Ninguém consegue definir exactamente o que é a música nem quando terá surgido pela primeira vez e sob que forma. A música vem acompanhando a evolução natural da Humanidade e representa-se nas mais variadas formas. Temos a música clássica, o jazz, o rock, o pop, o folclore, entre tantos outros. Temos ainda as músicas que caracterizam determinados povos como o fado, o reggae, o samba, as mornas, etc.

Desde cedo (provavelmente, mais cedo do que poderemos pensar) a música influencia de forma directa as nossas emoções, e os nossos actos. Esta influência começa no ventre materno, com o bater do coração da mãe. Uma criança no ventre materno ouve sons às 20 semanas de gestação! Não se trata de música propriamente dita, mas de um compasso ritmado que acalma o bebé. Com o evoluir da gravidez, o bebé começa a ligar-se melhor ao exterior, seja pela música que ouve, seja pela que a mãe canta.


Está já provado que os bebés conseguem recordar as músicas, melodias e cantigas que ouviam enquanto ainda estavam na barriga da mãe. É por este motivo que, cada vez mais, as grávidas são encorajadas a ouvir música e a cantar durante os nove meses de gravidez. Naturalmente, uma vez nascidos, os bebés reconhecem e acalmam-se ao som da voz da mãe e, consequentemente, ao som daquilo que ela mais ouviu ou cantou durante a gravidez.

"O encanto da música com efeitos sedativos é provocado pelas canções de embalar, cantadas ao adormecer. O som faz parte do meio que nos rodeia, é absorvido desde o nascimento, ou mesmo antes, com a memória do ritmo do coração materno, produzindo uma sensação de segurança e bem-estar. (.) Através do som, o ser humano poderá alcançar um auto-conhecimento que permite dar e receber, sobretudo agora, num mundo sem tempo, podendo partilhar e tornar-se presente no desenvolvimento dos seus filhos." (Dr.ª Cláudia Madeira, em http://familia.sapo.pt). Cientificamente, são inegáveis os benefícios para as crianças que ouvem música desde os primeiros meses de vida (incluindo o período intra-uterino): melhores desenvolvimentos cognitivos e afectivos, desenvolvimento das competências relacionais e conceitos de partilha.

Investigações sublinham que a música na infância dá origem ao desenvolvimento da memória, da persistência, do raciocínio lógico e de outros aspectos cognitivos. Paula Pires de Matos, pediatra do Desenvolvimento com formação académica na área musical, afirma que "A aprendizagem da música na infância é uma mais-valia de valor indubitável. É mais uma forma de expressão que o ser humano tem para ser mais completo." (www.educare.pt).

O estímulo da música (ouvir, experimentar, tocar, cantar) reflecte-se, mais tarde, na facilidade de aprendizagem de outras disciplinas, nomeadamente da matemática. O pensamento e a imaginação das crianças também são alvo das vantagens da música, uma vez que o contacto com a música está directamente ligado à sensibilidade e às potencialidades individuais de cada um. Paralelamente, alunos de Iniciação Musical revelam maior poder de observação em relação ao meio que os rodeia, bem como espírito crítico mais apurado.

Neste contexto, em Leiria, nasceram os Concertos para Bebés, pela mão (e pela batuta) de Paulo Lameiro. O público-alvo dos Concertos para Bebés são, tal como o nome indica, bebés. Os bebés, pais, irmãos, avós, tios, primos, são convidados a participar num concerto em que a partilha é a palavra de ordem. Tendo como principal base a música clássica, os Concertos para Bebés captam a atenção dos bebés e levam-nos numa viagem de sons variados, incluindo temas tradicionais, pop-rock e improvisações vocais. Todos os presentes são convidados a participar e, por isso, cada concerto é uma verdadeira experiência de cumplicidade e partilha de sons, silêncios, "ahhh's" e "ohhh's", sorrisos e encantamento. Acordeão, clarinete, saxofone, cavaquinho, ocarina, didgeridoos, são exemplos de instrumentos que prendem os olhares dos mais pequenos e os transportam para a descoberta. Contando com a experiência de vários profissionais, este projecto tem vindo, gradualmente, a solidificar a sua presença no panorama musical nacional e, agora também, internacional.

Os Concertos para Bebés são, por isso, uma aposta clara de muitos pais no que concerne à educação dos seus filhos. Patrícia Nunes é mãe de um bebé de 2 anos, o Tomé. O Tomé frequenta os Concertos para Bebés desde os 5 meses de idade. "No entanto, se soubéssemos que ia gostar da maneira que gosta dos Concertos para Bebés, teríamos começado desde o primeiro mês. Talvez porque, muito cedo, desde a gravidez, a música sempre fez parte da vida dele e da nossa.", diz.

Para esta mãe, as principais vantagens da música para o Tomé referem-se à alegria que proporciona, ao estímulo em termos auditivos para diferentes sons, permitindo ouvir música de uma forma mais organizada, "pelo estímulo da própria fala e pela cumplicidade e partilha que trouxe para nós três, como família. Através dos Concertos para Bebés, o Tomé ou qualquer criança, vê a música pelo seu próprio mundo e não como os adultos a vêem ou a querem ensinar, pelo facto de que lá, no Concerto para Bebés, não se pode falar, só cantar! "

"Ouvir música pelo prazer de ouvir música, partilhando-a!", é desta forma que Patrícia resume o sentimento em relação aos Concertos para Bebés.

Os Concertos para Bebés apresentam-se regularmente no Teatro Miguel Franco, em Leiria, no Centro Olga Cadaval, em Sintra, e na Casa da Música, no Porto. Mais pormenores sobre o projecto e a agenda em www.concertosparabebes.com.

Artigo publicado em: http://www.ext-minds.com/newoptimism