O impacto das mudanças tecnológicas no mercado de trabalho torna obrigatório o novo padrão de profissional configurado pela combinação de ciência, tecnologia avançada e grandes investimentos. A necessidade de mão-de-obra altamente qualificada tem o principal fator para que as empresas implantem novas tecnologias.

As contribuições de Borges (2000, p. 32) nos mostram que as novas tecnologias, os novos mercados, as novas mídias, os novos consumidores desta era da informação e do conhecimento conseguiram transformar o mundo em uma grande sociedade, globalizada e globalizante; mas o homem, diante dessa nova realidade, continua o mesmo: íntegro na sua individualidade, na sua personalidade, nas suas aspirações, na defesa de seus direitos, na busca da sua felicidade e de suas realizações, e no comando desta mudança, como o único ser dotado de vontade, inteligência e conhecimento capaz de compreender os desafios e definir os passos que direcionarão seu próprio futuro

Bomfin (1995) enfatiza que, para atender às inovações sociais, culturais, econômicas, políticas e tecnológicas, é preciso investir pesado nas pessoas por meio da educação e do desenvolvimento profissional. Neste cenário de globalização, o desenvolvimento econômico e a as relações de trabalho têm levado as empresas a rever seu papel em relação à preparação de seus funcionários, bem como a formação de novos quadros.

Partindo desse pressuposto, a maioria das empresas bem sucedidas já compreenderam que o desenvolvimento de seus profissionais e a qualidade de seus produtos ou serviços são os melhores meios de que elas dispõem para enfrentar os constantes desafios propostos pela concorrência, mais acentuada ainda pela globalização da economia.

Nesse sentido, trabalhar as competências é o principal objetivo para que a empresa consiga se manter no mercado e alcance seus objetivos. O conceito de "CHA" passa a ser empregado como sinônimo de expressão das competências requeridas que são: Conhecimento, Habilidade e Atitude. O conhecimento está relacionado ao processo de aprendizagem, ao saber, a deter as informações técnicas e cultura geral. Habilidade é o método, é saber como fazer, empregar os conhecimentos adquiridos de maneira eficiente e eficaz. Por último, atitude é querer fazer, é ter motivação para executar as atividades.

Diante dessa perspectiva de desenvolver competências, deve-se refletir sobre as seguintes questões: quais as novas competências que se esperam para os profissionais e quais os métodos mais adequados para o uso da tecnologia no processo de aprendizagem ?

Para responder essas questões, destacamos a comunicação como ferramenta essencial para o processo de desenvolvimento das pessoas.A comunicação é muito mais do que o simples ato de falar, é um universo com poderosíssimas ferramentas que são utilizadas no dia-a-dia, principalmente no mundo do trabalho.

Segundo o Dicionário Aurélio, "comunicação é o ato ou efeito de comunicar(-se). Emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual". Ou seja, além da fala, as expressões corporais, o olhar, o silêncio e a maneira de se vestir também são formas importantes de se comunicar.

A capacidade de comunicação oral e escrita se apresenta como competência importante para as necessidades exigidas pelo mercado de trabalho. O uso da comunicação por meio da tecnologia é também bastante valorizado, sendo que o domínio das ferramentas de pesquisa e os instrumentos eletrônicos de comunicação (Internet, correio eletrônico) figuram entre as competências mais valorizadas.

Ao analisarmos que o domínio das ferramentas apresentadas pelas tecnologias se tornam um diferencial profissional frente às mudanças do mercado, podemos desenvolver habilidades de comunicação mediada por recursos tecnológicos para capacitação profissional.

Para D'Ambrósio (1999 p.5), educação é ação. Um princípio básico é que toda ação inteligente se realiza mediante estratégias que são definidas a partir de informações da realidade. Portanto, a prática educativa, como ação, também estará ancorada em estratégias que permitem atingir as grandes metas da educação. As estratégias, por sua vez, estão apoiadas em ferramentas, recursos que viabilizam sua realização. Mais do que nunca, os professores estão recorrendo à tecnologia.

No contexto educacional, o professor deve ter em mente, que sem um planejamento didático adequado, que inclua os recursos tecnológicos como ferramenta de motivação, não é possível obter bons resultados no processo de ensino-aprendizagem, lembrando que toda ação, deve ser acompanhada por uma reflexão, por parte do aluno para que ele construa o conhecimento.

O principal desafio é vencer os paradigmas e tirar o melhor dos recursos tecnológicos, para que ocorra a aprendizagem, pois o não uso das novas tecnologias significa é caminhar para trás; possuir a ferramenta e não usar é como ter um carro e andar a pé. A análise crítica da utilização da tecnologia deve ser feita tudo depende do foco estratégico de sua utilização: "para que...", "para quem..." e "quando" e "por que...".

O professor precisa se adaptar e estabelecer uma flexibilidade para usar os métodos didáticos e recursos tecnológicos de acordo com diversidade cultural de seus alunos, tendo como guia o currículo proposto pela instituição onde atua, para assim alcançar seus objetivos.

Assim, as respostas para o desenvolvimento de novas competências exigidas pelas mudanças tecnológicas e organizacionais devem ser discutidas no viés das competências relacionadas à comunicação mediada pelos recursos tecnológicos existentes. Tais reflexões devem levar a um redimensionamento da prática docente, passando de uma prática fundamentada no paradigma instrucionista (voltado para a simples instrução e o repasse de informação) para o construcionista (voltado para a construção do conhecimento).

Enfim, a utilização das tecnologias na educação não deve estar associada a um modismo ou à necessidade de se estar atualizado com as inovações tecnológicas. Esses argumentos servem para maquiar a utilização do potencial pedagógico do computador na educação, pois não contribuem para o desenvolvimento intelectual do aluno. Seu objetivo deve ser o de mediar a expressão do pensamento do aprendiz, favorecendo os aprendizados personalizados e o aprendizado cooperativo em rede.

Referências

BOMFIN, D. Pedagogia no treinamento: correntes pedagógicas no treinamento empresarial.Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995. 150p.

BORGES, M.A.G. A compreensão da Sociedade da Informação. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 25-32, set./dez. 2000.

D'AMBRÖSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. Campinas, SP: Papirus, 1999