Para Karl Marx, a educação é um objeto de pesquisa que está inserida numa sociedade com luta de classes. Antes de tudo é importante destacar que ele não elaborou uma teoria da educação, não se dedicou sobre o tema como Rousseau, Durkheim, Vigotsky, Bourdieu, dentre outros. No entanto, sua obra nos legou alguns princípios importantes que devem ser levados em conta, quando quisermos estabelecer uma prática educacional transformadora do contexto social no qual estamos inseridos, o tão famigerado capitalismo.

 

Em uma de suas Teses sobre Feuerbach, Marx (1845) mais precisamente na terceira tese, que algumas vertentes da doutrina materialista erroneamente entendem que os homens são produtos das circunstâncias e da educação. Dessa forma, segundo essa concepção, é necessário transformar as circunstâncias para só depois transformar os homens. Marx discorda totalmente dessa ideia, afirmando justamente o contrário, para ele são os homens que transformam as circunstâncias e, por isso, é necessário primeiro mudar os homens e sua consciência para só depois mudar as circunstâncias.

 

Na décima primeira tese a Feuerbach, Marx argumenta que "Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; mas o que importa é transformá-lo". Desta forma ele critica uma postura contemplativa da filosofia, que apenas observava e nunca intervinha na realidade. Para Marx, é necessário que se estabeleça uma prática revolucionária, uma teoria viva, que passa a existir a partir da prática concreta, da luta, da revolução. Em suma, “o indivíduo exerce o principal papel na construção da nova sociedade e, consequentemente, numa dimensão dialética, de um novo homem” (Pensadores Sociais e História da Educação – 2008).

Por essa forma, podemos afirmar, com base nesses princípios, que Marx propõe uma prática educacional transformadora, onde a escola teria basicamente um duplo papel: 1°- Desmascarar todas as relações sociais (relações de dominação e exploração) estabelecidas pelo capitalismo no âmbito da sociedade, tornando cada indivíduo consciente da realidade social na qual ele está inserido; 2° - Militar pela abolição das desigualdades sociais, pelo fim da dominação e exploração de uma classe sobre outra; Por último, pela transformação da sociedade.

Podemos dizer que infelizmente, os princípios estabelecidos por Marx não tem sido utilizados, uma vez que o modelo de educação que temos no Brasil é altamente exclusivo, discriminatório, onde só os indivíduos da classe dominante têm reais chances de alcançar uma melhor posição social no interior de seu grupo.


No entanto, cabe a cada um de nós, educadores, lutar para o estabelecimento de um ideal de educação. Segundo Barbara Freitag, no Brasil, não existe um ideal de educação comprometido com a transformação da realidade social, assim como propunha Marx.

 

A luta socialista se resume à emancipação do proletariado por meio da liberação da classe operária, para que os trabalhadores da cidade e do campo, através da aliança política, rompam na raiz a propriedade privada burguesa, transformando a base produtiva no sentido da socialização dos meios de produção, para a realização do trabalho livremente associado - o comunismo -, abolindo as classes sociais existentes e orientando a produção - sob controle social dos próprios produtores - de acordo com os interesses naturais humanos.

Conclui-se então que Marx explicitou, embora possamos tentar compreender e definir o ser humano pela consciência, pela linguagem e pela religião, o que realmente o caracteriza é a forma pela qual produz e reproduz suas condições de existência. Fundamental, portanto, é análise das condições materiais dentro da sociedade.


Referênciais bibliográficas:

 

FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Pensadores Sociais e História da Educação/orrganizado por Luciano Mendes de Faria Filho. - 2ed. - Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.

 

MARX, Karl. Teses contra Feurbach. In: MARX. Os pensadores. São Paulo: Abril, 1978.