Como entender a Epistemologia de Bachelard.

 O pensamento crítico de Bachelard, que reflete a respeito da natureza do espírito científico passa obrigatoriamente por três estágios, que são mais exatos e críticos que a maneira a qual foi elaborada por Comte.

 

Isso não significa que ele seja um positivista em tudo o que significa essa filosofia da análise no entendimento da ciência.  No entanto, cumpre se estágios semelhantes os quais serão analisados.

  Mas o que necessariamente indiretamente sofreu algumas influências ao que se refere à história do positivismo  e alguns aspectos de referências.   Aquilo que é determinado em Bachelard o que é formulado como o estado concreto, seus estágios significativos na perspectiva da elaboração do conhecimento.

 

O que significa cada estado, sua compreensão no tempo, a didática do entendimento epistemológico, nada mais que aproximação do espírito em relação à realidade material.

 

 Primeiro ato real do entendimento do objeto, o que significa essa manifestação, uma vez que o aspecto da matéria é em sua elegância uma realidade em si não perceptível a priori pelo sujeito que conhece.

 

 Dado as  necessidades complexas de operações diversas na formatação do sujeito, uma relativa projeção desses paradigmas, a realidade do objeto é uma coisa, sua compreensão real é outra, porque o sujeito é sempre fruto das  manifestações ideológicas, na construção do real.

 Esse aspecto é o primeiro grande obstáculo epistemológico, parece ser da inerência do entendimento essa formulação, o que seria então o saber, a não ser a projeção pelo menos em parte do próprio equívoco.  O objeto é sempre em si, apenas para ele mesmo, o sujeito é uma complexidade diversa, alheio o que é o objeto.

 

As imagens fundamentais na formulação do desenvolvimento da tese, o que representa concretamente o fenômeno.  Essa realidade é apenas uma apresentação a priori daquilo que o espírito científico terá que desenvolver na sua formulação como tese.

 

 Mas a tese sobre diversos aspectos esgota na sua ideologia paradigmática. Isso devido à própria natureza das diferenças específicas, daquilo que é possivelmente manifestável.

 

 O sujeito nesse caso não é a manifestação, mas a manipulação daquilo que seria a manifestação, o que se refere parcialmente, o que se nega nessa complexidade do parcial, tanto quanto outras parcialidades as quais não tivessem esses dizeres.  

 

Mas é um estado oposto à dialética do obstáculo, o que é da essência da natureza da formação do espírito científico.  Bachelard.

 

 O segundo estado proposto pela filosofia da análise científica por Bachelard, é o que se denomina por estado concreto abstrato. Nesse momento ainda não é algo puro, sequer sabemos se pode chegar a esse nível, o significado de pureza, não tem a natureza da essência do saber.

 

 Nesse estágio o espírito, ou seja, a formulação da teoria, a questão do paradigma acrescenta, a questão da experiência física,  os chamados princípios  geométricos que se apoiam até ao momento a uma filosofia analítica do fundamento, sendo que  a mesma em última instância  é o instrumento da compreensão crítica do próprio mecanismo do entendimento.

 

  Mas a crítica por mais crítica que seja não poderá ser entendida nela mesma, por ela, pelo aspecto da sua essência como conteúdo da verdade, nesse sentido, não existe em nenhuma perspectiva do entendimento, que não seja absolutamente relativa, qualquer caminho como determina o positivismo de uma compreensão absoluta, é simplesmente absurdo.  

 

Bachelard tinha plena consciência dessa análise elaborada no entendimento da relatividade na relação do saber entre sujeito e objeto, as complexidades das variáveis necessárias à formatação da compreensão.

 

  Esse é o destino natural das coisas no mundo específico do desenvolvimento das ciências, particularmente ao método empírico.  

 

O terceiro estado, aquele que o espírito científico adota informações precisas, tiradas pela observação do espaço real da materialidade em questão, ou seja, daquilo que já está exposto na realidade do primeiro estado, no entanto, só é possível o seu entendimento por meio do processo de abstração, o que seria esse processo  de aplicação da lógica formal, no uso do paradigma ao entendimento a realidade.   

 

A tentativa da elaboração do aspecto abstrato, o que não poderá ser desconsiderado a ideologia da informação, a realidade do paradigma e o sistema de engano propositado pelo sujeito.

 

 Existe uma dialética manca, a respeito do que estou referindo, o sintoma do saber.  O que é muito importante ser relatado, o mundo é o simbolismo dessa proposição, para que o sujeito seja na realidade mais crítico, é exatamente essa finalidade da epistemologia.

