Como educar hoje: perspectivas e desafios

Altina Costa Magalhães

Em30/06/2012

O processo da globalização está mudando a política, a economia, a cultura, a história e, portanto, também a educação. É este é um tema que deve ser enfocado sob vários prismas. A globalização remete também ao poder local e às consequências, desse poder. Hoje o global e o local se fundem numa nova realidade: o "glocal". O estudo desta categoria remete à necessária discussão do papel dos municípios e do "regime de colaboração" entre União, estados, municípios e comunidade, nas perspectivas atuais da educação básica.

 Para pensar a educação do futuro, é necessário refletir sobre o processo de globalização, da economia, da cultura e das comunicações. O direito a informação, ao conhecimento e a educação de qualidade com profissionais valorizados, respeitados na sua dignidade de ser humano responsável pela construção do presente para que o futuro seja diferente.  Em qualquer projeção que se faça do futuro,  é preciso que se planeje e sobretudo se realize ações concretas no presente.

Por isso não dá para se pensar em desenvolvimento sem se condicionar esse desenvolvimento à qualidade da educação que é oferecida aos educandos sejam de escolas públicas ou privadas. Nesse contexto fazem-se necessárias reflexões que buscam compreender a educação no contexto da globalização e da era da informação.

 Nas últimas duas décadas do século XX assistiu-se à grandes mudanças tanto no campo socioeconômico e político quanto no da cultura, da ciência e da tecnologia. Ainda não se tem ideia clara do que deverá representar, para todos nós, a globalização capitalista da economia, das comunicações e da cultura. As transformações tecnológicas tornaram possível o surgimento da era da informação. É um tempo de expectativas, de perplexidade e da crise de concepções e paradigmas.  É um momento novo e rico de possibilidades. Por isso, não se pode falar do futuro da educação sem certa dose de cautela. É com essa cautela que comento , neste texto , algumas das perspectivas atuais da teoria e da prática da educação, com base  no pensamento de alguns  educadores e filósofos que tentaram, em meio a essa perplexidade, apesar de tudo, apontar algum caminho para o futuro.

 A perplexidade e a crise de paradigmas não podem se constituir num álibi para o imobilismo. Então qual o papel da educação neste novo contexto político? Qual é o papel da educação na era da informação? Que perspectivas podem apontar para a educação nesse início do Terceiro Milênio? Para onde vamos? Que tipo de cidadão queremos formar?

Para iniciar, verifica-se o significado da palavra "perspectiva". A palavra "perspectiva" vem do latim tardio "perspectivus", que deriva de dois verbos: perspecto, que significa "olhar até o fim, examinar atentamente"; eperspicio, que significa "olhar através, ver bem, olhar atentamente, examinar com cuidado, reconhecer claramente" Para o Dicionário Aurélio, muito conhecido entre nós, brasileiros, perspectiva é panorama; aparência, enfoque, possibilidades, aspecto sob o qual uma coisa se apresenta ponto de vista; expectativa, esperança, crença em acontecimentos considerados prováveis e bons. Falar em perspectivas é falar de esperança no futuro.

 Em nosso país em tempos de eleições, é tempo de esperanças, de renovação, de perspectivas novas, então é oportuno fazer um balanço, sobre as teorias e práticas que estão sendo aplicadas. É tempo de falar, discutir, identificar o "espírito" presente no campo das ideias, dos valores e das práticas educacionais que marcaram  o passado, caracterizando o presente e abrindo possibilidades para o futuro. Algumas perspectivas teóricas que orientaram muitas práticas poderão desaparecer, e outras permanecerão em sua essência. Quais teorias e práticas fixaram-se no ethos educacional, criaram raízes, atravessaram o milênio e estão presentes hoje? Para entender o futuro é preciso revisitar o passado. No cenário da educação atual, pode ser destacado alguns marcos, algumas pegadas, que persistem e poderão persistir na educação do futuro.

A educação tradicional e a nova têm em comum a concepção da educação como processo de desenvolvimento individual. Todavia, o traço mais original da educação desse século atual é o deslocamento de enfoque do individual para o social, para o político e para o ideológico. A pedagogia institucional é um exemplo disso. A experiência de mais de meio século de educação nos países socialistas também o testemunha. A educação, no século XX, tornou-se permanente e social. É verdade, existem ainda muitos desníveis entre regiões e países, entre o Norte e o Sul, entre países periféricos e hegemônicos, entre países globalizadores e globalizados. Entretanto, há ideias universalmente difundidas, entre elas a de que não há idade para se educar, de que a educação se estende pela vida e que ela não é neutra.

 No século XXI as consequências da evolução das novas tecnologias, centradas na comunicação de massa, na difusão do conhecimento, ainda não se fizeram sentir plenamente no ensino  pelo menos na maioria das nações, mas a aprendizagem a distância, sobretudo a baseada na Internet, parece ser a grande novidade educacional neste início de novo milênio. A educação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual dominante vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e a da informática, particularmente a linguagem da Internet. A cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da educação à distância com base na Internet. Por isso, os jovens que ainda não internalizaram inteiramente essa cultura adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao uso do computador. Eles já estão nascendo com essa nova cultura, a cultura digital.

