Contexto do Plano Real

No período entre 1979 e 1994 o Brasil passou por diversos planos de estabilização econômica, isso se fez necessário, pois, o Brasil tem um problema crônico no que se diz ao combate a inflação.

A inflação é um aumento no nível geral de preços da economia, e nesse período a inflação crescia em um ritmo muito acelerado desestabilizando a economia como um todo. O pior é que a inflação deste período se caracterizava por um tipo de inflação pouco convencional mais muito difícil de lidar.

Existem três tipos diferentes de inflação e são estes a inflação de demanda a inflação de custos e a inflação inercial a inflação de demanda e de custos são mais estudas e “comuns” já inflação inercial não, é um fenômeno mais recente e mais encontrado em economias emergentes. (CASTOLDI, 2006).

A inflação por demanda é basicamente um excesso de demanda por bens e serviços, ou seja, quando há mais demanda que oferta os preços sobem, isso ocorre em um âmbito geral. Ela ocorre em geral quando há um aumento excessivo na renda e não há um estimulo ao crescimento da oferta ou quando o governo gasta alem do necessário, assim ocorre um aumento nos meios de pagamento da economia.(CASTOLDI, 2006).

A inflação de custos normalmente é causada por um desequilíbrio nos custos da oferta em geral, e esses custos são repassados aos preços em cadeia nacional, esse efeito é comum quando a taxa de juros esta muito alta ou quando há um cambio desvalorizado assim os custos de oferta sobem pois o credito esta cara o matérias primas e tudo que é importado também e esse custo é passado direto e indiretamente para o preço final.(CASTOLDI, 2006).

A inflação inercial ocorre independente de pressões de demanda e de custos ela ocorre por uma regularidade ou periodicidade de reajustes de preços, assim ela utiliza do nível de preços passado pra reajustar o preço atual, ela ocorre por falta de estabilidade econômica e de incerteza na economia. (CASTOLDI, 2006).

O principal problema do Brasil é que a inflação dessa época era do tipo inercial, já que os preços não tinham um motivo de demanda ou de oferta para subirem, eles só subiam por incerteza do futuro, assim subiam constantemente em um ritmo muito elevado o que só gerava expectativas ainda piores, o que por sua vez causava um ciclo vicioso de inflação.

Com esse problema da inflação indexada e de ciclos viciosos na economia era necessário que o governo tomasse medidas anticíclicas para combater os constantes reajustes nos preços e reestabilizar a economia.

Existem dois tipos de programas de estabilização os ortodoxos e os heterodoxos, os ortodoxos são caracterizados por enfatizar um problema fiscal enquanto os heterodoxos em problemas de inércia inflacionária.

Entre 1979 e 1992 o Brasil passou por 11 programas de estabilização abrangendo tanto programas ortodoxos quanto os planos heterodoxos, alguns exemplos de planos ortodoxos foram os Planos Delfim I, Delfim II, Delfim III, que ocorreram em 1979, 1981 e 1983 respectivamente, alguns exemplos de planos heterodoxos foram os Planos Collor I e II que ocorreram em 1990 e 1991 respectivamente, todos os 11 planos de estabilização serão analisados mais profundamente no decorrer do estudo.(CARDOSO, 2005).

Os planos ortodoxos não surtiram muito efeito no combate a inflação crônica, eles se deram por dois motivos; o primeiro é que eles usavam a inflação passada como parâmetro e um problema de inflação crônica gera mecanismos de indexação que perpetuam a inflação passada; outro problema era a falta de credibilidade nos reajustes fiscais sobre o tamanho desses reajustes serem insuficientes, assim esses programas não deram muito certo no Brasil. (CARDOSO, 2005).

Os planos heterodoxos nesse período também não foram muito eficazes no combate à inflação crônica, pois, tentaram combater a inflação apenas através do congelamento de preços e salários.O congelamento de preços tinha como objetivo eliminar o efeito da inflação passada sobre a inflação presente, mais isso não ocorreu, esse tipo de política econômica só gerava um represamento dos preços assim quando o congelamento de preços cessava a inflação voltava com mais força,um exemplo disso foi o Plano Cruzado em 1986.(CARDOSO, 2005).

