AUTORAS: Clarice Rodrigues Santana, Débora Aparecida Santos França, Kédma Macêdo Mendonça & Sibele Silva Leal Rodrigues, pedagogas, são professoras na rede municipal em Rondonópolis.

Os bebês nascem em um mundo estranho e vivem as incertezas do começo da vida, tentam ao máximo agarrar-se em algo que para eles é mais familiarizado com o útero materno e buscam no colo o aconchego, como um  desejo imenso que o estranhamento não lhes perturbem tanto, e em meio as descobertas diárias com os cheiros, os toques e o afeto, começam a sentir-se mais confiantes em conhecer o novo.

Os momentos de aleitamento na mãe ou não, é mais que uma questão de sobrevivência para esse bebê, é a oportunidade de construir conhecimento desse mundo novo, é alimentar–se também de trocas de olhares, de carinhos e deixar seu agradecimento pela vida, é onde um ser tão pequeno capacita uma nova mãe, lhe ensina que uma mulher aflora seu instinto materno quando percebe que o amor está nos detalhes.

Um bebê apesar de ser indefeso e pronto para aprender nesse mundo, é capaz de ensinar tanto! E em meio às conquistas diárias eles vão caminhando mudando os hábitos das famílias, trazendo prioridades aos pais, sorrisos e choros de alegrias aos avós, tias e quem os cercam, pois cada balbucio ou gesto tornam-se uma descoberta magnifica.

Com 6 meses de vida muitos são colocados em uma mudança brusca, a vinda para a creche, que para a maioria deles não é fácil, adaptar-se aos outros pequenos a dividir os olhares, o colo... ah o colo! Este que como já sabemos é segurança de que tudo ficará bem, como seria alguém capaz de nega-lo? Como dizer que o colo estraga? Ou evitar para não deixar mal acostumado?

Que infâmia! Um bebê quando percebe que foi acolhido não se adapta a creche, pois adaptar-se é não querer estar neste ambiente, mas acostumar-se e aceita-lo para que não doa tanto, e na verdade a criança pequena quando sente o calor do aconchego com afeto simplório, descansa na certeza da confiança. Eles não precisam de muito para sentirem felizes, pois não são exigentes com carinho, eles aceitam de qualquer maneira, pois para eles demonstrar carícia é tão natural.

Professora que tem a oportunidade de ter bebês perceba sua importância, para eles você é única e seja de vez em quando mesmo que na correria do dia a dia, exclusiva! Dê importância ao choro, valorize o colo, respeite uma “caidinha no ombro”, quantas vezes gostaríamos de ser abraçados durante um dia cansativo e tumultuando, em que às vezes parecemos invisíveis?

 Tenham prazer em dizer que é professora de bebês, você faz a diferença na vida deles, além de oportunizar momentos de descobertas para seus pequenos e a construção de sua identidade e autonomia, você se torna mais humana com a sensibilidade que só de estar com eles aflora.

Não aceite o papel de cuidadora, você é portadora de afeto e mediadora de vivencias significativas tanto na vida de seus pequenos quanto na sua, quando consegue perceber o quanto pode aprender com seus bebês.  Dê colo e sinta se acolhida, responda com sorrisos aos olhares de alegria, abrace e acalente nos momentos de tristeza, seja a voz e dê a chance deles terem a própria, segure na mão durante a caminhada, viva as intensidades das descobertas, sinta com a dor alheia e a insegurança de seus pequenos, e assim professora, você também se desenvolve tornando-te cada dia mais humana!

Orgulhe-se em ser o apoio ao segurar uma mamadeira ou uma colher, deseje o desenvolvimento da linguagem oral de seus pequenos como uma libertação e uma conquista, traga confiança a uma mãe que aflita deixa seu bebê em outras mãos, encoraje aos desenvolvimentos motores e diga o quanto torceu para estes primeiros passos, descubra a beleza do contato com a natureza, promova a descoberta de aprender com uma caixa de papelão, oportunize aos bebês a conhecer seu próprio corpo e a tocar o próximo, a dividir uma fruta como quem divide um sorriso, a ouvir uma música e vibrar por isso, estimule, amplie, fortaleça, incentive, planeje... Nossa professora! você tem tantos afazeres que é inadmissível pensar que você apenas cuida dos bebês! Parabéns pela coragem...