Há de se considerar que a nossa realidade de escola pública municipal,em São Mateus do Maranhão está longe da ideal, uma vez que a educação e a escola real que temos ainda está centrada nos moldes da pedagogia tradicional, onde ainda se escreve no bom e velho quadro de giz. Computador, internet, e toda a parafernália tecnológica ainda fazem parte dos sonhos dos educadores de nossa cidade e de outras cidades brasileiras visto que os sistemas educacionais ainda não conseguiram se adaptar ao impacto da comunicação audiovisual e da informática, seja para informar, seja para bitolar ou controlar as mentes.

Ainda trabalha-se muito com recursos tradicionais que não têm apelo para as crianças e jovens. Os que defendem a informatização da educação sustentam que é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memória. Para ele, a função da escola será, cada vez mais, a de ensinar a pensar criticamente. Para isso é preciso dominar mais metodologias e linguagens, inclusive a linguagem eletrônica.

Atualmente a educação apresenta-se numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema escolar que não tem dado conta da universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas  que não apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações.

Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para a transformação social do que para a transmissão cultural. Por isso, acredita-se que a pedagogia da práxis, como uma pedagogia transformadora, em suas várias manifestações, pode oferecer um referencial geral mais seguro do que as pedagogias centradas na transmissão cultural, neste momento de perplexidade.

 

Define-se  nossa era como a era do conhecimento. Se for pela importância dada hoje ao conhecimento, em todos os setores, pode-se dizer que se vive mesmo na era do conhecimento, na sociedade do conhecimento, sobretudo em consequência da informatização e do processo de globalização das telecomunicações a ela associado. Pode ser que, de fato, já se tenha ingressado na era do conhecimento, mesmo admitindo que grandes massas da população estejam excluídas dele. Todavia, o que se constata é a predominância da difusão de dados e informações e não de conhecimentos. Isso está sendo possível graças às novas tecnologias que estocam o conhecimento, de forma prática e acessível, em gigantescos volumes de informações, que são armazenadas inteligentemente, permitindo a pesquisa e o acesso de maneira muito simples, amigável e flexível. É o que já acontece com a Internet, pois  a partir de qualquer sala de aula do planeta, pode-se acessar inúmeras bibliotecas em muitas partes do mundo. As novas tecnologias permitem acessar conhecimentos transmitidos não apenas por palavras, mas também por imagens, sons, fotos, vídeos (hipermídia), etc. Nos últimos anos, a informação deixou de ser uma área ou especialidade para se tornar uma dimensão de tudo, transformando profundamente a forma como a sociedade se organiza. Pode-se dizer que está em andamento uma Revolução da Informação, como ocorreram no passado a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial.

São muitas   as facilidades que as novas tecnologias oferecem ao professor, e aos educandos entretanto é necessário que os governantes criem condições para que a escola como um todo supere as condições de atraso em vive atolada. Superar as condições do atraso é criar programas de formação continuada para que todos os profissionais da escola tenham acesso a esses bens tecnológicos, assim como aprender a trabalhar com base na interdisciplinaridade. É estimular o aluno a utilizar essas tecnologias em prol do seu desenvolvimento pleno e sadio. É informar aos pais e à sociedade a importância desse instrumental eletrônico, para o desenvolvimento de competências e habilidades que sem estes instrumentos tecnológicos é impossível desenvolver várias competências e habilidades no educando.

 As novas tecnologias criaram novos espaços do conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa, pois podem, de casa, acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem a distância, buscar "fora" a informação disponível nas redes de computadores interligados a serviços que respondem às suas demandas de conhecimento. A escola é um espaço que se potencializado pelas novas tecnologias, inovando constantemente nas metodologias torna-se  um ambiente de  transformação do individuo, e de sua realidade sócio, econômica e cultural.

Novas oportunidades podem  abrir-se para os educadores, para isso basta compromisso dos governantes em promover espaços de formação em prol de uma educação de qualidade satisfatória que responda aos anseios pessoais, e sociais.  Esses espaços de formação têm tudo para permitir maior democratização da informação e do conhecimento, portanto, menos distorção e menos manipulação, menos controle e mais liberdade. É uma questão de tempo, de políticas públicas adequadas e de iniciativa promovida pelos detentores do poder político em promover o acesso aos bens culturais para todas as camadas sociais especialmente as menos favorecidas. A tecnologia não basta. É preciso a participação mais intensa e organizada da sociedade, dos educadores, dos pais. O acesso à informação não é apenas um direito. É um direito fundamental, um direito primário, o primeiro de todos os direitos, pois sem ele não se tem acesso aos outros direitos.

Na formação continuada necessita-se de maior integração entre os espaços sociais, e escolares visando equipar o aluno para viver melhor na sociedade do conhecimento. Como previa Herbert McLuhan, o planeta tornou-se a nossa sala de aula e o nosso endereço. O ciberespaço não está em lugar nenhum, pois está em todo o lugar o tempo todo. Estar num lugar significaria estar determinado pelo tempo (hoje, ontem, amanhã). No ciberespaço, a informação está sempre e permanentemente presente e em renovação constante. O ciberespaço rompeu com a idéia de tempo próprio para a aprendizagem. Não há tempo e espaço próprios para a aprendizagem. Como ele está todo o tempo em todo lugar, o espaço da aprendizagem é aqui, em qualquer lugar, e o tempo de aprender é hoje e sempre.

