1 Concreto Auto-Adensável 
Segundo GOMES (2009), Define em seu livro sobre métodos de dosagem de concreto auto-adensável como: 
“O concreto auto-adensável é um concreto que pode ser compactado em todo canto de uma forma, simplesmente por meio de seu peso próprio e sem a necessidade de equipamento de vibração. É capaz de fluir sob ação da gravidade, preenchendo 
completamente a fôrma e alcançando adensamento total, mesmo na presença de alta densidade de armadura. Quando utilizado em estruturas com elevada taxa de armaduras e formas complexas, em que o acesso de equipamento de vibração é difícil, garante o adensamento sem comprometer a resistência e durabilidade.” 
A capacidade de auto adensamento é relacionada com o equilíbrio entre alta fluidez e moderada viscosidade, a fluidez é a propriedade que caracteriza a capacidade do CAA de fluir dentro da forma e preencher todos os espaços, é obtida com utilização de aditivos plastificantes ou superplastificante e um maior volume de pasta com redução do volume de agregados. 
O CAA, foi inicialmente desenvolvido pelo Professor Hajime Okamura, na década de 80 no Japão, surgiu da necessidade de obter estruturas mais duráveis, ganhando tempo de execução, ausência de adensamento mecânico e economia. E em 1988 na Universidade de Tóquio, no Japão, foi feito o primeiro protótipo por Ozawa, esses estudos revelaram o fluxo do concreto e verificou que o bloqueio do fluxo ocorria pelo contato entre os agregados tenta passar através de uma abertura. O bloqueio ocorre mais facilmente quando os agregados é relativamente grande em relação abertura. 
A partir desses estudos no Japão sobre o CAA, várias pesquisas, projetos e publicações foram desenvolvidos e algumas aplicações com uso do CAA no Japão. Na década de 90 o CAA surge na Europa com uma aceitação rápida do mercado europeu e internacional. Na américa do Sul, especial no Brasil as pesquisas vem crescendo e aplicação de CAA aumenta todo ano. 

2.1 Características do CAA 

2.2 Componentes do CAA 

Os matérias utilizados para a produção do CAA, são os mesmos utilizados para os concretos convencionais, sendo utilizado nos CAA maior quantidade de finos e aditivos 
plastificantes, superplastificantes ou modificadores de viscosidade. 

Matérias utilizados para sua produção: 

 Cimento; 

 Adições de Minerais; 

 Agregados; 

 Aditivos; 

 Água 

Para a produção do CAA são utilizados o mesmo tipo de cimento para a produção do concreto tradicional, ainda não existem critérios científicos que especifiquem o cimento mais adequado para o CAA. 

A elevada resistência à segregação é uma das principais características do CAA, isto se deve pela adição de minerais. Essas adições devem ser escolhidas após uma análise técnica, elas desempenham papel importante para a resistência e durabilidade do concreto, tanto física como química. 
Em relação aos agregados, segundo TUTIKIAN (2008), de forma geral todas as areias são adequadas para a produção do CAA, podendo utilizar areias naturais quanto as areias obtidas de processos industriais, sendo as naturais mais recomendadas por forma mais arredondada e textura mais lisa. 
A seleção do agregado miúdo está condicionada à demanda de água, fator que influência sobre a coesão e fluidez do concreto, agregados miúdos com partículas arredondadas e lisas são melhores para a produção do CAA porque aumentam a fluidez da mistura para uma mesma quantidade de água. 
A seleção do agregado graúdo é garantir a passagem do concreto por todos os obstáculos durante o lançamento e reduzir a tendência à segregação, as exigências segundo TUTIKIAN (2008) recomenda que a dimensão máxima característica do agregado seja inferior a 2/3 do espaçamento entre barras ou grupos de barras e a 3/4 do cobrimento mínimo de concreto às armaduras. Os aditivos são um dos principais componentes que diferencia o CAA do Concreto convencional, os mais usados são os superplastificantes (alta fluidez do CAA) e os modificadores de viscosidade oferecendo aumento de coesão, redução a exsudação e segregação do concreto. 

Água utilizada em traços do CAA, corresponde aos requisitos de qualidade da água para o concreto tradicional. 

2.2 CAA no Estado Fresco 

A trabalhabilidade do CAA no estado fresco é importante para sua correta aplicação,como o adensamento acontece com o próprio peso do concreto, independe de ação de terceiros, correções no local não serão possíveis, assim foram criados equipamentos para aferir a trabalhabilidade do CAA no estado fresco. 
Como já vimos, uma das características desse material é ser extremamente fluido e ao mesmo tempo capaz de carregar grande partículas de agregado graúdo em todo o seu
trajeto, sendo em outras palavras fluido e viscoso simultaneamente unindo duas propriedades completamente diferentes. 

2.3 Dosagem do CAA 

GOMES (2009), define os métodos de dosagem como: 

“Os métodos de dosagem do CAA diferem dos utilizados para os concretos 
convencionas, porém, no geral, também são empíricos. São fundamentados em 
princípios não comuns que têm como meta o atendimento de propriedades que 
estabelecem uma relação entre a habilidade das misturas de fluir com facilidade nas 
fôrmas, independentemente de sua complexidade e dificuldade, e a estabilidade das 
misturas, que garante a ausência de segregação.” 

2.3.1 Método de Okamura, Ozaea, Maekawa e Ouchi 

Método desenvolvido pela primeira vez em 1988 em Tóquio, e é reconhecido na literatura como o primeiro método de proporção de mistura para a produção do CAA.O método leva em consideração que o concreto apresenta duas fases ou etapas (Argamassas e agregado miúdo) e que os componentes da pasta (relação Agua/materiais finos e aditivo superplastificantes) são decisivos para a característica de autoadensabilidade do CAA. 

