CONTEXTUALIZANDO A INDISCIPLINA EM SALA DE AULA

 Autora: Suéli Aparecida Rangel

             Fabiana Alves Moraes Rangel

RESUMO

       Pretendo com este artigo, esclarecer ou explicar algumas formas de  indisciplina escolar e variáveis que contribuem para a existência de problemas que provem de alunos indisciplinados.

               É comum profissionais da educação terem contato com crianças e adolescentes agressivos, tanto na escola quanto em sala de aula e por vez não saberem como lidar com tais situações.

      Entre essas dificuldades, a indisciplina lidera  a lista de queixas da grande maioria dos professores, inclusive nas séries iniciais. Na revista NOVA ESCOLA e Ibope publicada em  2007 foi realizada uma pesquisa com 500 professores de todo o país revelando que 69% deles apontavam a indisciplina e a falta de atenção entre os principais problemas da sala de aula. 

      Pesquisa esta se feita hoje com certeza seria pelo menos 90%. Só quem sente na pele a questão no cotidiano tem a real dimensão de como o problema é desgastante, levando ao desestímulo com a profissão “ALÉM DE MAL PAGO O PROFESSOR É HUMILHADO FREQÜENTEMENTE POR ALUNOS  INDISCIPLINADOS”  fatores que muitas vezes levam ao abandono ou a perda de paciência do professor, visto que a escola, por não conseguirem controlar a agressividade de crianças com apenas cinco ou seis anos, joga-se a culpa nos professores dizendo que os mesmos não possuem domínio de sala entre outros.

       É importante lembrar que  passados quase cinco anos desta pesquisa muita coisa ainda piorou... E, como já sabemos quase todos que lidam com indisciplina logo trazem a receitinha mágica que “ta na hora de rever a prática”, “as aulas devem ser mais dinâmicas “ ai eu pergunto: Por quê em uma sala de aula com trinta ou até mais alunos a sua maioria aprende, presta atenção e tende a se comportar de forma louvável e uma meia dúzia insiste em conversas paralelas, passeios pelos corredores da escola ou entre as fileiras em sala de aula, uso do celular no meio da aula atrapalhando não só o seu aprendizado como o de seus colegas ? Será que os tais especialistas em indisciplinas com suas palavras bonitas conseguem controlar uma criança que a cada dois minutos ofende um colega ou seu professor com palavras de baixo escalão e ainda teêm apoio de seus pais?

 

PALAVRA CHAVE-INDISCIPLINA, COMPORTAMENTO.

 

INTRODUÇÃO

 

       As salas de aula deveriam ser um modelo de ética e respeito mútuo. No entanto, as mesmas são modelo de indisciplinas que operam de forma escandalosamente em nosso pais.

      Uma prática educada, ou melhor, civilizada que funcione em uma sala de aula não necessariamente servirá para outra. Porem, a pratica de respeito dentro de uma sala de aula pode ter um impacto significativo nos resultados educativos e de aprendizagem se houver disciplina e ensinamentos éticos de seus familiares e educadores. No entanto, sabemos que esta pratica tão desejada esta cada vez mais longe de ser concretizada visto que, o professor hoje é xingado por alunos com menos de seis anos por palavras de baixo escalão e nada pode fazer e quando fazem são criticados por pais que vivem em seu “mundinho de profissionais exemplares” compensando assim com defesas ferozes a seus filhos, como se os mesmos fossem anjos.

      Já se tornou freqüente os veículos de comunicação publicarem noticias de agressões sofridas por professores e alunos em todo o Brasil e no mundo e, infelizmente noticias corriqueiras acabam por se tornarem banais e muito mais difíceis de serem  transformadas.

       Considerando os inúmeros fatos descritos pelos jornais em todo o Brasil, sabemos que na maioria das vezes esses agressores são de famílias com sérios problemas sociais e de baixa escolarização que prejudicam a qualidade do ensino e da disposição em cuidar de seus filhos deixando-os com avós ou sozinhos em casa para trabalhar e conseqüentemente deixam também de educá-los para á vida em sociedade.

