Como as escolas preparam os alunos para o vestibular

1 Autores: Raisa Albuquerque, Luíza Juliana, Brígida Cabral, Noemi Corrêa, Noeli Corrêa, Naan Pedrosa e Érika Almeida

Resumo

A pesquisa foi realizada com o objetivo de conhecer as principais diferenças entre as metodologias de ensino aplicadas para o vestibular da rede pública e da rede privada, dando enfoque a disciplina de História. Entrevistamos componentes da instituição e utilizamos também do método observativo. Houve semelhanças e diferenças nos métodos das instituições, porém são métodos satisfatórios e que obtém bons resultados apesar de algumas falhas.

Palavras Chave: Metodologia de ensino, vestibular, disciplina de história.


1 Alunas do curso de pedagogia; 2º Período; UFPB- Universidade Federal da Paraíba

Esta pesquisa foi realizada com o intuito de dar enfoque as metodologias que as instituições utilizam para levar os alunos à Universidade. Através desta temos como objetivo destacar como cada escola preparam o seu alunado para o processo seletivo do vestibular.

Fizemos a pesquisa em duas instituições, uma da rede pública de ensino e a outra da rede privada, apontamos as principais semelhanças e diferenças existentes entre elas levando em consideração como cada escola se dispunha a ensinar a disciplina de História.

Procuramos realizar esta pesquisa para destacar os métodos de ensino oferecidos pelas tais redes de ensino e para obter conhecimento sobre as influências que levam os alunos à Universidade. Utilizamos de pesquisa de campo, usufruindo dos seguintes métodos: Entrevista e Observação.

 "O vestibular é uma espécie de esfinge na vida dos estudantes. Se o enigma não for decifrado, a porta da universidade não abre"(TARANTINO, mônica; www.terra.com.br/istoe)

O vestibular é um método de exame aplicado pelas universidades brasileiras com ao finalidade de selecionar candidatos às vagas por ela oferecidas. Logo existe uma vasta dúvida quanto ao modo de preparação para aumentar as chances de sucesso, isto é, reduzindo a ansiedade que marca essa etapa. É pensando nisso que as boas escolas se preocupam em cumprir os conteúdos previstos para o ensino médio, mas, existem diferentes tipos de preparação para o vestibular, ou seja, algumas escolas são escolhidas pelo currículo e pelas atividades voltadas para essa preparação, como exercícios, simulados e apostilas e outras escolas são escolhidas por abranger mais o ensino.

O concurso vestibular caracteriza-se normalmente como uma prova de aferição dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental e médio, sendo o principal meio de acesso ao ensino superior no Brasil. Para isso o estudante deve haver concluído a educação secundária e ser aprovado no exame vestibular ou haver sido aprovado em processo de seleção estabelecido pela instituição na qual pretende realizar seus estudos.

Alguns especialistas criticam o fato do vestibular incentivar o sistema de ensino, de uma forma geral, só oferecer o conteúdo curricular exigido do exame deixando de tocar em assuntos ignorados pelos exames, como por exemplo História da Arte, entre outros. No entanto, algumas escolas adotam uma linha de trabalho menos focado no vestibular, onde o ensino médio também prepara o aluno para os desafios da formação universitária.

Um ponto negativo do vestibular é que se ver como um obstáculo de acesso ao ensino superior público para as camadas mais populares da sociedade, que privilegiam não só o conhecimento que se adquiriu no Ensino Médio, mas, a aferição de informação memorização sem conteúdo crítico. Este pensamento é justificado pelo tipo de ensino que é dado nos cursos preparatórios ao vestibular ou popularmente conhecidos como "CURSINHOS".

Na pesquisa entre as escolas da rede pública e privada entrevistamos coordenadores pedagógicos e professores de história, contabilizando assim 4 entrevistados, 2 em cada escola. Em ambas as instituições tivemos uma boa receptividade.

A primeira instituição a ser visitada foi a da rede pública, fomos recebidas pelo coordenador pedagógico que se disponibilizou a nos falar um pouco da escola e de esclarecer nossas perguntas. Logo a diante entrevistamos ao professor de História que abordou sobre a sua metodologia e a sua relação com a sala de aula, em seguida desfrutamos de uma aula elaborada pelo mesmo. A seguir visitamos a instituição da rede privada, na qual conversamos e entrevistamos o coordenador pedagógico que nos falou sobre a escola e nos levou pra conhecer a estrutura da mesma. Conversamos também com o professor de História do colégio que foi bem receptivo, nos informou sobre a sua metodologia para o aprendizado do alunado e a sua relação com o meio escolar.

