UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

           UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

                     INSTITUTO DE LINGUAGENS

                    DEPARTAMENTO DE LETRAS

                        CURSO DE LETRAS

                    SOLANGE APARECIDA DA SILVA

          

           

          CONTRASTE ENTRE MACUNAÍMA E IRACEMA

                               

                               Barra do Bugres, MT

                                             2013

SOLANGE APARECIDA DA SILVA

                                        

ATIVIDADE  II

       

Atividade de Aprendizagem apresentado ao curso de letras Espanhol, da Universidade Aberta do Brasil, Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Linguagem, como parcial para avaliação na disciplina de Teoria da Literatura II Professor Especialista: Dr. Luiz Renato de Souza Pinto.

                                            Barra do Bugres, MT 

                                                          2013

                                 O CONTRASTE DE MACUNAÍMA E IRACEMA 

  Este texto tem a finalidade de mostrar de forma clara os contrastes entre as obras literárias Iracema e Macunaíma.

O contraste é visível, quando há o encontro entre “mundo civilizado” e “mundo selvagem”, a fusão cultural entre invasores e conquistados, a não miscigenação e beleza de Iracema e a miscigenação e feiúra de Macunaíma. 

Em ambas obras os personagens centrais são índios. Em Iracema a índia é bela e romântica, bem distante da realidade e em Macunaíma o índio é preguiçoso, no mesmo ponto de vista dos primeiros colonizadores portugueses. “Iracema nasceu, no alto de uma serra, no azul do horizonte ela tinha cabelos negros como a asa de uma graúna, seus lábios eram doces como o mel, era formosa” e “No fundo do mato Virgem, nasceu Macunaíma, herói de nossa gente, era preto retinto, filho de uma índia tapanhumas, era uma criança feia”. Macunaíma é uma mistura de preto e índio, por isso uma criança feia. Já Iracema, índia e ainda não miscigenada é formosa e tem lábios doces como mel. São descrições um tanto preconceituosas.

Mesmo estas descrições soando preconceituosas, Mário de Andrade e José de Alencar se preocupam em retratar a terra e o povo, respeitando suas culturas, religiões, tradições, usos e costumes. Porém, esta retratação acontece de acordo com contextos filosóficos, econômicos e outros da época que os autores queriam mostrar e criticar. 

José de Alencar escreve Iracema no período Romântico, no qual os escritores tentavam diferenciar o movimento das origens européias e adaptá-lo à natureza exótica e ao passado histórico, criando uma identidade nacional, buscando suas bases no nativismo do período literário anterior, no elogio a terra e ao homem primitivo. Para isto retratava os índios como bons selvagens, cujos valores heróicos tomavam como modelo da formação do povo brasileiro. O enredo foi baseado numa lenda do período de formação do Ceará, em que o nativo brasileiro ou o índio entra em contato com o branco colonizador. 

Já Macunaíma criado no período denominado Modernista, em que as novas linguagens dos movimentos literários europeus foram assimiladas pelos brasileiros, mas enfocando de forma crítica elementos da cultura brasileira. Mario de Andrade reúne conhecimentos acerca das lendas e mitos indígenas e folclóricos e compõe Macunaíma, visando criticar a cultura literária européia que era reverenciada pela elite brasileira.

O crítico Cavalcanti Proença demonstrou no "Roteiro de Macunaíma" as diversas relações de semelhança entre "Macunaíma" (1928), de Mário de Andrade, e "Iracema", de José de Alencar: 

 Aromas/perfumes: "Ci aromava tanto que Macunaíma tinha tonteiras de moleza" (Mário de Andrade) -- "Todas as noites a esposa perfumava seu corpo e a alva rede, para que o amor do guerreiro se deleitasse nela (José de Alencar). 

 Rede: É a rede de cabelos que torna a Mãe do Mato inesquecível, e é uma rede que Iracema oferece ao guerreiro branco: -- "Guerreiro que levas o sono de meus olhos, leva a minha rede também. Quando nela dormires, falem em tua alma os sonhos de Iracema" (José de Alencar).

 Ambas as mães não têm leite: O leite de Ci foi a cobra preta que sugou; em Iracema o leite não chegava ao seio, diluído nas lágrimas de saudade. "A jovem mãe suspendeu o filho à teta; mas a boca infantil não emudeceu. O leite escasso não apojava o peito" (José de Alencar). Em Macunaíma, o filho do herói "chupou o peito da mãe no outro dia, chupou mais, deu um suspiro envenenado e morreu".

Referências Bibliográficas e Webiográficas

ALENCAR, José. Iracema, lenda do Ceará. São Paulo: Ática, 1997. 

ANDRADE, Mário. Macunaíma. http://download.baixatudo.globo.com/docs/Macunaima.pdf - 10/12/13.

http://www.cesjf.br/index.php/mestrado-em-letras-dissertacoes/2012/42--27/file – 16/12/13

http://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/s/macunaima-mario-de-andrade.html - 16/12/13 

http://download.baixatudo.globo.com/docs/Macunaima.pdf - 16/12/13

PROENÇA, Manuel Cavalcanti. Roteiro de Macunaíma por M. Cavalcanti Proença. 6ª edição. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira; 1987.