Como avaliar as crianças no processo de construção do conhecimento?

 

Ozinei dos Santos Chaves1

Quando falamos de avaliação vem à mente uma mentalidade tradicional, avaliar o aluno por meio de notas ao final de cada etapa da educação básica e que continua acompanhando a questão avaliativa das escolas brasileiras. Vale ressaltar que esse processo avaliativo é imposto pelo Governo Federal na incumbência do MEC (Ministério da Educação).

Em todas as etapas de ensino, o que se percebe é a valorização de testes, provas de múltipla escolha e objetivas, caracterizando com isso, uma forma de avaliar por momento sem interesse pelo processo ocasionando no aluno o “castramento” da imaginação, da criatividade e da subjetividade.

Avaliar crianças no processo de construção do conhecimento é proporcionar um momento de reflexão. Reflexão essa, acompanhada pela ação no intuito de criar na criança uma aprendizagem por descoberta, onde o descobrir e o redescobrir se torne algo natural e desafiador para o aluno. Com isso, a aprendizagem pode se tornar prazerosa, eficaz e significativa.

Todo esse processo de avaliação continua preso a uma conduta repetitiva, de memorização porque não mecânica. Quando falo mecânica refiro-me a uma avaliação onde não se atribui significado algum no processo. É como se fosse assim: o aluno realiza as provas porque decorou, e não está interessado no apreender. Aplicar provas para avaliar se o aluno aprendeu ou não é muito fácil, o difícil é fazer com que ao aluno reflita sobre sua prática, se interesse e der significado ao que aprendeu.

Seria o ideal ao avaliar um aluno levando em consideração à participação, a reflexão, a pesquisa, a criticidade, as suas experiências, os conceitos que já possui. O que acontece é que os erros não são considerados como algo positivo e quando observamos Piaget percebemos que esses erros são fontes de informações e que ele denomina de erros construtivos.

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1 Graduando do 40 período do Curso de Pedagogia da UNICEL- Faculdade Literatus da cidade de Manaus. Contato: Email: [email protected]

O que precisa ser feito é a superação do tradicional, da sensibilidade do professor em proporcionar momentos marcantes, significativos no processo ensino-aprendizagem. É preciso também tirar esse “castramento” da personalidade, da capacidade de pensar e de construir conhecimento e procurar soluções viáveis no sentido de fazer com que as crianças pensem reflitem e busquem descobrir e construir seus próprios conhecimentos.

 Observando as ideias de Piaget percebemos como a criança constrói seu conhecimento bem cedo. Quando olhamos para uma criança na fase inicial de seu desenvolvimento, dizemos que não há inteligência, raciocínio, não há nada de interessante do ponto de vista da inteligência e que a inteligência só começa com a linguagem, de fato nos enganamos.

Aí vem Piaget demonstrando com muita clareza que as fases iniciais do desenvolvimento da criança é extremamente rica e que, portanto, a inteligência começa a se estruturar e a mostrar o seu valor muito antes da linguagem, mostrando que a inteligência é anterior à fala. Isso nos remete dizer que a criança só tem o que falar, ela só tem o mundo o que falar porque ela constrói esse mundo antes, é o que Piaget chamou de inteligência pratica, prévia sem linguagem.

Nesse sentido Piaget diz que a origem do desenvolvimento cognitivo dá-se no interior para o exterior, ocorrendo em função da maturidade da pessoa. Em sua teoria chamada de epistemologia genética ou teoria psicogenética também chamada de teoria cognitiva. É uma teoria de etapas, onde as crianças passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis, do desenvolvimento cognitivo.

O que se aprende com Piaget é que todo conhecimento começa, tem sua origem em uma ação e que o ser humano elabora seu conhecimento sobre a realidade adaptando às situações novas. Seria uma boa estratégia para avaliar um aluno deixando que este elabore conhecimentos por meio de descobertas e por meio de experimentação.

Dessa maneira, o conhecimento não está no objeto nem na mente do sujeito, mas resulta da interação do sujeito com o objeto. Então, o interessante seria avaliar a criança no seu grau de interpretação de mundo interessando sua capacidade de criar e produzir soluções e estratégias coerentes para resolver o problema, isto é, interessa que ela seja capaz de criar e coordenar relações.

Logo torna-se possível avaliar o aprendiz no seu processo de construção do conhecimento mudando toda essa mentalidade de ensino, onde só se transfere conhecimentos e sim, arranjar modos relevantes para que a criança venha descobrir e criar situações-problemas.

Portanto, a partir dessas abordagens conclui-se de toda essa discussão numa frase de Piaget que diz: “a primeira meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, homens que sejam criadores, inventores, descobridores”.