Inicialmente entrevistamos os coordenadores pedagógicos. Na entrevista entre tais coordenadores 100% deles responderam que a quantidade de alunos em sala de aula tem grande influência no aprendizado. De acordo com o coordenador da rede pública de ensino, a instituição tem 18 turmas de 3º ano com aproximadamente 55 alunos em cada sala, apesar de ser uma quantidade razoável ainda ocorrem problemas de indisciplina no qual afetam a aprendizagem e o desempenho do professor. O coordenador da rede privada afirma que: " A instituição possui 7 turmas de 3º composta por 45 alunoscada e mesmo com esse número ainda dar problema."

Ao abordar sobre a aprovação de alunos no processo do vestibular, 100% dos entrevistados respondem que o colégio aprova muito no vestibular. Diz o coordenador da rede pública: "Aescola aprova muito no vestibular,tem grande referência para COPERVE". O coordenador da rede privada destaca que: " O colégio se destaca por obter bons resultados, orgulha o diretor do colégio." Na fala dos coordenadores podemos perceber o quão interesse pela aprovação no vestibular, principalmente por parte do coordenador da rede privada onde ele diz que "orgulha o diretor do colégio", em nossa análise este discurso estava entrelaçado com o capitalismo, quando ele afirmou isso, deixou claro que o diretor preocupa-se com resultados e bons resultados para se garantir financeiramente e ter a escola bem vista como referência para aprovação nos vestibulares. Ao ver do diretorisso faz com que os pais interessem-se em por seus filhos neste tipo de instituição. Diz a autora Mônica Tarantino:

"(...)todas as boas escolas se preocupam em dar conta dos conteúdos previstos para o ensino médio e garantir uma formação ampla (...) alguns jovens e pais preferem escolas com currículo e atividades mais voltadas para essa preparação, com exercícios, simulados e apostilas."(TARANTINO,mônica; www.terra.com.br/istoe)

Percebemos em relação a opção de cursos escolhidos que a instituição públicas difere-se da privada, pelo fato dos alunos da instituição pública escolherem cursos menos concorridos, tais como os de licenciatura, em nossa análise isso ocorre talvez devido ao medo da concorrência. Diz o coordenador da rede pública: " Os cursos mais escolhidos são os de licenciatura, embora o colégio ter tido um destaque de uma aluna aprovada em medicina". Já na rede privada os cursos mais escolhidos são os cursos da área de saúde, principalmente o de Medicina, também são muito escolhidos cursos como Direito e Engenharia. Afirma o coordenador da rede privada: " Os pais se preocupam com a aprovação no vestibular. Os cursos mais escolhidos são Medicina, Direito e Engenharia". De acordo com o que é mencionado pelo coordenador podemos perceber o enfoque que os pais dão no que diz respeito ao futuro financeiro dos filhos, não é a toa que eles procuram escolas bem vistas pela sociedade para matricular seus filhos.

Ao mencionar sobre a metodologia utilizada pelos cursinhos para o ingresso nas universidades 100% dos entrevistados revelam que os cursinhos são em cima de revisão e só preparam para o vestibular. De acordo com o site da wikipédia:

" Há muitas críticas ao modelo de funcionamento dos cursinhos, entre os quais destaca-se a idéia de que eles apenas transmitem aos alunos idéias e estratégias pré-determinadas para obterem sucesso nos vestibulares e não fazem o mais importante, que é faze-los compreender o assunto ou preparar o aluno para vida universitária."( www.wikipedia.org/wiki/Vestibular).

O coordenador da rede privada de ensino afirma que : "O cursinho é uma retrospectiva do 3º ano, é um resumo sistematizado". O coordenador da rede pública enfoca que: " O cursinho prepara para uma reprodução e não para realidade, programa os alunos para respostas e não discute". Como podemos ver o cursinho é bem criticado pelos coordenadores, pois o cursinho é um simples depósito de conhecimento que vão sendo inserido na cabeça do alunado e logo depois vai evaporar.