 A sociedade do conhecimento se traduz por redes, "teias" sem hierarquias, em unidades dinâmicas e criativas, favorecendo a conectividade, o intercâmbio, consultas entre instituições e pessoas, articulação, contatos e vínculos, interatividade. A conectividade é a principal característica da Internet e o conhecimento  o grande capital da humanidade.  Ele é básico para a sobrevivência de todos e, por isso, não deve ser vendido ou comprado, mas sim disponibilizado a todos. Esta é a função de instituições que se dedicam ao conhecimento apoiado nos avanços tecnológicos. E este deve ser o compromisso dos futuros governantes desse país, caso contrário vamos viver mais alguns anos de atraso.

Espera-se que a educação torne-se mais democrática, menos excludente. Essa é ao mesmo tempo uma causa a ser objeto de luta e um  desafio a ser superado pelos professores. Há de se criar políticas públicas no setor do conhecimento com uma visão humanista para que o resultado das mesmas seja a libertação de pessoas marginalizadas, excluídas da vida em sociedade por falta de acesso aos bens culturais disponíveis no mundo virtual.

O que cabe à escola na sociedade informacional? Cabe a ela organizar um movimento global de renovação cultural, aproveitando-se de toda essa riqueza de informações.  A escola não pode ficar a reboque das inovações tecnológicas. Ela precisa ser um centro de inovação. Temos uma tradição de dar pouca importância à educação tecnológica, a qual deveria começar já na educação infantil.

Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola para navegar nesse mar do conhecimento, superando a visão utilitarista de só oferecer informações "úteis" para a competitividade, para obter resultados. Deve oferecer uma formação geral na direção de uma educação integral. O que significa servir de bússola? Significa orientar criticamente, sobretudo as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer.

Hoje vale tudo para aprender. Isso vai além da "reciclagem" e da atualização de conhecimentos e muito mais além da "assimilação" de conhecimentos. A sociedade do conhecimento possui múltiplas oportunidades de aprendizagem: parcerias entre o público e o privado (família, empresa, associações, etc.); avaliações permanentes; debate público; autonomia da escola; generalização da inovação. As consequências para a escola e para a educação em geral são enormes: ensinar a pensar; saber comunicar-se; saber pesquisar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas; saber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina para o trabalho; ser independente e autônomo; saber articular o conhecimento com a prática; ser aprendiz autônomo e a distância.

Neste contexto de impregnação do conhecimento, cabe à escola: amar o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural; selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses; ser criativa e inventiva (inovar); ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir conhecimento elaborado. E mais: numa perspectiva emancipadora da educação.

 A escola tem que fazer tudo isso em favor dos excluídos, não discriminando o pobre. Ela não pode distribuir poder, mas pode construir e reconstruir conhecimentos, saber, que é poder. Numa perspectiva emancipadora da educação, a tecnologia contribui muito pouco para a emancipação dos excluídos se não for associada ao exercício da cidadania. Nesta era, "pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento". A educação tornou-se estratégica para o desenvolvimento, mas, para isso, não basta "modernizá-la", como querem alguns. Será preciso transformá-la profundamente.

A escola precisa ter projeto, precisa de dados, precisa fazer sua própria inovação, planejar-se a médio e em longo prazo, fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus parâmetros curriculares, enfim, ser cidadã. As mudanças que vêm de dentro das escolas são mais duradouras. Da sua capacidade de inovar, registrar, sistematizar a sua prática/experiência, dependerá o seu futuro. Nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos.

Em geral, temos a tendência de desvalorizar o que fazemos na escola e de buscar receitas fora dela quando é ela mesma que deveria governar-se. É dever dela ser cidadã e desenvolver na sociedade a capacidade de governar e controlar o desenvolvimento econômico e o mercado.. A escola precisa dar o exemplo, ousar construir o futuro. Inovar é mais importante do que reproduzir com qualidade o que existe. A matéria-prima da escola é sua visão do futuro.

 

 

 

 

 

 

Como educar hoje: perspectivas e desafios

Altina Costa Magalhães

Em30/06/2012

O processo da globalização está mudando a política, a economia, a cultura, a história e, portanto, também a educação. É este é um tema que deve ser enfocado sob vários prismas. A globalização remete também ao poder local e às consequências, desse poder. Hoje o global e o local se fundem numa nova realidade: o "glocal". O estudo desta categoria remete à necessária discussão do papel dos municípios e do "regime de colaboração" entre União, estados, municípios e comunidade, nas perspectivas atuais da educação básica.

 Para pensar a educação do futuro, é necessário refletir sobre o processo de globalização, da economia, da cultura e das comunicações. O direito a informação, ao conhecimento e a educação de qualidade com profissionais valorizados, respeitados na sua dignidade de ser humano responsável pela construção do presente para que o futuro seja diferente.  Em qualquer projeção que se faça do futuro,  é preciso que se planeje e sobretudo se realize ações concretas no presente.

Por isso não dá para se pensar em desenvolvimento sem se condicionar esse desenvolvimento à qualidade da educação que é oferecida aos educandos sejam de escolas públicas ou privadas. Nesse contexto fazem-se necessárias reflexões que buscam compreender a educação no contexto da globalização e da era da informação.

 Nas últimas duas décadas do século XX assistiu-se à grandes mudanças tanto no campo socioeconômico e político quanto no da cultura, da ciência e da tecnologia. Ainda não se tem ideia clara do que deverá representar, para todos nós, a globalização capitalista da economia, das comunicações e da cultura. As transformações tecnológicas tornaram possível o surgimento da era da informação. É um tempo de expectativas, de perplexidade e da crise de concepções e paradigmas.  É um momento novo e rico de possibilidades. Por isso, não se pode falar do futuro da educação sem certa dose de cautela. É com essa cautela que comento , neste texto , algumas das perspectivas atuais da teoria e da prática da educação, com base  no pensamento de alguns  educadores e filósofos que tentaram, em meio a essa perplexidade, apesar de tudo, apontar algum caminho para o futuro.

