É comum encontrarmos registros em trabalhos acadêmicos afirmando que existe uma nova configuração da enfermagem no Brasil desde o séc. XX e a mesma estabelece alterações estruturais na formação do enfermeiro representando um importante momento de momento ruptura na formação do profissional de enfermagem. O ensino superior, como regra, é ministrado nas universidades e, excepcionalmente, em estabelecimentos isolados, com a exigência de qualificação do corpo docente através da obtenção de títulos de mestre, doutor ou livre-docente. O exercício da Enfermagem é exercido por profissionais dos três níveis de formação: auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro de nível superior com a possibilidade deste exercer a docência em nível superior.

Dolz et Ollagnier (2004) destacam que existe lacunas na formação inicial do enfermeiro que podem ser atribuídas ao aluno ou aos professores por falta de uma interação mais aprofundada entre estes, além dos currículos acadêmicos descontextualizados. Já Mesquita (2003) realizando um estudo junto aos formandos de enfermagem em Porto Alegre (RS) destacou que, na fala dos alunos e professores há uma predominância da necessidade de uma melhor definição do papel desse profissional na sociedade relacionado às práticas de ensino e ao modelo de profissional que a sociedade exige.

Em 1974, quando "começa a desaceleração da economia e se esvazia a euforia do “milagre brasileiro” caem as taxas de crescimento e do emprego", com ênfase em uma política social com objetivo próprio pautada na saúde pública passando a enfatizar em nível de discurso, as ações básicas de saúde e a organização de serviços, com menores níveis de complexidade em detrimento da tendência à hospitalização, dando valorização a figura do enfermeiro.

Para Cestaro (2000) há de se atender também às exigências do mercado de trabalho, que tem sofrido grandes transformações, tanto no setor público quanto no privado, foi assim que Maria Elizabete Cestari desenvolveu sua pesquisa sobre educação do enfermeiro no mercado de trabalho destacando que atualmente o setor público busca atingir a universalização da assistência à saúde através da municipalização dos serviços de saúde, da adoção do modelo médico da família, da transformação dos hospitais em fundações e da contratação dos serviços de cooperativas de trabalhadores em saúde.

No entanto a emergência da noção de competências no domínio da formação profissional enfermeiro está presente nos discursos educativos associado aos programas de formação inicial ou continuada, além dos procedimentos de avaliação para responder às exigências legais, mas para a autora a profissionalização do enfermeiro do ponto de vista dinâmico é o grau de avanço de sua evolução estrutural, no sentido de uma profissão total, com competência técnica e pratica que responda plenamente as necessidades profissionais.

Angelita Rigon (2011) desenvolveu uma pesquisa denominada ações educativas de enfermeiros em uma unidade hospitalar de Santa Maria (RS), onde destaca que por meio da educação se consolida o papel do enfermeiro nas unidades de saúde e que na vivencia profissional não é comum a atenção as competências pedagógicas dos enfermeiros visto que sua atuação é muito verticalizada, ou seja, concentra-se na técnica de cuidar do paciente e não de olha-lo como um sujeito que precisa de interlocução como caminho para sua cura.

Assim a importância da profissionalização do enfermeiro não se limita a ampliação de conhecimentos, mas deve passar por uma redefinição de natureza das competências que estão na base de uma prática eficaz. Tal debate se intensifica quanto à natureza dos saberes profissionais eruditos, aprendidos na universidade e dos saberes profissionais práticos construídos a partir da experiência. Entretanto, as competências englobam estes saberes, mas não se limitam a eles, ao contrário dos conhecimentos que são representações organizadas da realidade ou do modo de transformá-la, as competências são capacidades de ação para manifestar competências profissionais sendo necessário ao enfermeiro: Identificar e superar obstáculos; Considerar e implementar estratégias reais; Planejar e controlar emoções; Cooperar e aprender com os outros (RIGON,2011).