CIBERCULTURA E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL CONTEMPORÂNEO

Adolar Da Silva

RESUMO

Os assuntos aqui verificados trazem as colaborações de Pierre Lévy tratando do assunto da cibercultura, também dos autores Vilmar Urbaneski e Everaldo da Silva tratando da sociologia e as novas tecnologias e das exigências do mercado de trabalho no contexto atual. Dos autores Claudia Lacombe e Marcos Rocha que tratam do ensino jurídico e as novas tecnologias da informação. De forma breve disporei sobre como a sociedade esta lidando com tantas inovações em todas as áreas do conhecimento. As modificações no âmbito das profissões devido à robótica e a empregabilidade dos colaboradores em diversas funções e em especial na área dos operadores do direito. Operadores do direito em que se esforçam para alcançar tantas novidades e se adequarem em suas respectivas profissões. A inovação da petição eletrônica, as consultas jurisprudenciais e o controle dos processos por meio de consultas a sites especializados do direito.

Palavras-chave: Cibercultura; Sociologia; Tecnologia; Robótica; emprego; Mão de obra especializada; Profissional.

1 INTRODUÇÃO

Tratarei aqui de forma sucinta os assuntos em que envolvem os seguintes temas e suas respectivas considerações, cibercultura, sociologia e as novas tecnologias, exigências do mercado de trabalho no contexto atual, formação do profissional de direito e a empregabilidade na cibercultura.

Estes temas são inesgotáveis à luz das inovações tecnológicas e de como a sociedade em geral está se relacionando com este mundo virtual onde se consegue fazer qualquer tipo de transação comercial on-line. São temas que têm que ter ampla discussão a seu respeito, pois com toda essa era tecnológica ele trás também alguns riscos ao seu uso inadequado. Mas como toda inovação trás benefícios e malefícios, cabe ao leitor deste texto escolher qual é a melhor forma de lidar com o mundo virtual conhecido como ciberespaço.

2 CIBERCULTURA

Segundo (LÉVY;1999,p.17) a cibercultura é “O ciberespaço” que também ele chama de “rede” “é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores”. Vou além, é uma armadilha em que os seres humanos fazem questão de compartilhar em uma rede onde sua privacidade às vezes deixa de existir. Hoje tudo envolve a cibercultura, desde as grandes metrópoles até ao interior dos interiores. Estamos rodeados e amarrados de todos os lados por tecnologias hoje indispensáveis, seja nos estudos, para pagarmos nossas contas, para fazermos compras, para viajarmos, enfim, são tantos cartões eletrônicos, tantas senhas para decorar e tantos aplicativos que não nos damos conta como ela se tornou importante para nós.

As grandes indústrias investindo cada vez mais forte em tecnologias para melhorar a fabricação de seus produtos como as empresas têxteis, as fabricantes de automóveis, de matérias primas de todas as ordens e até as nucleares e as armas de destruição em massa. Temos que levar em conta que a cibercultura não se desenvolve, não sai do papel ou do pensamento sem o ser humano que as cria e aperfeiçoa em prol da humanidade.

Conforme a sociedade evolui precisa ela de novas ferramentas ou ferramentas adequadas para cada tipo de serviço. Tão importante é que não paramos por ai e investiremos mais e mais para que isto aconteça, ou seja, o homem moderno não conseguiria mais viver sem esses aparatos que fazem parte de nossas vidas. Se compararmos com alguns séculos atrás, o homem diante de uma sociedade em que tudo era precário sentiu a necessidade de criar ferramentas que facilitasse sua vida, seja para pesca ou para caça daí nunca mais parou e afirma o autor que:

Aquilo que identificamos, de forma grosseira, como “novas tecnologias” recobre na verdade a atividade multiforme de grupos humanos, um devir coletivo complexo que se cristaliza, sobretudo em volta de objetos materiais, de programas de computador e de dispositivos de comunicação. (LÉVY, 1999, P.23).

Como referido anteriormente é a própria sociedade que está buscando esta evolução passando a concorrer com máquinas e equipamentos. Mas tudo dentro de limites toleráveis de “convivência” entre o ser humano e a cibercultura. Cada qual tem seu papel e lugar em um meio cada vez mais rígido e controlado em que estamos interligados, sociedade e cibercultura. Uma precisa da outra para que o todo venha a atender uma expectativa de um mundo melhor.

