Ao iniciar a reflexão sobre o livro de Immanuel Kant, pode se perceber que o autor viveu na época moderna, mas suas idéias são de embasamento contemporâneo, ou seja, o mesmo relata fatos e atitudes que os pais devem deter para educar bem seus futuros descendentes. O texto inicia com a introdução que relata e traz reflexões sobre o ser humano e como o mesmo deve agir socialmente para se transformar em um ser dotado de moral, e que respeite as leis que lhes são propostas socialmente. Entretanto, na discussão seguinte tem-se a abordagem sobre educação física que relata e exemplificam fatos para se criarem seres humanos resistentes, racionais, autônomos e morais. Contudo, na ultima reflexão Kant, se volta para a educação prática, a qual instiga uma série de problematizações sobre a educação do ser humano como: a importância dos exemplos dos pais para com seus filhos, a religião que precisa andar junto com os caratês morais, a importância do outro, para que homens e mulheres crescerem como pessoas e a importância das fases para que “obedeça” o tempo certo de cada individuo.

    Na introdução Kant aborda uma reflexão sobre o ser humano, ou seja, “O homem é a única criatura que precisa ser educada”, pois educação para o filosofo volta-se para  o cuidar, forma e disciplinar, pelo fato, de somente o ser humano ser o animal que necessita de cuidados e de outro ser para sobreviver. Segundo Kant (1999, p.11 [441]): “Os animais, portanto, não precisam ser alimentados, aquecidos, guiados e protegidos de algum modo. A maior parte dos animais requer cuidados”. Outra forma de característica humana é a disciplina que para o pensador transforma os atos animais em humanos, pois o ser humano é dotado de razão que fazem com que os mesmos sejam caracterizados pelas condutas civilizatórias.

   Todavia, homens e mulheres precisam da disciplina para não se tornarem selvagens, pois necessitam seguir regras que são colocadas na sociedade, ou seja, as leis que os propõem ter disciplina na sociedade. Para Kant (1999, p.13 [442]): “A selvageria consiste na independência de qualquer lei. A disciplina submete o homem às leis da humanidade e começa a fazê-lo sentir a força das próprias leis”. Ainda para o autor essas leis irão fazer com que o ser humano no futuro detenha responsabilidade, isto é, cumprindo os seus deveres. Mas, esse sujeito humano é dotado de liberdade e as regras sociais fazem com que eles pensem antes de realizar algum ato. O pensador aborda que o ser humano além de cuidados e responsabilidade com as leis, necessita de formação, ou seja, o seu aprendizado é repassado de geração a geração, pois o conhecimento é algo “comunitário” e necessita ser comunicado. Ainda para Immanuel o sujeito humano é o único ser que pode educar e se educasse em parceria, pelo fato, de que para ele. “O homem não pode se tornar um verdadeiro homem se não pela educação”. Ele é aquilo que a educação dele faz”. (1999, p.15 [444]).

   Com isso, para o autor a educação é uma das descobertas humanas mais difíceis, pois a mesma é uma arte que necessita de reflexão, problematização e comunicação, ou seja, ela não é feita mecanicamente sem princípios mais de maneira critica e racional, na qual irá levar o ser a se educado a uma moralização. Por isso, que ao educarem os seus filhos os pais precisam ter uma boa educação moral, pelo fato, do ato de educar se passado de pai para filho. Com base nisso Kant divide a educação do ser humano em ser disciplinado, que pode ser culto, prudente e cuidar da moralização. A primeira aborda sobre a disciplina, que para o filosofo é algo necessário para que o caráter humano não seja animalizado. No entanto, a segunda é o torna-se culto são os hábitos de leitura, de ouvir boas músicas para que o individuo adquira conhecimentos infinitos, isto é,  sem um fim. A terceira relata sobre a prudência, na qual, o ser humano precisa para atuar na sociedade, ou seja, na relação com outros sujeitos. Porém, a quarta forma de educação essencial ao ser humano seria a moralização, que fará com que homens e mulheres atuem de maneira reflexiva, ética e coletivamente no contexto social.

