1 INTRODUÇÃO

 

As mudanças econômicas, políticas, sociais e tecnológicas que vem ocorrendo no mundo estão induzindo os profissionais de várias áreas a repensarem sobre seus papeis na sociedade. E diante destas mudanças, é possível observar que a eficiência e proatividade em suas atividades são necessárias para atender a demanda de uma sociedade que a cada dia se torna mais exigente e analítica diante do papel dos mesmos.

A contabilidade, por ser uma ciência social, encontra-se nestas mudanças e precisa acompanhar o interesse de seus usuários e atender suas exigências diante deste cenário dinâmico. E entre as várias exigências está a transparência no fornecimento das informações contábeis, fator de suma importância para alcançar a confiabilidade da entidade junto aos credores, financiadores e investidores.

Para abordamos a relevância da transparência das informações contábeis, relatamos o contador como peça fundamental para se alcançar a eficiência da contabilidade. O profissional, ao organizar as demonstrações para publicação deve ter ciência de que os relatórios correspondem ao processo de comunicação com o usuário externo e que para alcançar a transparência é relevante utilizar todas as formas de evidenciação conhecidas. Só assim alcançará a eficiência da informação que a contabilidade é capaz de passar.

Demonstramos os Princípios da Contabilidade aceitos pelo Conselho Federal de Contabilidade que são fundamentados pela Resolução nº 1.282/10 e auxiliam os profissionais a agirem conforme a lei e serem confiáveis diante de suas informações.

Identificamos junto ao CPC 00 o quanto a informação relevante é capaz de influenciar a decisão dos usuários e que a estrutura conceitual objetiva reforçar que o fornecimento de informações relevantes e fidedignas a todos os usuários das demonstrações contábil-financeiras contribuem para melhorar a confiança e estabilidade econômica da entidade.

O estudo de caso foi realizado com a empresa Gerdau através das suas demonstrações financeiras consolidadas do exercício de 2013, que se apresentaram em conformidade com as normas internacionais e também de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil baseadas nas normas de contabilidade emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. As demonstrações deste exercício ficaram entre as 10 empresas que apresentaram as melhores demonstrações financeiras no prêmio Troféu Transparência de 2014 da Anefac-Fipecafi-Serasa e por tão motivo foi escolhida para ser analisada quanto a transparência, compreensão e legibilidade das informações.


2 REFERENCIAL TEÓRICO

Junto ao cenário dinâmico e competitivo, a exigência na transparência das informações contábeis vem crescendo e sendo cada vez mais relevante nas diversas decisões e situações. Diante desta demanda, a contabilidade como uma ciência social voltada para o patrimônio deve ser envolvida por contadores comprometidos com a transparência e com o papel social da profissão.

De acordo com Fortes (2001), a contabilidade é o sistema mais eficiente de registro, controle e análise patrimonial. E o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) na resolução 774/94 apresenta o objetivo da contabilidade como “a correta apresentação do patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas mutações”.

A transparência para a contabilidade pode ser vista através de evidenciação, requisito fundamental para o fornecimento de informações e para auxiliar a contabilidade não só na transparência, mas também na compreensão e legibilidade das informações. (MARION, 2006).

Para alcançar a eficiência da contabilidade e extrair a capacidade de informações que ela é capaz de passar, o contador, ao preparar os demonstrativos para publicação, deve ter ciência de que os relatórios são o processo de comunicação com o usuário externo e que para alcançar a transparência é relevante utilizar todas as formas de evidenciação conhecidas (DALMÁCIO, 2015). Tais relatórios auxiliam na compreensão do estado financeiro e econômico da empresa, sua evolução, os riscos que pode correr, bem como as oportunidades que ela oferece. Auxilia o contador a contribuir com a clareza e transparência e trabalha como suporte para as decisões gerenciais.