2.1 SOCIOLOGIA E AS NOVAS TÉCNOLOGIAS

A princípio vamos fazer uma breve abordagem do que é sociologia e é definida como “o estudo sistemático do comportamento social e dos grupos humanos. Ela focaliza as relações sociais e como essas relações influenciam o comportamento das pessoas e como as sociedades, a soma de tais relações se desenvolve e muda”. (SCHAEFER, 2006, p. 3. Apud URBANESKI e SILVA; 2010.p.12).

A transformação tecnológica com mais ênfase nos países desenvolvidos, mas que também aos poucos vem surgindo em países subdesenvolvidos de uma maneira mais lenta e gradual tem grandes relações com a economia e com a sociedade. A relatividade com a economia tem-se integrada com toda atividade humana de produção e fabricação de matérias-primas onde faz com que haja grandes investimentos nestes setores gerando assim uma rotatividade na economia globalizada. E a sociedade corre desenfreada em busca de novas tecnologias que possam suprir suas necessidades seja em qualquer campo profissional em que atuem.

Tecnologia gera também desconfiança, temos um mundo totalmente novo com incontáveis possibilidades, podemos fazer tudo pela internet. É ai que a desconfiança aumenta principalmente quando usada para fins econômicos, ou seja, quando acessamos nossa conta bancária, fazemos transações de uma conta para outra, pagamentos on-line e corremos sério risco de ver nossa conta esvaziada por hackers. Também quando pessoas gostam de expor sua intimidade em sites de encontros, faceboock, Orkut e tantos outros. Na verdade podemos saber tudo da vida alheia através destes sites de relacionamentos. Por isso, assim como temos acesso irrestrito, pessoas que querem tirar proveito de tudo e de todos também tem, onde deve haver um uso moderado e consciente do que expomos de nossa vida particular. Nesse sentido afirmam os autores que:

Existe uma grande preocupação sob o ponto de vista social e sobre os perigos que enfrenta a nova sociedade, especialmente desde o aumento crescente da sociedade da vigilância. Milhões de dispositivos eletrônicos em todo o mundo vigiam as pessoas. [...] a facilidade de acesso à imensa quantidade de informação disponível (em meios de comunicação, seja imprensa, rádio, televisão, internet). (URBANESKI; SILVA. 2010. p.196).

2.2 EXIGÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO NO CONTEXTO ATUAL

As máquinas atuais operam com sistemas e esses sistemas por sua vês tem que ser operado, onde resta ao trabalhador se adequar a máquina e não o inverso. Exige-se grande esforço intelectual dos empregados que trabalham sob pressão do relógio, de produção em grande escala e de prazos de entrega. Um aspecto positivo poderia se dizer que é a volta dos operários as salas de aula, estão tendo que se adequarem as novas formas de produção, interpretação do manual de operação das máquinas e também cálculos rápidos.

O homem é motivado por dinheiro e não se preocupa com seu bem estar e de sua família onde por raros períodos se encontra em casa. O que realmente almeja é a ascensão na empresa e faz de tudo para conseguir seu espaço dentro da mesma. Segundo os autores são os que “veste a camisa da empresa, não tem hora para si mesmo e nem para as pessoas ao seu redor, adoece ou morre, pois nada mais se faz a não ser brigar pelo poder ilusório de seu papel”. (URBANESKI; SILVA. 2010. p.131).

Em algumas áreas já diminuiu bastante a mão de obra humana, como é o caso da agricultura em que usam colheitadeiras de algodão, soja, milho e até da cana de açúcar. Diante disto muitos trabalhadores estão perdendo mercado e tem que se adequarem à nova realidade do mercado se quiser continuar trabalhando. Também estas máquinas pelo menos por enquanto tem que ser operadas por pessoas. Pessoas estas capacitadas e adequadas com cada tipo de máquina.

“Neste sentido, (KURZ,1993, p.11, Apud; URBANESKI E SILVA. p.139) diz que:

A concorrência no mercado mundial torna obrigatório o novo padrão de produtividade, configurado pela combinação da ciência, tecnologia avançada e grandes investimentos. Tanto o mercado como o padrão, na sua forma atual, são resultados tardios e consistentes da evolução do sistema capitalista, que chegando a este patamar [...] alcança o seu limite, criando condições novas. Pela primeira vez o aumento da produtividade está significando a dispensa de trabalhadores também em números absolutos, ou seja, o capital começa a perder a faculdade de explorar o trabalho.

