COMPOSIÇÃO MUSICAL: uma experiência em criação e gravação na educação especial

 

 

 

GONÇALVES, Bruna de George

LEMER, David Bianchi Thompson

RODRIGUES, Vanessa Ribeiro de Lima de Mello

 

 

 

RESUMO: Neste artigo, nós, os alunos do curso de licenciatura em música da Univali, buscamos relatar nossa experiência obtida com as intervenções do segundo período do estágio da pratica pedagógica, com alunas de uma instituição para pessoas com necessidades especiais do município de Itajaí (OFEARTE), com idades entre 13 e 55 anos, portando deficiências diversas. Tentamos demonstrar como a música pode servir de elemento de inclusão social através da composição e gravação de uma canção, e todos os passos para chegar a este resultado Através de pesquisas com educadores musicais construtivista, BRITO (2003), nos mostra que as atividades musicais integram reprodução, criação e reflexão; refletir sobre o fazer e também sobre o apreciar; o contato com brinquedos sonoro instrumentos regionais, artesanais industrializados de outras culturas pedagógicas, ou seja, o estímulo á pesquisa de timbres, modos de ação e produção dos sons e de instrumentos musicais. Tudo isso em uma área onde a produção literária é muito escassa.

 

Palavras-chave: Inclusão, educação musical, gravação.

 

 

INTRODUÇÃO

 

 

Há muito tempo à música aparece em eventos religiosos, esportivos, atividades escolares, como lazer e forma de estímulo, bem como profissão. O fato é que a música está presente em nossas vidas desde antes de nascermos e nos influencia a todo o momento. Nos últimos tempos, através da capacidade de manter-se viva ao ser experimentada, a música vem sendo pesquisada como ferramenta de trabalho para mudança de comportamento e inclusão social.

As palavras de Sekeff (2003) são contundentes quando afirma que, a música transforma, capacita, socializa e traz para aquele que ninguém mais acredita o poder de achar: eu também posso! Desta forma, a música pode vir a desempenhar um papel de suma importância no desenvolvimento de percepções e do ser humano como um todo. Isto mostra que a prática de atividades musicais, faz com que nós educadores possamos refletir acerca de sua utilização em sala de aula com alunos especiais. Assim, as palavras de Amaral completam este pensamento quando diz:

 

O uso da música pode contribuir positivamente no comportamento, do ser humano na melhora do potencial de aprendizagem, incluir a comunicação entre os seres, assim como trabalhar as habilidades cognitivas, as motoras emocionais e sociais. A música pode usar de diferentes maneiras para enfocar o seu objetivo, ela pode ser usada como estrutura, como um transportador de informações como um motivador; portanto podemos usá-la como um meio de expressão, de comunicação, assim como de uma experiência social. (AMARAL, 2002, p. 02)

 

Neste pensamento, pesquisas em musicoterapia mostram que a música tem papel importante para o processo de articulação entre subconsciente e consciente. Ela estimula a criatividade uma vez que não se refere diretamente a nada, necessitando de uma interpretação que ocorre diferentemente em cada ouvinte. Pode ainda, ajudar no desenvolvimento de pessoas com deficiências mentais e cognitivas, uma vez que provoca respostas orgânicas e afetivas.

No que diz respeito à prática da educação musical com os seus diversos elementos, nos influenciam em diferentes esferas, pois a mesma sendo culturalmente importante caracteriza os signos de uma sociedade e tem a função de abrir canais de comunicação para todos. Segundo BRITO (2003), o educador musical, em sala de aula deve sempre procurar expandir sua prática, ser o mais criativo possível, afinal se trata de algo novo para a educação formal, seguindo este pensamento educativo nós buscamos através de pesquisa fazer o melhor como educador.

