COMUNIDADE QUILOMBOLA-ÁFRICA: IDENTIDADE E CULTURA

 

José Raimundo da Silva Lima

 

 

Universidade da Amazônia – UNAMA

Curso de Ciências Sociais (2 CSN-1 – Antropologia Cultura I)

03/11/2013

 

 

RESUMO: O texto tem como objetivo mostrar a Comunidade Quilombola-África como exemplo de um povo que passou e passa pelos processos das dinâmicas sociais, isto é, das mudanças e/ou transformações dos hábitos em geral (cultura) e pela hibridação cultural, tornando-os, dessa forma, em sujeitos da pós-modernidade, entretanto opõem-se aos aspectos desse “sujeito pós-moderno” devido à luta pelo reconhecimento sociocultural através da conservação e resgate dos hábitos ancestrais de sua cultura. A metodologia aplicada na elaboração deste trabalho foi baseada em nossa visita etnográfica à comunidade e nas pesquisas bibliográficas. Obtemos conhecimento que a comunidade através da sua identidade pessoal, luta pelo se reconhecimento na sociedade como um povo remanescente de quilombo. Isto resulta em uma identidade social, ou seja, uma construção de significados, os quais são atribuídos pela sociedade para tal reconhecimento. Essa questão destaca um processo de construção de identidade chamada de “identidade de resistência”, pois a comunidade por estarem em condições desvalorizadas pela “logica dominante” resiste o descaso e lutam pelos direitos em comum. Concluímos que para construir ou reconstruir uma identidade a comunidade passará por grandes procedimentos de “avaliação” na sociedade, devido os tempos atuais (pós-modernidade e globalidade) que adota os indivíduos como seres desprovidos de cultura, tendo em concepção, como indivíduos que podem ser moldados, isto é, atribuídos valores do seu meio social.

Palavras-chave: Identidade. Hibridismo. Comunidade Quilombola-África.

COMMUNITY QUILOMBOLA-AFRICA: CULTURE AND IDENTITY

 

ABSTRACT: The paper aims to show the Quilombo - African Community as an example of a people who passed and goes through processes of social dynamics , ie , changes and / or changes of habits in general ( culture ) and cultural hybridization , making them thus subject to post-modernity , however opposed to aspects of this " postmodern subject " due to sociocultural struggle for recognition through the conservation and recovery of ancestral habits of their culture . The methodology applied in the preparation of this work was based on our visit to the ethnographic community and library research . We obtain knowledge that the community through their personal identity , the struggle for recognition is in society as a remnant of a Maroon . This results in a social identity , ie a construction of meanings , which are assigned by society to such recognition . This issue highlights a process of identity construction called " resistance identity " because the community by being able devalued by the " dominant logic " endures neglect and fighting for the rights in common . We conclude that to build or rebuild a community identity will undergo major procedures " review" in society , because the current (post -modernity and globality ) times that takes individuals as beings devoid of culture, with a design , as individuals who can be shaped , ie , assigned values ​​of their social environment .

Keywords : Identity . Hybridity . Community Quilombo -Africa

INTRODUÇÃO

              No passado (século XX) a localização do individuo social se encontraria nos aspectos: paisagem cultural de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, visto nas análises teóricas de Stuart Hall. Ressalta que a mudança/ transformações da localização do individuo social e suas identidades estão sendo abaladas na contemporaneidade ou pós-modernidades, que também mudam as identidades pessoais dos indivíduos, o qual faz com que perda um sentido de si próprio; este fenômeno e chamado de deslocamento ou descentração do sujeito. Esse fenômeno é percorrido e/ou analisado como crise de identidade, que afeta a sociedade contemporânea.

              Para darmos exemplos de indivíduos que passam por esses fenômenos sociais e que por sua vez tentam sair desse quadro mediante conservação da sua cultura, citaremos o caso da Comunidade Quilombola-África e seu representante Raimundo Magno. No decorrer do texto outras teorias vão sendo abordadas para exemplificar e correlacionar à questão dessa comunidade, tendo como objetivo ressaltar a questão da sua identidade cultural e seus saberes e fazeres no meio social globalizado. E para sabermos como essa comunidade lida com as mudanças de hábitos culturais, citaremos as teorias e ensaios de Stuart Hall, Néstor Garcia Canclini, Roque de Barros Laraia, Arthur José Poerner, Erving Goffman e Manuel Catells; ressaltaremos a comparação e distinção da modernidade aos tempos atuais (pós-modernidade/contemporâneo e globalizado).

