COM FREIRE OU CONTRA FREIRE:

JAMAIS SEM FREIRE

 

Idanir Ecco[1]

No dia 02 de maio completa-se 17 anos da morte do educador Paulo Freire (1921-1997), em decorrência de um enfarte agudo do miocárdio. Óbito lamentado além-mar, em todos os continentes. No entanto, seus ensinamentos, suas concepções/proposições, enfim seu legado, mantem-se vivo, de modo especial nas e pelas pessoas que dão continuidade à sua proposta educacional, reinventando-o nos diferentes contextos de uma sociedade multifacetada.

Interessou-se pelos excluídos, os que não tinham oportunidade, não tinham voz, porque silenciados, e foi ao seu encontro. Acima de tudo fora um educador. Faleceu com 75 anos, no dia 02 de maio de 1997, às 6h53min, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Os registros biobibliográficos demonstram que Freire sempre foi muito dedicado, disciplinado, coerente e envolvido com o ato de estudar e com sua prática educativa/formativa/coscientizadora. A rigorosidade, a disciplina intelectual, a seriedade com suas sistematizações, elaborações, bem como para com seu trabalho, está comprovado pelas e nas suas obras. A amorosidade para com os livros, o que em síntese significou o cuidado para com sua formação permanente é mais que uma de suas “marcas”, pois se constituiu num modo de ser, de viver.

Paulo Freire firma-se como educador progressista apresentando seu método de alfabetização de adultos. Ao propor a Educação de Adultos, foi à raiz de um dos problemas sociais, da sua época, marcante e evidente, denominado de analfabetismo, oriundo de uma situação histórica de exploração e de marginalização. Opta pelos mais excluídos, pelos mais marginalizados.

            Sua proposição, bem como seu trabalho de alfabetização, revelara-se e se concretizou como um processo de conscientização: da consciência dominada, oprimida para uma consciência crítica. Em vista disso, no ano de 1964, com o Golpe Militar, Paulo Freire foi destituído de suas funções, ficando preso durante 70 dias, tendo que responder a inquérito policial.

Insistentemente perseguido por diferentes autoridades, sentiu-se ameaçado, “optando” pelo exílio, inicialmente na Bolívia e posteriormente em outros países, como por exemplo, no Chile, Estados Unidos, Suíça, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe,   Austrália. Ficou exilado durante 15 anos. Somente em 1979, ganha seu primeiro passaporte brasileiro de retorno a seu país.

O trabalho de Paulo Freire foi marcado pela incessante busca do diálogo em sua práxis educacional para e na construção de um ser humano novo, bem como, de uma sociedade que não o limite, que não lhe subtraia as possibilidades e que não subestime seu poder de inovar, de recriar a si próprio e os seus contextos.

Estamos convictos que, na atualidade, há razões pelas quais, pode-se ficar com Freire ou contra Freire, mas jamais sem Freire. Sabedores somos que, numa sociedade de diferenças e de injustiças, Paulo Freire nunca será unanimidade, pois seu trabalho está compromissado com as vítimas.



[1] Mestre em Educação UPF/RS e Professor da URI Erechim/RS. [email protected]