CONCORDÂNCIA  UNIVERSAL  (parte 9)

                    (tese pluralística)

 

O Espiritismo, pois, como já visto, tem o seu modo próprio de ser também uma Religião: uma Religião, pois, em Espírito e Verdade. Óbvio, certamente, que não tem as mesmas características das religiões instituídas no mundo, mas o Espiritismo abarca em seu íntimo a mais pura e a mais alta delas: a que ressalta dos fatos paranormais e da filosofia moral que deles decorrem. Melhor conceituando: o Espiritismo adota, em Espírito e Verdade, a mais alta Religião: a interior, a que não depende de templos de pedra, mas que vige no interior de cada um de nós, em cada consciência, indicando-nos o proceder de verdadeiros cristãos, se é que o somos em nossa conduta no lar, no trabalho, no convívio com nossos irmãos e nas labutas doutrinárias.

 

Sem ela, sem Religião e sem Jesus, a vida careceria de sentido, do que verdadeiramente expressa o nosso viver. Ora, o existir vem de Deus, e o viver, o mais pleno viver, não pode estar ausente do seu Representante Maior que é Deus. Ora, libertem-se então das amarras preconceituosas do mundo e se revelem, igualmente, como religiosos sim, religiosos da mais pura e mais importante Religião da face terrena:

 

-A Religião do Amor, do Cristianismo de Jesus, enviado de Deus.

 

Isto, para mim, e para muitos outros confrades, é Pureza Doutrinária, aquela praticada pelos verdadeiros espíritas, discípulos de Kardec e de Jesus. Ora, o Espiritismo não ensina nenhuma moral nova, mas sim a mesma moral preconizada pelo Mestre Jesus. E não foi Ele mesmo que, de viva-voz, nos prometera enviar ‘O Consolador’, hoje fielmente retratado pelo Espiritismo Cristão?

 

Neste raciocínio, Pureza Doutrinária, além de admitir o desenvolvimento de seus princípios, concernentes e relativos a cada época (consoante Jesus e Kardec: ambos se referem a tal), vai implicar, igualmente, e, principalmente, na exemplificação viva das mais puras idéias cristãs; pois que o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão como se preconiza doutrinariamente são uma só e a mesma coisa.

Todos os estudiosos espiritistas sabem que a questão 625 de “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec) questiona quanto ao tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para lhe servir de guia e modelo; e a resposta, em sua Pureza Doutrinária, foi exatamente esta: “Jesus”. Tendo Kardec considerado tão importante resposta nos termos de que:

 

“Para o homem, Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a Doutrina que ensinou é a Expressão Mais Pura da Lei do Senhor, porque, sendo Ele o mais Puro de quantos tem aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava”. (Opus Cit.).

 

Isto, pois, é o que entendo, fundamentalmente, por Pureza Doutrinária; vejo a mesma, pois, de um modo muito especial: no mais puro e mais excelente amor do próximo e não a sua inversão ao personalismo e às ofensas pessoais àqueles que não pensam como nós pensamos. Já o restante da Codificação é suscetível de desdobramentos e de novos ensinos em suas entrelinhas mesmas, capazes de constituir a produção de volumosas páginas literárias, de livros e mais livros canalizando maiores instruções e aprofundando os diversos temas doutrinários do Espiritismo. O que está confirmado, cientificamente, pelo final do século dezenove (19) e por todo o decurso do século vinte (20) nas produções literárias sérias, comprovando positivamente tudo quanto temos visto em termos de aprofundamento filosófico e doutrinário do Espiritismo.

 

Obras, e, muitas delas, pois, que “parecem extrapolar” o convencional, que “parecem saltar” aos paralisantes e paralisados procedimentos da ortodoxia espírita, se adiantando, pois, aos enfoques estabelecidos, mas apresentando lógicas e excelentes equações para as suas avançadas teses dando solução dinâmica e inovadora a tantos aspectos conceituais já estudados e estabelecidos pelo insigne codificador.

 

Mas não nos iludamos, pois existem obras e obras, as mais sérias e as mais duvidosas como, por exemplo, a que pude destacar em meu artigo: “Espiritismo: Doutrina dos Espíritos Superiores”, já divulgado pela internet no ‘Jornal Eletrônico O Rebate’, e também em meu blog.

 

 

Mas Kardec e os seus superiores hierárquicos já nos advertiam sobre tais, sobre os Espíritos vaidosos, medíocres, mistificadores e zombeteiros:

 

“O Espiritismo vem revelar outra categoria bem mais perigosa de falsos cristos e de falsos profetas, que se encontram não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudo-sábios que, da Terra, passaram para a erraticidade, e se adornam com nomes veneráveis para procurar, graças à máscara com a qual se cobrem, recomendar idéias, freqüentemente, as mais bizarras e as mais absurdas”. (Vide: “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec).

 

E também o Espírito de Erasto, discípulo de São Paulo, também se pronunciara nos alertando quanto a tais:

 

“É incontestável que, submetendo ao cadinho da razão e da lógica todos os dados e todas as comunicações dos Espíritos, será fácil repelir a absurdidade e o erro. Um médium pode ser fascinado, um grupo enganado; mas o controle severo dos outros grupos, o conhecimento adquirido, a alta autoridade moral dos chefes de grupo, as comunicações dos principais médiuns que recebem um cunho de lógica e de autenticidade de nossos melhores Espíritos, farão rapidamente justiça a esse ditados mentirosos e astuciosos emanados de uma turba de Espíritos enganadores ou maus”. (Opus Cit.).

 

E, hoje, graças aos trabalhos literários judiciosos de renomados e esclarecidos espiritistas, temos visto o desmascarar de tantos Espíritos astuciosos, fascinadores e zombeteiros que, como dito, estão fazendo justiça colocando as coisas nos seus devidos lugares.

 

 

 (fim da parte 9)

 

Propositor: Fernando Rosemberg Patrocínio

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