              O tema pesquisado e de grande importância para a compreensão das dinâmicas da sociedade. Em suma, o tema é importante para as analises das Ciências Sociais, sobretudo, neste contexto, da Antropologia, que visa interpretar o individuo no seu meio social.

              A metodologia aplicada na elaboração desse artigo foi baseada em nossa visita técnica à Comunidade Quilombola-África cuja finalidade foi pesquisar como essa comunidade “sustenta” sua cultura diante do problema da dinâmica cultural da sociedade como um todo, pela globalização e/ou contribuição da mesma; e baseada nas teorias dos autores acima citados nos livros: Culturas Híbridas; O Poder da Identidade; Estigma: notas sobre a manipulação de identidade deteriorada; A identidade cultural na pós-modernidade; Cultura: um conceito antropológico; e, Identidade Cultural na era da Globalização: política federal de cultura no Brasil.

              O primeiro tópico destacará a nossa visita técnica realizada na comunidade Quilombola-África em 06 de outubro de 2013. O segundo abordará a Comunidade, dando-a como exemplo do processo de identidade cultura. O terceiro tópico tratará de analisar a identidade cultural da comunidade no contexto da dinâmica e do hibridismo cultural na pós-modernidade. O quarto se ocupará em mostrar o sujeito sem identidade, visto como estigma. Para concluir, o ultimo tópico enfatizará a identidade pessoal e social.

  1. 1.      Transformando o exótico em familiar: o exercício etnográfico na Comunidade Quilombola-África

              Nós, alunos da Universidade da Amazônia realizamos uma visita etnográfica à comunidade Quilombola-África de Larangituba situada entre os municípios de Moju e Abaetetuba/Pá no dia o6 de outubro de 2013.

              Nossa perspectiva era de encontrar pessoas vivendo em “casas de barro”, cobertas de palha, longe das tecnologias principalmente a tecnologia informacional... Entretanto a realidade fora outra; a comunidade encontra-se em aspectos mais contemporâneos utilizando o oposto de nossa perspectiva: tecnologias: celular, maquina batedeira de açaí...; vive em casa de alvenaria e de madeira; possui energia elétrica; cultuam três religiões: Católica, Evangélica e Umbanda; todos esses aspectos simbolizam um significado que está inerente à globalização. Nossa visão interpretativa só foi possível através do contato direto e/ou contato longo com o representante/coordenados desta, o sr. Raimundo Magno, que nos reatou como a comunidade vive neste contexto do século XXI. Através dele foi possível perceber inúmeras situações, pois “só quem vive a situação é quem pode descrever os sentimentos de qual coisa”, como diz Clifford Geertz (1926). As analises de Max Weber diz o seguinte: “o homem é um animal amarrado às teias de significados que ele mesmo teceu”. Sendo assim, é perceptível que a comunidade acompanhou o processo da globalização para sobreviverem diante de tantos significados que surgem no mundo contemporâneo.

 

2.  Conceitos de identidade cultural: Comunidade Quilombola-África

              As identidades são varias características físicas e não físicas do individuo, que muitas vezes entram em contradição “umas com as outras”. Segundo Stuart Hall (1992), a identidade é formada na “interação” entre o sujeito e a sociedade, contudo o sujeito possui um “eu real”, isto é, uma característica própria, que é modificada pelas culturas e identidades exteriores a ele oferecidas pela sociedade, ‘como se estivesse lhe moldando’, como diz as teorias durkheimiana. Para Stuart Hall, a identidade uni o individuo a estrutura. Es o possível problema da pós-modernidade: o sujeito deixa de ser costurado, isto é, unido a estrutura, que por sua vez lhe dava uma identidade única e estável; agora, por sua “separação” é possível agregação de outros valores, tornando-o fragmentado, não só de uma, mas de varias identidades. Assim, surgiu o sujeito pós-moderno, não tendo identidade fixa. Podemos correlacionar esses conceitos à Comunidade Quilombola-África.