Assim, dentro destes pressupostos BRITO (2003), compara as concepções tradicional e construtivista para o ensino da música em sala de aula. A concepção tradicional é aquela em que as atividades musicais enfatizam o fazer e ouvir sem refletir, a utilização de instrumentos da bandinha como única possibilidade de contato com materiais sonoros, seria a ênfase na reprodução onde as crianças tocam, mas não escutam. O professor ou professora ensina a tocar e sempre determina o que e como se toca. A outra concepção se trata da construtivista, que as atividades musicais integram reprodução, criação e reflexão; refletir sobre o fazer e também sobre o apreciar; o contato com brinquedos sonoro instrumentos regionais, artesanais industrializados de outras culturas pedagógicas, ou seja, o estímulo á pesquisa de timbres, modos de ação e produção dos sons e de instrumentos musicais. (BRITO, 2003, p. 201).

Portanto, a concepção construtivista para nós estagiários melhor viabiliza nossos objetivos e estratégias neste trabalho de pesquisa. Assim, em música estimular a imaginação, despertar a sensibilidade, ampliar horizontes e deixar a criança ou individuo experimentar, é a melhor forma de abordar não só a disciplina de música, mas qualquer uma, afinal todos merecem o melhor.

 Desta forma, nós acadêmicos matriculados no 5º período do curso de Licenciatura em Música iniciamos o trabalho de Estagio Supervisionado - Pesquisa da Prática Pedagógica com alunos da OFEARTE (oficina especial de arte). Foram ao todo 12 intervenções com o total de 12 alunas com faixa etária entre 13 a 45 anos e com carga horária de 1 hora e meia aula semanal. Para as atividades, utilizamos a música como uma ferramenta de trabalho buscando promover integração, conhecer os elementos do som, além de estimular os centros psico-motores, interagir com situações musicais utilizando movimentos corporais, confeccionar instrumentos percussivos e desenvolver a lógica de pensamento favorecendo a comunicação. Nosso objetivo geral foi conhecer e desenvolver aspectos relacionados à criação e execução musical, utilizando a voz e o corpo como instrumento, proporcionando uma experiência em música, visando à gravação e edição de uma peça.

Assim, procuramos refletir e responder a seguinte questão: que atividades servem para promover a inclusão e a adaptação do planejamento para uma boa aula de música em uma área com pouco material didático específico?

 

 

ESTAGIO: Experiência, Pesquisa e Aprendizado

 

As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado.” (MANTOAN, 2002, p.02).

 

         O estágio supervisionado nos representa um preparo, para sermos futuros professores de qualidade, um espaço e uma oportunidade onde podemos por em prática todo conhecimento que obtivemos em sala de aula, proporcionando-nos vivência como educadores. A troca de experiência com nossa orientadora é fundamental, nos prepara para o que nos espera na escola. Esta disciplina nos fundamenta e nos ensina que para ser bom professor se deve aprender a pesquisar e preparar um ensino de qualidade.

            Desta forma, as estratégias escolhidas para trabalhar a educação musical com alunos especiais, vieram ao encontro de práticas através do lúdico. Segundo Deckert, 2005, o tema jogos e brincadeiras possibilitam uma abordagem sob diversas perspectivas, como encaminhamento metodológico para construção do conhecimento musical. (DECKERT, 2005, p. 1).

            A idéia da autora traz à tona a forma lúdica de abordar musica na educação a partir da investigação da mesma, abordando a forma com que a criança relaciona o objeto em questão. O trabalho a partir do lúdico na educação musical, proporciona para o aluno um aprendizado de forma prazerosa, um aprendizado que não será esquecido. 

 

A música como ferramenta de inclusão.

 

            A música dentro da escola é um capitulo a parte do ensino. A música é um objeto de estudo interdisciplinar, uma vez que congrega elementos matemático, físicos, históricos entre outros. A música é também uma ferramenta de desenvolvimento da afetividade e da comunicação uma vez que através dela seu criador pode expressar-se, tanto no ramo dos sentimentos como das idéias. Sendo também importante veículo transmissor de cultura, ela não pode ficar de fora do currículo de ninguém. Não podemos nos esquecer da música como fator de integração para pessoas com necessidades especiais. Fazer música pode ajudá-las a inserir-se no mundo através de uma linguagem que é universal, podem fazer-se compreendidos por meio dela. Com a música nas escolas, podemos fazer com que alunos com necessidades especiais convivam em um ambiente muito produtivo para todos.

