CONHECENDO PARA INCLUIR

 

Eloana Conceição Cucolo da Matta

Andercleia Marques Landin

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo apresentando as dificuldades de aprendizado de um aluno a quem eu chamarei de Bruno, buscando descobrir através de conversas informais, anaminese e observações, as causas da mesma, a evolução e o processo que percorreu em sua vida escolar, verificando como se deu sua evolução em cada série que freqüentou, conversando com professores, coordenadores, articuladores e envolvidos no processo ensino aprendizagem. O estudo também fará uma discussão sobre a educação meio aos métodos de ensino, conhecer a concepção dos professores sobre o processo de ensinar e o processo de aprender, analisando o sujeito que aprende e como este sujeito aprende, as dimensões do conhecimento, sobre o contexto social, econômico e cultural em que o aprendente e ensinante encontram-se e o que se pode fazer para melhorar o aprendizado incluindo crianças especiais junto a outros alunos. Relatarei a importância da formação dos professores e a participação da família nestes casos, o quanto o rendimento torna-se mais expressivo e satisfatório com o acompanhamento e reconhecimento dos familiares.

PALAVRAS CHAVES: Inclusão. Inclusão escolar.

 

INTRODUÇÃO

               Ao longo da história, o Brasil vem se movimentando na busca de uma sociedade que reconhece e respeita a diversidade que a constitui. A educação

inclusiva pressupõe a formação docente e a organização das escolas para garantia do direito de todos à educação. 

Analisando a educação atual no Brasil, percebe-se uma forte tendência por parte dos educadores em buscar resposta a estas questões, essencialmente resgatar e intensificar os estudos sobre o importante papel da educação formal escolar, bem como do papel que tem o professor neste processo.

A educação não pode ser concebida como um aspecto em separado da realidade social. Ela reflete claramente as questões políticas, sociais, os interesses de quem detem o poder e os recursos financeiros para promover formação profissional e continuada. Tudo faz parte de uma roda-viva, onde os mecanismos funcionam arquitetados de forma a responder as necessidades políticas de cada período histórico.

É importante lembrar que não esta se sacrificando o antigo método das classes especiais, no entanto se faz necessário um novo método de aprendizagem dentro das escolas de nosso país.

O grande ponto deste processo de discussão é como criar as idéias de incluir tais crianças dentro do novo modelo de inclusão na educação, mostrar para sociedade que é possível o aprendizado de crianças especiais meio a outro grupo e primeiramente como é importante a educação inclusiva para sociedade no processo de introdução desta mesma educação.

As mudanças foram se manifestando em diversos setores e contextos, o envolvimento legal nestas mudanças foi de fundamental importância, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 208, estabelece a integração escolar enquanto preceito constitucional, preconizando o atendimento aos indivíduos que apresentam deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.

No intuito de reforçar a obrigação do país em prover a educação, é publicada, em dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96. Essa lei expressa em seu conteúdo alguns avanços significativos. Podemos citar a extensão da oferta da educação especial na faixa etária de zero a seis anos; a idéia de melhoria da qualidade dos serviços educacionais para os alunos e a necessidade de o professor estar preparado e com recursos adequados de forma a compreender e atender à diversidade dos alunos.

No capítulo V dessa lei trata especificamente da Educação Especial, expressando no artigo 58 que a educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino e, quando necessário, deve haver serviços de apoio especializado.

Ao analisar a história da Educação Especial até a década de 90, podemos perceber conquistas em relação à educação dos indivíduos que apresentam deficiência mental.

Na década de 90, no Brasil, começaram as discussões em torno do novo modelo de atendimento escolar denominado inclusão escolar. Esse novo paradigma surge como uma reação contrária ao processo de integração, e sua efetivação prática tem gerado muitas controvérsias e discussões.

 

APORTE TEORICOS

 

Trabalhar com classes heterogêneas que acolhem todas as diferenças traz inúmeros benefícios ao desenvolvimento das crianças deficientes e também as não deficientes, na medida em que estas têm a oportunidade de vivenciar a importância do valor da troca e da cooperação nas interações humanas. Portanto, para que as diferenças sejam respeitadas e se aprenda a viver na diversidade, é necessário uma nova concepção de escola, de aluno, de ensinar e de aprender.