Um dos desafios do contador é lidar com a responsabilidade social diante do mercado consumidor das informações que a cada dia se torna mais exigente e analítico. Portanto, o profissional deve estar capacitado e enxergar a extensão de suas tarefas, não bastando atender somente a lei, mas também preparar e prover a sociedade de informações. Seu papel é ir além do que identificar problemas; deve conhecer a empresa e atuar na correção das falhas para auxiliar o desenvolvimento e aperfeiçoamento de sua competitividade. (FIGUEIREDO; LORDÊLO, 2005).

Outro ponto importante é a ética do profissional contábil. A transparência nas informações apresentadas através dos diversos relatórios contábeis está diretamente ligada a postura ética do contador, tendo em vista que ao agir corretamente com os princípios e práticas aceitas pelo Conselho Federal de Contabilidade e pelas leis que o cercam.

Os Princípios aceitos pelo CFC são fundamentados pela Resolução nº 1.282/10 e são denominados de Princípios da Contabilidade. Eles são classificados em princípios da entidade; continuidade; oportunidade; competência; prudência e o princípio do registro pelo valor original. (IUDICÍBUS; MARION; FARIA, 2009).

O artigo 4º da Resolução CFC nº750/93 estabelece que o princípio da Entidade conhece o Patrimônio como elemento da contabilidade assegurando a autonomia patrimonial, tendo a obrigatoriedade de separar os patrimônios existentes, não podendo assim misturar o patrimônio da sociedade empresária com o dos seus sócios ou proprietários. (PORTAL DA CONTABILIDADE, 2015).

De acordo com o artigo 5º da Resolução 1.282/10 º “o Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância”. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2015).

Assim supõe que a entidade irá operar por um período de tempo relativamente longo no futuro gerando lucro a seus sócios, essa premissa só é abandonada quando houver sinalização por parte de contadores e auditores que a sociedade está em processo de descontinuidade, alguns motivos que podem levar a isso são prejuízos persistentes, perda de competitividade ou entidades com contratos por tempo determinado. (IUDICÍBUS; MARION; FARIA, 2009).

O Portal da Contabilidade (2015) expõe através da Resolução 750/93 que o princípio da oportunidade menciona ao processo de mensuração e exposição dos elementos patrimoniais para dar informações corretas e tempestivas. Sendo que a falta desses elementos na produção e na divulgação da informação contábil pode gerar uma irrelevância dos fatos, tornando-se indispensável ajustar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.

De acordo com o artigo 7° da Resolução 1.282/10 o princípio do registro pelo valor original determina que cada elemento do patrimônio da entidade deve ser anotado primeiramente pelos valores originais das transações em moeda corrente. (CFC, 2015).

Já o princípio da competência determina o registro do fato no momento de confrontação e realização do mesmo, de um lado o registro da receita quando há a transferência de propriedade do outro a despesa quando há a diminuição do valor econômico do ativo sendo irrelevante a observação do recebimento ou pagamento. (IUDICÍBUS; MARION; FARIA, 2009).

Detalha-se na Resolução 750/93 em seu parágrafo 10° que o princípio da prudência determina a adoção do menor valor para os elementos do Ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se ofereçam alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. (PORTAL DA CONTABILIDADE, 2015).

Iudicíbus, Marion e Faria (2009) complementam dizendo que esse princípio é visto como uma forma de precaução do contador no sentido de antecipar prejuízo e nunca antecipar lucro. Desta forma, ele estará agindo de acordo com o que lhe é permitido, tornando seu trabalho mais confiável, seguro, essencial para o controle e sucesso dos negócios.

As informações constantes nos relatórios contábeis e financeiros destinam-se principalmente aos investidores, financiadores e outros credores com o objetivo de lhes auxiliarem “quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade.”. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS TÉCNICOS, 2015).

