Ciganos e malandros e As linhas auxiliares e transitórias na Umbanda.

Ao dissertarmos e debruçarmos sobre linhas auxiliares na Umbanda, temos nosso raciocínio, reflexão e inspiração voltadas para as encantadoras e alegres linhas de ciganos e malandros dentro do ritual de Umbanda, a nossa amada Religião que abre suas portas através do amor à todo espírito benfazejo e de boa vontade que queira servir Deus servindo seus semelhantes através das virtudes que nos distinguem e nos qualificam como seres humanos e humanizadores.

Tanto as linhas dos ciganos quanto a linha dos malandros, são egrégoras de espíritos que estão voltadas ao auxílio da humanidade com seus conhecimentos particulares e conhecimentos milenares nos campos da magia e no campo do conhecimento profundo da natureza humana.

O que são linhas auxiliares? Explicaremos!

Sabemos que toda manifestação a nível espiritual dentro da Umbanda, são realizadas por espíritos humanos que se consagraram como manifestadores humanos e espirituais dos sagrados orixás seus regentes nas suas linhas de trabalhos.

Na Umbanda os graus simbólicos preto-velho, caboclo, boiadeiro, baiano, marinheiro, Exu e Pomba-gira, são graus simbólicos que representa uma patente espiritual, tal como uma patente militar (soldado, cabo , sargento, comandante, etc,) dentro desses graus-patentes temos suas especificações tal como: (boina verde, boina preta, etc,) temos também o campo de atuação tal como: (marinha - atua e exerce sua função no  mar, aeronáutica - atua e exerce sua função no ar e outro na terra e assim sucessivamente).

Ou seja, todos eles vinculados a uma instituição no qual eles representam legitimamente e falam em nome dela, pois são seus manifestantes, onde há um agente do exército, ali está o exército e seu porta voz.

Com a Umbanda não é diferente, pois um espírito ao se vincular e assumir um grau dentro da instituição religiosa de Umbanda, ali ele se torna um manifestador natural desse grau e da divindade regente desse grau, exemplo : espírito agregado a instituição religiosa de Umbanda sobre o grau Caboclo, vinculado ao mistério Beira-Mar que se torna um manifestador natural das qualidades, atributos e atribuição desse mistério, pois se torna o manifestador humano e espiritual do grau excelso beira mar que a nível Orixá intermediário está ligado ao sagrado Pai Ogum Beira-Mar o comandante dessa linha e intermediário dos mistérios maior do regente supremo Ogum, para os campos da mãe Orixá Iemanjá e o Pai Orixá Obaluaiê.

Entendam que um espírito quando vinculado a uma instituição religiosa e agregado em seu graus-patentes, ele está sujeito aos ditames, dogmas e liturgia desse grau assumido perante a instituição Religiosa que o acolheu que aqui no caso é a Umbanda.

Então entendemos que linhas auxiliares são como agentes comunitários de uma sociedade ou bairro, que não são policiais e não estão vinculados aos dogmas e leis internas que um soldado da polícia está sujeito, porém auxiliam ligando no 190 e comunicando possíveis crimes e delitos, denunciando tráficos de drogas e tudo que atenta contra a sociedade e sua comunidade em específico. Reparem que um agente não é um policial, porém auxilia com sua boa vontade o trabalho de um policial que está vinculado a uma instituição militar.

Assim são a linha de ciganos e malandros que também são espíritos luminosos, benfazejos e de boa vontade tão quanto os guias espirituais de Umbanda, tal como Caboclo, Preto-Velho, etc… tão evoluídos quanto os espíritos vinculados aos graus de Umbanda tal como caboclo, boiadeiro, marinheiro, etc, porém que auxiliam como agentes espirituais junto a esses  graus simbólicos dentro da Umbanda, Caboclo, baiano, etc… e auxiliam nos seus trabalhos e nos seus campos de atuações na natureza tal como a beira mar, matas, etc.

Entendam o arquétipo libertador no qual está implícito a  liberdade de ação e movimentação, tanto na linha dos ciganos que tem na sua filosofia de vida o ditado que a sua pátria “" A Terra é meu lar, o céu é meu teto e a liberdade é minha religião."
Bem como na linha dos malandros que simbolicamente traz o arquétipo daquele que tem um jogo de cintura para passar pelas dificuldades da vida, simbolizando aquele que vive e trabalha tendo no seu sustento vindo do biscate, e biscate aqui significa emprego esporádicos sem registro, um bico aqui outro ali, um rolinho aqui e outro ali e assim vai se tocando a vida, um dia comendo ovo e outro dia Filét mingnon, um dia tomando uísque e outro dia pinga.