2.3 FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE DIREITO E EMPREGABILIDADE NA CIBERCULTURA

As novas tecnologias do mercado esta afetando diretamente o operador do direito, pois este mais do que ninguém tem que estar por dentro das inovações tecnológicas por se tratar de um defensor dos direitos alheios. Nas palavras dos autores (LACOMBI E ROCHA, 2010; p.74), dizem que: “sabendo-se que a sociedade é regulada pelo direito (ubi societas, íbi jus) pressupõe-se que as regras jurídicas têm a sociedade como referência [...]. As transformações oriundas da informatização da sociedade têm induzido à criação de novas normas jurídicas”.

Hoje, porém temos como ponto principal os documentos digitais como a petição eletrônica, os direitos autorais, as consultas de jurisprudências do STJ, TJSC, STF e tantos outros assim como também as consultas a processos e seu andamento. Tudo pode ser consultado em qualquer local em que se tenha acesso à rede de informações. Por isso o operador do direito deve se manter atualizado com as novas mudanças porque é parte integrante desse contexto.

As universidades por sua vez disponibilizam ao graduando de como proceder para realizar tais consultas e de como aproveitar o tempo com esses recursos que vão desde as universidades até a mais alta CORTE que é o STF. Então as universidades brasileiras na área do direito terão que buscar novas grades curriculares para satisfazerem as necessidades da tecnologia, pois acabou o tempo em que tudo era feito via papel, ganhando assim mais agilidade para os clientes que estão esperando uma resposta do Estado sobre seus direitos. Neste contexto LACOMBI E ROCHA (2010; p. 81), dizem que: “resta aos gestores acadêmicos assumirem o seu protagonismo na responsabilidade para com a formação educacional dos futuros operados/ aplicadores do direito e promoverem a pesquisa e ofertarem as disciplinas pertinentes ao “estado da arte” da relação da informatização da sociedade e o direito”.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como o estudo acima citado a cibercultura esta cada vez mais presente em nossa vida. Poderia dizer até que a sociedade através da passagem do tempo está se adequando aos novos parâmetros da tecnologia. Também lembrando que a cibercultura é nossa, porque fomos nós que a criamos e administramos. São ferramentas contributivas para nossa própria evolução. A sociologia esta dentro desse contexto em que busca uma aproximação entre o ser humano e as novidades do mercado global. Estuda o comportamento humano e a adequação a essa nova era.

Quanto a essa nova era, em todos os setores profissionais, escolares e empresariais, o ser humano terá que se adequar com as novidades do mercado, se não quiser ficar para trás. Poderia dizer que hoje as indústrias estão se inovando e isto vale também a qualificação profissional. Não basta você ter trabalhado em uma determinada área se nunca teve contato com as máquinas mais modernas do mercado. Isto também se qualifica para o nível de estudo do trabalhador, pois deve saber ler e interpretar o que os manuais das máquinas exigem. Muitas vezes esses manuais vêm em idiomas diversos e terá que ter alguém para interpretá-lo.

Quanto ao operador do direito, restou se adequar a tantas novidades em seu meio profissional e também da coletividade. Como sabemos o direito sempre corre atrás dos acontecimentos e tenta desta forma adequar as normas para defesa dos cidadãos. Desta forma as instituições de ensino terão que preparar esses operadores do direito a situação real e atual de todo o contexto normativo. São novos tempos e também terão que ser novas formas de ensino, apresentando coisas passadas, mas principalmente coisas vindouras. Vou além o operador do direito na verdade deveria se antecipar diante de fatos e a legislação se adequar antes que surja um mal a sociedade. Infelizmente não é o que acontece, primeiro a sociedade é lesada depois vem à norma tentando reparar.

REFERÊNCIAS

LACOMBI, Claudia; ROCHA, Marcos. O Ensino jurídico e alguns aspectos do impacto das novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Revista Legis Augustus. (Revista Jurídica). Vol.3, n.1, págs. 71-82, Setembro de 2010. ISSN: 1516 – 9367.

Disponível em: http://www.unisuam.edu.br/legis_augustus/pdf/ed1/Artigo_7.pdf. Acesso em: 07 abr.2013

LÉVY, Pierre. Cibercultura: Tradução. Carlos Irineu da Costa. Ed. 34. 1999. Págs. 251. São Paulo- SP. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/11036046/Cibercultura-Pierre-Levy. Acesso em: 07 abr.2013

URBANESKI, Vilmar e Everaldo da Silva. Socilogia: Ed. Grupo Uniasselvi. 2010. Págs.241. Indaial- SC