 A perplexidade e a crise de paradigmas não podem se constituir num álibi para o imobilismo. Então qual o papel da educação neste novo contexto político? Qual é o papel da educação na era da informação? Que perspectivas podem apontar para a educação nesse início do Terceiro Milênio? Para onde vamos? Que tipo de cidadão queremos formar?

Para iniciar, verifica-se o significado da palavra "perspectiva". A palavra "perspectiva" vem do latim tardio "perspectivus", que deriva de dois verbos: perspecto, que significa "olhar até o fim, examinar atentamente"; eperspicio, que significa "olhar através, ver bem, olhar atentamente, examinar com cuidado, reconhecer claramente" Para o Dicionário Aurélio, muito conhecido entre nós, brasileiros, perspectiva é panorama; aparência, enfoque, possibilidades, aspecto sob o qual uma coisa se apresenta ponto de vista; expectativa, esperança, crença em acontecimentos considerados prováveis e bons. Falar em perspectivas é falar de esperança no futuro.

 Em nosso país em tempos de eleições, é tempo de esperanças, de renovação, de perspectivas novas, então é oportuno fazer um balanço, sobre as teorias e práticas que estão sendo aplicadas. É tempo de falar, discutir, identificar o "espírito" presente no campo das ideias, dos valores e das práticas educacionais que marcaram  o passado, caracterizando o presente e abrindo possibilidades para o futuro. Algumas perspectivas teóricas que orientaram muitas práticas poderão desaparecer, e outras permanecerão em sua essência. Quais teorias e práticas fixaram-se no ethos educacional, criaram raízes, atravessaram o milênio e estão presentes hoje? Para entender o futuro é preciso revisitar o passado. No cenário da educação atual, pode ser destacado alguns marcos, algumas pegadas, que persistem e poderão persistir na educação do futuro.

A educação tradicional e a nova têm em comum a concepção da educação como processo de desenvolvimento individual. Todavia, o traço mais original da educação desse século atual é o deslocamento de enfoque do individual para o social, para o político e para o ideológico. A pedagogia institucional é um exemplo disso. A experiência de mais de meio século de educação nos países socialistas também o testemunha. A educação, no século XX, tornou-se permanente e social. É verdade, existem ainda muitos desníveis entre regiões e países, entre o Norte e o Sul, entre países periféricos e hegemônicos, entre países globalizadores e globalizados. Entretanto, há ideias universalmente difundidas, entre elas a de que não há idade para se educar, de que a educação se estende pela vida e que ela não é neutra.

 No século XXI as consequências da evolução das novas tecnologias, centradas na comunicação de massa, na difusão do conhecimento, ainda não se fizeram sentir plenamente no ensino  pelo menos na maioria das nações, mas a aprendizagem a distância, sobretudo a baseada na Internet, parece ser a grande novidade educacional neste início de novo milênio. A educação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual dominante vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e a da informática, particularmente a linguagem da Internet. A cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da educação à distância com base na Internet. Por isso, os jovens que ainda não internalizaram inteiramente essa cultura adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao uso do computador. Eles já estão nascendo com essa nova cultura, a cultura digital.

Há de se considerar que a nossa realidade de escola pública municipal,em São Mateus do Maranhão está longe da ideal, uma vez que a educação e a escola real que temos ainda está centrada nos moldes da pedagogia tradicional, onde ainda se escreve no bom e velho quadro de giz. Computador, internet, e toda a parafernália tecnológica ainda fazem parte dos sonhos dos educadores de nossa cidade e de outras cidades brasileiras visto que os sistemas educacionais ainda não conseguiram se adaptar ao impacto da comunicação audiovisual e da informática, seja para informar, seja para bitolar ou controlar as mentes.

Ainda trabalha-se muito com recursos tradicionais que não têm apelo para as crianças e jovens. Os que defendem a informatização da educação sustentam que é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memória. Para ele, a função da escola será, cada vez mais, a de ensinar a pensar criticamente. Para isso é preciso dominar mais metodologias e linguagens, inclusive a linguagem eletrônica.

Atualmente a educação apresenta-se numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema escolar que não tem dado conta da universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas  que não apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações.

Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para a transformação social do que para a transmissão cultural. Por isso, acredita-se que a pedagogia da práxis, como uma pedagogia transformadora, em suas várias manifestações, pode oferecer um referencial geral mais seguro do que as pedagogias centradas na transmissão cultural, neste momento de perplexidade.

 

Define-se  nossa era como a era do conhecimento. Se for pela importância dada hoje ao conhecimento, em todos os setores, pode-se dizer que se vive mesmo na era do conhecimento, na sociedade do conhecimento, sobretudo em consequência da informatização e do processo de globalização das telecomunicações a ela associado. Pode ser que, de fato, já se tenha ingressado na era do conhecimento, mesmo admitindo que grandes massas da população estejam excluídas dele. Todavia, o que se constata é a predominância da difusão de dados e informações e não de conhecimentos. Isso está sendo possível graças às novas tecnologias que estocam o conhecimento, de forma prática e acessível, em gigantescos volumes de informações, que são armazenadas inteligentemente, permitindo a pesquisa e o acesso de maneira muito simples, amigável e flexível. É o que já acontece com a Internet, pois  a partir de qualquer sala de aula do planeta, pode-se acessar inúmeras bibliotecas em muitas partes do mundo. As novas tecnologias permitem acessar conhecimentos transmitidos não apenas por palavras, mas também por imagens, sons, fotos, vídeos (hipermídia), etc. Nos últimos anos, a informação deixou de ser uma área ou especialidade para se tornar uma dimensão de tudo, transformando profundamente a forma como a sociedade se organiza. Pode-se dizer que está em andamento uma Revolução da Informação, como ocorreram no passado a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial.

