COMBATENDO O MAL PELA RAIZ
Publicado em 07 de julho de 2009 por HERÁCLITO NEY SUITER
Muito se discutiu sobre violência nos últimos meses, principalmente em função das avalanches de revoltas nos presídios de São Paulo. A corrupção corre frouxa no meio político e a população brasileira vê, a cada dia, o sonho de fazer parte de uma nação mais justa e próspera se esvaindo por entre os dedos, parecendo, a todos nós brasileiros, que a luz no fim do túnel está cada dia mais fraca, correndo o risco de se apagar definitivamente.
O mundo está virado de cabeça para baixo; pessoas “vivendo para comer ao invés de comer para viver”; sedentas com o presente e seus prazeres materiais, o “ter” é hoje mais valorizado do que o “ser”, e a felicidade vai se tornando sinônimo de posses de bens materiais e dinheiro. Para “alguns muitos”, existe sim um mundo melhor, só que esse custa muito caro e só poucos tem o privilégio de viver nele.
Quase nunca se vê idéias verdadeiramente capazes de acabar com o mal pela raiz. Se perguntar-mos para um homem do campo como acabar com as ervas daninhas de uma plantação, o mesmo, sem pestanejar, saberá responder que o jeito mais eficaz não é cortar “por cima” com a enxada, mas sim cavar mais fundo e expor as raízes da erva ao sol até que sequem, inibindo por completo a sua capacidade de germinação. Por analogia, perceberemos que quando realmente queremos, ou temos o interesse de resolver um problema definitivamente, temos que ir além, ou seja, combater os problemas pela raiz. Uma dúvida deixo no ar: será que é a mania do imediatismo, ou os interesses exclusos que impedem de serem resolvidos problemas tão anacrônicos, como o comportamento violento e/ou corrupto dos bandidos?
Placebos são distribuídos aos montes entre os brasileiros enquanto a corrupção e a violência imperam soberanas. E o que pode ser feito? Endurecer as leis? Geração de mais emprego e renda? Mudança de regime político? Não. Creio que atender estes quesitos seria apenas um paliativo. O principal mesmo é a educação, e eu não estou falando só da educação que se aprende na escola, mas também àquela que deve acompanhar as crianças pelo menos até os 6 ou 7 anos de idade no seio familiar.
A psicologia nos explica que o temperamento é nato, mas a personalidade e os conceitos morais e éticos são formados no dia-a-dia das pessoas, com a convivência no meio social. Até os seis ou sete anos de idade, é formada a personalidade do homem, e, a partir desta idade até os 16 ou 17 anos, começa a formação do caráter, da ética e da moral.
Daí a necessidade de se preocupar mais com a criança. Ela vive basicamente no presente, quer dizer, sua vida se realiza no plano atual. Seus objetivos são imediatos e à medida que ela cresce, mais e mais é afetada pelo passado e pelo futuro. Importante é a criançada ter contato com os pais e principalmente com o afeto materno pelo menos até os sete anos de idade. O carinho que deve ser dado a uma criança começa dentro da barriga da mãe, seguindo até a amamentação e prosseguindo até sua adolescência.
Como está sendo moldada a personalidade de nossas crianças até os sete anos de idade? O filho que está para nascer é fruto de um relacionamento amoroso? Pai e mãe estão preparados para servir a verdadeira educação a seus filhos? O governo vem dando apoio necessário para daí surgir um cidadão mais digno, pacífico e principalmente equilibrado?
Todos nós somos responsáveis pela atual situação de nossa nação, principalmente no tocante a violência e a corrupção. Os pais precisam repensar as relações familiares, o governo tem a obrigação de fornecer meios para que possamos educar nossos filhos de forma mais digna melhorando escolas, criando creches, preparando e bem remunerando os professores das fases iniciais. Mães e pais estão tendo que abrir mão de acompanhar seus filhos na fase que mais precisam para abastecer os cofres palacianos, enquanto o Estado fica de braços cruzados sem perceber que está colocando lenha em um caldeirão que mais hora, menos hora, vai transbordar. Aliás, já está transbordando.
Cientistas confirmam que a violência e a corrupção estão presentes mesmo nas populações mais ricas, elas mostram claramente que toda ação, tem uma reação. Qual educação e grau de afetividade que teria passado os violentos bandidos e os “inteligentes” corruptos? A coisa é muito séria. Tem gente por aí que teve acesso a uma educação científica impecável, boa alimentação e tudo mais que o dinheiro pode comprar e, no entanto, são pessoas violentas e às vezes até cruéis, desonestas, eticamente e moralmente reprováveis para uma vida em sociedade.
Precisamos repensar o ambiente familiar dos brasileiros; rever nossos valores, costumes e principalmente nossa educação. Só assim vamos conseguir combater o mal pela raiz, passando a ter orgulho de nosso Brasil, não só pela destreza futebolística, mas sim por ter a paz e a justiça imperando em nosso continental território.