Li uma reportagem que foi publicada na imprensa escrita, intitulada "Cargo de confiança sob suspeita".

A nomeação de milhares de servidores para cargos de confiança sob critério exclusivamente partidário e, até mesmo critério técnico, a fim de ocupar posições estratégicas dentro do governo, não é impedimento para a corrupção. Para isto, há necessidade de criar auditorias internas confiáveis e sistemas de análise, que possam identificar e corrigir logo no início qualquer irregularidade. Os órgãos de controle interno devem ser constituídos por profissionais de elevada competência e postura ilibada. Quando os órgãos de controle externo detectam as irregularidades e cobram responsabilidades, os desvios já ocorreram e em grande quantidade. Aí, passa a depender de ações judiciais recheadas por recursos protelatórios.

O que mais alimenta a onda de corrupção, seja no Dnit/MT ou em qualquer outro órgão da administração, é a impunidade. A moralização da máquina pública exige visão, decisão política, coragem e gestão eficaz ? profissionalismo competente e ético.

As sociedades são administradas por pessoas que não usam paradigmas, práticas, habilidades, métodos e ferramentas apropriados ao momento em que estamos vivendo. Isto pode ser comprovado pela lentidão em encontrar saídas, que solucionem os problemas existentes. Alegações de que faltam recursos financeiros e de que a burocracia emperra a obtenção de resultados positivos não são as principais causas do atraso na solução das diversas questões.

Não basta ter numa equipe de trabalho profissionais tecnicamente muito preparados e com títulos de graduação ou de pós-graduação, sejam eles concursados ou indicados sem concurso. É lógico que no caso dos concursados, a tendência maior é que pensem duas vezes antes de cometer algum delito. Mas, somente isso, não resolve. É preciso mais.

Os gestores, dirigentes públicos e assessores técnicos necessitam conhecer processos de gestão que lhes permitam criar uma cultura de integridade e competência dentro dos órgãos públicos, que possam comprometer e extrair o máximo do potencial criativo dos servidores. Para isso, é preciso dominar e praticar duas coisas indispensáveis: primeiro, fazer o precisa ser feito, combater a causa dos problemas e não apenas as suas consequências; segundo, utilizar métodos apropriados, alinhar sistemas e fazer as coisas da forma certa.

Os escândalos são sucessivos e não pararão. Hoje, para muitos, vale a pena arriscar e participar de correntes de desvios de recursos públicos. Sai um grupo e entra outro disposto a continuar a fazer o mesmo. Somente com uma forte pressão da imprensa e da sociedade pode ser que comece algo na direção contrária.

Edinaldo Marques
Engº Civil, Professor e Consultor
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