Entretanto, conforme o CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, estas informações não são exatas, pois se baseiam em estimativas, julgamentos e modelos amparados por conceitos da Estrutura Conceitual, cuja finalidade é nortear a elaboração das demonstrações contábeis. Além disso, os relatórios contábil-financeiros não proveem todos os dados que os usuários necessitam, eles informam acerca da posição patrimonial e financeira da entidade, sobre os seus recursos econômicos e reinvindicações contra a entidade, cabendo aos usuários considerarem outras fontes, como “condições econômicas gerais e expectativas, eventos políticos e clima político, e perspectivas e panorama para a indústria e para a entidade.”. (CPC, 2015).

Para Martins et al (2013) “é fundamental conhecer e entender essa estrutura conceitual, porque dela derivam todos os procedimentos e sobre ela se assenta toda a elaboração das demonstrações contábeis.”.

Ainda segundo o CPC 00, as informações contábil-financeiras possuem algumas características qualitativas que devem ser levadas em consideração ao elaborar as demonstrações. Duas características são consideradas fundamentais: relevância e representação fidedigna. E outras quatro são consideradas de melhoria, sendo elas: comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade. (CPC, 2015).

Tem-se por informação relevante aquela capaz de influenciar a decisão dos usuários a partir de valores preditivos, confirmatórios ou ambos. Um aspecto da relevância é a materialidade que se baseia na natureza, magnitude ou ambos, conquanto “não se pode especificar um limite quantitativo uniforme para materialidade ou predeterminar o que seria julgado material para uma situação particular.”. (CPC, 2015).

A representação fidedigna requer três atributos da informação contábil-financeira, que ela seja completa, neutra e livre de erro. Desta forma, as demonstrações devem possuir todas as informações necessárias para que o usuário compreenda o fato retratado, bem como, a falta de manipulação dos dados que possam aumentar a probabilidade dos usuários serem favoráveis ou desfavoráveis a elas. E sem erros ou omissões do fato retratado. (CPC, 2015).

A Estrutura Conceitual objetiva reforçar que o fornecimento de informações relevantes e fidedignas a todos os usuários das demonstrações contábil-financeiras contribuem para melhorar a confiança e estabilidade econômica da entidade. (MARTINS et al, 2013).

Como característica de melhoria tem-se a comparabilidade que permite a identificação de semelhanças e diferenças de itens dos relatórios contábil-financeiros com outras entidades ou com períodos anteriores da mesma entidade a fim de identificar sua situação patrimonial e financeira. (IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2009).

A verificabilidade permite o consenso de diferentes usuários quanto à fidedignidade das informações, em alguns casos por modo direto (contagem do estoque) ou por meio indireto (checagem de fórmulas). (CPC, 2015).

Outra característica de melhoria é a tempestividade que de acordo com Silva (2012) requer que a informação chegue ao usuário a tempo de influenciá-lo. Às vezes mesmo que a informação não esteja completa, ela precisa ser divulgada para que os usuários possam utilizá-la para tomarem decisões.

Por último tem a compreensibilidade que possibilita o recebimento da informação pelo usuário de forma clara e concisa. (CPC, 2015).

Contudo, “as características qualitativas de melhoria, quer sejam individualmente ou em grupo, não podem tornar a informação útil se dita informação for irrelevante ou não for representação fidedigna.”. (CPC, 2015).

O dimensionamento da qualidade e da quantidade de informações que atendam às necessidades dos usuários das demonstrações contábeis é um dos grandes desafios da contabilidade, em relação à evidenciação. (MARTINS et al, 2013).

 E para superar este desafio Martins et al (2013) cita as notas explicativas que surgiram como dados complementares e parte integrante das demonstrações. Elas tendem a fornecer informações imprescindíveis da situação patrimonial e financeira da sociedade empresária e, portanto, ao serem criadas devem seguir as orientações propostas pela legislação.

Uma dessas orientações refere-se aos seguros e adverte que “a companhia deverá incluir em suas Notas Explicativas informação dos ativos, responsabilidades ou interesses cobertos por seguros e montantes respectivos, especificados por modalidade.” (Comissão de Valores Mobiliários apud MARTINS et al, 2013).

