Quero saber o que me faz pensar
O que me faz me faz sentir tão sozinho
O que me trás de volta a escuridão
Se o que mais importa está escondido
Num profundo, imenso, distante lugar
Chamado felicidade
Busco intensamente, fervoroso e contido
Procuro o que me sela da verdade
E vejo que nem sempre posso mudar com minhas próprias atitudes
E me sinto um completo inútil
Mas como já dizia Shakespeare
"Agente aprende"
E o que me deprime é saber que por isso
Não poderemos ser ambiciosos demais
Nem ao ponto de sermos donos de nossas próprias consciências
Lutar parece inútil
Há sempre um porque, que antecipa um não
Que restringe nossa capacidade de lutar
Cansei de tentar ser aquele que sei tenho capacidade de ser
Hoje luto apenas por minha própria sobrevivência
Luto apenas por ser mais um
Na batalha de uma vida sem muitos significados
Sem muitos enigmas
A falta de progressão me faz parar
E me acomodar
Algo que não quero, nunca quis, mas sou forçado
Não preciso ir longe para identificar essa realidade
Gente usando dinheiro que é do povo em beneficio próprio
Crianças se matando por serem mãe
Rapazes se drogando tentando esconder a dor de uma vida sofrida
Olhos lacrimejados aos cantos escondidos
Corpos estendidos, com seu fardo de trapos e aromas desagradáveis
São verdades vividas em carne e osso
Nada mais verdade, nada mais puro
Nada mais doloroso que a vida
É essa nossa realidade
E nas ruas, pessoas continuam a caminhar
Apressadas em suas vidas monótonas e dolosas
Sorrisos, aperto de mãos, tapinha nas costas
Escondem a realidade
Vigiada de perto dos olhos sempre atento da depreciação
Que nos prende mais e mais
E deixa mais obscuro nosso caminho em busca da felicidade
Mas enfim
Vivo em fidelidade da razão e coerência
Longe do correto e da minha capacidade
Mesmo eu sendo simples
Suporto o que é sensato
Assumo alguns lampejos de insanidade
Como sendo algo normal
E vejo que a real felicidade
Assume outros traços e formatos indefinidos.
E somos forçados a sorrir, para não deixar a completa tristeza nos tomar por completo.