Construção e Interpretação de Mundos

     Durante muito tempo a igreja católica dominou a religião no Brasil. A hegemonia exercida pelo catolicismo fez com que a função da religião não fosse percebida como integradora da sociedade. A posição da igreja católica em todos os setores da vida social, marcando o tempo com seu calendário de celebrações e festas e o espaço com seus altos campanários nos centros das vilas e cidades, promovia a integração social sem questionamento. 

     Com o surgimento de outras religiões, de meados do século passado para cá, essa estrutura hegemônica tem se abalado de maneira acelerada. 

     A multiplicidade vertiginosa de religiões surgidas nestes últimos tempos tem obrigado a igreja católica a repensar seus conceitos religiosos e, sem perder as tradições, adaptar-se a uma disputa de mercado para não perder espaço. 

     A religião é, na verdade, um sustentáculo de vida para seus fiéis no tocante aos seus interesses e necessidades circunstanciais. Por isso, pode ser ela entendida como um fenômeno social; algumas têm aspectos libertadores e outras de opressão, pois espelha uma sociedade. Esse fato explica as ramificações de religiões. Porém, embora tais religiões existam, os ateus coabitam na sociedade, acreditando neles mesmos ou em coisa alguma. 

     Algumas vertentes religiosas presentes no Brasil merecem destaque: 

     O catolicismo é a religião dos cristãos que reconhece o papa como autoridade máxima e aceita os dogmas como verdades irrefutáveis e básicas. 

     O catolicismo no Brasil teve seu crescimento de maneira imposta e defendia os interesses da igreja. Seus princípios ideais não eram totalmente aceitos e, assim, dava espaço ao surgimento de novas vertentes religiosas, a partir do século XVI, com a Reforma, que originou igrejas cristãs dissidentes. 

     Os protestantismos brasileiros têm suas origens estrangeiras em duas geografias distintas: uma é a Europa e outra são os Estados Unidos da América do Norte. Existem os protestantes chamados evangélicos e os não evangélicos. Os evangélicos seguem os princípios dos reformadores; os não evangélicos seguem outros princípios, originando várias seitas. 

     As manifestações religiosas populares, mesmo tendo uma forte importância no cenério brasileiro, têm sido pouco divulgadas. É o chamado Messianismo Brasileiro. Na história das religiões, poderão ser observadas as construções ideológicas e culturais do Messias, conceito que transpõe tempo e geografia até chegar à pós-modernidade. Quem já não ouviu falar em Padre Cícero, o salvador do povo nordestino? 

     Outras religiões têm forte presença na cultura brasileira, tais como o Espiritismo, a Umbanda, as Testemunhas de Jeová. Esse leque religioso existente no Brasil gera críticas sobre a origem da religião. 

     As origens da religião estão atribuídas a diversos fatores. Para a Teologia Católica e Protestante, a origem está na ação de Deus em favor do ser humano. Em contrapartida, o ser humano reconhece e busca esse Deus agraciador. No entanto, as escolas científicas não chegaram a conclusões definitivas sobre isso, mas vêm estudando os povos primitivos na tentativa de desvendar tais questionamentos. 

     Buscando compreender o verdadeiro significado da religião, o homem estabelece confrontos entre fatores sociais, tais como: Filosofia e Religião; Antropologia e Religião; Psicologia e Religião; Sociologia e Religião. 

     Após muitos estudos abordando esse tema, o homem acredita ter aberto novos horizontes para compreensão e interpretação da religião, considerando que seu universo é limitado diante do universo desconhecidodas religiões. A porta para o saber mais está aberta. 

                                                     Ranon de Amorim Machado