Classificação Supervisionada de Imagens de Satélite para Obtenção do Mapa...
Publicado em 03 de outubro de 2012 por FRANKLIN FERREIRA VIANA
Classificação Supervisionada de Imagens de Satélite para Obtenção do Mapa de Uso e Cobertura da Microbacia do Rio Aracatiaçu - CE.
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho apresenta métodos e técnicas para elaboração do mapa temático de uso e cobertura da microbacia do rio Aracatiçu, bem como seus resultados. O tipo de uso e/ou cobertura de uma determinada área é um dos fatores utilizados para o cálculo da equação universal de perdas do solo, que, associados aos demais fatores, possibilita uma análise integrada do potencial de erosão. O trabalho tem como objetivo produzir informações relativas ao USO - que se caracteriza pelas intervenções antrópicas no meio natural, e à COBERTURA que se refere às atribuições físicas naturais da superfície. Para a obtenção do mapa de uso e cobertura foram utilizadas técnicas de Processamento Digital de Imagem (PDI) envolvendo realce, elaboração de mosaicos e classificação supervisionada das imagens. As classes de uso e cobertura selecionadas foram baseadas em Monteiro Filho (2006).
A área de estudo segundo localiza-se na Região Noroeste do Estado do Ceará, sendo delimitada pelas coordenadas de latitudes 2˚55’00’’S e 4˚15’00’’S e pelas longitudes 39˚30’00’’W e 40˚15’00’’W. Possui uma área de 3.000 km2 e engloba parte dos municípios de Irauçuba, Miraíma, Amontada e Sobral. As principais vias de acesso a partir da capital do Estado são as rodovias BR 222, BR 402 e CE 176. O rio Aracatiaçu, principal curso de água desta microbacia, percorre cerca de80 km desde a nascente, localizada na Serra Verde no município de Irauçuba, até desaguar no Oceano Atlântico no município de Amontada.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Os materiais utilizados neste trabalho incluíram Imagens de Satélite de média resolução espacial (30 m) obtidas pelo Sensor ETM+ do satélite Landsat 7, (cenas 218/062, 218/063, 217/062 e 217/063). O software utilizado para o tratamento das imagens, e demais procedimentos, foi o ER-Mapper 6.4. Os procedimentos executados foram a seleção das imagens e elaboração de datasets, o realce das imagens e a elaboração de composições coloridas, e a classificação supervisionada.
A classificação supervisionada é a associação de classes temáticas aos diferentes conjuntos de repostas espectrais contidos na imagem, baseada no conhecimento prévio dos alvos e em parâmetros como tonalidade, textura, forma e tamanho. O procedimento de classificação inicia-se com a coleta de amostras dos diferentes alvos, seguida pela análise da qualidade das amostras utilizando ferramentas estatísticas e finalmente a classificação.
A coleta de amostras foi feita desenhando-se, sobre a composição de imagens, áreas retangulares representativas das diferentes classes. A avaliação da qualidade das amostras foi feita pela análise dos diagramas de dispersão e das matrizes de confusão, que dão informações sobre a possibilidade de separação eficiente dos alvos. Quando as amostras não apresentavam qualidade satisfatória, foram editadas, eliminadas ou ainda novas amostras foram coletadas.
O procedimento de classificação, propriamente dito, foi feito utilizando o classificador por pixel MAXVER. Este classificador enquadra o pixel na classe com a qual mais se assemelha. Em seguida, foram definidas as cores para associação com cada uma das classes temáticas de uso e cobertura.
RESULTADOS E DISCUSSÕES:
O primeiro resultado obtido durante o procedimento de classificação foi um conjunto de áreas de treinamento (amostras) representativas das classes de uso e cobertura. O segundo conjunto de resultados diz respeito às matrizes de confusão e aos gráficos de dispersão que permitiram a avaliação da qualidade das amostras. As “confusões” encontradas devido à superposição de valores para algumas respostas espectrais das classes poderiam gerar erros durante a classificação, contudo, este problema pode ser solucionado parcialmente através da analise dos diferentes pares de bandas e seleção das mesmas para realização da classificação (CUNHA & NOGUEIRA, 2005). É preciso ressaltar que as estatísticas das amostras são de fundamental importância para analisar a interferência entre as classes, ou seja, o quanto uma amostra pode representar uma classe diferente da qual foi selecionada para representar.
Foi possível observar “confusão” entre as classes URBANO e SOLO, cujas respostas espectrais foram semelhantes. Outra “confusão” observada deu-se no caso das classes MATA CILIAR/SERRANA e AGRICULTURA. A partir destes dados foi possível coletar mais cautelosamente as amostras para as respectivas classes, reduzindo-se a probabilidade de ocorrência. As demais classes - Caatinga Densa e Aberta, Água, Nuvens, Sombras e Sedimento de Praia, não apresentaram “confusão” que justificasse a análise mais cuidadosa.
Como resultado final dos procedimentos de classificação gerou-se o mapa temático de uso e cobertura no qual foram individualizadas as seguintes classes: caatinga densa e aberta, distribuídas por quase toda a área; agricultura; mata ciliar/serrana; solo e urbano.
O mapa define bem a maioria das características da área de estudo, dentre elas podemos destacar a relação das zonas urbanas nas proximidades aos corpos d’água e áreas úmidas. As áreas de agricultura encontram-se mais concentradas nas proximidades do litoral, mas. A microbacia em quase toda sua extensão apresenta sinais de agricultura, mas sua concentração é mais observada no médio e baixo curso do rio.
CONCLUSÃO:
A realização deste trabalho possibilitou verificar a eficácia da metodologia, software e dos materiais utilizados para o mapeamento de uso e cobertura do solo, como já destacado por Cunha e Nogueira (2005). Foi possível também verificar limitações como as possíveis “confusões” entre classes.
Conclui-se que, dada à necessidade de se incorporar os dados relativos ao uso e cobertura às análises de processos erosivos, esta metodologia para mapeamento se apresenta como uma forma rápida e viável, desde que respeitadas as devidas avaliações em campo tanto para a geração das áreas de treinamento, quanto para checagem dos resultados.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:
CUNHA, F.S.S. da & NOGUEIRA, J.F. Atualização Cartográfica e Mapeamento de Uso e Ocupação do Solo da Folha Sobral (SA.24.X-D-IV) com Base no Processamento Digital de Imagens Landsat 7 ETM+. Essentia, Sobral, v.7. p.75-94, 2005.
MONTEIRO FILHO, Celso José. Manual de Uso da Terra. 2˚ Ed. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 2006.