      Kant discute a relação de cuidados que a escola precisa proporcionar aos seus educandos em sua formação, que abrangeria a educação negativa e a positiva. A negativa tem como foco a formação mecânica voltada para a passividade. Buscando para contemporaneidade, pode-se pensar na educação relatada por Paulo freire, educação bancaria, a qual levaria o ser humano para um educar passivo. Todavia, a segunda tem como foco a moral e a reflexão, onde o discente tem como formação o conhecimento para a sua vida e através desse conhecer ele poderá fazer uma reflexão crítica. Com base no filosofo (1999, p.30 [452]). “O primeiro período para o educando é aquele em que deve mostrar sujeição e obediência passivamente; no segundo, lhe é permitido usar a sua reflexão e sua liberdade, desde que submeta uma e outra e certas regras. No primeiro período, o constrangimento é mecânico; no segundo, é moral”.

      A educação pública e privada são temas refletidos pelo racionalista também, na qual a primeira tem como foco os institutos públicos, que complementam a privada que seria a educação da família, que para o autor se fosse de qualidade não haveria a necessidade de o governo ter gastos com institutos, pois a criança teria uma educação de princípios, prudência e moral de qualidade. Logo, o educar precisa ter como foco central a liberdade e autonomia, no qual, a criança possa ultrapassar obstáculos e ter propósitos, isto é, fugi das limitações, pois os pais e educadores precisam respeita o espaço delegando regras, limites e respeitando a liberdade e o tempo de cada jovem e criança. Para Kant (1999, p.36 [456]): “Mostra-se hábil, prudente, paciente, sem astúcia, como um adulto, durante a infância, vale tão pouco como a sensibilidade infantil na idade madura”.

       Entretanto, na segunda abordagem o racionalista discute sobre a educação física que para ele são os cuidados dados pelos pais ou por quem cuida das crianças, ou seja, cuidados materiais. Esses cuidados envolvem o corpo, alimentação e a mente de cada sujeito. Não obstante, a importância do leite materno para o desenvolvimento seguro e saudável da criança e a boa alimentação das mães para que seu leite materno seja de qualidade exemplar. Com isso, os cuidados com a alimentação, com a mente e com personalidade das crianças desde bebês são de suma importância para se obter no futuro um adulto responsável. É necessário também para o autor que pais e mães deixem seus filhos deterem de liberdade no momento dos seus primeiros passos, ou seja, os pais precisam deixar que seus filhos vençam os obstáculos, evitando as faixas ou algo que possa “toli” a suas habilidades motoras. Kant reflete que, (1999, p.46 [462]): “(...) Os instrumentos naturais são as mãos, que a criança projeta adiante a cair. Quanto mais são utilizados meios artificiais, tanto mais fica o homem dependente deles”. O uso desses instrumentos pode trazer várias imperfeições físicas para as crianças que estão em estágio de formação. Entretanto a educação física precisa ter como ponto central a formação para a cultura, na qual a criança se “apodere” de um educar de qualidade, onde a família repasse bons exemplos de comportamento, índole e moral, atuando de maneira justa e exemplar e formando seres humanos condutores de decisões e atitudes éticas e criticas.

         Kant lança um outro olhar sobre a educação bem a frente de seu tempo que é sobre o brincar que para ele esse ato transforma o desenvolvimento do ser humano, pois a lança, corrida e a bola, pião desenvolve os órgãos como a visão o tato, a lateralidade e o ato problematizar, criando espaços de universais de união e comunicação entre pessoas e suas habilidades. Kant (1999, p.57 [469]) afirma que: “Com o interesse nesses brinquedos a criança renuncia a outras necessidades e, assim pouco a poço se acostuma a privar-se de outras coisas. Além disso, ela se acostuma a ocupações duradouras. Entretanto, não se trata aqui de brincadeiras, mas de brincadeiras com objetivo e finalidade. Assim, quanto mais o seu corpo se fortifica e se enrijece através delas, tanto mais se torna protegida contra as conseqüências corruptoras da lassidão”. Outra forma de desenvolvimento da criança segundo o filosofo racionalista é o incentivo ao trabalho, pois para ele a criança precisa ter suas horas de laser, mas precisa adquirir responsabilidade, a qual lhe dará suporte para a vida adulta. Baseado em Kant (1999, p.61 [471]): “É de suma importância que as crianças aprendem a trabalha. O homem é o único animal a trabalhar. Para que possa ter o seu sustento, muitas coisas deve fazer necessariamente para tal”. Os hábitos do trabalho seriam os costumes de “leis” que começariam em casa como, por exemplo: os horários das tarefas escolares, arrumação da cama, ou seja, obrigações simples que criaram hábitos de responsabilidades nas crianças.

