CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO

* Fabiane Karine Silvério Ribeiro
Advogada e professora universitária

Resumo

A educação vive em constante transformação, exigindo dos profissionais da área educacional conhecimentos que aperfeiçoem suas competências e habilidades e que proporcionem aos alunos uma aprendizagem efetiva. O presente artigo tem como objetivo analisar como se dá o processo de formação do conhecimento, passando pelo conceito de conhecimento e sua evolução através do tempo e as tendências para a construção do conhecimento na atualidade.


Palavras- chaves: conhecimento, educação, sociedade

1. INTRODUÇÃO


A educação no século XXI exige de nós múltiplas habilidades, então, dentro da área educacional, como responder a esta exigência? Temos que ser bons em produzir, manipular, utilizar o conhecimento que foi definido como competências necessárias para poder desempenhar melhor nossa atividade.

A atual sociedade é chamada de "a era do conhecimento", mas afinal de contas, o que é conhecimento?

Para desenvolvermos este assunto utilizamos como métodos a observação, a interpretação e a comparação. Especificamente, o raciocínio dedutivo, partindo de enunciados gerais, como premissas para se chegar a uma conclusão particular, bem como o método histórico comparativo. A técnica de pesquisa inclui a pesquisa bibliográfica, incluindo-se a observação sistemática da realidade.

2. DESENVOLVIMENTO

Começamos por conceituar o conhecimento: Conhecimento é a relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer. Como se dá o conhecimento?

Vejamos uma breve linha do tempo sobre a formação das concepções do conhecimento ao longo da história:
I- Na Grécia Antiga temos várias visões e métodos de conhecimento:
- Sócrates: Estabelecendo seus métodos: ironia e maiêutica;
- Platão - Doxa - A ciência é baseada na Opinião;
- Aristóteles - Episteme - A ciência é baseada na observação (Experiência).
II- Teoria do Conhecimento na Antigüidade. Podemos perceber que os filósofos gregos deixaram algumas contribuições para a construção da noção de conhecimento:
- Estabeleceram a diferença entre conhecimento sensível e conhecimento intelectual;
- Estabeleceram diferença entre aparência e essência;
- Estabeleceram diferença entre opinião e saber;
- Estabeleceram regras da lógica pra se chegar à verdade .
III -Teoria do Conhecimento na Idade Média:
- Na Patrística: Temos a tendência da conciliação do pensamento cristão ao pensamento platônico, sendo seu grande expoente Santo Agostinho;
- Na Escolástica: Temos a anexação da Filosofia aristotélica ao pensamento cristão, com o estreitamento da relação fé e razão, sendo seu grande expoente São Tomás de Aquino;
- Nominalismo: Temos o final do domínio do Pensamento Medieval, com a separação da filosofia da teologia através do esvaziamento dos conceitos. Sendo seus expoentes Duns Scotto e Guilherme de Oclkam.
IV - Teoria do Conhecimento na Idade Moderna- A primeira revolução científica trouxe várias mudanças para o pensamento, dentre as quais podemos destacar a mudança da visão teocentrista (Deus é o centro do conhecimento), para visão antropocentrista (o homem é o centro do conhecimento):
- O racionalismo de René Descartes - O discurso do Método: A máxima do cartesianismo "Cogito ergo sun" (penso, logo existo);
- O empirismo: John Lock - a experiência; David Hume - a Crença;
- O criticismo kantiano: O conhecimento a priori: Universal e necessário;
- A herança iluminista: A razão.
V - Teoria do Conhecimento na Idade Contemporânea: A Crise da Razão. O novo iluminismo de Habermas, a razão crítica precisa fazer a crítica dos limites, estabelecer princípios éticos, vincular construção a raízes sociais.

Com base nas concepções do conhecimento ao longo da história, vistas acima, podemos visualizar que a construção do conhecimento, fundada sobre o uso crítico da razão, vinculada a princípios éticos e a raízes sociais, é tarefa que precisa ser retomada a cada momento, sem jamais ter fim.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A construção do conhecimento é resultado direto de uma tranformação da razão para atender as necessidades culturais latentes de uma dada sociedade em dado tempo. Temos hoje uma sociedade do conhecimento, ou seja, em nossa linha histórica foi demonstrada a adequação do conhecimento nos diferentes períodos históricos, assim, o que buscamos entender é como se dá o processo de formação contemporânea, que privilegia o conhecimento, não a educação, o que segundo Demo (In Formação de Professores, 1996; p.207) é um binômio integrado "Educação e Conhecimento", pois conhecimento é meio e educação é fim. Como então se dá este processo e quais são as competências básicas?

Segundo Demo (Ob. cit, 1996; pp 275 a 279):
I - A capacidade de pesquisar com vistas a não somente adquirir conhecimento, mas torná-lo prático, afim de que o mesmo possa interferir em sua prática, ou seja, tornar-se sua prática, sendo assim, processo de reconstrução ou construção de procedimento educativo interventivo.
II ? Capacidade de elaboração própria, ou se utilizar da recontrução em instrumento elaborador de atitudes interventivas em seu fazer pedagógico.
III ? Capacidade de avaliar processualmente, que o instrumento torne-se vetor de inclusão e reflexão do fazer pedagógico.
IV ? Capacidade de teorizar a prática, esta transforma o professor em autor, possibilitando a ele tornar sua prática em teoria.
V ? Capacidade de atualização permanente, para transformar a prática em teoria ou a teoria em prática, se faz necessária a constante atualização, cuja finalidade seja estabelecer parâmetros renovadores e competências inovadoras.
VI Capacidade de trabalho interdiciplinar, o conhecimento educacional não é estanque e compartimentado.
VII ? Capacidade de manejar instrumentos eletrônicos, visto que além da "era do conhecimento" (Demo in Formação Permanente e Tecnologias Educacionais, 2006; p.20) estamos na era tecnológica, no que tange à quantidade e acesso, assim sendo, a tecnologia é um instrumento de comunicação e educativo a qual se torna ferramenta importante no processo educacional.

Vimos que secularmente o conhecimento foi algo que sempre se fez presente no mister da discussão teórica, tentado definí-lo ou dar a ele um corpo. Este corpo foi dado à educação de forma "naturalista". Devemos refletir de maneira mais natural sobre a possibilidade de tornar o conhecimento em processo educativo, pois, diande de um mundo dinâmico, no sentido das tranformações culturais, é premente a adaptação às novas necessidades, para as quais possamos opinar e não somente obdecer.

A aquisição e o desenvolvimento das competências acima relacionadas trarão uma nova forma de conceber o conhecimento, o qual possa dialeticamente ser contruído e reconstruído por aqueles que são seus principais autores, os professores.

4- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


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DEMO, Pedro. Formação permanente e tecnologias educacionais. Petrópolis: Vozes, 2006.
IMBERNÓN, Francisco. Formação permanente do professorado: novas tendências. São Paulo: Cortez, 2009.
SCHON, Donald A.; tradução Roberto Cataldo Costa. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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MENEZES, luis Carlos de (org.). Professores: formação e profissão. São Paulo: Nupes, 1996.
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