Com relação a aplicação de testes vocacionais 50% das instituições entrevistadas realizam testes vocacionais, enquanto 50% não realizam testes vocacionais. De acordo com o coordenador da rede pública: "A escola não realiza testes vocacionais, já fizeram, mas, não faz mais por falta de supervisor, pois o estado não realiza concurso para preencher vagas".Diante da afirmação do coordenador podemos analisar que a escola possui esta lacuna. Ao nosso ver um teste vocacional tem grande importância para o futuro do aluno, entretanto, era de grande valia que a instituição possuísse um funcionário para preencher tal lacuna. Na rede privada o coordenador afirma que: " As escolas realizam testes vocacionais. O resultado é satisfatório. Entrevistas, desenhos, atividades, porém não induz a nada." Como podemos perceber há uma diferenciação neste quesito no que diz respeito a organização institucional, na rede pública não há uma preocupação no que diz respeito ao acompanhamento psicológico do aluno, já na rede privada podemos perceber o interesse em acompanhar os alunos em suas escolhas e apoiá-los.

No que diz respeito ao tempo para a aplicação do conteúdo, 100% dos entrevistados afirmam que dar tempo de ministrar o conteúdo atribuído pela COPERVE. Diz o coordenador da rede pública: "É relativo varia de professor para professor, mas, em geral dar tempo." Com mais segurança o coordenador da rede privada afirma que: "Tudo está planejado, dar tempo". Neste sentido percebe-se a preocupação com o vestibular, principalmente na rede privada, podemos perceber que tudo é corrido para poder atender as demandas do vestibular, os conteúdos são depositados velozmente com o intuito de corresponder as "exigências" da COPERVE.

Enfocando sobre o processo de seleção para o vestibular organizado pela COPERVE aqui no estado, os coordenadores fazem algumas críticas. Ambos respondem que as provas do vestibular deveriam voltar ao método antigo, em que o conjunto das provas era somente aplicado ao término do ensino médio. O coordenador da rede privada expõem que: "A COPERVE deveria rever os conteúdos, mas, ela não aceita sugestões." De acordo com o autor Heraldo Marelim Viana:

" Os testes e provas dos concursos vestibulares são construídos ad-hoc, repetindo-se, assim, ano após ano, o mesmo trabalho, sem que, em geral, haja um processo de retroalimentação dos que participam desse tipo de atividade- professores e orientadores".( VIANA, marelim heraldo; acesso à universidade: Um estudo de validade)

A fala do coordenador e a observação do autor nos faz perceber a insatisfação com o processo seletivo, as organizações precisam realmente de reformulação nos métodos do processo de seleção, ao nosso ver este método utilizado atualmente é muito sistematizado, os tipos de questões muitas vezes são tão óbvias, em nosso entendimento tipo de prova realizada por esses concursos não avalia candidatos adequadamente para o ingresso nas universidades.

Posteriormente entrevistamos aos professores de História de cada instituição, conversamos sobre as suas metodologias de ensino e logo em seguida assistimos as suas respectivas aulas. Ao abordar sobre o processo de avaliação, 100% dos entrevistados afirmam que utilizam provas elaboradas de acordo com o programa da COPERVE. Entretanto há uma presente diferença na metodologia de avaliação utilizada pelos professores, pois na rede pública ocorre a realização de seminários, na qual possibilita ao aluno uma certa preparação para a vida universitária, já na rede privada não ocorre a realização de seminário para não haver o atraso do conteúdo, podemos perceber em mais um momento a grande preocupação da rede privada no que diz respeito a corresponder ao programa da COPERVE.

Diz o professor da rede pública: "Realizo seminários, pesquisas em grupos e os alunos confeccionam quadros e objetos artesanais que estejam relacionados com o tema abordado". Já o professor da rede privada afirma: " Não trabalho com seminário, pois, desta forma, não vence o conteúdo."

Ao mencionar sobre os procedimentos que os professores utilizam para trabalhar os conteúdos em sala de aula, 100% dos entrevistados abordam que preparam os alunos tanto para o vestibular como para realidade. Afirma o professor da rede privada: "Envolvo o conteúdo com o cotidiano. É importante trabalhar o conteúdo envolvendo-o com o dia-a-dia do aluno." De acordo com a educadora Mercedes Ferreira:

"A escola não é uma mera transmissora de informações. Desse modo, deve-se evitar que a aquisição do conhecimento tenha sentido apenas imediatista, utilitarista e descartável".(FERREIRA,mercedes; www.terra.com.br/istoe)

Ao enfocar sobre as metodologias utilizadas pelos cursinhos, 100% dos entrevistados afirmam que os cursinhos preparam os alunos para respostas. Diz o professor da rede privada: "O cursinho tem como objetivo atender as necessidades do aluno para ele se sair bem nos vestibulares. Dar enfoque ao primeiro lugar." Podemos perceber o quanto o método utilizado pelo cursinho é criticado pelos educadores, pois é uma espécie de sistematização do conteúdo, os alunos decoram matérias e muitas não sabem nem onde estão situados, isso faz com que o assunto torne-se até chato.