         A memória é algo refletido pelo autor, pois para ele a mesma precisa ser lidada de maneira crítica, ou seja, sem soletração, onde a criança irá se pautar nos conhecimentos de desenhos, do estudo das línguas, leituras de livros, massa de modelar, para construir o seu aprendizado de maneira problematizadora em resultados e conhecimentos concretos voltados para a experimentação. Segundo Kant (1999, p.66 [474]): “(...) A criança deve aprender a aprender a distinguir perfeitamente a ciência da simples opinião ou da crença”. Kant cria logo em seguida uma visão de educação como um fim, cuja é dividida em dois modos que são: Cultura geral da índole e a cultura particular da índole. A primeira distribui-se em física e moral, e ela visa à habilidade e o aperfeiçoamento do ser humano enquanto ser social. Na distribuição física volta-se para a cultura passiva sem diálogo, pois a criança segue apenas a opinião do outro sem aprender a pensa autonomamente. Porém, com a moral a criança é ativa em seus atos, pois a disciplina é lidada como algo que lhe trará responsabilidade no futuro e o bem estar com o outro.

         O autor relata (1999, p.71 [477]): “O método Socrático deveria constituir a regra do método catequético. Aquele é certamente vagaroso e se torna difícil conduzi-lo de tal modo que, quando se extraia de uma pessoa os conhecimentos, os outros também aprendam algo nessa ocasião”. Contudo, Kant relata a importância de se cultiva autonomia do pensar e a necessidade de se exercitar a razão, ou seja, saber a importância do aprender com o outro e de valorizar a paciência e sabedoria com relação à fúria e a punição, pois os pais devem conduzir seus filhos a um ato de moralização e ensinamentos das leis. As inclinações como: a mentira e a falta de moral devem ser corrigidas com o desprezo, e os exemplos de vida ética dos pais e através da comunicação. Com isso, o método erotemático é, por sua vez, subdividido no "modo dialógico" e no "modo catequético" de ensino. No modo dialógico, o docente questiona a razão do estudante; e no modo catequético, o docente meramente questiona a memória do estudante. O método catequético envolve mero "trabalho de memória", no qual o estudante recita pensamentos que não são ainda os seus próprios, mas com o método dialógico ou o modo socrático de ensinar o professor e o estudante alternam perguntas e respostas entre si, havendo assim uma comunicação de conhecimentos. De um modo alternativo, com o método socrático "o estudante questiona o educador (que de fato ainda é aprendiz)”.

      A última abordagem feita no texto de Kant é problematização sobre a educação prática, na qual são dados certos conceitos que precisam ser buscados para que o ser humano busque a ética em seu cotidiano. A habilidade que é pautada na formação do talento de cada individuo que precisa ser estimulado. A segunda seria a prudência que ensina ao ser humano a não ir além das leis e saber ouvir o outro. A terceira discute a moralidade, que para Kant é o modo de haver a preparação o ser humano para o caráter e a servir a sociedade. Isso porque Kant acredita na educação moral como fomentadora da confiabilidade entre os homens e mulheres. Kant afirma que os professores sempre dizem que as coisas devem ser apresentadas às crianças de tal modo que as cumpra por inclinação, o que, para ele, pode ser bom em muitos casos. No entanto, ele adverte: muitas coisas devem ser-lhes prescritas como dever. Para seu projeto de educação moral, isso lhes será bem utilizado. Kant está certo, todavia, que o entendimento pleno do educando sobre o agir por dever somente será possível com o passar dos anos e, assim, sua obediência, a cada dia, será aperfeiçoada. Para formar um caráter sólido, é preciso antes domar as paixões. Para aprender a se privar de alguma coisa são necessárias coragem e uma certa inclinação. É preciso acostumar-se às recusas e à resistência, ou seja, adaptar-se as leis. Porém, não é só com abstinências que se forma um caráter. Kant assegura que este é formado também na sociabilidade.

