Contexto e enunciado, a busca pela interpretação.

        “Considera-se,geralmente,que cada enunciado é portador de um sentido estável,a saber,aquele que lhe foi conferido pelo locutor.Esse mesmo sentido seria decifrado por um receptor que dispõe do    mesmo código,que fale a mesma língua.”     (Maingueneau,Dominique)

Você passeia vespertinamente pela praia,admirando a paisagem quando de repente sente seu pé esbarra em algo,olha para o chão e vê fincada uma placa com o seguinte anúncio : por favor não pise na grama. Sua expressão de espanto será mais que bem-vinda nessa hora, pois o que não é bem-vindo mesmo é essa placa, como assim não pisar na grama ?! desde quando tem grama na praia ... então, o que dizer desse aviso no mínimo estranho,não pode-se dizer que ele esteja errado, pois, atendeu a todas as regras gramaticais,no entanto, não atendeu a um dos principais fatores que lhe são necessário para ganhar credibilidade, o CONTEXTO.

Transportemos essa placa, agora para um parque ecológico, ao lado do espaço para as devidas caminhadas, encontra-se nossa placa, cumprindo sua função que é de repassar a informação que anteriormente estava sem sentido,tenho certeza que agora não causará mais nenhuma reação de dúvida ao leitor,pois sua informação AGORA é clara. Mas, o que mudou ? temos a mesma placa com a mesma informação,apenas mudamos o cenário,e esse foi o grande feito !. As informações não se sustentam apenas por si própria,é necessário toda uma preparação para que possa surtar seu esperado efeito.

Vivemos em um mundo onde estamos sempre rodeados por as mais diversas informações,anúncios,panfletos,cartazes,propagandas,placas,outdoor´s etc,encontramos o tempo todo as mais variadas instruções, ordens ou apelos e temos que descobrir se estamos diante de uma brincadeira ou de um real aviso e isso só nos será possível com a análise completa da informação,ou seja,a  formatação da informação  mais o local em que se encontra.Não se dará atenção a um anúncio de ‘’Silêncio’’ no meio de uma boate, ou de ‘’ Não alimente os animais’’ no meio de um shopping-center,já que não esperamos encontrar animas em um shopping, nem saímos de casa para meditar em uma boate,portanto,o contexto vai fazer metade do papel para definir se a informação é verdadeira ou não.

Ops... metade ? ainda tem mais ? ... CLARO QUE SIM ! olha lá no título do artigo, diz assim ‘’Contexto e enunciado’’.Portanto,falta a outra parte para garantir uma total interpretação.Quanto ao enunciado, temos que lembrar de avaliar a forma que ele foi produzido, mais a informação que ele trará, para ver se terá validação,provavelmente este artigo não estaria sendo lido se tivesse sido feito com lápis hidrocor e em um pequeno e rasurado pedaço de papel.

Vamos a mais um exemplos. Se sua conta de luz viesse escrita em um guardanapo, iguais aos discretos bilhetes enviados na hora das paqueiras,tenha certeza caro leitor,que uma boa parcela das pessoas não leria esse artigo por falta de iluminação ... Mesmo que no singelo e diferente ‘’suporte’’ trouxesse as mesmas informações que estamos acostumados a receber mensalmente.O fato do enunciado estar sendo feito de maneira que não atende a formalidade necessária ,resultaria uma falta de compromisso com a conta recebida.

Conclui-se então que é preciso de um  bom enunciado,devidamente escrito, atendendo as regras de preocupação em adequar-se ao local que será exposto e de formalidade ou atratividade,para que a informação seja devidamente compreendida por todos, evitando assim constrangimentos ou dúvidas.