              Percebemos que a comunidade tenta conservar sua cultura através de tradições, no entanto se contrapõe a sociedade pós-moderna, esta se modifica constantemente; porém a comunidade não esteve estável com suas identidades no processo de globalização das sociedades, ou seja, a comunidade fragmentou/pluralizou seus valores culturais, recebendo assim novas identidades da sociedade pós-moderna. Contudo, abre em outro âmbito, uma questão contraditória; Stuart Hall preocupa-se com identidade nacional, a qual se torna uma problemática para essa comunidade, pois tentam conservar e resgatar uma cultura, que um de seus próprios membros, Raimundo Magno disse: “Nossa comunidade e cultura é uma tecnologia ancestral”. Essa ancestralidade provém de outra nação, que não a brasileira; aqui se encontra a problemática: a identidade nacional é o resultado gradual da fixação de valores culturais de tribos e povos na região de um país. A comunidade pode sair desse quadro possivelmente problemático, através da concepção de suas origens. Porém essa incerteza pode ocasionar uma crise de identidades que pode ser resolvida com o sentimento de identidade nacional.

              Mas, há um aspecto ou categoria que é de grande importância ressaltar, se trata da identidade do sujeito em “si”. Segundo Stuart Hall, essa essência foi quebrada/abalada; e uma dessas rupturas veio a ser causada pela corrente marxista, explicando a teoria do materialismo histórico-dialético, este, deduz que o sujeito está preso às suas condições históricas, estando em constante mudança (realizações). Como exemplo disso, citaremos o representante/coordenador da comunidade Quilombola-África de Larangituba, o sr. Raimundo Magno. Ele é um dos “filhos do quilombo”, que por sua vez, pluralizou sua identidade. Na teoria marxista, observa-se que o quilombola Magno passou por várias determinações históricas que lhe fez construir uma identidade própria: se formou em Administração, e fez pós-graduação em Marketing, além de atualmente está estudando direito; portanto é um exemplo da hibridação da dinâmica da sociedade.

              Observamos dessa forma, que o sr. Magno agregou “valores” exteriores a ele, que determinou gradativamente sua identidade. Portanto, observa-se que essa pluralidade de identidades se trata de uma hibridação proveniente de outro meio social cuja cultura difere da sua.

2.1 Dinâmica e hibridismo cultural

              Nestor Garcia Canclini 2001 ressalta a questão do hibridismo, como um processo sociocultural no qual as estruturas ou praticas discretas, que existiam de forma separadas, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e praticas, isto é, agrega valores (características) de um grupo/sociedade ou cultura, gerando uma nova cultura. Torna-se notório que a comunidade Quilombola-África passa por esse processo hibrido, no sentido de agregação; é perceptível, que as identidades desses quilombolas também passam por essa “dinâmica”.

              Além de agregarem características de outros grupos sociais que vieram a determinar/pluralizar novas identidades, como no caso do Magno, a comunidade também agregou religiões (católica, evangélica e a umbanda) e tecnologia (maquina batedeira de açaí...). Essa hibridação, por ser resultado de uma realização humana, é, portanto cultura, vista nas teorias de Edward Taylor e conclusão do próprio Canclini. Essa hibridação pode ser compreendida como uma dinâmica cultural, como diz Laraia: “[...] o ritmo das mudanças, que no caso de uma sociedade isolada seria mais lento” (2001, p. 97), mas sempre ocorrerá, ou seja, o dinamismo da cultura é inevitável, o que é discutível são os ritmos em que ela ocorre e os fatores influenciantes para tal mudança, que no caso da pós-modernidade ou contemporaneidade é a globalização. 

             A comunidade quilombola-África não é exatamente isolada, no entanto passa por dinâmicas culturais provenientes da sociedade, contudo, enfrentam ‘todos os males do descaso publico’. Por isso procuram lutar pela sua cultura praticamente “sozinhos”. Devido a essa problemática, há um ponto positivo. Não passam a seguir as ideologias das “classes dominantes”, que por sua vez comportam-se como uma indústria cultural, vista por grosso modo, como um “sistema totalitário de opressão que visa a controlar o povo no que tem de mais intimo: a imaginação, o desejo e o lazer”, (POERNER, 1997, p.16).

