Fiz planos para serem realizados quando a aposentadoria chegasse. A vida se encarregou de modificá-los e para mim restou a opção de uma difícil adaptação no momento em que eles começaram a ruir.

Hoje, com parcialmente a “Síndrome do Ninho Vazio” e com minhas obrigações quase extintas, estou tentando um recomeço, nem seria uma readaptação, muito menos tentar

recuperá-los, sim recriá-los. Filhos crescidos, independentes, vivendo suas próprias vidas e eu, tentando caminhar sozinha. Um difícil aprendizado.

Amigos partiram, uns para outras dimensões, outros para cidades diversas. Agora fico querendo saber o que fazer com meu tão esperado tempo ocioso. Mesmo assim, vejo o quanto é bom poder direcionar minha vida para fazer o que quero e gosto, tempo para ler, fazer incansáveis caminhadas, reatar amizades que ficaram estacionadas bem longe de mim. Tenho muitos valores para rever.

Conheço pessoas que não tem dificuldade em caminha sozinha, eu estou aprendendo a passos bem largos fazer essas caminhadas, vez por outra me vejo olhando para trás. São recaídas nada aceitáveis para os que me cercam.

Quero me sentir livre para sorrir e sensível para chorar, acho que aí não terei medo de olhar um passado que insiste em se fazer presente.

A minha dependência é tamanha que me vejo querendo ser filha dos meus filhos; alguém escreveu que aprenderemos a ser mãe, quando nos tornarmos avós, quando nos livraremos de algumas responsabilidades e direcionaremos nosso afeto sem receio, mais ou menos assim que entendi, vou ter a chance em breve,de colocar em prática, ai, terei minha opinião própria. Não exitarei em dividir com quem desejar saber, pois o sentimento é único.  Assim imagino.

Hoje, entram no vagão que estou, pessoas que sem querer estão me ajudando muito, com palavras afetivas, atitudes sem cobranças, me ensinando que posso olhar para frente sem esquecer as laterais. Elas, sem palavras conseguiram dizer que posso ir ao passado quando desejar, ele não está esquecido, apenas os bons momentos devem ser relembrados. Lições fáceis, porém difíceis de ser assimiladas. Sou muito grata pelos presentes recebidos para minha alma, são incontáveis.

Meu amor e apego pelas crianças e pessoas idosas, estas quase como eu, também tinham sido deixados de lado, vejo que ainda posso recuperar. Preciso desse tempo, espero ser merecedora.

Quero ser possuidora de uma índole serena, para tratar os demais com amabilidade, assim farei brotar flores que passarão a alegrar minha vida e das pessoas que me cercam.

Este é o meu propósito, veremos se conseguirei fazer com que deixe de ser apenas um projeto, como tantos que já fiz. Quero um crédito!