      A violência proveniente dos fatores citados à cima demonstra o desafio da socialização e do respeito comum  que têm faltado nos ambientes escolares. Sabemos que atualmente, a escola é exigida a repassar conhecimento, e  muitas vezes, a transferir para sí a conduta que deveria ser ensinada pelos pais a seus filhos.

      Sabemos que o professor hoje é impulsionado a ser além de educador, pai, mãe, psicólogo, e, sobretudo eleito o chato da história, já que passa muito mais tempo com a criança do que seus pais e conseqüentemente cobra mais por isso é comum ouvir a criança dizer: Você não é minha mãe ou meu pai. Até mesmo a criança percebe que o professor esta atuando no papel de seus pais e não de educador.

           A violência nas escolas é um problema universal que atinge milhares de crianças e adolescentes, em grande número de vezes de forma silenciosa e dissimuladamente como em casos de bullying.

       A prática de Bullying é relevante sob dois aspectos; primeiro, devido ao sofrimento indescritível que imputa às suas vítimas, muitas vezes silenciosas e devastantes. Em segundo, porque, comprovadamente, a violência discriminatória é maldade pura, incluindo ai a discriminação aos gordinhos, aos chamados “feios”, negros, aos nerds entre outros, podem impedir um bom desenvolvimento físico e mental da vítima, traumatizando os para sempre e muitas vezes acabam por tornarem adultos frustrados ou violentos.

       Estudos revelam um pequeno predomínio dos meninos sobre as meninas e tais comportamentos não apresentam motivações específicas ou justificáveis. Em última instância, significa dizer que, de forma “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas ou no caso de professores demonstrar seu descontentamento com o conteúdo ou até mesmo pessoal ao professor, já ouvi adolescente dizer “não fui com a cara dele” ou “não gosto desta matéria”. Sendo assim quando o professor chega, começa com apelidos e chacotas a sua aula.

      Em uma cartilha publicada pelo conselho nacional de justiça as formas mais freqüentes de bullying nas escolas brasileiras são:

 •            Verbal (insultar, ofender, falar mal, colocar apelidos pejorativos, “zoar”)

• Física e material (bater, empurrar, beliscar, roubar, furtar ou destruir pertences da vítima)

• Psicológica e moral (humilhar, excluir, discriminar, chantagear, intimidar, difamar)

• Sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar)

• Virtual ou Ciberbullying (bullying realizado por meio de ferramentas tecnológicas: celulares, filmadoras, Internet etc.)

“CONHECIMENTO É AUTORIDADE O que se espera da escola é conhecimento. É isso que faz o aluno respeitar o ambiente à sua volta. Se não, a tendência é ele procurar algo mais interessante para fazer.” Frase esta publicada no Universal Press Syndicate. Realmente o que se espera da escola é conhecimento e para se dar conhecimento é preciso alguém querer, ou pelo menos  estar interessado, e na prática, juntar uma coisa na outra não é fácil. Freqüentemente, mistura-se tudo em extensos regimentos que pouco colaboram para manter o bom funcionamento da escola e o clima necessário à aprendizagem em sala de aula.

             É importante que a escola, no início do ano letivo, faça uma leitura do seu regimento interno com os alunos e se possível convide também os pais, a fim de mostrar quais  as conseqüências de atitudes agressivas, discutindo de forma democrática sobre os direitos e deveres dos mesmos, bem como os da escola e que as cumpra caso venha acontecer eventuais confusões ou agressões a professores ou colega. Estas regras deverão ser cobradas e executadas em sua integra, senão correrá o risco de agravar ainda mais a situação. Acredito que algumas soluções deverão estar ai, pois estas questões não devem ser fechadas e sim socializadas.

        Quando se definem objetivos específicos com alunos e comunidade escolar, além do diálogo haverá uma distinção entre moralidade e convenção que no momento certo a escola como um todo poderá cobrar de seu aluno e conseqüentemente mostrar para ele que caminho terá que trilhar para ter um futuro promissor.

       Na prática, unir escola e comunidade não é uma tarefa fácil, mas necessária, pois freqüentemente se mistura tudo e cada problema surgido, uma decisão é tomada contrariando os pais e alunos envolvidos causando ainda maiores confusões.