2.2 Saberes e fazeres

              Resgatar uma cultura se torna um trabalho difícil para quem vive em uma sociedade pluralizada pelos efeitos da “dinamicidade cultural”, e principalmente conservar, já que no mundo globalizado a agregação de valores (característica culturais que forma uma identidade) são inevitáveis. Pois, ao longo dos anos a dinâmica cultural se torna cada vez mais corrente. Todavia a comunidade se põem no oposto, devido a pratica cultural, como podemos perceber nas palavras do sr. Magno:

[...] quanto a saberes são diversos que vão do fazer artesanal até a produção mais especial do artesanato de fibra por exemplo. São saberes com a floresta, ervas medicinais, caça e pesca, dentre outros. Os fazeres circulam pelo mundo da produção de bens na área de utilitários em madeira, cipó, trabalho na roça de mandioca, caça e pesca, limpeza do roçado, cria de animais de pequeno porte, dentre outros.

              Contudo, para que a dinamicidade não “enterre” os conhecimentos, neste âmbito, “saberes e fazeres”, a comunidade tenta repassar suas tradições ao longo dos diálogos e desenvolvimento da juventude quilombola. Os saberes e fazeres dessa comunidade são uma parte de sua cultura, que por muitos anos estão preservando, por meio da utilidade no seu dia-a-dia como no uso medicinal, banhos (no caso das ervas)... Essa utilização “sem memoria coletiva, as tradições perdem o sentido. E os povos, a identidade” (POERNER, p.19). Entretanto, para Canclini, a cultura e as identidades não podem ser pensadas como um patrimônio a ser preservado, pois o intercâmbio e a modificação são caminhos que orientam a formulação e a construção das identidades. Seguindo a este pensamento, a identidade cultural não pode ser vista como sendo um conjunto de valores fixos e imutáveis que definem o individuo e a coletividade da qual faz parte.

              Mas, podem conservar de forma a igualar aquilo que praticavam antes, levando a uma semelhança. Por exemplo, a comunidade Quilombola-África, produz artesanato (cerâmica) que por muitos anos faz parte da sua cultura, no entanto, a fabricação modificou e o produto final, hoje é mais resistente, de boa qualidade, e possui uma logomarca; um símbolo de aproximadamente 200 anos. Essa simbologia representa-os na venda de seus artesanatos e em seu projeto social (Os Filhos do Quilombo), que elaboraram na finalidade de “fortalecer sua luta” pelo reconhecimento sociocultural.

              Observa-se que as cerâmicas ao serem vendidas, espalham sua cultura em outras. Torna-se evidente a dinâmica e a hibridez da cultura. Dinâmica, pois se infiltra em outro meio social cuja cultura não é a mesma; híbrido, pois os indivíduos deste outro meio social incluirá esta nova cultura à sua. Além da “propaganda” mediante venda, a comunidade utiliza também a internet, que por sua vez, é tido, pela sociedade, como um “veículo” da cultura de massa e/ou comunicação de massa da contemporaneidade. Esse veículo fortalece a hibridação cultural devido à globalização e vice-versa. É um mecanismo de informação presente em todas as sociedades, até nas que são “menos desenvolvidas” econômicas e tecnologicamente, como algumas comunidades tradicionais.

2.3 O estigma e a identidade          

              Com o efeito da globalização, as sociedades tem uma visão negativa daqueles que não possuem uma boa condição econômica e tecnológica. Um estigma pessimista, como ‘se fosse um corpo que lhe faltasse um membro’; ou, como ‘se fosse um estranho que aparentasse algo ruim, como um criminoso ou alguém que não se pode confiar. A identidade do individuo muda essa visão depreciativa por maio do seu status social e/ou “determinações conquistadas por ele”, ou seja, não depende da cor, raça ou etnia para que o sujeito possua identidades sociais (profissão, categorias, ocupações, habilidades...) que o faça ser honesto e ter um lugar na estrutura social, resultando numa “boa aparência”, como o Magno. Dessa forma, se torna perceptível que assim como a cultura, a identidade não é inata ao homem.