Shaffer (1991), educador musical Canadense fala da importância de trabalhar com a curiosidade dos alunos, fazendo-os descobrir a música de forma entusiástica, para lhes incentivar a criar novos questionamentos. Em seu “o ouvido Pensante”, Shaffer apresenta o conceito da paisagem sonora e as partituras descritivas, como método para iniciar alunos na arte de escrever e registrar música.

            Nesta perspectiva, Weigel (1988) comenta que ensinar é facilitar a aprendizagem, a ação do professor deve variar de acordo com o momento e o clima da turma. O Filosofo e pedagogo contemporâneo Edgar Willens (1889) considera a musica como a expressão mais profunda do ser humano e não uma mera distração ou simples prazer superficial.

Segundo Willens “A educação através da musica requer a participação do ser humano integral, tanto dinâmico, sensorial, afetivo, como mental e espiritual”.  O autor quer dizer que o melhor educador é aquele que ama o que faz, pois, o professor deve fazer com que as crianças amem não somente a musica, mas tudo aquilo que ela contém como o som, a melodia, o ritmo e as emoções que ela traz. (WILLENS, 2003)

            Willens atribui grande importância à invenção e a improvisação por parte das crianças, defendendo uma educação musical ativa e participativa desde cedo. Em 1930, Martenot foi o primeiro educador a fazer um estudo pedagógico musical, procurando introduzir na educação uma forma de ensinar musica, utilizando-se de jogos rítmicos com som e silencio, cantando e tocando. Para ele o professor deve estar sempre de bom humor trazendo para o educando a alegria, fazendo com que o aluno aprenda a compreender através de exercícios. Carl Orff foi um musico/pedagogo alemão desenvolvedor de um método que utiliza o corpo como instrumento de percussão, e busca a participação ativa do aluno.

            Nesta pesquisa procuramos encontrar a melhor forma de ensinar, onde ser criativo, dinâmico, e dedicado ao que se faz pode contribuir imensamente para chegar resultados positivos. Por isso ao trabalharmos na OFEARTE, com alunos especiais, pudemos ter maior contato com o processo de Inclusão.  A Educação Inclusiva é respaldada por várias leis, entre elas estão as Declarações Internacionais. A Declaração de Salamanca é referência para consultas quanto a organização dos países em lidar com a pessoa com deficiência e que necessita de Inclusão. A declaração, traz a importância do direito que é algo fundamental para educação de todo individuo, toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas. Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades.

                Fator preponderante está na importância da participação da comunidade a respeito destes alunos, por se tratar de pessoas especiais, não quer dizer que é algo mais complicado de lidar muito pelo contrario, pos, inclusão é dar direitos iguais a todos independente de cor, religião, sexo, idade, raça, deficiência, entre outros, bem como proporcionar a todos as mesmas condições de uma vida digna e justa.

 

 

METODOLOGIA   

 

A OFEARTE é uma instituição que cuida de pessoas com necessidades especiais de ensino, e situa-se à Rua José Eugênio Muller, na cidade de Itajaí. A instituição mudou-se recentemente para o imóvel em que se encontra e tal imóvel possui dois pavimentos e conta com salas de aula, enfermaria, jardim e cozinha ampla para receber os alunos. Existe certo apoio da sociedade uma vez que foi cedido um galpão na mesma quadra para que as aulas de música pudessem acontecer, onde ocorreram nossas duas primeiras intervenções.

Para alcançar os objetivos, nosso trabalho foi dividido em duas etapas, o ouvir e o fazer musical. O ouvir consistiu-se em apreciar elementos do som, elementos musicais e métricas de frases. O fazer musical consistiu-se em produzir sons com a voz, criar letras, construir instrumentos e gravar uma canção. Tal trabalho foi realizado em dois ambientes, um externo (pátio cedido por uma igreja vizinha) e outro interno (sala de aula da própria OFEARTE).