São muitas   as facilidades que as novas tecnologias oferecem ao professor, e aos educandos entretanto é necessário que os governantes criem condições para que a escola como um todo supere as condições de atraso em vive atolada. Superar as condições do atraso é criar programas de formação continuada para que todos os profissionais da escola tenham acesso a esses bens tecnológicos, assim como aprender a trabalhar com base na interdisciplinaridade. É estimular o aluno a utilizar essas tecnologias em prol do seu desenvolvimento pleno e sadio. É informar aos pais e à sociedade a importância desse instrumental eletrônico, para o desenvolvimento de competências e habilidades que sem estes instrumentos tecnológicos é impossível desenvolver várias competências e habilidades no educando.

 As novas tecnologias criaram novos espaços do conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa, pois podem, de casa, acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem a distância, buscar "fora" a informação disponível nas redes de computadores interligados a serviços que respondem às suas demandas de conhecimento. A escola é um espaço que se potencializado pelas novas tecnologias, inovando constantemente nas metodologias torna-se  um ambiente de  transformação do individuo, e de sua realidade sócio, econômica e cultural.

Novas oportunidades podem  abrir-se para os educadores, para isso basta compromisso dos governantes em promover espaços de formação em prol de uma educação de qualidade satisfatória que responda aos anseios pessoais, e sociais.  Esses espaços de formação têm tudo para permitir maior democratização da informação e do conhecimento, portanto, menos distorção e menos manipulação, menos controle e mais liberdade. É uma questão de tempo, de políticas públicas adequadas e de iniciativa promovida pelos detentores do poder político em promover o acesso aos bens culturais para todas as camadas sociais especialmente as menos favorecidas. A tecnologia não basta. É preciso a participação mais intensa e organizada da sociedade, dos educadores, dos pais. O acesso à informação não é apenas um direito. É um direito fundamental, um direito primário, o primeiro de todos os direitos, pois sem ele não se tem acesso aos outros direitos.

Na formação continuada necessita-se de maior integração entre os espaços sociais, e escolares visando equipar o aluno para viver melhor na sociedade do conhecimento. Como previa Herbert McLuhan, o planeta tornou-se a nossa sala de aula e o nosso endereço. O ciberespaço não está em lugar nenhum, pois está em todo o lugar o tempo todo. Estar num lugar significaria estar determinado pelo tempo (hoje, ontem, amanhã). No ciberespaço, a informação está sempre e permanentemente presente e em renovação constante. O ciberespaço rompeu com a idéia de tempo próprio para a aprendizagem. Não há tempo e espaço próprios para a aprendizagem. Como ele está todo o tempo em todo lugar, o espaço da aprendizagem é aqui, em qualquer lugar, e o tempo de aprender é hoje e sempre.

 A sociedade do conhecimento se traduz por redes, "teias" sem hierarquias, em unidades dinâmicas e criativas, favorecendo a conectividade, o intercâmbio, consultas entre instituições e pessoas, articulação, contatos e vínculos, interatividade. A conectividade é a principal característica da Internet e o conhecimento  o grande capital da humanidade.  Ele é básico para a sobrevivência de todos e, por isso, não deve ser vendido ou comprado, mas sim disponibilizado a todos. Esta é a função de instituições que se dedicam ao conhecimento apoiado nos avanços tecnológicos. E este deve ser o compromisso dos futuros governantes desse país, caso contrário vamos viver mais alguns anos de atraso.

Espera-se que a educação torne-se mais democrática, menos excludente. Essa é ao mesmo tempo uma causa a ser objeto de luta e um  desafio a ser superado pelos professores. Há de se criar políticas públicas no setor do conhecimento com uma visão humanista para que o resultado das mesmas seja a libertação de pessoas marginalizadas, excluídas da vida em sociedade por falta de acesso aos bens culturais disponíveis no mundo virtual.

O que cabe à escola na sociedade informacional? Cabe a ela organizar um movimento global de renovação cultural, aproveitando-se de toda essa riqueza de informações.  A escola não pode ficar a reboque das inovações tecnológicas. Ela precisa ser um centro de inovação. Temos uma tradição de dar pouca importância à educação tecnológica, a qual deveria começar já na educação infantil.

Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola para navegar nesse mar do conhecimento, superando a visão utilitarista de só oferecer informações "úteis" para a competitividade, para obter resultados. Deve oferecer uma formação geral na direção de uma educação integral. O que significa servir de bússola? Significa orientar criticamente, sobretudo as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer.

Hoje vale tudo para aprender. Isso vai além da "reciclagem" e da atualização de conhecimentos e muito mais além da "assimilação" de conhecimentos. A sociedade do conhecimento possui múltiplas oportunidades de aprendizagem: parcerias entre o público e o privado (família, empresa, associações, etc.); avaliações permanentes; debate público; autonomia da escola; generalização da inovação. As consequências para a escola e para a educação em geral são enormes: ensinar a pensar; saber comunicar-se; saber pesquisar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas; saber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina para o trabalho; ser independente e autônomo; saber articular o conhecimento com a prática; ser aprendiz autônomo e a distância.

