Atualmente a transparência deixou de ser meramente um discurso politicamente correto nas organizações para se tornar cada vez mais um critério formal na realização de negócios no âmbito empresarial, como obtenção de recursos junto às instituições financeiras ou "venda da imagem" da organização, por exemplo. Na realidade, após uma série de escândalos financeiros e contábeis no mundo empresarial, as empresas puderam perceber a dimensão dos estragos provocados pela falta de transparência na gestão das empresas. O tema que já vinha sendo discutido ainda que timidamente, ganhou dimensão estratégica para as organizações preocupadas com a geração de resultados sustentáveis em pilares de ética, confiabilidade, transparência e responsabilidade social.

A questão da transparência que até então não era considerada uma prioridade, passou a ser muito valorizada pelo mercado no seu quesito mais precioso: o lucro.

As empresas que perceberam essa nova realidade passaram a implantar novos modelos de gestão corporativa que levam em consideração princípios e valores de natureza ética, além das questões econômico-financeiras. Um setor que ganhou enorme importância nesses novos modelos foi à contabilidade, principalmente a tributária, a financeira e a de custos, que deixaram de ser simples instrumentos para o fornecimento de dados e informações contábeis e passaram a ser importantes ferramentas auxiliares nas decisões de todos os setores que compõem as organizações. Algumas ações que adicionaram valor à contabilidade dentro das organizações foram a profissionalização da gestão, independência da auditoria, introdução do planejamento tributário, novos critérios de contabilização, etc.

Um fator importante para a mudança dos modelos de elaboração e divulgação de demonstrações contábeis é a exigência cada vez maior das instituições financeiras na transparência e detalhamento dessas demonstrações.

O BNDES tem um programa de incentivo à adoção das melhores práticas de governança corporativa pelas empresas brasileira que a conseqüentemente trará redução do custo do capital. O programa tem caráter voluntário, mas oferece condições diferenciadas por meio da concessão de bônus e benefícios aplicados sobre as condições normais definidas pela análise tradicional e é direcionado para questões societárias e administrativas, destacando-se a transparência na divulgação das demonstrações contábeis aos investidores, acionistas, clientes e outros que tenham necessitem do acesso a elas.

O programa prevê a captação de recursos junto ao mercado de capitais destinados ao crescimento das empresas que se relacionam com os investidores de forma ética e transparente.

Quanto à ética individual do profissional contábil, vários fatores influenciam suas decisões e conduta. Uma ferramenta importante de auxilio para estas questões e o Código de Ética Profissional do Contabilista, porém não é a única, como se pode observar no modelo de tomada de decisões éticas na área de negócios proposto por Alves (2005). Deve-se ressaltar que, segundo o próprio Alves (2005, p. 111), a obediência do indivíduo ao Código de Ética Profissional do Contabilista não se deve pelas punições aplicadas aos contabilistas que descumpri-lo, mas principalmente pela percepção do profissional de que seguindo esse conjunto de normas dará mais legitimidade à transparência e honestidade em suas demonstrações contábeis.

Por fim, o profissional contábil, nas suas diversas áreas de atuação seja como Contador, Auditor, Perito ou Consultor, deve estar preparado para orientar as organizações sobre a correta aplicação das regras da Boa Governança Corporativa na busca de modelos de gestão que levem a uma melhoria no gerenciamento dos negócios, alinhada com os conceitos de transparência, ética e responsabilidade social corporativa.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Francisco José dos Santos. Adesão do Contabilista ao Código de Ética da sua profissão: um estudo empírico sobre percepções. 2005. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. Universidade de São Paulo, São Paulo.

BNDES. Programa de Incentivo à Adoção de Práticas de Governança Corporativa. Disponível em: http://www.bndes.gov.br/produtos/financiamento/governanca.asp