Banqueiro

Ontem no jornal da Band, o Joelmir Betin ? fala de reduzir a taxa de juros Selic, em dois pontos percentuais, para viabilizar uma possível sanção presidencial, ao projeto de lei que a um só tempo propõe aumento dos aposentados como também propõe a eliminação do fator previdenciário. Esses dois pontos percentuais significam um valor total anual de cerca de 18 bilhões, que se aprovado o aumento dos aposentados sairiam dos cofres do Tesouro Nacional ? o que ele propõe é que com a redução da taxa Selic em dois por cento ? equilibre a entrada e saída de numerário do tesouro ? já que essa taxa remunera os juros pagos aos banqueiros pela divida interna que eles financiam regularmente.

Primeiro vamos entender o seguinte ? banqueiro ? tem bancada na câmara e no senado e são sempre ? os principais financiadores das campanhas dos governos. Segundo ? os aposentados não tem tem nenhuma bancada nem financiam qualquer governo.

O financiamento oriundo dos bancos não tem qualquer conotação democrática ou filantrópica ? o dinheiro desembolsado em qualquer quantia ? sempre vai significar um investimento ? o qual deverá retornar ? com o lucro assegurado. Banqueiro não é mãe nem pai de ninguém. Apenas defendem sua posição e sua filosofia monetarística. Pensam assim: estamos estabelecidos para ganhar dinheiro, e ponto final. E pelo visto tem tido um enorme sucesso em suas práticas, políticas e negociais.

O banco vive de ganhar dinheiro com dinheiro ? seja através de empréstimos, sejam através de cobranças de serviços ? devidamente autorizados pelo Banco Central do Brasil ? órgão que deveria regular o assunto tentando equilibrar as ações, mas que por conta da força dos banqueiros faz apenas o jogo dos... se você pensou em banqueiros. Acertou.

No ambiente de inflação ? como tivemos oportunidade de viver por longos anos, os bancos se constituíam na única forma de negócio com lucratividade garantida, porque sabem se proteger e ainda tirar proveito desse ambiente. Além de terem exímios financistas em seus quadros ? o desespero das demais empresas ? faz com que a moeda forte seja escassa e o capital seja devidamente remunerado por via de legislação protetivas que não são alcançados por outras empresas.

No ambiente de estabilidade ? onde a moeda é controlada via taxa de juros ? aqui no caso, taxa Selic ? o governo utiliza essa taxa de remuneração dos empréstimos internos (no governo Lula pulou para 2,2 tri) para enxugar o mercado quando o crédito se expande ? aumentando a taxa. E quando o mercado esta restrito o governo injeta dinheiro no mercado ? diminuindo a taxa Selic, fazendo com que o crédito cresça. Dito isso ? quem ganha com a taxa Selic elevada ? pois detém a maior parte dos títulos do governo. Se você pensou banqueiro... acertou novamente.

Como se vê eles não estão nem aí ? se o aposentado vai ou não ter aumento de sete ? sete virgula sete, pouco importa ? o seu ganho está garantido desde a construção das piramides, e vai continuar assim por muitos séculos. Amém.

Como estamos em época de eleições até se pode obter esse aumento, o que não se pode esperar é que de alguma forma os valores sejam compensados com a diminuição dos ganhos dos banqueiros. Os administradores públicos da área econômica já se pronunciaram ? (Fazenda e Planejamento) incitando o presidente a vetar o aumento. Muito justo ? se eu também estivesse lá também recomendaria ? até compreendo a situação deles ? mas vale brigar com dez mil aposentados que não conheço do que brigar um um só banqueiro que entra no meu gabinete ou manda o senador ou deputado tal me pedir explicações.

Joelmir essa é fácil ? não há a menor condição de sua proposta prosperar, por falta de conhecimento do meio em que vivemos. Sua proposta embora econômica e matematicamente defensáveis, não pode prosperar no ambiente em que vivemos. Tolinho?

Uma pena ? mas a realidade é mais subjetiva do que parece a princípio. E o pior é que quem governa é a subjetividade submersa e não a lógica aparente. Uma grande diferença entre outras gentes ? é que a realidade e a aparência não mais próximos.

Apolinario de Araujo Albuquerque Rio, 25 mai 2010.



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