A legislação também orienta sobre os esclarecimentos que devem ser feitos sobre

o ágio na aquisição de investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial, não decorrente da diferença entre o valor de mercado de parte ou de todos os bens do ativo da coligada e controlada, bem como o não decorrente de expectativa de resultado futuro, deverá ser reconhecido imediatamente como perda, no resultado do exercício, esclarecendo-se as razões de sua existência. (MARTINS et al, 2013).

Relacionado a divulgação sobre Partes Relacionadas, o CPC 05 “determina que os relacionamentos entre controladora e controladas ou coligadas devem ser divulgados independentemente de ter havido ou não transações entre essas partes relacionadas.” (CPC apud MARTINS et al, 2013).

E se houver transações faz-se necessário a divulgação da natureza do relacionamento entre as partes, bem como, os saldos existentes e compromissos para que os usuários compreendam o potencial efeito desse relacionamento nos relatórios contábil-financeiros. (MARTINS et al, 2013).

Segundo o CPC 32 – Tributos sobre o Lucro os principais elementos da despesa (receita) tributária devem ser divulgados separadamente. Esses elementos podem incluir:

a)         despesa (receita) tributária corrente;

b)         quaisquer ajustes reconhecidos no período para o tributo corrente de períodos anteriores;

c)         valor da despesa (receita) com tributo diferido relacionado com a origem e reversão de diferenças temporárias;

d)         valor da despesa (receita) com tributo diferido relacionado com as alterações nas alíquotas do tributo ou com a imposição de novos tributos;

e)         valor dos benefícios provenientes de prejuízo fiscal não reconhecido previamente, crédito fiscal ou diferença temporária de período anterior, o qual é utilizado para reduzir a despesa tributária corrente;

f)         valor do benefício de prejuízo fiscal, crédito fiscal ou diferença temporária não reconhecida previamente de período anterior, o qual é utilizado para reduzir a despesa com tributo diferido;

g)         despesa com tributo diferido proveniente da baixa, ou reversão de baixa anterior, de ativo fiscal diferido;

h)         valor das despesas (receita) tributária relacionada àquelas alterações nas políticas e aos erros contábeis que estão incluídos em lucros ou prejuízos. (CPC, 2015).

Também é importante evidenciar nas notas explicativas junto com comentários da administração os saldos de caixa e equivalentes de caixa que não estão disponíveis para uso da entidade, conforme orientação do CPC 03(R2) – Demonstração dos Fluxos de Caixa, (CPC, 2015).

“Tais informações são relevantes para o usuário da informação, tendo em vista o caráter específico de disponibilidade dos montantes existentes em caixa dos depósitos a vista em bancos.” (CPC apud MARTINS et al, 2013).

Logo em relação aos estoques, o Pronunciamento Técnico CPC 16(R1) – Estoques, as entidades devem demonstrar em notas explicativas:

a)         as políticas contábeis adotadas na mensuração dos estoques, incluindo formas e critérios de valoração utilizados;

b)         o valor total escriturado em estoques e o valor registrado em outras contas apropriadas para a entidade;

c)         o valor de estoques escriturados pelo valor justo menos os custos de venda;

d)         o valor de estoques reconhecido como despesa durante o período;

e)         o valor de qualquer redução de estoques reconhecida no resultado do período;

f)         o valor de toda reversão de qualquer redução do valor dos estoques reconhecida no resultado do período;

g)         as circunstâncias ou acontecimentos que conduziram à reversão de redução de estoques; e

h)         o montante escriturado de estoques dados como penhor de garantia a passivos. (CPC apud  MARTINS et al, 2013).