A efetivação de uma prática educacional inclusiva não será garantida por meio de leis, decretos ou portarias que obriguem as escolas regulares a aceitarem os alunos com necessidades especiais, ou seja, apenas a presença física do aluno deficiente mental na classe regular não é garantia de inclusão, mas sim que a escola esteja preparada para dar conta de trabalhar com os alunos que chegam até ela, independentemente de suas diferenças ou características individuais.

As questões teóricas do processo de inclusão têm sido amplamente discutidas por estudiosos e pesquisadores da área de Educação Especial, no entanto pouco se tem feito no sentido de sua aplicação prática. O como incluir tem se constituído a maior preocupação de pais, professores e estudiosos, considerando que a inclusão só se efetivará se ocorrerem transformações estruturais no sistema educacional.

 “A educação inclusiva é uma educação voltada de todos para todos” (FIGUEOREDO, P. 37), foi um marco dentro da educação, mas se quisermos realmente o sucesso deste trabalho, devemos realmente encarar isso como um grande desafio, pois dentro desse sistema tanto a família quanto o professor ambos dependem um do outro, e sabemos como acontecem em muitos casos que no final isso acaba sendo altamente gratificante.

Para entendermos este sistema da educação inclusiva é preciso entender alguns aspectos que o compõem, primeiramente deve ser feito o atendimento aos estudantes portadores de necessidades especiais na vizinhança, atender e propiciar aos professores da classe regular um suporte técnico, perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e processos diferentes, indicar o que deve ser estabelecido, ou que formas criativas de atuação com as crianças portadoras de deficiência, nas quais devem ser feitas.

Esta mesma educação sempre demonstrou ser um fator forte, nos países que quase foram a zero, países que foram totalmente destruídos, estes investimentos na educação, foram de total significância, países como Japão, Alemanha e Itália, sofreram os horrores da guerra. Nosso país é um estado privilegiado, não sofremos com a guerra, o que devemos é aperfeiçoar com a educação inclusiva.

Dentro da educação inclusiva, devemos levar em conta o fator mais importante entre as camadas da educação, ao lidar com alunos especiais o professor estará com crianças talvez levadas, exaltadas, imperativas, e este profissional deve estar preparado para este tipo de situação, e o respeito mutuo fará toda diferença nesses momentos.

Inclusão é muito mais do que simples trocas de espaços; é muito mais do que dizer que a educação especial é um sistema segregador e a escola regular é o local mais adequado para onde todos deverão ir, sem exceção. Inclusão supõe mudanças/transformações, e quando falamos em mudanças, não nos referimos essencialmente à mudança de sistema de ensino, e sim, a movimentos mais profundos, movimentos que repercutam nas questões subjetivas dos professores, suas crenças e valores, seus ideais e suas concepções sobre “como” e “para quem” ensinar.

Na relação professor aluno, deve-se ter o acompanhamento como já foi dito, entretanto o respeito ao ritmo do aluno é de maior importância, isso irá contar pontos lá na frente, quando o mesmo completar idade de fazer cursos técnicos, ou procurar qualquer profissão.

O novo professor do século XXI não é apenas um educador, este profissional da área deve ser principalmente amigo. Criaram-se estereótipos ao decorrer dos anos que o educador era linha dura, nos anos passados poderia ser chamado até de militar, sem exageros, no entanto eram épocas que o regime de educação não tinha a visão que temos hoje, portanto vivemos atualmente num privilégio que nossos pais não tiveram, podemos colocar em pratica a nova dinâmica de educação, que colocaria a educação inclusiva como a principal arma da nova forma de educar e reeducar. Os alunos em si apreenderiam com este método uma nova forma de respeito entre colegas de sala, e aprenderiam que devemos conviver com as diferenças dentro de uma sala de aula, e não apenas dentro do ambiente escolar, mas também no dia a dia.

A educação inclusiva não visa apenas o aluno especial, de inicio até pode ser uma idéia de mudar a educação de um aluno especial, todavia este programa fomenta levantar novas formas de reflexão. O dialogo com toda sala sobre este assunto, é uma forma coerente de educar e trabalhar o psicológico do aluno, levando assim a criança a criar dentro de si alguns conceitos antes não abordados dentro de sala de aula.

