VOVÓ ZEFA

A vovó Zefa era uma índia que morava em uma pequena casa feita de madeira perto da praia. Sua casinha era muito limpa e tudo muito bem arrumadinho. Ela tinha mais de 90 anos e todos na cidade gostavam dela.

Vovó Zefa era muito sábia, contava história na praça para as crianças, até os adultos paravam para escutar e aprender sobre seus ensinamentos. Além das histórias ela vendia livrinhos de Literatura de cordel, tinham esse nome porque ficavam pendurados em um cordão ou barbante e, é um tipo de poema popular originalmente oral.

Quando tinha oito anos aprendeu com o povo de sua tribo o trabalho feito com barro, aprendeu a fazer pote para colocar água, jarros para enfeitar as casas, pratos e panelas que até hoje é usadas em restaurantes de beira de estrada.

Aos doze anos ela já sabia costurar, via sua mãe e as outras índias bordando, fazendo crochê e rendas com birros, e de tanto olhar aprendeu o ofício. Sabia fazer toalhas, lençóis e colchas enfeitadas que vendia para os turistas na cidade.

Vovó Zefa contou que um dia foi a uma festa com seus pais, ela nunca esqueceu, era a festa do dia de Reis. Era muito engraçada, tinha um boi dançando que se chamava bumba-meu-boi. Os jovens e os mais velhos também dançavam, estavam muitos felizes.

Em sua adolescência, acordava muito cedo e ficava sentava na areia da praia a olhar seu pai e os índios de sua tribo sair de jangada para alto mar e só voltavam ao entardecer com o barco cheio de peixes. As índias, é que limpavam e assavam os peixes enquanto os homens descansavam ao redor de uma fogueira esperando os peixes ficarem prontos para comer.

No mês de junho seu povo acendia fogueiras e dançavam quadrilhas. As moças se

 

vestiam com vestidos estampados com rendas, muitos babados e laços de fitas na cabeça e os rapazes trajavam calça preta com camisas de xadrez e usavam chapéus de palha na cabeça.

As vezes vovó Zefa ficava muito triste, ela sentia saudades de sua amiga Iracema que era filha do índio Araquém, pajé da tribo tabajara, e prometeu sua filha Iracema em casamento ao chefe guerreiro Irapuã. Mas Iracema conheceu Martim um guerreiro branco, eles se apaixonaram, fugiram e durante algum tempo foram muito felizes.

Porém, Martim viajava muito para caçadas e batalhas deixando Iracema sozinha. Grávida e triste longe de seu amado, ela tem um filho que dá o nome de Moacir. Assim que Martim chega de mais uma viagem encontra Iracema muito doente, ela lhe entrega seu filho, deita na rede e morre. Essas lembranças deixavam vovó Zefa muito triste.

O que Vovó Zefa gostava mesmo, era de comer uma carne assada com paçoca e baião de dois, depois tirar aquele cochilo em sua rede branca com varandas que ela mesma fez.

Ireuda Barboza