Neste contexto de impregnação do conhecimento, cabe à escola: amar o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural; selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses; ser criativa e inventiva (inovar); ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir conhecimento elaborado. E mais: numa perspectiva emancipadora da educação.

 A escola tem que fazer tudo isso em favor dos excluídos, não discriminando o pobre. Ela não pode distribuir poder, mas pode construir e reconstruir conhecimentos, saber, que é poder. Numa perspectiva emancipadora da educação, a tecnologia contribui muito pouco para a emancipação dos excluídos se não for associada ao exercício da cidadania. Nesta era, "pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento". A educação tornou-se estratégica para o desenvolvimento, mas, para isso, não basta "modernizá-la", como querem alguns. Será preciso transformá-la profundamente.

A escola precisa ter projeto, precisa de dados, precisa fazer sua própria inovação, planejar-se a médio e em longo prazo, fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus parâmetros curriculares, enfim, ser cidadã. As mudanças que vêm de dentro das escolas são mais duradouras. Da sua capacidade de inovar, registrar, sistematizar a sua prática/experiência, dependerá o seu futuro. Nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos.

Em geral, temos a tendência de desvalorizar o que fazemos na escola e de buscar receitas fora dela quando é ela mesma que deveria governar-se. É dever dela ser cidadã e desenvolver na sociedade a capacidade de governar e controlar o desenvolvimento econômico e o mercado.. A escola precisa dar o exemplo, ousar construir o futuro. Inovar é mais importante do que reproduzir com qualidade o que existe. A matéria-prima da escola é sua visão do futuro.

 

 

 

 

 

 

Como educar hoje: perspectivas e desafios

Altina Costa Magalhães

Em30/06/2012

O processo da globalização está mudando a política, a economia, a cultura, a história e, portanto, também a educação. É este é um tema que deve ser enfocado sob vários prismas. A globalização remete também ao poder local e às consequências, desse poder. Hoje o global e o local se fundem numa nova realidade: o "glocal". O estudo desta categoria remete à necessária discussão do papel dos municípios e do "regime de colaboração" entre União, estados, municípios e comunidade, nas perspectivas atuais da educação básica.

 Para pensar a educação do futuro, é necessário refletir sobre o processo de globalização, da economia, da cultura e das comunicações. O direito a informação, ao conhecimento e a educação de qualidade com profissionais valorizados, respeitados na sua dignidade de ser humano responsável pela construção do presente para que o futuro seja diferente.  Em qualquer projeção que se faça do futuro,  é preciso que se planeje e sobretudo se realize ações concretas no presente.

Por isso não dá para se pensar em desenvolvimento sem se condicionar esse desenvolvimento à qualidade da educação que é oferecida aos educandos sejam de escolas públicas ou privadas. Nesse contexto fazem-se necessárias reflexões que buscam compreender a educação no contexto da globalização e da era da informação.

 Nas últimas duas décadas do século XX assistiu-se à grandes mudanças tanto no campo socioeconômico e político quanto no da cultura, da ciência e da tecnologia. Ainda não se tem ideia clara do que deverá representar, para todos nós, a globalização capitalista da economia, das comunicações e da cultura. As transformações tecnológicas tornaram possível o surgimento da era da informação. É um tempo de expectativas, de perplexidade e da crise de concepções e paradigmas.  É um momento novo e rico de possibilidades. Por isso, não se pode falar do futuro da educação sem certa dose de cautela. É com essa cautela que comento , neste texto , algumas das perspectivas atuais da teoria e da prática da educação, com base  no pensamento de alguns  educadores e filósofos que tentaram, em meio a essa perplexidade, apesar de tudo, apontar algum caminho para o futuro.

 A perplexidade e a crise de paradigmas não podem se constituir num álibi para o imobilismo. Então qual o papel da educação neste novo contexto político? Qual é o papel da educação na era da informação? Que perspectivas podem apontar para a educação nesse início do Terceiro Milênio? Para onde vamos? Que tipo de cidadão queremos formar?

Para iniciar, verifica-se o significado da palavra "perspectiva". A palavra "perspectiva" vem do latim tardio "perspectivus", que deriva de dois verbos: perspecto, que significa "olhar até o fim, examinar atentamente"; eperspicio, que significa "olhar através, ver bem, olhar atentamente, examinar com cuidado, reconhecer claramente" Para o Dicionário Aurélio, muito conhecido entre nós, brasileiros, perspectiva é panorama; aparência, enfoque, possibilidades, aspecto sob o qual uma coisa se apresenta ponto de vista; expectativa, esperança, crença em acontecimentos considerados prováveis e bons. Falar em perspectivas é falar de esperança no futuro.

 Em nosso país em tempos de eleições, é tempo de esperanças, de renovação, de perspectivas novas, então é oportuno fazer um balanço, sobre as teorias e práticas que estão sendo aplicadas. É tempo de falar, discutir, identificar o "espírito" presente no campo das ideias, dos valores e das práticas educacionais que marcaram  o passado, caracterizando o presente e abrindo possibilidades para o futuro. Algumas perspectivas teóricas que orientaram muitas práticas poderão desaparecer, e outras permanecerão em sua essência. Quais teorias e práticas fixaram-se no ethos educacional, criaram raízes, atravessaram o milênio e estão presentes hoje? Para entender o futuro é preciso revisitar o passado. No cenário da educação atual, pode ser destacado alguns marcos, algumas pegadas, que persistem e poderão persistir na educação do futuro.