 

Sabe se também com o uso das informações do sujeito, aquilo que objeto não é, passa de certa forma ser o que exatamente não é, ou seja, o mecanismo de alienação na dinâmica do conhecer, o saber às vezes poderá ser uma anti-informação, o que significa a mesma coisa, que o não saber.   Não basta para epistemologia, apenas o aspecto da formalidade e o seu paradigma para o entendimento.

 

 Isso desenvolve em parte pela intuição, por outro lado, por meio da observação.

Já é o momento da formulação da síntese ou do desenvolvimento da materialidade com obra elaborada em defesa da tese, com seus devidos fundamentos.

 

Criar e manter o interesse vital pela pesquisa desinteressada refere-se sem ideologia, a ciência não se molda por paradigmas complexos de sínteses a priori com conteúdos ideológicos, como se existisse alguma determinação metafísica do campo meramente opinativo.

 

 Refiro as ideologias políticas ou sociais, o que é diferente no campo da observação, o que determina em ultima instância apenas o que foi examinando como resultado da pura experiência empírica.

 

  O que é obervado, o fato fenomenal em si, a sua forma de manifestação, suas regras e leis naturais, o significado da aparição, como então o objeto realiza, ao manifestar ao sujeito que analisa o mesmo sem ser produto da sua realidade, aquilo que é do sujeito, mas o que vem de fora por outros mecanismos realizados por diversidades complexas.   

 

Uma grande crítica que se faz segundo Bachelard, procedimento de espírito infantil, etimologicamente pela curiosidade  ingênua, elaborado não sistematicamente diante do fenômeno como objeto instrumentalizado, sem reflexão crítica, no devido uso de um paradigma adequado ao que formula a análise improcedente. 

 

A segunda crítica, cuja natureza do espírito, formula-se pelo dogmatismo, imóvel na determinação da formulação da primeira abstração, a questão relativa da observação secundaria da materialidade.

 

 Aqui entra uma questão fundamental para obtenção do êxito, a repetição de anos no treinamento do aluno para o saber.  O fundamento da instrução relativa da construção, o conhecimento não apenas um dado sensível resultado evidentemente do senso comum.

 

A questão de uma relação dialética, contrária ao método dedutivo formativo tão cômodo ao mecanismo da abstração do professor que desenvolve ou orienta aquele que constrói as teses da verificação, cujo método tem que ser necessariamente indutivo, fundamentando essencialmente na experiência da observação.

 

A dificuldade em abstrair e de chegar a uma consciência critica científica é muito dolorosa, sobretudo, a questão fundamental dos interesses indutivos, contra a metodologia dedutiva do velho método cartesiano aristotélico.

 

  Mas por outro lado, não podemos nos prender naquilo que é muito comum, raciocínios indutivos imperfeitos presos a manipulações de suporte experimental não estável.

 

O cientista tem que ter amor pela ciência, isso é pela verdade, não por ideologias, quem gosta de ideologia não poderá desenvolver o espírito científico, a verdade tem que ter um dinamismo necessariamente psíquico de autogênese.

 

 Certa pureza alcançada por uma psicanálise do conhecimento objetivo, a ciência é um estado estético da inteligência experimental.

 

 A experiência científica é um procedimento diferente, que são contrárias outras formas de experiência, entra em contradição com aquilo que é comum na análise, que não é construído e não poderá ser por falta de metodologia adequada aos paradigmas.

 

 Com efeito, não poderá ser verificada.  Então o fato permanece eternamente fato, jamais poderá criar uma lei em derivação dele, o epistemólogo difere do historiador, em que deve formular ideias do conhecimento em cada período da história.

 

Ao procurar as condições psicológicas para o progresso das ciências, imediatamente chega se a conclusão, que existem naturais obstáculos, quanto aos problemas do conhecimento científico a ser colocado ou verificado.

 

O que se entende por isso, o que está no âmago do ato do conhecimento, é uma espécie de funcionalidade a priori de conflitos inerentes entre a observação e outras ideologias que interferem ao ato experimental e sua síntese na formulação e defesa de tese, a respeito de uma nova verdade.

 

Na tentativa da elaboração surgem causas de estagnação ao mecanismo do conhecimento, inércias as quais desenvolvem obstáculos epistemológicos.

 

  Posso citar algumas referências típicas, necessárias como, por exemplo, determinadas ideologias cujas justificativas fundamentam em experiência imaginária da metafísica.

 

 Ainda nessa transição da ilusão para o campo da objetivação da observação empírica.  A dificuldade da construção científica, o sujeito da análise não está treinado para o novo espírito. 

 

 O que é o conhecimento para Bachelard a não ser um ato contrário ao conhecimento anterior, nesse sentido o conhecimento tem uma história de superação que o próprio espírito poderá levar a obstacularizar, o que significa isso dificultar na elaboração da nova epistemologia.  