Como último exemplo de orientações dos órgãos reguladores sobre a criação das notas explicativas, o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, ressalta que para cada classe de provisão deverá ser divulgado:

a)         o valor contábil no início e no fim do período;

b)         provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos nas provisões existentes;

c)         valores utilizados ( ou seja, incorridos e baixados conta a provisão) durante o período;

d)         valores não utilizados revertidos durante o período;

e)         o aumento durante o período no valor descontado a valor presente proveniente da passagem do tempo e o efeito de qualquer mudança na taxa de desconto. (CPC apud MARTINS et al, 2013).

Além disso, deverá ser informado uma rápida descrição e o cronograma das saídas dos benefícios econômicos. Indicar as incertezas do valor e as atitudes adotadas para os eventos futuros. O valor do reembolso evidenciando o ativo que gerou tal reembolso. (MARTINS et al, 2013).

A entidade deve informar para cada classe de passivo contingente na data do balanço, uma descrição sobre tal passivo descrevendo a estimativa do efeito financeiro, incertezas sobre as saídas de valores, e as estimativas de reembolsos existentes. (MARTINS et al, 2013).

Além das notas explicativas, o artigo 176 da Lei Nº 6.404/76 e alterações da Lei Nº 11.638/07 cita como obrigatórias a divulgação ao final de cada período: o balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração do resultado, demonstração dos fluxos de caixa e nos casos de companhia aberta a demonstração do valor adicionado. (BRASIL, 2015).

Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis, fora as informações obrigatórias, muitas sociedades empresárias apresentam comentários da administração que descrevem e explicam as características principais da sua performance e situação financeira e patrimonial e as incertezas básicas às quais estão sujeitas. Esse relatório pode incluir a análise:

(a) dos principais fatores e influências que determinam o desempenho, incluindo alterações no ambiente em que a entidade opera, a resposta da entidade a essas alterações e o seu efeito e a política de investimento da entidade para manter e melhorar o desempenho, incluindo a sua política de dividendos;

(b) das fontes de financiamento da entidade e a respectiva relação pretendida entre passivos e o patrimônio líquido; e

(c) dos recursos da entidade não reconhecidos nas demonstrações contábeis de acordo com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC. (CPC, 2015).

Algumas sociedades empresárias expõem também, fora das demonstrações contábeis, relatórios ambientais e sociais, principalmente as sociedades cuja atividade econômica afeta diretamente o meio ambiente e social em que está inserida e quando os empregados são considerados um importante grupo de usuários. (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2015).


3 ESTUDO DE CASO

A Gerdau apresenta suas demonstrações financeiras consolidadas, do exercício de 2013, em conformidade com as normas internacionais de relatório financeiro - IFRS e também de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil baseadas nas normas de contabilidade emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC. Podendo dizer assim que ela respeita os princípios contábeis, de tal maneira que ficou entre as 10 empresas que apresentaram as melhores demonstrações financeiras no prêmio Troféu Transparência de 2014 da Anefac-Fipecafi-Serasa.

Um exemplo a ser citado dessa transparência é a aplicação do princípio da continuidade que é observado no momento em que a Gerdau tem a mensuração e apresentação anualmente dos seus componentes patrimoniais através da publicação de suas demonstrações contábeis sem mencionar qualquer intenção de liquidação da entidade.

Nesse momento utiliza-se também do princípio da oportunidade, pois expõe informações corretas e tempestivas, como a provisão de passivos ambientais citado no item 20 das notas explicativas que por meio de estimativas registra os valores aproximados dos custos, mesmo que futuros.

Tanto os estoques como o imobilizado são registrados pelo custo histórico de aquisição expressos em valor presente e na moeda corrente obedecendo, assim, o princípio do registro pelo valor original.

No item 2.8 das notas explicativas que aborda a provisão para redução ao valor recuperável dos ativos e reversão de provisão constituída é utilizado o maior valor para reduzir o valor que pode ser recuperado dos ativos, aplicando-se o princípio da prudência.

O principio da competência pode ser observado no item 2.18a e b por tratar-se da obtenção de uma empresa controlada em que os custos incorrem na data de aquisição e a evidenciação da transação é feita por este valor.