A educação tradicional e a nova têm em comum a concepção da educação como processo de desenvolvimento individual. Todavia, o traço mais original da educação desse século atual é o deslocamento de enfoque do individual para o social, para o político e para o ideológico. A pedagogia institucional é um exemplo disso. A experiência de mais de meio século de educação nos países socialistas também o testemunha. A educação, no século XX, tornou-se permanente e social. É verdade, existem ainda muitos desníveis entre regiões e países, entre o Norte e o Sul, entre países periféricos e hegemônicos, entre países globalizadores e globalizados. Entretanto, há ideias universalmente difundidas, entre elas a de que não há idade para se educar, de que a educação se estende pela vida e que ela não é neutra.

 No século XXI as consequências da evolução das novas tecnologias, centradas na comunicação de massa, na difusão do conhecimento, ainda não se fizeram sentir plenamente no ensino  pelo menos na maioria das nações, mas a aprendizagem a distância, sobretudo a baseada na Internet, parece ser a grande novidade educacional neste início de novo milênio. A educação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual dominante vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e a da informática, particularmente a linguagem da Internet. A cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da educação à distância com base na Internet. Por isso, os jovens que ainda não internalizaram inteiramente essa cultura adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao uso do computador. Eles já estão nascendo com essa nova cultura, a cultura digital.

Há de se considerar que a nossa realidade de escola pública municipal,em São Mateus do Maranhão está longe da ideal, uma vez que a educação e a escola real que temos ainda está centrada nos moldes da pedagogia tradicional, onde ainda se escreve no bom e velho quadro de giz. Computador, internet, e toda a parafernália tecnológica ainda fazem parte dos sonhos dos educadores de nossa cidade e de outras cidades brasileiras visto que os sistemas educacionais ainda não conseguiram se adaptar ao impacto da comunicação audiovisual e da informática, seja para informar, seja para bitolar ou controlar as mentes.

Ainda trabalha-se muito com recursos tradicionais que não têm apelo para as crianças e jovens. Os que defendem a informatização da educação sustentam que é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memória. Para ele, a função da escola será, cada vez mais, a de ensinar a pensar criticamente. Para isso é preciso dominar mais metodologias e linguagens, inclusive a linguagem eletrônica.

Atualmente a educação apresenta-se numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema escolar que não tem dado conta da universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas  que não apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações.

Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para a transformação social do que para a transmissão cultural. Por isso, acredita-se que a pedagogia da práxis, como uma pedagogia transformadora, em suas várias manifestações, pode oferecer um referencial geral mais seguro do que as pedagogias centradas na transmissão cultural, neste momento de perplexidade.

 

Define-se  nossa era como a era do conhecimento. Se for pela importância dada hoje ao conhecimento, em todos os setores, pode-se dizer que se vive mesmo na era do conhecimento, na sociedade do conhecimento, sobretudo em consequência da informatização e do processo de globalização das telecomunicações a ela associado. Pode ser que, de fato, já se tenha ingressado na era do conhecimento, mesmo admitindo que grandes massas da população estejam excluídas dele. Todavia, o que se constata é a predominância da difusão de dados e informações e não de conhecimentos. Isso está sendo possível graças às novas tecnologias que estocam o conhecimento, de forma prática e acessível, em gigantescos volumes de informações, que são armazenadas inteligentemente, permitindo a pesquisa e o acesso de maneira muito simples, amigável e flexível. É o que já acontece com a Internet, pois  a partir de qualquer sala de aula do planeta, pode-se acessar inúmeras bibliotecas em muitas partes do mundo. As novas tecnologias permitem acessar conhecimentos transmitidos não apenas por palavras, mas também por imagens, sons, fotos, vídeos (hipermídia), etc. Nos últimos anos, a informação deixou de ser uma área ou especialidade para se tornar uma dimensão de tudo, transformando profundamente a forma como a sociedade se organiza. Pode-se dizer que está em andamento uma Revolução da Informação, como ocorreram no passado a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial.

São muitas   as facilidades que as novas tecnologias oferecem ao professor, e aos educandos entretanto é necessário que os governantes criem condições para que a escola como um todo supere as condições de atraso em vive atolada. Superar as condições do atraso é criar programas de formação continuada para que todos os profissionais da escola tenham acesso a esses bens tecnológicos, assim como aprender a trabalhar com base na interdisciplinaridade. É estimular o aluno a utilizar essas tecnologias em prol do seu desenvolvimento pleno e sadio. É informar aos pais e à sociedade a importância desse instrumental eletrônico, para o desenvolvimento de competências e habilidades que sem estes instrumentos tecnológicos é impossível desenvolver várias competências e habilidades no educando.

 As novas tecnologias criaram novos espaços do conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa, pois podem, de casa, acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem a distância, buscar "fora" a informação disponível nas redes de computadores interligados a serviços que respondem às suas demandas de conhecimento. A escola é um espaço que se potencializado pelas novas tecnologias, inovando constantemente nas metodologias torna-se  um ambiente de  transformação do individuo, e de sua realidade sócio, econômica e cultural.