Entendam que por trás desse arquétipo simbólico eles estão lhe dizendo: somos agentes comunitários da espiritualidade, por isso não somos regidos pela liturgia, regras  ou dogmas dos graus que se manifestam na Umbanda, temos a nossa própria sociedade e egrégora no qual auxiliamos como linhas auxiliares ou como no exemplo aqui descrito por nós como agente comunitário que ajuda a polícia sem ser polícia, que auxilia a polícia sem os deveres e obrigações de um policial, por isso o arquétipo libertador, pois onde fomos, seja qual Religião ou faixa vibratória espiritual que venhamos a estar, lá somos somentes agentes da espiritualidade auxiliando os graus fixos que nelas trabalham, por isso temos o nosso modo próprio de nos vestirmos e falarmos, e os sábios guias de lei de Umbanda nos entendem e até abrem um dia no ano ou de mês em mês para que venhamos trabalhar em suas casas espirituais ou terreiros sem exigirem que alteremos nossa natureza e vestimenta ou forma de trabalhar, justamente porque não somos espíritos agregados ao grau de Umbanda, mas sim egrégoras auxiliares ou como bem exemplificados, agentes comunitários.

 

A polícia ou a instituição militar não exige que seus agentes comunitários façam a barba ou ilustre suas botas ou tenha qualquer comportamento condizente com aqueles que estão agregados às suas ordens militares, porém necessitam dos agentes comunitários para que tornem seus trabalhos enquanto instituição melhores e mais eficazes. Por isso disponibiliza um telefone Disque denúncia (meio mediúnico de incorporação) ou um canal de comunicação para auxiliar a polícia.

Sendo assim passamos a entender que os espíritos que se manifestam como ciganos ou malandros não seguem uma liturgia no qual os graus caboclos e todos os outros graus de manifestações corriqueiras na Umbanda seguem, tal como o agente comunitário também não é regido pelas normas internas de um policial em exercício, entendemos o motivo deles terem suas próprias individualidades e formas de culto, pois nessa lógica os entendemos como linha auxiliares de Umbanda e não graus fixos dentro da Umbanda.

Sendo assim que sejam sempre bem vindos esses amados espíritos agentes comunitários da espiritualidade e egregoras espirituais auxiliares das linhas de Umbanda, que não são vinculados a uma religião (a) ou (b) mas servem Deus como um Todo, e onde a bondade divina se manifestar lá está a auxiliar e servir Deus um agente espiritual ciganos ou malandros, pois um agente comunitário não é o policial mas ajuda a polícia, e a linha de ciganos ou de malandros não é de um espírito vinculados aos graus e liturgia de Umbanda mas ajuda e muito a Umbanda, muito mais que possamos imaginar.

