O primeiro ponto de reflexão a ser estudado é o da razão. A razão a priori possuiu um conceito restrito de bem, verdade e lógico. Em Kant fundamenta-se o entendimento, e em Hegel a efetividade, ou seja, a razão é racional, contrapondo-se à razão tradicional conservadora. Hegel ainda fala que a verdade é o todo, implicando que ela, a razão, não é linear, e sim um processo cultural. Dentro dessa perspectiva observa-se que o conhecimento representativo muitas vezes vai além do conceitual.

A chamada contracultura dominante foi criada para suprassumir o conceito de cultural, mas não obteve muito êxito, já que essa expressão se insere como mais um desses neologismos sem fundamento. O que importa nesses novos tempos é um ser que permita ser pensado como resultado. Não existe um ser e um não-ser, mas um vir-à-ser, segundo Hegel. O sujeito contemporâneo está descentrado, não pensa a si mesmo, apenas se torna visual. Percebe-se uma reprodução coletiva do sujeito individual, como vimos, por exemplo, no aumento das passagens de ônibus. Têm-se o poder da rede enquanto organização. E para se desvencilhar dela se torna cada vez mais difícil.

As primeiras globalizações ou universalizações vieram do conceito antropológico. A globalização mais comum a todos se dá no ocidente com Grécia e Roma. Sua expansão quer seja intelectual, no caso da primeira, quer seja militar, no caso da segunda; mostra que a humanidade tem uma tendência à universalização. Dentro desse processo histórico podemos destacar as grandes navegações e o surgimento da burguesia, as diversidades antagônicas da civilização ocidental, o princípio de Jefferson de liberdade individual trazido pelos portugueses.

Nesse contexto onde tudo que é real é contraditório, vale destacar a diferença entre poder e autoridade. O primeiro é conquistado com muito esforço; o segundo é dado a alguém que acham ser capaz de conduzir certas situações com pulso firme. Com a Idade Moderna percebe-se a multiplicidade de determinações.

Voltando as implicações da globalização percebem-se quatro processos específicos citados por Washington Martins (UFPE), que são: a emergência de novas tecnologias da informação, tais como a tecnologia digital e a rede; o avanço dos mercados financeiros globais; a descentralização dos núcleos do poder, vez que não está somente no Estado, mas além da afirmação de novos núcleos de poder político, provocando a desterritorização e a descentralização com a sociedade e o poder inerentes; os avanços dos movimentos sociais de caráter transfronteiriços, tais como direitos humanos, meio ambiente, solidariedade e causa feminista.

Nos EUA os empresários têm uma visão imediatista, com uma economia aparentemente hegemônica. O que se precisa é de uma compreensão de uma totalidade dialética para uma nova metafísica. A ética contemporânea deve corresponder á filosofia moral como projeto sobre a possibilidade global.

Citando novamente o livro de Martins, a globalização vai dizer respeito a filósofos e políticos por que: recebe o impacto do capitalismo informacional; consolida uma sociedade pela informação; consolida uma sociedade não industrial; não se observa uma divisão de trabalho em blocos de números econômicos; revela que a integração nacional está perdendo significado; mostra que a integração se dá em um espaço não territorizado; pretende que a integração favoreça ao global e não ao mundial; ocorre a liberalização do estado nacional, do capital, do conceito tradicional de trabalho, do bem-estar nacional.

O liberalismo, em todas as suas formas, assiste a um longo e crescente debate sobre qual o valor fundamental da teoria liberal, da autonomia ou da tolerância. Hoje em dia o que se vê é um fluxo de valores que vai do mundo do trabalho para o mundo da vida. O liberalismo compromete-se com a perspectiva segundo a qual as indústrias deveriam ter liberdade e capacidade para questionar e revisar as práticas tradicionais de sua comunidade.

O Estado passou por várias formas no decorrer do processo histórico. O primeiro com Platão, onde os sábios deveriam governar; depois com Aristóteles, onde fica claro que o Estado deveria ser regido Por uma constituição/legislação; em seguida Roma entra em cena exaltando o direito público e privado; e no renascimento encontra-se o Estado utópico. A diferença entre Nação e Estado está em que o primeiro se forma a partir do espírito do povo, e o segundo se apresenta como instituição. A idéia de Estado Nacional tem que ser repensado. Alguns esforços já são feitos nesse sentido. Rorty, por exemplo, fala de liberalismo e pluralismo. O estado nacional como estado de direito implica num estado moderno que por sua vez encontra-se em crise. Portanto, o estado nacional é uma ideologia ou utopia.

O professor Washington Martins fala sobre a distinção entre Estado e Nação abrangendo as seguintes implicações: confusão especialmente com portadores de nacionalismo estatal; o Estado se pode dar a margem da nação; a confusão com a ideologia de nacionalismo; a coexistência de diversas nações sem um Estado ou diversos Estados em nação; a nação não é tampouco natural, pois não são naturais as formas históricas que podemos justificá-la; a nação se presta em virtude de uma identificação; a falta no Estado de um vínculo de comunidade, como laços de lealdade; a nação pode subexistir á margem do Estado e vice-versa; a identificação com a nação, mas não com o Estado; os Estados e as nações se implicam mutuamente; toda nação é uma comunidade de experiência e um fator de primeira ordem para a homogeneidade; o Estado vê a nação como seu melhor aliado; as nações asseguram sua sobrevivência com o Estado; os Estados e as nações se apresentam como formas modernas de legitimação democrática.

Entrando em outro campo do estudo do sujeito, vemos que o pensador é filho de seu tempo, filho da cultura, onde objetiviza a realização da liberdade. Tudo que acontece é racional (pensamento efetivo e não abstrato). O eu é conteúdo, movimento de saber. Conhecer o outro é conhecer a mim mesmo. Eu sou uma totalidade de relações; o eu é uma relação de relações. O absoluto cresce dentro de si mesmo, pois se crescer para fora dele, esse absoluto deixa de ser absoluto. O mesmo esforço para criar a consciência é manter-se como consciência.