A partir da análise do item 2.5 e do item 10 das notas explicativas das demonstrações contábeis pode-se perceber a aplicação da verificabilidade, que é uma das características de melhoria citadas pelo CPC 00. Por meio da explicação de como o cálculo da depreciação acumulada é realizado no item 2.5 e da apresentação da vida útil do imobilizado utilizada pela entidade no item 10 torna-se possível verificar, de forma indireta (por meio de fórmulas), se os valores lançados na conta de Imobilizado estão corretos.

Entretanto, não foram apresentados nas notas explicativas os valores residuais considerados para cada imobilizado. Tal informação tornaria a verificabilidade mais exata.

Como exemplo do uso da tempestividade pode-se citar o item 2.2b das notas explicativas, cujo conteúdo aborda a aplicação de determinada taxa de câmbio no momento das transações com moeda estrangeira, no exato momento em que acontece, e posteriormente, no fim do exercício contábil a reconversão dos valores para as taxas vigentes neste período. Não cabia esperar o final do exercício para converter os valores das transações à moeda corrente, sendo que esta informação era necessária anteriormente.

No item 2.17 também das notas explicativas, o contador discrimina as principais contas em que a estimativa foi utilizada. Desta forma, ele ressalta que todas as informações contidas no relatório contábil-financeiro são fidedignas e livres de erros, mas não estão completamente exatas. Um claro exemplo da característica fundamental das informações contábeis que é a representação fidedigna.

De acordo com o item 13 é possível aplicar a comparabilidade, uma vez que contém o cronograma do pagamento de parcelas de empréstimos e financiamentos a longo prazo de 2013 e 2012. Assim pode-se comparar o que foi previsto ser pago em 2012 e o que foi efetivamente pago em 2013, como também o impacto da contratação de novos empréstimos e financiamentos.

Apesar de no balanço patrimonial estarem apresentadas apenas as contas sintéticas de forma objetiva e concisa, elas são desdobradas nas notas explicativas para melhorar a compreensão dos dados por parte de todos os usuários. Representação prática da compreensibilidade. E o agrupamento das contas de valores inexpressivos sem prejuízo da qualidade das demonstrações também é uma aplicação da materialidade.

Os estoques e o imobilizado de acordo com os itens 6 e 10 das notas explicativas estão assegurados contra incêndio, extravasamento e sua cobertura é determinada em função dos valores e graus de risco envolvidos cumprindo, assim, o parecer da CVM.

Conforme orientações dos órgãos reguladores, quando o ágio apresenta indício de eventual perda seu registro é feito diretamente na demonstração de resultado como descrito no item 2.6 das notas explicativas.

Em relação à divulgação sobre as partes relacionadas, a Gerdau exibe em tabelas contidas nos itens 3.2 e 3.3 das notas explicativas as participações com suas controladas e associadas e o método de avaliação utilizado é a equivalência patrimonial.

A nota 8 das notas explicativas explicita as alíquotas incidentes sobre o lucro do IR e CSLL, que são de 25 e 9%, e ainda é citado os incentivos fiscais, atendendo ao disposto no CPC 32.

Também em conformidade com às normas do CPC, as demonstrações de fluxo de caixa identificam os saldos disponíveis retirando-se os valores de equivalência patrimonial, por exemplo, que é uma receita econômica e não está disponível para uso da entidade.

Em relação aos contingentes tributários, a entidade destaca nas notas explicativas o valor de 752.672 de ação judicial de crédito do ICMS que não foi provisionado, pois a perda é considerável possível, mas não provável. Já os contingentes trabalhistas foram provisionados no Passivo, porque o desembolso dos valores é provável.