        Tudo isso é muito bonito de se dizer ou sugerir, no entanto nós educadores apesar dos inúmeros artigos e sugestões a lidar com alunos indisciplinados sabemos que de nada adianta se não revermos os conceitos de moralidade e autoridade escolar.

        Pesquisa realizada em 2008 pela Organização dos Estados Ibero-Americanos com cerca de 8,7 mil professores mostrou que 83% deles defendem medidas mais duras em relação ao comportamento dos alunos, 67% acreditam que a expulsão é o melhor caminho e 52% acham que deveria aumentar o policiamento nas escolas. A indisciplina é tanta que chegamos a ponto de acreditar que a repreensão é solução para disciplinar, ou seja,  se a repreensão funcionasse, a indisciplina não seria apontada como o aspecto mais difícil de lidar em sala de aula e conseqüentemente não teríamos tantos problemas de aprendizagem que temos hoje.

È sabido também que os alunos que chegam ao sexto e até nono ano sem saber ler bem, ou as quatro operações da  matemática são em sua maioria os indisciplinados das séries iniciais. Novamente volto a perguntar por que isso não acontece com alunos das escolas militares? Posso responder sem medo algum de errar, “pela forma rigorosa que são tratados e cobrados...” Isso é fato, mas o governo acha que temos de aceitar tudo pacificamente, afinal a escola é espaço do aluno... Pense bem nas palavras que vai dizer a ele ou poderá traumatizá-lo... Isso é uma vergonha!  Que temos governantes corruptos todos nós já sabíamos, mas cegos é bom saber!

 

CONCLUSÃO

 

       É hora de rever a idéia de indisciplina e o que há por trás dela.

      O comportamento inadequado do aluno não pode ser visto como causa da dificuldade em domínio de sala do professor. Na verdade, o aluno indisciplinado é resultado da falta de adequação no processo de ensino assim como na falta de estrutura familiar que já não temos neste país.

    A paciência do professor está por um fio. Estamos cansados e intolerante a tanta falta de respeito, nós nos sentimos com os braços atados e a autoridade abalada, tudo que falamos tem de ser pensado mil vezes enquanto as crianças e adolescentes dizem e fazem o que querem.

      Não suportamos mais as cenas que vemos todos os dias e não sabemos o que fazer. Queremos obediência! Queremos ser apenas professor! Queremos mudanças no comportamento dos alunos! Queremos punição sim! Afinal a indisciplina transgride no mínimo as regras morais e sociais do ser humano com base nos princípios éticos e sobre ética não se pode discutir e sim cumprir. Assim, é possível dizer que a autonomia só passa a existir quando as relações entre crianças e adultos são baseadas, desde a fase heterônoma, na cooperação e no entendimento do que é ou não é moralmente aceito e por quê. Sem isso, é natural que, conforme cresçam, mais indisciplinados fiquem os alunos.

Vale ressaltar também que o aluno seja punido, mas não estamos falando aqui de expulsões ou castigos do tempo das palmatórias e ficar ajoelhado em grãos de milho.

           Muita coisa mudou na educação brasileira, hoje a escola não adota mais uma postura repressiva e violenta. Estamos numa época de valorização da democracia, cidadania e respeito. Cabe a escola levar estes princípios à sério dentro do seu projeto pedagógico, objetivando melhorar as condições de aprendizado dos alunos.

         Com estas e outras atitudes, o professor vai ganhar o respeito de seus alunos. Este respeito é uma porta aberta para, através do diálogo com todos os envolvidos no processo ensino/aprendizagem, busquem soluções adequadas para melhorar as condições de aula na sala de aula.

 

 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA  

 Groppa, Aquino Júlio, Indisciplina na Escola, Ed. Saamuus

 Nova Escola ed 256 junho/julho 2012

 Rebelo, Rosana A. A., Indisciplina escola, causas e sujeitos  ed. Vozes

 Nova Escola abril 2012

Vichessi,  Beatriz : texto publicado na revista nova Escola    30/10/2000.

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