Fatores positivos entre as crianças são vistas todos os dias entre palmas e elogios, fazemos a distinção do certo e errado, e são introduzidas na mente da criança novas regras de conduta, que são absorvidas todos os dias pelos futuros cidadãos. Entretanto, há varias crianças que se destacam dentro das instituições, crianças especiais quando se destacam em relação a outras crianças é motivo de alegrias, pois temos um individuo que dotado de esperança, vontade e forças para superar as antigas dificuldades. Tais êxitos normalmente devem-se a reciprocidade entre aluno e professor, o sucesso do aluno especial é quase sempre fruto de um esforço que na maioria das vezes requer anos de empenho e principalmente amor do professor à profissão.

 As chamadas classes especiais foi um avanço na educação, isso na década de 80 e 90, entretanto os êxitos no decorrer das etapas seqüenciais não eram muito significativos, isso porém seria pela falta de ajuda especial ou por incluírem estes novos alunos em outras classes não especiais. Muitos destes alunos acabavam desistindo de seus estudos e alguns voltavam para a APAE, e as maiorias deles não terminavam nem o ensino fundamental e são raras exceções em que o aluno conseguia ingressar no mercado de trabalho logo após ter saído da sala de aula, ou até mesmo num curso de nível superior.

O método usado pela educação inclusiva é, acompanhar a criança desde o primeiro dia de aula assim estabelecendo metas de aprendizado ao aluno. A oferta da educação especial é dever do estado, a constituição deixa isso bem clara, e deve dar inicio na faixa etária de zero a seis anos, e isso vai durante toda a educação infantil.

O processo da educação inclusiva pega a fundo neste parâmetro, segundo a constituição Federal de 1988 que elege em seus artigos o direito à cidadania e o direito das pessoas a dignidade, o direito do bem de todos, e isso inclui não ter preconceitos à raça, sexo, cor, idade, e qualquer outra forma de discriminação, esta escrito no artigo 3° inciso IV da constituição. E a forma de discriminação as vezes, parte de dentro da sala de aula, e na educação inclusiva é trabalhada esta forma de cortar este mal do preconceito pela raiz.

Assim se tivermos o estado cumprindo com seus deveres, teremos fatalmente melhores profissionais e de forma mais capacitada a dar suporte ao novo aluno na forma de educação inclusiva que foi o processo criado pelos norte americanos que deu-se inicio no estado da Califórnia com uma política persuasiva que teve sucesso e unanimidade como já foi dito, este sistema que em poucas décadas foi implementado no mundo ou em boa parte dele, e o Brasil foi um dos países que vem adaptando este novo método.

Sabemos que ainda é cedo para falarmos do grande sucesso que pode ser este tipo de educação, no entanto, sabemos que depende muito do estado de cada região que, vive cada individuo portador de necessidades especiais. O sucesso deste trabalho depende do investimento do governo federal, claro que não podemos comparar nosso país com os Estados Unidos, a educação neste pais é levada muito mais a sério do que em toda América do sul.

Felizmente temos em nosso país fundações como a rede SACI e a OPPI (Observatório de políticas públicas de infoinclusão), que atua como facilitadora da comunicação e difusão de informações sobre a deficiência em nosso país, isto é uma grande arma, pois temos órgãos que visam estimular a inclusão na sociedade e a vida social e digital, e a melhor qualidade de vida dos cidadãos com deficiência. Este mesmo programa disponibiliza varias noticias sobre relacionamento e educação especial e assim unindo tecnologia e educação dos usuários dentro do programa.

Trazendo para educação inclusiva temos esses órgãos como grandes aliados, a quem recorrermos. O estado como acontece na maior parte do processo divide os departamentos, assim cada entidade fica responsável ao projeto a ele proposto. Seria demagogia dizer que temos educação excelente em nosso estado ou país. Todavia são órgãos governamentais e não governamentais que na sua maior parte fazem a diferença, quando o negócio é educar e reeducar.

As entidades não governamentais trabalham de forma livre, como um sistema não alienado ao modelo mecânico do processo. A educação inclusiva é transformada a cada processo e indagada em grandes simpósios e palestras de divulgação da educação, a metamorfose é um processo totalmente natural, pois é buscada a melhor forma de educar um aluno especial.

