Quando você tem 14 anos, seu sonho é chegar aos 15, depois aos 18. Mas quando você chega aos 19 você não quer chegar aos 20. Pelo contrário. Isso parece acontecer porque temos a impressão de que quanto mais velhos, mais independentes, inteligentes e maduros. Quando chegamos aos 18, vemos que isso nem sempre é verdade. Na verdade quase nunca é. Podemos ser tão imaturos quanto antes.

Poucas coisas no mundo são mais difíceis do que amadurecer. Amadurecer não significa apenas que o tempo está passando. Amadurecer não significa mudar de comportamento para uma postura que consensualmente é mais adulta, até porque ser adulto do ponto de vista de comportamento é algo relativo. Sem contar que adultos são imaturos também. Amadurecer também não significa ter muitas experiências na vida, pois a essência da vida é nos surpreender.

Amadurecer é difícil porque pressupõe uma capacidade de conhecer a si mesmo. Não internamente. Me refiro a ver a si mesmo fora de si, ver a si mesmo com o olhar dos outros. Vários outros. Sempre que formamos uma opinião sobre nós que parte de dentro pra fora, esta opinião é contaminada pelo nosso ego e as vezes, poucas vezes, pelo nosso complexo de inferioridade.

Amadurecer também significa ser capaz de se perceber e mudar. Mudar não é algo simples. Mudar implica em refazer sua rotina, remontar seus pensamentos e os pequenos hábitos. E os pequenos hábitos, além de serem os mais difíceis de mudar, são os que fazem a real diferença.

Amadurecer significa mudar os hábitos, mas também ter um feedback das ações e perceber se elas melhoraram o seu convívio com as pessoas, se estão tendo o resultado que você julga ser maduro, ou se ao menos estão mais aceitáveis do que anteriormente. Isso consiste em refazer todo o processo anterior que é bem desgastante.

Portanto, parece que ser completamente maduro é algo muito difícil porque nem conseguimos definir com clareza o que significa isso. Talvez seja apenas mais uma palavra que inventamos para nos fazer sempre se aproximar de um objetivo distante. Mas acho que o mundo ficaria muito chato com pessoas maduras demais. Por incrível que pareça, as coisas estão em ordem assim. É melhor a humanidade se achar imperfeita e imatura para que possa viver sempre em busca do ideal — que nem sempre é conhecido — do que se achar, ou ser perfeita a ponto de nunca se perceber insuficiente em si mesma e nas relações com os semelhantes.