Já escutei muito por aí que aquele que não dizima é ladrão. Essa afirmação vem de uma interpretação equivocada de um texto no livro do profeta Malaquias, cap. 3, onde Deus afirma por boca do profeta que o povo o estava roubando porque não estavam trazendo os dízimos e as ofertas ao templo. Ora, o que muitos não se dão conta, ou não querem, é que na época, ou seja, mais ou menos 450 a.C., a lei mosaica vigorava, e de fato os dízimos eram exigidos e codificados na lei, como sendo do SENHOR, conforme se lê em Lv 27.30; Nm 18.21 e Dt 14.22. Então, naquela época, não trazer os dízimos ao Templo-Estado, negligenciando os preceitos de Deus e deixando o povo desassistido, era uma forma de roubá-lo.
No entanto, a velha lei mosaica não nos obriga e quem disser que sim, deve ficar com ela completa, ou seja, com todas as leis e suas penas.
A verdade é que com relação a lei, uma vez que ela foi levada a sepultura por Cristo, nós ficamos viúvos desse marido-lei e livres para pertencermos a outro marido, a saber, Jesus, o qual é fiel para sempre e nunca nos deixará. Isso é o que me diz Romanos 7. Ora, querer voltar à lei, é trair a Jesus, é dar um saltinho na tenda de Moisés (o legislador) e dormir com ele. É uma espécie de necrofilia espiritual. O resultado disso é a volta pra casa de cabeça baixa e a alma cheia de culpa, pra se encontrar novamente com o marido legítimo.
O Novo Testamento nos chama para outra realidade, a saber, a consciência da Lei do Espírito de Vida que liberta da lei do pecado e da morte, pois em Jesus, tudo e absolutamente tudo, está consumado, ou pago, inclusive os dízimos, que era lei, e o que nos resta agora é amar, e isso, sem querer adquirir justiça própria, afinal, não sabemos amar como convém. Amamos, porque Deus é Amor.
Em Mt 23.23 Jesus afirma que o cerne da lei não são percentuais, mas sim, a justiça, a misericórdia e a fidelidade, ou seja, em Jesus o percentual dá lugar à sinceridade de coração, ainda que seja 1%.
O dízimo agora não é mais legal (veja 2 Co 8-9) aliás nada no culto é mais legal, tudo é voluntário. Somos impulsionados pela liberdade que contribui sem lembrar que contribuiu. "Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria" (2 Co 9.7). Dá quem deseja dar. Deus não precisa de dinheiro, nós é que precisamos. Contribuir forçado e mentindo gera morte, como no caso de Ananias e Safira, sua mulher. Você é livre, não se submeta a jugo de escravidão. Liberdade com consciência é aquela que percebe a necessidade e contribui segundo as posses.
Dízimo não é doutrina, mas se for, vira lei, mata a consciência e se transforma em fardo. Por isso afirmo que muitos evangélicos estão dizimando por medo de serem castigados. Pra Deus, tenho certeza, não significa nada.
Jesus não é tesoureiro, o que Ele quer é ver seu povo alegre, grato e prosperando.
Bom. O que passar disso é negócio da religião que precisa de dinheiro para bancar seus templos suntuosos e os altos salários de pastores-executivos que não têm tempo de cuidar da alma de ninguém, pois já foram contaminados pelo desejo de ajuntarem tesouros aqui na terra.
Se Jesus vivesse entre nós, muitas "igrejas-empresas" seriam invadidas por Ele, e seus líderes seriam expulsos sob o som do chicote, como aconteceu no templo de Jerusalém, em seus dias.