A vantagem de ser um agente comunitário é que não só auxiliamos a sociedade ou a comunidade avisando a polícia, mas também ajudamos a comunidade levando alimentos aos menos favorecidos, dando banho e alimentando aos mais necessitados, se organizando para ajudar no nascimento de uma criança no qual os pais não tem condições de arcar com os valores hospitalares, auxiliamos quando alguém morre e a família não tem condições de enterrá-la e aí fazemos uma vaquinha e enterramos com dignidade aquele irmão que viveu junto de nós e trazendo a tranquilidade à família em ver um seu ente querido sendo entregue a Deus com a mesma dignidade em que venho ao mundo, etc. Ou seja, temos liberdade de ação… entendem agora o arquétipo do cigano, pois só o agente ou auxiliar tem a liberdade de ajudar aonde for chamado, pois não está vinculado à uma única instituição e sim exerce a bondade onde é convidado e se faz necessário, sendo assim entenda que todos nós temos um espírito protetor e auxiliar cigano e um malandro, que representa e agrega todos os espíritos que decidiram servir Deus sem uma cátedra religiosa a se vincular, por isso se autodenominam como espíritos livres, pois um agente é isso: um servidor de Deus que O serve onde for solicitado ou no caminho daquele que necessita da ajuda do Pai Maior, saiba que todos temos um espírito amparador e representante de Deus como seus agentes livres para fazer o bem sem alterar sua natureza e sem se vincular há uma instituição religiosa de forma definitiva. Sendo assim muitos desses espíritos são passivos em nossa incorporação porém são muito ativo em nosso dia-a-dia e estão nos assistindo quase que diuturnamente, pois a exemplo ao necessitar de um médico ou polícial temos que ligar e correr para o hospital e quase sempre não somos atendidos prontamente devido a uma grande quantidade de pessoas que um policial ou um médico atende, porém um agente por estar mais próximo de nós, com determinados procedimento auxiliares pode salvar vidas até que os especialistas médico ou policial cheguem e assuma seus procedimentos aos quais estão devidamente instituídos. Por isso um agente é vital pois sempre estão mais próximos de nós, pois um “agente do bem” todos podemos ser, já um médico nem todos podem ser, porém um médico antes de ser médico foi um agente. Os agentes de Deus são a bondade infinita do Pai que se manifestam sem rótulos ou títulos e muitas vezes são marginalizados pela sociedade material e até a espiritual, por isso que só a Umbanda enquanto Religião espiritualista com prática de incorporação é umas das poucas ou únicas que lhes facultam uma oportunidade de trabalho. Portanto é por isso que Sêo Zé ou outro espírito que se manifesta sobre o arquétipo e a personalidade do malandro não é Exu e nem baiano e sim um agente auxiliar disposto a ajudar onde lhe abrir uma oportunidade espiritual, por isso o amado Pai e Mestre  Zé pelintra não é  Exu e nem baiano, porém se manifesta nas duas linhas sem deixar de ser o que é e sempre será: “um agente de Deus e um auxiliar da espiritualidade, servindo Deus através do auxílio do seu semelhante”

E por isso mesmo que o doutor José pelintra, é doutor sem ser médico, pois ele não está vinculado há uma cátedra universitária, porém tem a liberdade como todo agente os tem, então o seu Zé é doutor quando cura um mal do corpo, é doutor quando cura um mal da alma, é doutor quando cura uma dor de amor, seu Zé é o Zé dos pobres quando ajuda a alimentar aquele que tem fome, é Zé da morte, quando ajuda enterrar com dignidade aquele quase indigente encarnado cuja a família não é abastada, é o Zé da vida quando ajuda a levantar fundos para custear o nascimento de uma criança ou seu direito a vida, é Zé do lar quando auxilia e mobiliza toda uma sociedade a ajudar a custear o direito à moradia daquele que não tem condições, etc... é por isso que se cantar para seu Zé na igreja ele vem para fazer o bem, na encruzilhada ele vem, na mesa kardecista ele vem, ele vem onde lhe chamar para fazer o bem. No cabaré ou na igreja ele vem nos ajudar.

Lembre-se que foi preciso fundar uma Religião chamada de Umbanda, porque índios com suas egrégoras de espíritos não podiam dar uma palavra de fé, carinho e esclarecimento, lembrem-se que pelos mesmos motivos os negros escravos e africanos também foram banidos das escolas e “casas espíritas de caridade” e lembre-se que, no fundo tanto um policial quanto um agente comunitário são antes de tudo seres humanos dispostos a fazerem o bem.

Encerramos essa reflexão em forma de texto dizendo um lema de nossos amados agentes do amor pois onde lhe permitem, se manifestam e auxiliam a aumentar mais esse sentimento ímpar que nos une e nos distinguem como filhos do Pai de todos os Pais, “ O céu é meu teto; a terra é minha pátria e a liberdade é minha religião” um agente comunitário espiritual ou um cigano é isso : um espírito excelso que traz em seu íntimo um arquétipo daquele que se permite em acreditar e servir Deus através do amor alcançando tanto a religião e aqueles que se conduzem regidos por Ela, quanto aquele que crê em Deus, porém não se conduzem através de uma religião ou manifesta sua fé através de uma égide Religiosa.

Encerro este texto e agora prometo que vou encerrar (kkk), com a frase da linha dos malandros:

“Malandro é como Deus, está em todo lugar, amando canta a vida e ensina sem julgar, pois quem​ julga se torna juiz de um rei que só é amar, e que rei é esse? É nosso pai Oxalá e que também pode ser Jesus, ou pode ser o nome naquele que sua fé depositar.

 

Axé meus irmãos…

Optcha, arriba ciganos!

Salve a malandragem!