há uma tendência mundial de empresas não-financeiras adotarem sistemas de gestão de risco. Em mercados desenvolvidos, como nos EUA, os órgãos reguladores e a legislação determinam que as empresas explicitem em seus balanços os principais riscos a que estão expostas e os controles internos adotados.

*A RiskOffice é dirigida por Marcelo Rabbat, consultor especializado em risco de crédito e de mercado