Na esquema abaixo de Okamura e Ouchi, demonstra o método empregado para o alcance da autoadensabilidade. 

2.3.2 Método de Petersson, Billberg e Van 

O método consiste em determinar um esqueleto granular e um volume mínimo da pasta, que possam garantir a autoadensabilidade ao concreto, comprovada pela passagem do 
CAA pela armadura no ensaio da caixa-L e por um valor satisfatório no ensaio de espalhamento. 
Neste método de dosagem a quantidade mínima da pasta com uso do fíler foi calculada para um determinado espaço livre entre as armaduras, o bloqueio no concreto se deu com testes com agregados de diferentes diâmetros máximos porem com a quantidade de pasta 
constante.

Esse método estabelece a quantidade necessária de pasta que deve ser produzida para uso no CAA para evitar o bloqueio. 

2.4 Ensaios 
2.4.1 Ensaios para controle da trabalhabilidade 

O conjunto de instrumentos para avalição da trabalhabilidade foi desenvolvido  especificamente para o CAA, alguns dos ensaios ainda não foram normalizados. 
Segundo TUTIKIAN (2008), as três propriedades cuja a medição se faz necessária para o CAA são a fluidez, a capacidade de fluir coeso e integro entre os obstáculos e a resistência a segregação. 
Umas das principais dificuldade em ensaios para o concreto CAA, são necessários avaliar três propriedades e nenhum desses testes é capaz de medir isoladamente cada um deles. 

2.4.2 Slump flow test 

É utilizado para medir a capacidade do CAA fluir livremente sem segregar, a medida de fluidez obtida é o diâmetro do circulo formado pelo concreto. O ensaio permite observar se
o concreto está segregando ou não, é um teste que pode ser executado por uma pessoa e exige poucos materiais, podendo ser facilmente usado em canteiros de obra, é composto por uma base quadrada de 1000x1000 mm que não absorva água e nem provoque atrito com o concreto e por um tronco de cone com matérias de mesma caraterística da base. 

2.4.3 J-ring test 

É uma complementação do slump flow test,é constituído po um anel de barras de aço espalhadas conforme armadura real que se deseja simular, normalmente o diâmetro é de 300mm e altura é de 100mm e o espaçamento entre as barras deve ser maior que 3 vezes o diâmetro máximo do agregado graúdo segundo TUTIKIAN (2008).
Essa combinação de testes permite a verificação da fluidez e da habilidade do concreto passar por obstáculos.

2.4.4 V- Funnel Test 
Desenvolvido por Ozawa no Japão, esse equipamento mede a fluidez do concreto, sendo utilizado para agregados graúdos de diâmetro máximo de 20mm. O ensaio registra o tempo que o material leva para escoar do funil, após a execução do ensaio preenche o funil novamente com concreto, espera 5 minutos para a repetição do procedimento, para que se teste a resistência à segregação, se o CAA estiver segregando otempo de escoamento aumentara significativamente.

 3.0 Aplicação do CAA 

3.1 Industria de Pré-Moldados 

Foi relatada por TUTIKIAN (2008) que a primeira utilização do CAA foi em duas industrias de pré-moldados, onde um comparativo entre o CAA e o convencional abrangendo todas as etapas do processo, desde a composição unitária dos insumos até a etapa de raparos (etapa essa eliminada com o uso do CAA). 

3.2 Aplicações convencionais 
Em obras residenciais e comercias a exemplo prédio em Goiás que foi o CAA na totalidade da estrutura com acompanhamento técnico e econômico de todos os passos. O Autor cita como vantagens observadas com o uso do CAA a redução em torno de 70% do número de trabalhadores de 13 para 4 pessoas, maior velocidade na execução da estrutura em até 300%, maior qualidade e facilidade no nivelamento da laje e eliminação de ninhos e falhas na concretagem, elevando a qualidade e consequentemente a durabilidade do edifício. O CAA, foi aprovado pela empresa mesmo com um custo superior em 8% tomando em base o custo caso fosse com concreto convencional. 

 Conclusão 

O uso do CAA traz inúmeras vantagens em relação ao concreto tradicional, eliminando a necessidade de adensamento, com isso redução no número de funcionários e ganho de tempo, aumentando a qualidade e segurança das peças e do ambiente de trabalho já que equipamentos elétricos, ruídos, vibrações não iram afetar o colaborador. 

No Brasil o uso do CAA, ainda se dar somente nos grandes centros, como todo produto novo no mercado o preço ainda em algumas regiões faz com que ele seja inviável,pelo o uso de aditivos em sua composição, mas a tendência é que o CAA em pouco tempo seja amplamente utilizado. 

REFERÊNCIAS 

Turtikian, Bernardo Fonseca. Concreto auto-adensável. 1ª Edição 2008. São Paulo, Editora PINI 2008. 140pág. 

Fusco, Péricles Brasiliense. Tecnologia do concreto estrutural: tópicos aplicados. 1ª 

Edição 2008. São Paulo. Editora PINI 2008. 179 pág. 

Gomes, Paulo César Correia. Métodos de dosagem de concreto auto-adensável. 1ª Edição 

2009. São Paulo. Editora PINI 2009. 165 pág. 

Wellington L. Repette. Concreto auto-adensável – características e aplicação. Revista 

Téchne, Editora PINI, n.º 135, Junho, 2008. 

BARBOSA, Mônica Pinto, COSTA, Odair José, SILVA, Leonardo Moisés, SALLES, Flavio 

Moreira. Concreto Auto-adensável: Avaliação da Aderência Aço- Concreto através dos 

ensaios de determinação do Coeficiente de conformação Superficial das Barras de Aço, 

IBRACON – Congresso Brasileiro de Concreto. 2003. Vitória –ES. Disponível em: 

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