As demonstrações contábeis da Gerdau estão disponíveis em seu site junto com o relatório anual que incluem informações de sua gestão ambiental e social. Na área social é demonstrado os investimentos em treinamentos e desenvolvimento dos colaboradores, bem como em saúde e segurança do trabalho. Por meio do Instituto Gerdau, a entidade atua a favor da qualidade de vida minimizando os impactos das áreas nas comunidades onde atua. Já os impactos ambientais são minimizados através do reaproveitamento da sucata ferrosa que em 2013 correspondeu a cerca de 75% do aço produzido.


4 REFLEXÃO E DISCUSSÃO INTERGRUPAL

Devido à grande exigência dos usuários das demonstrações contábeis, a transparência das informações é de suma importância para alcançar a confiabilidade da entidade junto aos credores, financiadores e investidores.

A credibilidade de uma sociedade empresária é principal fator para se conseguir empréstimos em bancos, cuja análise de crédito tem se tornado mais rígida devido à crise econômica, pois os recursos são escassos e os fatores de riscos são maiores.

Assim como os credores, os investidores também analisam as informações divulgadas nos relatório contábil-financeiros para avaliar seus ativos, passivos contingentes, fluxo de caixa e demonstração de resultado para ter convicção que seu investimento terá um bom retorno financeiro.

A partir da análise do balanço da Gerdau pode-se perceber que a metodologia utilizada atende aos princípios e normas contábeis, uma vez que foi possível visualizar e analisar as informações conforme exposto no estudo de caso. E esta clareza e eficiência permitiu que ela ficasse entre as 10 empresas com o melhor relatório contábil-financeiro no prêmio de Transparência em 2014.

A análise das demonstrações permitiu a identificação da importância do conhecimento pelo contador das normas e princípios contábeis exigidas pelo CFC. A ciência da relevância dos fatos contábeis demonstra a capacidade técnica do contador na elaboração das demonstrações.

O cumprimento destas obrigações não depende apenas do seu conhecimento técnico, mas também do seu caráter e ética em transmitir tais informações de forma fidedigna. Um facilitador da representação fidedigna é a contabilidade integrada com a contabilidade de custos que permite a correta alocação dos custos na apuração do resultado impedindo o arbitramento de seus estoques pelos órgãos fiscais o que acarretaria em uma base de cálculo de tributação maior e consequentemente em um recolhimento de tributos mais oneroso.

Tais normas expostas ao longo do trabalho não se aplicam apenas as sociedades empresárias do setor privado, mas também as entidades públicas que tem como pilar a Lei de Responsabilidade Fiscal que responsabiliza o gestor público pelas informações prestadas nos relatórios.

Diante do exposto pode-se confirmar que a transparência das informações contábeis deve ser uma das principais bases em que as demonstrações devem ser elaboradas, pois os usuários internos e externos utilizam-nas para tomada de decisões.

5 CONCLUSÃO

 

Neste trabalho observamos pontos relevantes quanto à exigência na transparência das informações contábeis e o papel fundamental do contador ao preparar os demonstrativos a fim de alcançar a veracidade e apresentar de forma clara e ética as informações para auxiliar nas decisões gerenciais e dos usuários externos.

Para transmitir de forma transparente as informações devem ser observados os princípios contábeis, características qualitativas e de melhoria das informações contábil-financeiras e evidenciar como dados complementares e parte integrante das demonstrações às notas explicativas.

Além das demonstrações contábeis obrigatórias muitas empresas apresentam informações relevantes que influenciam diretamente sua imagem frente a sociedade, os Stakeholders e o meio a qual esta inserida.

O estudo de caso foi realizado com a empresa Gerdau com o intuito de identificar a transparência, por meio do referencial teórico apresentado, podendo assim visualizar e analisar as informações conforme exposto no estudo de caso. E esta clareza e eficiência permitiu que ela ficasse entre as 10 empresas com o melhor relatório contábil-financeiro no prêmio de Transparência em 2014.

Percebemos que é grande a exigência dos usuários das demonstrações contábeis, no que tange a transparência das informações que é de suma importância para alcançar a confiabilidade da entidade junto aos credores, financiadores e investidores.


REFERÊNCIAS

 

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