Isso é um trabalho não só governamental, deve ser feito um trabalho de forma ordenada, e quanto mais elementos favoráveis tiverem para realizar tais atividades, mais teremos chance de ter o tão sonhado sucesso dentro da educação inclusiva. O discurso acerca da inclusão de pessoas com deficiência na escola é assunto que diz respeito não só a lideres e dirigentes políticos, mas também principalmente aos meios de comunicação, a divulgação deste trabalho ascendente poderia ser melhor aproveitada dentro do mundo midiático.

O momento da educação inclusiva está também relacionada dentro da propaganda um exemplo disso é no trabalho e nos espaços sociais em geral, tem-se propagado rapidamente entre educadores, familiares, líderes e dirigentes políticos, nas entidades, nos meios de comunicação, é claro isso ainda não é tudo. A grande diferença é propagar e agir instantaneamente.

A inclusão do ponto de vista legal surgiu antes que houvessem formações mais adequadas para os professores, onde se pudesse ter discutido as questões referentes à inclusão para que não houvesse o que hoje encontramos na maioria dos educadores: a barreira da não aceitação. Não aceitação esta, que vem mascarada por jargões do tipo: “não tenho formação”, “não tenho conhecimento específico”, “não temos materiais e metodologias adequadas”, que escondem o preconceito por se ter um ‘pré-conceito’ de quem são os alunos com necessidades educacionais especiais.

É preciso re(construir) com os professores da possível escola inclusiva o significado de alguns rótulos como deficiência, incapacidade, retardo e tantos outros que fazem parte da história, buscando desvincular a deficiência, da capacidade da pessoa de fazer ser – ser pessoa, ser capaz, ser feliz – além de suas dificuldades, pois estas não são o próprio sujeito, mas, representam somente uma parcela de sua constituição humana.

Sabemos que para sucesso dentro deste sistema de educação, tem-se dois parâmetros como já foi dito, o modo de enxergar o sistema e a reciprocidade do educador e o aluno especial. Para a educação, o sujeito com deficiência é um "aluno especial", cujas necessidades principais demandam recursos, equipamentos e níveis de especialização definidos de acordo com a condição física, sensorial ou mental.

O próprio sistema admite que este tipo de educação tem uma série de barreiras que dificulta o processo da inclusão, no entanto há de se colocar idéias para que estejamos, próximos do aperfeiçoamento, e melhoramento deste método de educação em nosso país.

Um dos grandes sucessos é quando o educador tem a visão de que esta tratando de um aluno especial, assim como se o mesmo fosse um paciente, há muitos professores que se destacam dentro da profissão, quando colocam em ação este sistema de aprendizado fazendo com que o aluno tenha vontade de aprender, um aluno especial obviamente não é como os outros alunos, com algumas exceções  há raros casos em que o aluno especial se destaca até melhor do que outro aluno, de onde temos crianças consideradas normais.

Na escola inclusiva deve haver uma postura consciente, crítica, significativa e um processo interativo, longe dos papéis tradicionais entre professores e alunos. Os professores aproximam-se dos alunos, tornam-se mediadores na construção de seus conhecimentos. Desta forma, os alunos passam de simples receptores de conhecimento, para autores e atores de sua aprendizagem, na busca da construção de significados e não da absorção de conceitos desconectados da realidade vigente.

Para tanto, a escola adotará uma flexibilidade muito maior em seus vários aspectos metodológicos, ressignificando a avaliação, o processo de ensinar e aprender, o currículo dentre outros aspectos. Estas novas estruturas precisam ser construídas juntamente com os professores, com a equipe técnica, diretiva, com os pais e alunos, ou seja, com a comunidade escolar como um todo. As mudanças precisam refletir uma nova maneira de pensar e fazer educação, dando respostas à voz das necessidades de todos os alunos.

O aluno que lê em braile tem uma rapidez incrível que poucos de nós temos ao tocar algo, o que falta ao aluno especial, por outro lado sobra, assim compensa sua deficiência com um dom adquirido pela falta de alguma coordenação. A educação inclusiva poderia estudar adaptação deste tipo de aluno dentro do projeto da educação para todos.

 

 RELATO DE CASO

Relatarei neste trabalho o caso de um aluno que chamarei de “BRUNO”. Com seis anos o aluno cursou alfabetização na Escola Estadual, freqüentou  o ano letivo completo, mas não obteve resultado, pois o mesmo só brincava, agredia os colegas, não tinha limites e não obedecia a professora, e a mesma se queixava sempre de seu comportamento, por ele não ter concentração, o rendimento e o comportamento esperado dos alunos da mesma sala, assim concluiu o ano sem aproveitamento no aprendizado.