Novas oportunidades podem  abrir-se para os educadores, para isso basta compromisso dos governantes em promover espaços de formação em prol de uma educação de qualidade satisfatória que responda aos anseios pessoais, e sociais.  Esses espaços de formação têm tudo para permitir maior democratização da informação e do conhecimento, portanto, menos distorção e menos manipulação, menos controle e mais liberdade. É uma questão de tempo, de políticas públicas adequadas e de iniciativa promovida pelos detentores do poder político em promover o acesso aos bens culturais para todas as camadas sociais especialmente as menos favorecidas. A tecnologia não basta. É preciso a participação mais intensa e organizada da sociedade, dos educadores, dos pais. O acesso à informação não é apenas um direito. É um direito fundamental, um direito primário, o primeiro de todos os direitos, pois sem ele não se tem acesso aos outros direitos.

Na formação continuada necessita-se de maior integração entre os espaços sociais, e escolares visando equipar o aluno para viver melhor na sociedade do conhecimento. Como previa Herbert McLuhan, o planeta tornou-se a nossa sala de aula e o nosso endereço. O ciberespaço não está em lugar nenhum, pois está em todo o lugar o tempo todo. Estar num lugar significaria estar determinado pelo tempo (hoje, ontem, amanhã). No ciberespaço, a informação está sempre e permanentemente presente e em renovação constante. O ciberespaço rompeu com a idéia de tempo próprio para a aprendizagem. Não há tempo e espaço próprios para a aprendizagem. Como ele está todo o tempo em todo lugar, o espaço da aprendizagem é aqui, em qualquer lugar, e o tempo de aprender é hoje e sempre.

 A sociedade do conhecimento se traduz por redes, "teias" sem hierarquias, em unidades dinâmicas e criativas, favorecendo a conectividade, o intercâmbio, consultas entre instituições e pessoas, articulação, contatos e vínculos, interatividade. A conectividade é a principal característica da Internet e o conhecimento  o grande capital da humanidade.  Ele é básico para a sobrevivência de todos e, por isso, não deve ser vendido ou comprado, mas sim disponibilizado a todos. Esta é a função de instituições que se dedicam ao conhecimento apoiado nos avanços tecnológicos. E este deve ser o compromisso dos futuros governantes desse país, caso contrário vamos viver mais alguns anos de atraso.

Espera-se que a educação torne-se mais democrática, menos excludente. Essa é ao mesmo tempo uma causa a ser objeto de luta e um  desafio a ser superado pelos professores. Há de se criar políticas públicas no setor do conhecimento com uma visão humanista para que o resultado das mesmas seja a libertação de pessoas marginalizadas, excluídas da vida em sociedade por falta de acesso aos bens culturais disponíveis no mundo virtual.

O que cabe à escola na sociedade informacional? Cabe a ela organizar um movimento global de renovação cultural, aproveitando-se de toda essa riqueza de informações.  A escola não pode ficar a reboque das inovações tecnológicas. Ela precisa ser um centro de inovação. Temos uma tradição de dar pouca importância à educação tecnológica, a qual deveria começar já na educação infantil.

Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola para navegar nesse mar do conhecimento, superando a visão utilitarista de só oferecer informações "úteis" para a competitividade, para obter resultados. Deve oferecer uma formação geral na direção de uma educação integral. O que significa servir de bússola? Significa orientar criticamente, sobretudo as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer.

Hoje vale tudo para aprender. Isso vai além da "reciclagem" e da atualização de conhecimentos e muito mais além da "assimilação" de conhecimentos. A sociedade do conhecimento possui múltiplas oportunidades de aprendizagem: parcerias entre o público e o privado (família, empresa, associações, etc.); avaliações permanentes; debate público; autonomia da escola; generalização da inovação. As consequências para a escola e para a educação em geral são enormes: ensinar a pensar; saber comunicar-se; saber pesquisar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas; saber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina para o trabalho; ser independente e autônomo; saber articular o conhecimento com a prática; ser aprendiz autônomo e a distância.

Neste contexto de impregnação do conhecimento, cabe à escola: amar o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural; selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses; ser criativa e inventiva (inovar); ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir conhecimento elaborado. E mais: numa perspectiva emancipadora da educação.

 A escola tem que fazer tudo isso em favor dos excluídos, não discriminando o pobre. Ela não pode distribuir poder, mas pode construir e reconstruir conhecimentos, saber, que é poder. Numa perspectiva emancipadora da educação, a tecnologia contribui muito pouco para a emancipação dos excluídos se não for associada ao exercício da cidadania. Nesta era, "pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento". A educação tornou-se estratégica para o desenvolvimento, mas, para isso, não basta "modernizá-la", como querem alguns. Será preciso transformá-la profundamente.

A escola precisa ter projeto, precisa de dados, precisa fazer sua própria inovação, planejar-se a médio e em longo prazo, fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus parâmetros curriculares, enfim, ser cidadã. As mudanças que vêm de dentro das escolas são mais duradouras. Da sua capacidade de inovar, registrar, sistematizar a sua prática/experiência, dependerá o seu futuro. Nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos.

Em geral, temos a tendência de desvalorizar o que fazemos na escola e de buscar receitas fora dela quando é ela mesma que deveria governar-se. É dever dela ser cidadã e desenvolver na sociedade a capacidade de governar e controlar o desenvolvimento econômico e o mercado.. A escola precisa dar o exemplo, ousar construir o futuro. Inovar é mais importante do que reproduzir com qualidade o que existe. A matéria-prima da escola é sua visão do futuro.