O público alvo era formado por meninas e mulheres com necessidades especiais, com idades que variam entre 13 e 55 anos e deficiências diversas (desde síndrome de Down até déficit de aprendizagem). A carga horária consistiu-se de 10 intervenções com duração de 4 horas cada. A análise dos resultados se dava por intermédio de recapitulações dos conteúdos abordados nas aulas anteriores, culminando na criação de uma letra e na gravação de uma canção.

 

 

 

RELATO DE EXPERIÊNCIAS

 

Apresentação em ritmo de Hip Hop

 

            Nossa primeira aula foi ministrada segundo os princípios do construtivismo, relacionando cada performance musical com o conteúdo que iríamos trabalhar. Em nosso planejamento constavam as propriedades do som, forma musical e apreciação de diferentes gêneros, para construção gradual do conhecimento. Temos como objetivo prepará-las para criar uma letra de música para uma futura gravação de CD.

            Tal aula consistiu-se de uma socialização, de trabalhar elementos do som e construir uma linguagem gestual para cada um deles. Após as explicações, coube as alunas criar gestos para cada elemento e executa-los junto com os sons. Tal tarefa foi desempenhada com um misto de entusiasmo e facilidade, demonstrando o quão fácil é o relacionamento com a música, mesmo para aqueles com necessidades especiais. Todas as alunas participaram como puderam, mesmo aquela que apresenta deficiência auditiva participou executando os movimentos criados pelas colegas.

No final da aula tocamos um CD contendo músicas de diversos gêneros e ficou evidente o gosto delas por música mais agitada. Através desta experiência pudemos constatar que realmente a musica é uma grande ferramenta para a educação especial, uma vez que durante as atividades, constatamos o interesse e o envolvimento emocional das aulas, Fazendo-as vencer suas próprias limitações com coordenação motora ou acanhamento. Segundo JOLI,

 

A educação musical, tal como propõe educadores como Carl Orff, faz com que música, movimento e linguagem sejam apresentados de forma lúdica e dinâmica, de tal maneira que a criança se sente envolvida e motivada para executar os exercícios propostos pelo professor. Se uma criança, por exemplo, tem um problema de desenvolvimento da linguagem e não consegue falar corretamente, a música, o gesto, o movimento e o ritmo organizado de uma canção facilitam a fala de pequenos fragmentos de frase, o que permite que essa criança se integre no contexto da aula. A repetição criativa de vários conceitos conduz à aprendizagem sem medo e inibições e conseqüentemente desenvolve a auto-estima da criança. (JOLY , 2003, p. 02)

 

 

 

Criando letra e trabalhando o pulso da música

           

Seguindo o exemplo do educador musical Suzuki, grande referência em pesquisas e desenvolvedor de um método próprio de educação musical, utilizando em seu método a repetição como forma de aprendizado, repetimos alguns elementos da aula anterior. Pois nossa forma de avaliar se dava por meios de recapitulações das nossas aulas.Em seguida nós  havíamos pedido para que elas nos trouxessem fragmentos escritos com o propósito de formar uma letra. Nem todas trouxeram, mas algumas nos surpreenderam. Um em especial trouxe um poema feito para um dos estagiários que tocou guitarra na aula anterior. Tal poema dizia como ela percebia o amor pela música daquele a quem ela observara, além de perceber o preparo do professor. Neste pensamento , seguimos os princípios dos educadores Brito,2003, Swanwick, 2003, procurando ensinar a música musicalmente, ou seja todos os exercícios eram feitos inseridos dentro de uma música executada pelo professor. 

Aproveitamos para criar mais letras durante a aula. Em seguida executamos uma atividade com o propósito de trabalhar o pulso em música. Para isso colocamos pedaços de papel colorido no chão, pedimos a elas que se levantassem e mostramos como caminhar no pulso da música que estava sendo executada em um aparelho. Os papéis coloridos foram dispostos em linha reta no chão de maneira que cada passo dado pelas alunas correspondesse a um pulso na música. Para cada passo deveria haver uma batida de palma simultânea.

 

 

Criando música com pedaços de papel.