Após esse período de grande instabilidade econômica o Plano Real seria implantado, mas, essa implantação não foi um processo simples e rápido tanto é que sua foi subdividido em três fases.

A primeira fase era estabilizar as contas nacionais, isto é, as contas fiscais deveriam estar em dia o que não ocorreu em Planos anteriores onde foram implantados mesmo com déficits operacionais fato fundamental para seu fracasso. Essa estabilidade fiscal era necessária, pois, um governo que gasta alem das suas receitas gera inflação, pois, para financiar seus gastos ele tem duas alternativas ou emite títulos de divida o que era muito difícil pois o governo já estava muito endividado e sem credibilidade de bom pagador ou emite moeda o que só pressiona ainda mais a inflação, assim esse controle fiscal era imprescindível para o sucesso do Plano. (OLIVEIRA, 2005).

Essa estabilização ocorreu de um modo que o governo realizou vários cortes nos gastos e uma completa reestruturação das contas publicas e até mesmo por um controle maior sobre os bancos estatais, outro artifício utilizado foi PAI (Programa de Ação Imediata) que propunha cortes emergenciais nos gastos. (OLIVEIRA, 2005).

Outras medidas foram tomadas para aumentar a arrecadação do estado um deles foi a criação de um novo imposto o Imposto Provisório sobre Movimentação Fiscal (IPMF) um tributo provisório que abrangia uma grande quantidade de arrecadação, mas, elevava a taxa de juros. Alem desse novo imposto o governo também criou o Fundo Social de Emergência que permitia uma flexibilidade na gestão orçamentária do governo nos anos subsequentes.(OLIVEIRA, 2005).

A segunda fase do processo de implantação do Plano Real foi a criação de uma moeda virtual que intermediaria a mudança de uma moeda para outra,isso foi feito da seguinte maneira, em Março de 1994 moeda virtual URV (Unidade Real de Valor) foi criada seu objetivo era converter o valor do Cruzeiro Real para uma nova unidade de medida assim a transição para a nova moeda seria mais simples pois o URV tinha uma paridade com  Dólar assim uma forma de valor real, ela teve uma importância grande para a transição pois quando o Real começasse a circular os contratos já estariam na nova unidade de medida e assim o reajuste nos preços baseados na URV assim os preços passariam a estar alinhados e estáveis.(OLIVEIRA, 2005).

A terceira fase foi a implantação da nova moeda um julho de 1994 o Real passa a circular e assim um URV era igual a um Real e um Real era Igual a um Dólar e essa paridade de valor foi garantida pelo governo por meio das reservas de Dólar do Banco Central que estavam sendo acumulados desde 1993.(OLIVEIRA, 2005).

Após essas três fases o novo sistema monetário nacional estava implantado, e seu sucesso foi imediato, pois a inflação cedeu fortemente superando as expectativas mais otimistas, e após a implementação do Real a economia brasileira se reestabilizou.(OLIVEIRA, 2005).

REFERÊNCIAS

CASTOLDI, Agenor, A inflação e suas explicações. 2006. Disponível em: <http://www2.unijui.edu.br/~castoldi/nutri/Texto_9.pdf >. Acesso em: 29 de Ago de 2015

CARDOSO, Eliana, A inflação no Brasil. 2005. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/aparte/pdfs/elianainfl.pdf>. Acesso em: 29 de Ago de 2015

OLIVEIRA, G. Brasil Real: Desafios da pós-estabilização na virada do milênio. 2.ed. São Paulo: Mandarim, 1996.

REFERENCIAS

CASTOLDI, Agenor, A inflação e suas explicações, 2006. Disponível em: <http://www2.unijui.edu.br/~castoldi/nutri/Texto_9.pdf> , Acesso em: 22 de Nov de 2015.

CARDOSO, Eliana, A inflação no Brasil. 2005. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/aparte/pdfs/elianainfl.pdf>. Acesso em: 22 de Nov de 2015.

OLIVEIRA, Thais Diniz. Teoria e aplicação: das fases do Real a nova moeda. 2005. Disponível em: <http://piwik.seer.fclar.unesp.br/iniciativa/article/view/6673/4913>. Acesso em: 22 de Nov de 2015.