Matéria inspirada no Livro Velho novo Jornalismo de Gianni Carta /São Paulo: Codex, 2003.

O capitulo Bom dia às armas do livro Velho novo jornalismo de Gianni Carta, trata sobre a comercialização de armas, de sua venda indiscriminada, do comercio que ela fomenta, além da falta de ética e responsabilidade com a condição humana. Essa situação é expressa inicialmente por meio de uma personagem de uma peça encenada em 1905, e que depois passa a apresentar situações enfrentadas por milhões de pessoas na vida real e que permanece ainda muito atual.

As grandes corporações do mercado bélico, mesmo após as duas grandes guerras mundiais, hoje mais do que nunca "nutrem" o mercado com armas de alto poder de destruição. Este é um mercado potencialmente ativo, excitado pela implantação do medo, do terror, e de possíveis invasões, desavenças entre nações vizinhas e estrangeiras. Sobretudo visam o controle do petróleo e da água.

Contudo, todo esforço feito pelas Nações Unidas para evitar que países do oriente médio, por exemplo, tenham acesso a armas de fogo, não foram suficientes para que os mesmos conseguissem trazer uma soma de mais de US$ 2 bilhões de dólares em aquisição em armamento feita pelo mercado clandestino.

Toda essa movimentação só comprova que as indústrias da guerra e do terror estão cada vez mais ganhando força. Vender armas significa ganhar dinheiro. Por isso o apoio dos governos em manter esse negócio. Os números de intermediadores de armas para esses países só cresce. O negociante de armas trata seu produto como commodity, ou seja, como um produto primário que pode ser comercializado assim como o minério de ferro o arroz o milho. É o que afirma o inglês Barry Howson " vender armas é o mesmo que vender qualquer commodity".

"O mercado de armas é baseado na insensatez humana, não nos preceitos morais do mercado. A insensatez humana tem altos e baixos, mas sempre existirá".

A citação acima é do Sam Cumming diretor de uma das maiores empresa de armamentos do mundo. Ou seja, enquanto houver o consumo, a procura e o desejo, o terror e o medo, este mercado da máfia internacional e do trafego, estarão prontos a fornecer seus produtos. Seja da forma legal ou não.

Outros motivos para que esta indústria não tenha fim, são as pessoas e instituições envolvidas, são eles Políticos do mais alto escalão internacional, empresários das grandes corporações industriais, Representantes de países (presidentes, ministros, príncipes...), movimentos religiosos... A lista é grande. Grande como os interesses econômicos que há por traz de todos eles.

Klashoggi o maior negociador de armas do mundo, fala como se sua mercadoria pudesse ser comparada a uma negociação feita entre um produtor de feijão e um supermercadista. No livro ele diz: Suponhamos que um governo compre armas dos Estados Unidos e, no processo, uma agência ajude para que a coisa dê certo. Pois é, nós somos essa agencia. Conclui.

Diante dessas declarações fica a seguinte interrogação: a ética e o respeito com a dignidade humana ficam para segundo plano ou não existem? Afinal, não se trata apenas de negócios, mas de vidas. E na maioria dos casos de vidas inocentes.

É possível perceber a estreita ligação entre os compradores e negociantes de armas. Howson Por exemplo era segundo o autor chamado de Brother por Muamar Kadhaffi, um dois maiores ditadores dos últimos tempos, governa a Líbia a mais de 40 anos com ?mãos de ferro?. E hoje (2011) enfrenta uma das maiores revoltas populares do oriente médio.

Os países do Oriente Médio e países do Golfo Pérsico são os maiores compradores e patrocinadores deste mercado lucrativo principalmente para os fornecedores da Inglaterra, França e Itália.

Concluo que estas práticas de Guerra e Terrorismo motivam a propagação de dor, sofrimento, morte. Quem paga por isso são aquelas pessoas que vivem nas regiões mais pobres do mundo. Milhares de pessoas morrem todos os dias nestes países. São civis indefesos que caem, que ficam no "meio do fogo cruzado" , nas mãos de criminosos e pessoas que cometem abusos contra os direitos humanos destroem comunidades e meios de vida. Infelizmente estamos podendo acompanhar que para essas populações a situação não é só de vida ou morte, mas de respeito e dignidade humana, para milhões de famílias pobres. São pessoas que vivem em um regime perverso, não possuem direitos, só deveres.

Mas estas práticas não se restringem aos países do Oriente Médio e do Golfo Pérsico, aqui na América Latina a comercialização e o trafego de drogas e armamento também é bastante intenso. No capítulo denominado Do Pó ao Pó, Países como a Colômbia com seu grupo guerrilheiro FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) se mantém no poder por terem o controle das plantações de maconha, cocaína e mais recentemente a papoula trazida da Ásia. E, especialmente por ser um dos maiores exportadores dessas drogas para os países europeus (E. Unidos, Inglaterra, França...). A população da Colômbia também vive sobre um regime não menos perverso. Há repressão física, moral, desigualdades sociais, econômicas...

Há exemplo do que aconteceu na Alemanha com a queda do muro de Berlim, outros países também podem e devem se mobilizar para modificar esta realidade prisioneira e cruel. O gozo pela "liberdade" deve ser um direito de todo indivíduo. Independente do país em que ele viva, da cultura ou da religião. Mas o que vemos todos os dias nos noticiários e nas manchetes dos jornais são imagens que ferem esse direito. Que nos envergonham e que nos deixam impotentes.

Mas muitas ações, porém já estão sendo feitas, mesmo de modo isolado, já representa um passo para uma oposição e revolução maior. A líbia, a Síria e o Egito dão exemplos. São provas de que a mobilização da sociedade civil tem força. Estamos acompanhando nos noticiários. Hoje estes países não estão mais isolados, pois com a globalização e o advento das redes sociais o mundo todo tem podido acompanhar com mais precisão o que de fato acontece nesses países. A revolta popular, ganha força e apoio da população mundial e em especial a pressão que os meios de comunicações fazem sobre estes governos é muito grande. Vivemos em um mundo globalizado. E de um modo ou de outro, as pessoas sentem-se sensibilizadas e motivadas a ajudar, a derrubar ditadores, a criar uma nova consciência de classes.

Esses países já visualizam uma nova era de abertura para novas reformas socioeconômicas e quebras de paradigmas. Também algumas ações têm sido pensadas para inibir a ação dos traficantes e atravessadores a desmanchar essa rede de mafiosos inescrupulosos, desumanos que se realizam ao patrocinar destruição e carnificina.

Por: Marilia Barbosa - Estudante de Jornalismo/Pa