 

           

Nosso objetivo para a terceira aula foi o de trabalhar altura em música e criar partituras descritivas usando papel colorido para diferenciar alturas dos sons. Seguimos os princípios descritos no livro “O ouvido pensante” de Murray Schaffer. Para essa atividade trouxemos papel colorido de três cores, preto, azul e amarelo. Cada cor deveria ser associada a um tipo de freqüência, sendo preto para o grave, azul para o médio e amarelo para o agudo. Demonstramos nos instrumentos musicais como seria cada um desses sons e pedimos a elas que criassem uma partitura ordenando as cores de maneira livre e individual. Cada uma delas fez sua própria partitura. Dois estagiários, um com sua guitarra e outra com seu clarinete executaram essas partituras. O guitarrista fazia a harmonia e a clarinetista criava uma melodia seguindo as indicações de altura da partitura das alunas.

Elas também indicaram a ordem com que as notas deveriam ser tocadas. Em um determinado caso, a música de uma delas chegou a ter até três movimentos distintos. Noutro a partitura parecia indicar dinâmicas. Os professores se esforçaram para dar a cada música uma sonoridade diferente mostrando a elas as possibilidades trazidas por suas composições.

 

 

A música não é só técnica de compor sons e silêncio, mas um meio de refletir e de abrir a cabeça do ouvinte para o mundo. [...] Com sua recusa a qualquer predeterminação em música, propõe o imprevisível com lema um exercício de liberdade que ele gostaria de ver estendido á própria vida, pois tudo o que fazemos (todos os sons, ruídos e não sons incluídos é música. (CAGE, apud, BRITO, 2003, p.27)

 

 

Colocando sinais na nossa música

 

            O objetivo desta intervenção foi demonstrar a importância da métrica correta das palavras sobre o ritmo da música, bem como sinais de silêncio e intensidade. Para isso o professor criou frases com ritmos e demonstrou o que acontecia quando se tentava encaixar palavras diferentes nessa métrica, o quão estranho pode soar uma letra se não se observar métrica e acentuação do próprio ritmo. Em seguida explicamos que na música existem sinais que representam o som e também o silêncio. Aplicamos então uma atividade onde as alunas deveriam cantar uma frase com um ritmo marcado e depois inserir silêncios sobre determinada palavra. Escolhemos para essa tarefa as frase “O GATO FEZ XIXI NO VASO” e “O BEBÊ CHOROU PORQUE CAIU DO BERÇO”. As alunas sentiram-se a vontade para colocar as pausas nas palavras que queriam, cada uma na sua vez. Aproveitamos o ensejo dessa atividade para relembrar também o conceito de intensidade. Uma das professoras demonstrou o sinal de crescimento e diminuição das palavras. Demos também a oportunidade de as alunas determinarem onde queriam inserir os sinais de dinâmica.

 

 

Clave de Sol e notas no pentagrama

 

Tal aula teve por objetivo apresentar a clave de sol, o pentagrama e como as notas se dispõem em uma partitura convencional. Uma das estagiárias contou uma estória infantil onde alguns personagens eram elementos da partitura como clave de Sol e o pentagrama. A estória falava sobre a ida da princesa Magia da música ao castelo Dó, Ré Mi contada no livro iniciação para piano de Faulin, Bernardi, Delyte, Aparecida. Depois distribuímos folhas coloridas, pedaços de barbante e canetinhas coloridas para que cada aluna fizesse sua partitura, desenhando uma clave de sol e representando as linhas com os pedaços de barbante. Com a ajuda dos professores, elas confeccionaram suas partituras. Em seguida uma das professoras desenhou um pentagrama com a clave de sol e pediu para que o professor com a guitarra tocasse as notas que estavam nas linhas que ela apontasse, nomeando-as em seguida. Explicamos também que nos espaços entre as linhas haviam outras notas e pedimos às alunas que escolhessem notas para o estagiário tocar na guitarra, indicando uma seqüência no pentagrama desenhando na lousa. Por fim aproveitamos para apresentar a escala maior e apresentar sua escrita na lousa.