Em relação ao processo seletivo para a inserção na universidade, 100% dos professores entrevistados expõem que há uma lacuna no conteúdo no que diz respeito a História da Paraíba e que os conteúdos abordados são um pouco distantes de nós. De fato, é de grande valia que a COPERVE reveja os conteúdos inseridos no vestibular, pois, não faz sentido relevar conteúdos do estado para exaltar conteúdos fora da nossa realidade.

Como havia mencionado anteriormente, assistimos à aulas dos respectivos professores da disciplina de história. Na rede privada a aula teve duração de 50 minutos, era uma sala de ambiente climatizado, de boa acústica, ambiente claro. Inicialmente o professor fez uma breve retrospectiva da aula anterior, logo a diante deu início a aula sobre civilizações, percebemos a interação de professor-aluno, os alunos tiram suas dúvidas e ficam bem atentos e interessados no conteúdo.

De acordo com assunto o professor fez relações com os dias atuais, ou seja, entrelaçou acontecimentos antigos com nossas vivências. Em nossa análise este tipo de método é bem eficaz, pois o alunado se interessa por assuntos do cotidiano e é bem interessante envolve-lo com aspectos históricos. Ao final da aula, o professor dar dicas de questões de prova e supervisiona os exercícios dos alunos.

A aula foi bem proveitosa, o professor bem descontraído, tinha domínio sobre a sala de aula e passou o conteúdo de uma forma bem prazerosa, isso faz com que os alunos fiquem empenhados com o estudo, não só devido ao vestibular, mas, também para obter conhecimentos sobre a sua realidade.

Na rede pública de ensino a aula teve duração de 45 minutos, a sala de aula era ampla, com algumas falhas de climatização. Ao dar início a aula o professor informou sobre o assunto que seria abordado durante a aula e fez uma lista de tópicos para que os alunos copiassem e pudessem se orientar durante a explicação. O assunto exposto foi História da Paraíba, o professor mencionou sobre outros países para relacioná-los com a história de nosso estado. Percebemos que o professor tem domínio sobre a turma, é bem cativante, os alunos pareciam interessados na aula. Ao término da aula o professor reserva tempo para os alunos esclarecerem suas dúvidas, tocando o sinal todos saem em tumulto.

Em nossa análise a aula foi bem assimilada, e tem semelhanças com os métodos do professor da rede privada. A distinção ficou bem clara no que diz respeito ao ambiente físico, e é claro que isto influencia na aprendizagem do aluno. Mas, em relação ao preparo dos professores, os dois são excelentes educadores, são queridos pelos alunos e sabem repassar o conteúdo para que torne-se algo bom de estudar.

Considerações Finais

Podemos perceber ao longo do nosso projeto de pesquisa, cuja finalidade foi comparar a metodologia de ensino no processo para o acesso ao vestibular, que os métodos usados diferem um pouco uma da outra, entretanto há várias semelhanças.

Na escola pública, os métodos têm desenvolvido bastante nos últimos anos, por exemplo, a utilização de instrumentos cotidianos em sala de aula coopera com o aprendizado do aluno na obtenção de bons resultados para o acesso a universidade e à vida.Na rede privada, notamos que cumprem com todo o conteúdo programado anualmente, mas, o enfoque maior é dado na aprovação de seus alunos para o vestibular.

Referências Bibliográficas

http://www.terra.com.br/istoe

http://www.wikipedia.com

GADOTTI, Moacir. Tese em defesa de um sistema único, nacional e popular de educação pública. In: Uma só escola para todos: caminhos da autonomia escolar. Petrópolis: Vozes, 1990, p. 166-83.

SOARES, Maria Susana Arrosa, coordenadora. Educação superior no Brasil. Brasília: Capes, 2002.

VIANNA, Heraldo Marelin. Acesso à universidade: um estudo de validade. Educação e Seleção, São Paulo: Fundação Carlos Chagas.