              Erving Goffman (1963, p.14) ressalta três tipos de estigma: "primeiro- as abominações do corpo; segundo- a culpa de caráter individual; e terceiro- os estigmas tribais de raça, nação e religião, que podem ser transmitidos através de linhagem e/ou contaminar por igual todos os membros de uma família”. Levando este ultimo para outro âmbito, assim como o estigma pode contaminar um grupo, a identidade cultural e a própria cultura, pode fazer disto, o inverso, ou seja, a cultura- ‘que também molda os indivíduos’-, disciplina-os fazendo com que se opõem aos estigmas existentes, tornando eles em “normais ou inexistíreis”, isto é, tratando os “estigmatas” em um processo de socialização para sair do quadro do estigma para ser incluso socialmente, por se tratar de alguém que foge da norma: psicológica ou criminosa. O resultado do processo de socialização é a construção da uma identidade social, pois o individuo atribuirá aspectos culturais da sociedade.

   2.4 Da identidade pessoal à identidade social

             A comunidade Quilombola-África luta para ser reconhecida culturalmente pela sociedade. Isso quer dizer que estão em um processo de construção de significados com base no atributo de sua ancestralidade, que por sua vez determina a identidade pessoal, ou seja, características próprias e/ou que “aceita para si”, como diz Manuel Castells: “Identidades por sua vez, constituem fontes de significados para os próprios atores, por eles originados, e construídas por meio de um processo de individuação”, (1996).

              É por meio da identidade pessoal que alcança a identidade social, como no caso dessa comunidade. A identidade social é internalizada da sociedade, isto é, os indivíduos atribuem ou são atribuídos pela sociedade vários significados (identidades: profissão, cargos...) que o torna identificado e reconhecido no meio social.

              Manuel Castells (1942, p. 23) ressalta que a “construção de identidades vale-se da matéria-prima fornecida pela geografia, biologia instituições de produtivas e reprodutivas, pela memoria coletiva e revelações de cunho religioso”. Castells propõem três tipos de construção de identidade: identidade legitimadora; identidade de resistência; e identidade de projeto. Ressaltemos a identidade de resistência, pois a comunidade quilombola-África pode ser enquadrada neste âmbito; observa-se que a identidade de resistência é criada por atores que se encontram em oposição/condições desvalorizadas pela “logica dominante”, lutando por direitos em comum. E é  que seja o tipo mais importante de construção e identidade, pois a identidade é uma característica criada, isto é conquistada que muitas vezes, como observamos nesse contexto, a identidade pode ser negada pelos que estão na “ superestrutura”; motivo pelo qual se põem à resistência.

CONCLUSÃO      

               A cultura de um povo é o único poder capaz de resgatar a sua fisionomia espiritual e manter a sua autonomia em uma sociedade. Para resgatar e/ou fortalecer esses valores, o grupo social como a comunidade quilombola-África precisará do apoio do Estado, chamando cada vez mais a atenção, através de manifestações passivas, projetos e “propagandas”, a fim de alcançar o governo, que por sua vez implantou um programa voltado para as comunidades remanescentes de quilombo: Programa Brasil Quilombola (PBQ), o qual garante o acesso livre a terra; saúde; educação; construção de moradias; eletrificação; recuperação ambiental; incentivo ao desenvolvimento local; pleno atendimento das famílias quilombolas pelos programas sociais, como o Bolsa Família; e medidas de preservação e promoção das manifestações culturais quilombolas. Com todos os conceitos acima citados, obtemos a plena convicção de que o patrimônio mais valorizado e difícil de ser conservado é a identidade cultural, pois as culturas em geral passam a todo o momento por uma mudança ou se transformam em outras de tal modo que para lembrar das características que a constituem, e possivelmente colocar em praticas, os indivíduos da pós-modernidade, no meio urbano, utiliza monumentos, estatuetas..., se tornam símbolos importante de uma geração passada. E é por mais esse fator que a comunidade dever chamar a atenção incansavelmente do Estado, pois eles possuem a mente como seu “monumento de lembrança cultural”.

REFERENCIAS

 

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