 

 

Encaixando letra e música

 

O objetivo dessa intervenção foi encaixar a letra criada pelas alunas em uma música criada por um dos estagiários. Para tal fim o estagiário compôs em casa com o auxílio de um teclado uma canção dividida em duas partes (estrofe e refrão).  Durante a aula as alunas apresentaram suas letras, cada uma trouxe um fragmento diferente. Em seguida realizou-se uma audição da música para encaixar as frases criadas pelas alunas à métrica da melodia da música. Foram sendo feitos pequenos ajustes para dividir a letra em estrofe e refrão. O resultado foi uma música com melodia marcante que tinha por tema a amizade, com letra escrita por todas as alunas. Ensaiamos a música de forma que ficasse decorada.

 

Gravando

 

            Por fim chegamos ao momento o qual as alunas e os estagiários vinham esperando, a gravação da música. Para tal um dos estagiários trouxe seu computador contendo software de captura de audio, microfone e playback da música. Todas as alunas estavam presentes pois se comprometeram a não faltar, tamanha a importância que gravar uma música assumiu em suas vidas. Após breves ensaios para relembrar a letra e a melodia deu-se a gravação sem problemas. Em seguida tiramos fotografias para colocar na capa do CD.

 

 

Socializando o CD

 

            Nossa última intervenção teve por objetivo apresentar o CD com a música e socializar um pouco do conteúdo abordado durante as intervenções. Os estagiários relembraram os conteúdos com as alunas e como o esperado, houve dificuldades por parte das alunas. Tais dificuldades eram superadas conforme relacionávamos as atividades executadas em sala de aula com os conteúdos.  Por fim entregamos o esperado CD. As alunas mostravam-se muito ansiosas para receber uma cópia, pois era o trabalho delas que estava registrado ali. O CD contou com arte gráfica, fotos e letra em seu encarte. No fim os estagiários receberam das mãos de uma das alunas uma carta de agradecimento como forma de homenagem. Isso mostra que mesmo em uma área onde falta material de apoio, e onde muito das aulas depende da criatividade e improviso dos professores, é possível desenvolver aulas interessantes e marcar os alunos de maneira positiva.

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O estágio supervisionado da prática docente é algo de vital importância para qualquer licenciado, independente da área de atuação. Tal importância se dá por diversos aspectos como: oportunidade de trabalhar com alunos das mais variadas idades, necessidades e condições sócio-econômicas, pois isso se justifica na medida em que os alunos não são todos iguais e a alternância dos estágios em diversas instituições pode nos dar a vivência necessária para lidar com cada situação diversa.

É nessa prática que o futuro docente se depara com os primeiros desafios da vida de professor e têm a oportunidade de extirpar seus medos, tendo a oportunidade de errar e aprender a seguir o melhor e bom caminho.

            Nessa empreitada deparamo-nos com desafio de fazer aulas interessantes e produtivas em uma área que praticamente não possui bibliografia especializada. Percebemos que a improvisação deve ter bastante espaço dentro dos planos de aula, e que muitas vezes temos de abandonar o que havíamos planejado para dar seqüência e dinamismo às aulas.

     É de grande importância que se façam outras pesquisas nesta área, oportunizando a inclusão desta população em atividades musicais.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

ANTUNES, Celso. Professores e Professauros. Rio de Janeiro, Petrópolis, Vozes, 2007.

 

BRITO, Teca Alencar. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003.

 

FAULIN, Aparecida Delayt Bernardi. O castelo DÓ, RÉ, MI. Ricord 1976.

 

FRANÇA, Cecília Cavalieri. Para fazer música. UFMG, 2008.

 

JOLY, Leme Ilza Zenker, música e educação especial: uma possibilidade completa para promover desenvolvimento de indivíduos, São Paulo, São Carlos,Universidade Federal de São Carlos, 2003.

 

SCHAFER, Murray. Ouvido Pensante. São Paulo, UNESP, 2003.

 

SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. São Paulo, editora Moderna, 2003.

 

VALLIM, Viviane Chiarelli. A produção musical na educação infantil: Um desafio da escola do futuro. Florianópolis, Clã Editora, 2003.

 

 

obs: professora orientanda mst. maria luiza feres do amaral