 

 Quando espírito crítico apresenta a uma nova cultura cientifica, ele terá que considerar seu passado, cheio de preconceitos que dificultam a uma nova elaboração ao espírito do rejuvenescimento, aquilo que é essencialmente velho, numa dialética de superação entre o novo e velho, sendo que o novo tem pelo menos parte de espaços dos objetos que devem ser superados.

 

Aceitar a modificação é antes de tudo, um procedimento que busca a evolução. Esse mecanismo necessariamente contradiz ao passado teorias as quais precisam ser superadas.  O mundo é uma constante na superação dos espaços paradigmáticos, a história do tempo é essa mudança, o que se entende hoje, poderá naturalmente não ser amanha. Refiro isso não apenas as ciências do social, mas também da natureza.

 

A ciência tem espírito crítico, contrária à opinião, aquilo que é da cultura individual presa ao coletivo, isso não é científico, sendo que a opinião não relata o que é real, aquilo que é da necessidade do conhecimento.

 

 Tudo que se fundamenta no senso comum, é contrário ao esclarecimento, tudo que vem desse senso precisa ser destruído para efetivação da verdadeira cultura científica.

 

  O senso comum é o grande obstáculo a ser superado.  Tudo em ciência é construído empiricamente, pelo ato da observação, o caminho científico tem como perspectiva a verificação.

 

O conhecimento construído pelo esforço científico pode também não servir mais ciência, isso em outro tempo histórico.  O conhecimento se desgasta como acontece com qualquer materialidade, o conhecimento é apenas uma delas.

 

A pergunta fundamental, quando isso acontece o que é muito comum, pois as experiências com o tempo exigem outras mecanicidades de análises, a atividade abstracional da formulação, pode transformar historicamente como verdades insuperáveis, nesse sentido transformam-se em dogmas semelhantes a dogmas metafísicos, bloqueando as novas formulações.

 

Um obstáculo epistemológico se incrusta no conhecimento não questionado. Hábitos intelectuais que foram úteis e sadios no passado.  Com o tempo entrava a pesquisa.  Modelos velhos que verão ser superados, a superação é constante do mesmo modo a construção.

 

A questão do obstáculo epistemológico pode ser compreendida na perspectiva do desenvolvimento histórico da construção do pensamento científico e na prática da própria elaboração.

 

 A história tem como princípio o fundamento da sistematização, desenvolve pela abstração formal, por esse meio observa com se desenvolve a experiência.

 

O epistemólogo deve, portanto, fazer escolhas nos objetos os quais devem ser analisados pelo cientista, julga-los na perspectiva da razão e de uma razão evoluída, crítica empírica, pelo processo de abstração formal, o caminho é a observação analítica experimental.  

 

 Porque apenas uma reflexão coerente é capaz de produzir ciência. Com efeito, o empenho da racionalidade deve favorecer na construção do entendimento dos paradigmas necessários a elaboração científica dos procedimentos da observação.  

  

Entende se a diferença fundamental entre o que é do ofício do epistemólogo e o que compete apenas ao historiador da ciência. O historiador deve tomar as ideias como se fossem fatos, verificar o que é específico de cada fato.

 

 O epistemólogo deve tomar os fatos como se fossem ideias, colocando os num sistema coerente de pensamento, analisar suas contradições, as incoerências as quais não possibilitam ao desenvolvimento das ciências.  

 

Um fato não bem interpretado por uma época permanece para a filosofia um fato irreal não feito ao desenvolvimento das ciências, para aquele que faz a ciência, um obstáculo, contra o desenvolvimento do pensamento, uma não epistemologia.

 

No caminho da compreensão da ciência,  a noção de obstáculo epistemológico é também  é desconhecida. Os professores de ciências, mas do que os outros, não compreendem que alguém não compreenda.

 

 Poucos são os que se detiveram na psicologia do erro, da ignorância e da irreflexão.  Não leva em conta que o aluno ao entrar na aula tem conhecimentos empíricos já constituídos, isso de forma muito simplificada, mas é uma experiência que precisa ser considerada.

 

 Não se trata, portanto, de adquirir uma cultura experimental, mas de mudá-la, derrubar os obstáculos já sedimentados, com a única possibilidade possível, a consciência livre, com o objetivo de livrar-se daquilo que epistemologicamente é ideologia.

 

 As ciências trabalham também com essas possibilidades, então o que é o sujeito em ação, nada mais que a relatividade de todas as ciências no entendimento do objeto, com a tentativa do seu desenvolvimento empírico.

 

Edjar Dias de Vasconcelos.