      Para o pensador o exemplo e as regras são uma das exigências mais importantes para se construir um educar e com elas estariam às atitudes naturais. A primeira seria os deveres para consigo mesma, na qual irá existir o cultivo das coisas que “alimentam” a alma de cada individuo, fazendo com a educação seja um ato firme, cujo vício não é privilégio. “A criança pode, porém, colocar-se abaixo da dignidade humana quando mente desde que já possa pensar e comunicar seus pensamentos aos demais (1999, p.90 [489])”. Os deveres para com os demais é a segunda atitude, na qual para ele precisa-se forma o caráter moral do ser humano, pois mesmo por dever o individuo precisa do outro para construir a formação, aprendendo a respeitar e a contribuir com a humanização crítica. O filosofo, afirma ainda que a religião seja um dos princípios importantes para a educação do ser humano, mas ele se questiona se os conceitos religiosos podem ser assimilados pelas crianças, pois mesmo que elas não tenham maturidade suficiente, pois existe a necessidade de se discutir a obra de Deus e abordar a importância do outro e da moral na vida em sociedade, pelo fato, de que para o racionalista não adiante saber os conceitos teológicos e não ser ético e moral. “A moral deve, portanto, preceder; a teologia deve seguir aquela; isto é religião” (1999, p.99 [495]).

      Kant propaga as idéias de Rousseau quando pensa o ser humano como um sujeito natural, isto é, que precisa estimular suas habilidades inatas para que possa se desenvolver como um todo. Logo ainda questiona a divisão por fazes que para ele o ser humano precisa realizar seus atos a partir de sua maturação natural, por exemplo, um adolescente ainda não está maduro para realizar o sexo, pois ele precisa amadurecer. Para Kant (1999, p.104 [498]). A natureza o predispõe a se tornar homem, logo que se torna maior, e também a propagar a sua espécie. Mas as necessidades as quais deve necessariamente atender na sociedade civilizada não lhe permitem ainda criar filhos. Aqui, pois, ele vai contra a ordem civil. A melhor saída para o jovem, e isso é também para ele um dever, é espera até que esteja em condições de casar-se convenientemente. Então, ele age não somente como homem de bem, mas também como bom cidadão”.

      Com isso, Kant afirma que a virtude deve ser adquirida e que ela não é inata. Os saberes moral do homem não seria a virtude, se ela não fosse produzida pela força da resolução nos conflitos com as inclinações que podem ser contrárias ao dever. Ela é produto da razão pura prática na medida em que esta conquista, com consciência de sua superioridade, pela liberdade, o poder supremo sobre tais inclinações. A virtude pode ser ensinada. Segundo o racionalista, a cultura da virtude possui como princípio o exercício vigoroso, firme e corajoso que é a sentença dos estóicos. Segundo o mesmo, trata-se aqui de um tipo de dietética para os homens e mulheres que consiste em se conservar moralmente. Porém, a saúde é um bem-estar negativo, ela não pode ela própria ser sentida. É necessário que alguma coisa a ela se atrele que procure um contentamento para viver e que seja, portanto, puramente moral. E, concordando com Epicuro, Kant assegura que isso é "um coração sempre alegre".

      Portanto, ao refletir sobre a leitura de Kant pode-se concluir que o mesmo relata de maneira espetacular as formas de educar baseada na discussão, moral, ética e na reflexão, na qual a educação não é algo a ser imposto mecanicamente, mas que levará ao ser educado uma visão mais humana e de equidade social, ou seja, Kant busca a valorização do ser humano enquanto sujeito dialético, que pensa e detém conhecimentos que serão construídos e partilhados com outros seres sociais. Com base na discussão, para se construir uma formação moral, problematizadora e autônoma é de suma importância à valorização da pluralidade do diálogo e da crítica para que se possam ultrapassar as visões dogmáticas a técnicas isoladas de sua realidade e focada apenas em uma visão reducionista. Porém, o que se almeja e uma formação autônoma, na qual insira o ser a se formado no mundo como construtor e desconstrutos de conceitos que lhes são colocados como desafio, tornando-se um ser humano engajado com a história cultural repassada de geração a geração.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Referências:

KANT, E. Sobre a pedagogia. Tradução de Francisco C. Fontanella. Piracicaba: Unimep, 1999.