No ano seguinte, com sete anos entrou novamente na alfabetização, a professora não sabia como lidar com esse aluno, pois ele não tinha rendimento e seu comportamento era diferente das outras crianças, pois a todo o tempo fazia brincadeiras e atrapalhava os colegas, talvez pela falta de conhecimento e por não saber fazer as atividades como os outros alunos. A professora procurou orientações com a coordenadora sobre o respectivo aluno, então a mesma mandou que o levasse para o atendimento neurológico.

Retornando a escola, o aluno trouxe consigo laudos da neurologista infantil, em que relatava suas dificuldades e pedia um acompanhamento especial, sendo assim o mesmo começou a freqüentar as aulas na APAE.

A partir desse ingresso na APAE e escola regular, o aluno começou a obter êxito no seu rendimento, agora já consegue recortar, colar, pintar, reconhece figuras, letras e números.

Durante a investigação, observei o aluno ”Bruno” na sala de aula de superação. Percebi que ele tinha uma grande dificuldade em manusear certos objetos com a tesoura, o lápis e a pintura.

No primeiro momento o menino não queria conversar comigo e nem brincar, fiquei só observando.

No segundo dia ele já estava mais amigo. Dei um livro para ele me falar como se chamava os animais, mesmo não sabendo ler, contou toda historia.

Ao mesmo tempo em que estava escrevendo, ele já parava e queria fazer outra coisa. Então fomos brincar de montar peças.

Já na outra seção fomos trabalhar com recorte, ele não tinha paciência em ficar recortando, pois tinha dificuldade no manuseio, então pedi para ele colar os desenhos em ordem como se fosse um quebra-cabeça, assim ele fez, depois já queria brincar de frente ao espelho.

SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA

A escolha deste caso se deu pela heterogeneidade em salas de aula. Vi a necessidade de aprender e conhecer melhor os alunos que apresentam dificuldades de aprendizado para melhor saber lidar com ele, para não fazer como muitos professores que por não conhecer e compreender a dificuldade e a solução a ser tomada ignoram o aluno, fazendo com que ele fique ainda mais atrasado e sem expectativa de aprendizado, pois a cada ano que passa a criança vai sendo desmotivada, a família desorientada, levando a evasão e ao trauma no que diz respeito a aprendizagem escolar.

Como educadora sinto-me na obrigação de conhecer meus alunos e as formas de solucionar os problemas e obstáculos que acontecem diariamente, para que possamos aprender juntos, respeitando as limitações e buscando  um bom conhecimento.

O aluno estudado possui dificuldade de aprendizado, já passou por varias escolas ate encontrar a solução para ter um resultado escolar satisfatório.

 A mãe relata através de entrevistas que teve uma gravidez normal, com apoio da família e que o filho foi planejado.  Ela e o marido ficaram muito felizes com a gravidez, principalmente porque era gemelar, o pré-natal foi feito adequadamente, com acompanhamento mês a mês, os pais não possuíam vícios, a mãe não teve enjôos foi uma gestação normal e tranqüila. “Bruno” nasceu de parto cesariana, foi amamentado por sete dias, com 20 dias já erguia a cabeça, não teve gripes ou resfriados, começou a engatinhar com seis meses e a mãe relata que usou o andador para ajudar na evolução, pois o mesmo já começava a se levantar, ele andou com onze meses, começou a balbuciar com dez meses. Com três anos começou a montar e desmontar brinquedos, recortar com tesoura, mas até hoje faz com dificuldade, não amarra os cadarços e nem se veste sozinho. As primeiras garatujas foram feitas aos quatro anos, a mãe relata que o filho gosta da escola e a considera boa.

Desde que a criança nasceu, a mãe dedica-se todo o seu tempo ao filho, acompanha suas evoluções dia-a-dia, é participativa e procura sempre aprender para cada dia estar preparada para satisfazer os anseios e necessidades que seu filho necessita.

No ingresso escolar de “Bruno” sua mãe ia frequentemente a sala de aula e ficava desesperada, primeiramente porque via que seu filho não estava correspondendo aos ensinamentos da professora e outra porque não aceitava o problema neurológico do mesmo. Só algum tempo depois em conversas com especialistas ela procurou ajuda.

