Eu gero, tu geras, ele gera, nós geramos, vós gerais e eles geram. Este é o presente do indicativo, atual situação em que nos encontramos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou no dia 02 de agosto a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), após incríveis 21 anos aguardando o respaldo merecido. 21 anos!
A PNRS tem como objetivo a não-geração, redução, reutilização e tratamento de resíduos sólidos, bem como destinação final ambientalmente adequada do lixo, incentivando a reciclagem e o correto manejo dos resíduos (lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado) e dos rejeitos (o que não é passível de reaproveitamento); proíbe os lixões e institui o princípio de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, abrangendo fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
Além da responsabilidade compartilhada, a PNRS prevê a chamada logística reversa, que se constitui em um conjunto de ações para facilitar o retorno dos resíduos aos seus geradores para que sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos, ou seja, quem originou um produto que ora findou sua vida útil, esta empresa deverá recolhê-lo e dar um fim de maneira correta.
Toda atenção voltada ao lixo que geramos; muitas vezes se confunde ao capitalismo exacerbado, comprar, comprar e comprar. No Brasil, são gerados aproximadamente 150 mil toneladas de lixo por dia, onde apenas 13% é tratado em aterros sanitários, sendo que 60% vai para os lixões.
O interessante de todo esse processo político, burocracia legislativa, números astronômicos, é em relação à capacidade do homem em gerar lixo de ordem desnecessária. A questão do aterro, onde teoricamente dá-se um destino "correto" aos dejetos, é relevante, porém, é apenas transmitido o passível ambiental de um local para outro. O ideal seria reduzir o consumo, com hábitos mais conscientes na sua passagem pela terra.
Há uma teoria muito relevante, denominada de simplicidade voluntária, quiçá um modelo de desenvolvimento sustentável mais avançado que se tem. É um estilo de vida onde se opta por um padrão exteriormente mais simples, mas interiormente mais rico; um estilo frugal, principalmente nos hábitos alimentares, com mais ênfase ao natural do que o industrializado.
Adotando este estilo, não presume simplificar a vida em um todo, abrir mão de tudo, mas dos excessos, exibicionismo, da restrição dos movimentos e liberdade do indivíduo, não significa fazer voto de pobreza, mas eliminar o supérfluo, que angustia, coloca em tensão permanente, em estado de alerta.
Norteia-se no consumo consciente, socialmente e ambientalmente, comprar sobre a necessidade real que se tem e, se estas correspondem ao modo de vida sustentável, preferindo o prazer vinculado à necessidade e não ao consumir pelo simples ato de comprar.
Cabe a cada um de nós assumirmos uma postura de simplicidade, mudando os hábitos consumistas para um modo de vida consciente, responsável. Eu geraria, tu gerarias, ele geraria, nós geraríamos, vós geraríeis e eles gerariam. Reduza, reutilize, recicle, reeduque-se!