Che Guevara, herói ou vilão?
Publicado em 19 de julho de 2010 por ANTONIO PADILHA DE CARVALHO
Che Guevara, herói ou vilão?
Antônio Padilha de Carvalho
Filho de pais descendentes de nobres europeus, mas sem muito dinheiro, apenas nome, o menino Ernesto Guevara era muito doente, sofria de asma, ficando a maior parte do tempo numa cama, onde aprendeu a ler e escrever com a mãe.
Os seus amigos eram todos almofadinhas e vestiam bem, enquanto o jovem Ernesto ficou conhecido pelo apelido de Chancho, que na língua pátria do mesmo significava "porco", vez que não gostava de tomar banho e vestia muito mal. No carnaval fantasiava-se de Gandhi.
Mesmo sendo atacado por constantes crises de asma, acabou perdendo a virgindade com menos de 15 anos, com uma empregada negra que prestava serviços para um amigo, sendo observado por todos eles, que puderam ver pelo buraco da fechadura a interrupção do coito por algumas vezes para alívio da tosse asmática, vindo tal fato ser objeto de muita gozação.
Durante o curso de medicina em Buenos Aires, nunca participou de nenhum ato político. Ernesto recusava-se a participar de tais eventos. Nessa época, a Argentina vivia momentos de intensa insegurança, posto que sistematicamente, aconteciam golpes militares.
O jornalista americano Jon Lee Anderson, que escreveu uma das várias biografias suas existentes, afirma que "apesar da curiosidade pelo socialismo, ele até então não demonstrava qualquer inclinação por se filiar à esquerda." O que na verdade chamava a atenção do jovem estudante eram duas coisas: os livros e as viagens. Apreciava as filosofias grega e indiana. Lia Freud, Aldous Huxley e tantos outros.
Ernesto levava uma vida como de qualquer jovem de sua idade enquanto vivia na comodidade da capital de seu país. Isso começou a mudar a partir do momento em que saiu de motocicleta pelo mundo (América do Sul) com um colega de nome Alberto Granado. Passou por várias experiências, vindo a conhecer as reais dificuldades pelas quais passavam o povo peruano. Deparou com muito sofrimento, doenças, pobreza, descaso. Conviveu e trabalhou como médico em uma colônia de leprosos no Peru. Nesse período estava lendo Karl Marx, a polonesa Rosa de Luxemburgo e trabalhos do filósofo socialista peruano José Mariátegui.
Resolveu viver na Guatemala, onde o presidente Jacobo Arbenz iniciava uma reforma agrária, época em que conheceu a jovem peruana Hilda Gadea, líder exilada, que acabou por apresenta-lo a Nico Lopez e outros exilados Cubanos. Buscou o México, santuário dos exilados políticos da América Latina. Lá conheceu Fidel Castro, travou amizade e selou seu futuro rumo à glória e morte.
A paixão de Fidel Castro por Cuba e as idéias revolucionárias de Guevara se uniram, atraindo novos simpatizantes para a tomada de poder, sendo certo que apenas a alta burguesia cubana continuava apoiando o ditador Batista, que em maio de 1957 teve a sua primeira derrota, fazendo germinar o mito Che Guevara.
Centenas de pessoas foram fuziladas nos 6 meses em que Che ficou encarregado das execuções de presos políticos. Alguns consideram que ele perdoou o quanto pôde.
Foi nomeado presidente do banco nacional de Cuba. Certa feita teria dito a Fidel: "Não nasci para ser ministro nem avô", queria continuar fazendo revolução em outros países.
Esteve na África em 1965 para irradiar a guerrilha, sem bons resultados, todavia seu sonho era revolucionar a Argentina, acabou por ir para a Bolívia onde foi morto em 9 de outubro de 67, sendo este o diálogo que manteve com seu executor o tenente boliviano Mário Terán: "Fique calmo e aponte bem! Você vai matar um homem". Morreu Ernesto Guevara e nasceu o mito Che.
Antônio Padilha de Carvalho, advogado militante; pós graduado nas áreas do Direito do Estado; Educação e Filosofia; Acadêmico de Geografia da UFMT.