Se você vive em grandes centros urbanos como São Paulo, certamente vai se identificar com esse tema, dada sua enorme pertinência com nossa sociedade urbana contemporânea. Estou me baseando em um livro da jornalista americana Jane Jacobs: “The dead and life of great American Cities”, que traduzido seria algo como “Morte e Vida das grandes cidades Americanas”.

O Livro foi publicado em 1961, no auge do modernismo brasileiro e a visão de Jacobs é contrária à muitos conceitos pregados pelos modernistas, dentre eles, Le Corbusier e o brasileiro Oscar Niemeyer, arquiteto que projetou Brasília, seguindo a cartilha do modernismo.

Jacobs é uma apaixonada pela vida urbana e sua diversidade, afirma que calçadas e ruas interessantes tornam a cidade interessante, calçadas e ruas monótonas tornam a cidade monótona e ela ainda afirma: “O balé da boa calçada urbana nunca se repete em outro lugar, e em qualquer lugar está sempre repleto de novas improvisações”.

Galpões e demais edificações antigas, outrora abandonadas e, por muitas vezes degradados, podem ser restaurados, tendo seu uso alterado. Existem diversas experiências de sucesso, sobretudo em áreas portuárias, que, após restauro, passaram a abrigar casas noturnas, pubs, bares, áreas comuns de vivência, mudando drasticamente a relação da área com seu entorno, trazendo movimento, dinâmica e vida para a área.

Na cidade contemporânea observa-se um aumento exponencial de condomínios fechados, nos moldes das cidades jardins, experimentadas por alguns modernistas, e criticado por Jane Jacobs. A baixa densidade dessas áreas fechadas diminuem as possibilidades de interação entre as pessoas. Essa interação deve existir dentro do próprio bairro e entre bairros vizinhos, que devem se relacionar, devem estar integrados.

Quando pensamos em uma cidade viva, pensamos em uma cidade onde seus bairros estejam ativos de dia e à noite, ou seja, com pessoas circulando, serviços, comercio, etc...

Pense nessa ideia: Lugares com grande fluxo de pessoas tendem a ser mais seguros. A ideia é que quanto mais olhares uma rua recebe, mais segura ela será.

Caco Araújo.
Arquiteto e Urbanista
Comunicador.