Sendo assim, para a realização do presente estudo foram utilizados os seguintes instrumentos:

_ Observação do aluno na sala de aula

_ Amamnese com a mãe

_ Jogos

 

INFORME PSICOPEDAGÓGICO

O aluno estudado, nasceu em 03 de abril de 2009, foi avaliado com seis anos de idade, quando freqüentava a alfabetização.

A professora vendo que o comportamento do aluno era um pouco diferente, pois o mesmo apresentava dificuldades no aprendizado, era agitado, agressivo e não tinha limites, resolveu comunicar a família indicando uma avaliação com especialistas.

O aluno então passou por vários exames e médicos como cardiologia pediátrica, neurologia infantil, e outros, em que relataram seu problema e os cuidados que deveriam ter para que o mesmo adquirisse resultados na sua aprendizagem.

Para que fosse possível esse estudo, fiz varias visitas, nas escolas onde o aluno estuda, conversas informais com professores, coordenadores, articuladores e entrevista redigida com os pais contendo 36 questões onde eles comentam sobre o desenvolvimento da criança desde o nascimento ate a idade atual.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo do processo de aprendizagem humana e suas dificuldades são desenvolvidos pela Psicopedagogia, levando-se em consideração as realidades interna e externa, procurando compreender de forma global os processos cognitivos, emocionais, orgânicos, familiares, sociais e pedagógicos que determinam à condição do sujeito e interferem no processo de aprendizagem, possibilitando situações que resgatem a aprendizagem em sua totalidade de maneira prazerosa.

A aprendizagem escolar é considerada um processo natural, que resulta de uma complexa atividade mental, na qual o pensamento, a percepção, as emoções, a memória, a motricidade e os conhecimentos prévios estão envolvidos e onde a criança deva sentir o prazer em aprender.

Raramente as dificuldades de aprendizagem têm origens apenas cognitivas. Atribuir ao próprio aluno o seu fracasso, considerando que haja algum comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, lingüístico ou emocional (conversa muito, é lento, não faz a lição de casa, não tem assimilação, entre outros.), desestruturação familiar, sem considerar, as condições de aprendizagem que a escola oferece a este aluno e os outros fatores intra-escolares que favorecem a não aprendizagem.

As dificuldades de aprendizagem na escola, pode ser consideradas uma das causas que podem conduzir o aluno ao fracasso escolar. Não podemos desconsiderar que o fracasso do aluno também pode ser entendido como um fracasso da escola por não saber lidar com a diversidade dos seus alunos. É preciso que o professor atente para as diferentes formas de ensinar, pois, há muitas maneiras de aprender. O professor deve ter consciência da importância de criar vínculos com os seus alunos através das atividades cotidianas, construindo e reconstruindo sempre novos vínculos, mais fortes e positivos.

O aluno, ao perceber que apresenta dificuldades em sua aprendizagem, muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção, irresponsabilidade, agressividade, etc. A dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo rendimento por vontade própria.

A relação professor/aluno torna o aluno capaz ou incapaz. Se o professor tratá-lo como incapaz, não será bem sucedido, não permitirá a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento. Se o professor, mostra-se despreparado para lidar com o problema apresentado, mais chances terá de transferir suas dificuldades para o aluno.

Os primeiros ensinantes são os pais, com eles aprendem-se as primeiras interações e ao longo do desenvolvimento, aperfeiçoa. Estas relações, já estão constituídas na criança, ao chegar à escola, que influenciará consideravelmente no poder de produção deste sujeito. É preciso uma dinâmica familiar saudável, uma relação positiva de cooperação, de alegria e motivação.

Torna-se necessário orientar aluno, família e professor, para que juntos, possam buscar orientações para lidar com alunos/filhos, que apresentam dificuldades e/ou que fogem ao padrão, buscando a intervenção de um profissional especializado. Dicas para os pais

Cada pessoa é uma.  É preciso saber o aluno que se tem, como ele aprende. Se ele construiu uma coisa, não pode destruí-la. O psicopedagogo ajuda a promover mudanças, intervindo diante das dificuldades que a escola nos coloca, trabalhando com os equilíbrios/desequilíbrios e resgatando o desejo de aprender.

 

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