Pode-se dizer que o fundamentalismo tem relações semânticas com o extremismo. No dicionário, o significado de extremismo quer dizer; " Pessoa de Organização que defende ação política violenta". Todavia, há aqueles que discordam da analogia entre fundamentalismo e extremismo.

O diretor executivo da Rede Globo Ali Kamel, em entrevista ao jornalista da revista Aventuras na História, Rodrigo Cavalcante (Agosto de 2007 pela Editora Abril) afirma ser incoerente tal ligação.Segundo Kamel relacionar fundamentalismo a grupos como Al Kaeda traz importância às ações extremistas, como se houvesse um propósito a seguir, regido pelas leis muçulmanas. " (...) Devem ser chamados pelo nome certo ; totalitários do Islã".

Entretanto, de acordo com Francisco Paulo de Melo Neto (2002) o terrorismo atual pode ser compreendido como uma " vertente extremista do fundamentalismo islâmico".Trata-se de um tipo de terrorismo ligado ao fanatismo, com ações de violência que inclui atos suicidas por parte de alguns militantes.

Em se tratando de terrorismo, é possível verificar ações terroristas ao longo da história, talvez uma das mais notáveis seja a época do terror instaurada durante a Revolução Francesa a partir de 1793.Muitos foram executados inclusive um dos líderes da Revolução Robespierre, além do rei Luis XVI , a rainha Maria Antonieta e tantos outros.

Nos contexto atual, torna-se inevitávelmencionar fundamentalismo e extremismo separadamente. Faz-se necessário resgatar a historicidade de fundamentalismosde impacto na geopolítica mundial, trata-se do fundamentalismo islâmico e o fundamentalismo norte-americano, representado pela direita cristã ortodoxa..

1.1- Fundamentalismo Islâmico

A junção entre Estado e Religião pode ser verificada nas origens do Islã,o profeta Mohamed(Maomé) participou de várias batalhas contra os politeísta e transformou a região de Meca no centro da religião islâmica.A partir da inspiração divina tida pelo profeta de Alá fez surgir uma crençacapaz de unificar culturas distintas, antes do advento do islamismo apenínsula arábica era povoadapor seguidores do politeísmo.

Havia constantes conflitos entre a Pérsia(atual Irã) eregiões como as que compreendia o império bizantino(Império Romano do Oriente).A unificação em torno de uma crença deu identidade específica à região, antespovoada por povos distintos, um mosaico cultural com crenças, rituais religiosos e adorações de divindades.

De fato há uma fase de imposição da nova religião, todavia não se pode negar que houve certa tolerância a grupos já existentes como cristãos e judeus. Na região da Síria e Persa havia mais igualdade entre os muçulmanos e os seguidores de outras crenças.Inclusive, oCorão,livro sagrado dos muçulmanos contém preceitos de igualdade e tolerância às crenças religiosas.

A partir do Estado teocrático aconteceram conflitos comalgumas tradições de caráter democrático vigentesnas tribos. A instabilidade ocasionada pelas divergências fez ruir o império árabe que passara a ser defendido por mercenários de origem turca, estes avançariam em direção ao Império Bizantino.Neste período tem-se o iníciodas cruzadas, na qual travaram-se combates de caráter político entre o Ocidente e o Oriente.

O fundamentalismo islâmico teve seu desenvolvimento num cenário político, mais precisamente em 1979, durante a Revolução Xiita no Irã.Trata-se de um movimento liderado por líderes religiosos com poder decisão política,os aiatolás.

Os valores ocidentais são tidos como "impuros" e não respeitam os preceitos do islamismo. Outro inimigo a combater é o Estado de Israel(criado em 1947) pelas potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial. A fundação da nação judia/ israelense desencadeou conflitos com os palestinos que lá viviam, com o apoio dos Estados Unidos e parte do Ocidente, Israel tornou-se grande oponente doEstado teocrático islâmico.

Em relação aos costumes, o fundamentalismo no Islãabomina os hábitos ocidentais e impõe regras como a utilização da burka por parte das mulheres, bem como num sexismo e desigualdade de gênero explícitos, vigentes numa cultura patriarcal.

Outro elemento visível neste tipo de fundamentalismo refere-se ao caráter de contestação refletido numa intenção social. Significa o "Grito dos desesperados", relacionado por Francisco Paulo de Melo Neto. "(...) Tal como o fundamentalismo islâmico, o Marketing do Terror utiliza a pobreza como pretexto para os seus ataques.É o marketing dos pobres contra os ricos capitalistas do mundo ocidental"(MELO Neto, Francisco de Paulo,2002:p.53)

1.2- Fundamentalismo norte-americano

A primeira vez que o termo fundamentalismo veio à tona foi no início do século XX, época na qual protestantes norte-americanos pregavam a necessidade de recorrer aos ensinamentos fundamentais, especialmente aqueles contidos na bíblia . A sociedade estava diante do desenvolvimento industrial e científico.

Era a expansão do liberalismo numa cultura de massa e que segundo os fundamentalistas da época havia a necessidade de criar um ambiente moldado nos valores cristãos, a fim de aguardar o retorno de Jesus.

No contexto de hoje,é comum relacionar o fundamentalismo ao Islã, faz-se necessário abordar outras vertentes como a direita fundamentalista cristã, num panorama atual no qual tem-se uma relação maniqueísta, o bem representado pelo maior país democrático do mundo frente o mal, liderado pelos terroristas do Oriente Médio.

A política estadunidense promove o chamado Terrorismo de Estado, verifica-se uma reação dos Estados Unidos frente aos ataques de 11 de Setembro, o acontecimento que possibilitou a luta contra os extremistas de grupos como a Al Kaeda de Osama Bin Laden.Trata-se de uma ação na qual o Estado promove o terror e faz um paralelo com As Cruzadas.

Outra análise é a intensificação da xenofobia causado por esse tipo de terrorismo.Qualquer pessoa com traços semelhantes ao povo árabe torna-se potencial suspeito de ações terroristas.Prova disso, tem-se o caso do brasileiro Jean Charles de Menezes morto em 2005 pela polícia londrina.A execução do eletricista confundido com algum militante terrorista mobilizou parte da sociedade mundial.

O fundamentalismo cristão nos Estados Unidos está inserido na campanha de invasão do Iraque em 2003.Pode ser identificado ações de fanatismo como a destruição de monumentos milenares da antiga babilônia, por parte do exército norte-americano,durante a derrubada de Sadan Houssein.

Outra observação é a idéia pregada dentro dos grupos cristãos fundamentalistas e que tende a isentar a política de ocupação israelense em territórios palestinos.Na visão deste extremismo trata-se da recuperação de terras bíblicas e que por direito pertencem ao povo hebreu,é o que muitos denominam como a direita cristã- sionista, a construção do Estado Judeu.

No período da Guerra Fria o fundamentalismo norte-americano concentrava suas forças no combate ao comunismo, líderes religiosos pregavam a necessidade de lutar contra qualquer ameaça socialista. Após o fim da bipolaridade, uma das bandeiras de luta se direcionarampara temas como combate aos direitos femininos e homossexuais, além da polêmica obrigatoriedade de incluira disciplina de Ensino Religioso nas escolas, significa substituir a Teoria da Evolução das Espécies pela Criação sob a óptica da bíblia.

* Trecho do Trabalho de Conclusão de Curso/ Jornalismo