Chatuba , uma Comunidade Cheia de Possibilidades

Introdução

A vida humana é foco natural para investigação mediante a História oral. Nada melhor para compreendermos a evolução de uma sociedade como ter bons informantes da própria região, anciãos e moradores antigos.

O homem está o tempo todo em busca da felicidade, de dignidade,partilhando, compartilhando seus conhecimentos, criando e recriando meios de sobrevivência e inovando a sociedade. Podemos observar isso lá pelos idos do século VIII a.C nas civilizações gregas – polis - O homem é um ser político, buscando sempre uma interação e inserção na vida de sua cidade.

Há 500 anos, a cidade de Mesquita era habitada por "jacutingas", apelido dado aos índios pelos colonizadores. Acredita-se que o nome possivelmente surgiu porque se enfeitavam com penas de jacu branco (um tipo de ave parecida com a galinha e muito comum na região naquela época). A extinção dos jacutingas começou quando passaram a participar,junto com outras nações indígenas de um movimento chamado Confederação dos Tamoios. O motivo deste movimento foi a revolta dos índios diante da ação violenta dos portugueses, provocando mortes, doenças e escravidão.

Fazendo uma viagem de volta ao tempo constatamos que estas terras já foram verdes-laranjas, verdes dos canaviais, depois a cor que passou a predominar foi a dos laranjais. Em 1854, quando a estrada de ferro chegou às terras, a parada de trem passou a se chamar Barão de Mesquita. Nessa época as fazendas começaram a não dar mais lucros,principalmente por conta da abolição dos escravos, e a fazenda da cachoeira foi vendida e transformada em Chácara de plantio de laranjas. No início do século XX surgiram as olarias, atraídas pela qualidade do barro e por áreas da região.

Por volta de 1940, a população já atingia serca de 9.109 habitantes, mas a decadência na produção de laranjas provocou a venda das chácaras e começaram a surgir os primeiros loteamentos, entre o pé da Serra e a Estrada de Ferro. As olarias deram lugar aos loteamentos e, em 1950 , a população triplicou para 28.835 habitantes. A criação do Município foi em Setembro 1999, no dia 25 e a consulta plebiscitária ocorreu em 1995.

Chatuba é um Bairro localizado no município de Mesquita. Faz divisa com os Bairros de Edson Passos, Santa Terezinha e também com os Municípios de Nilópolis e Rio de Janeiro. Este Bairro ocupa uma área que compreende parte do Morro do Maciço do Gericinó e a planície entre o Morro e o Rio Sarapuí e o campo de treinamento do Gericinó e, o rio da Cachoeira. A parte do morro era conhecida como Bairro Delamare, pois, suas terras foram loteadas pelo antigo Banco Delamare, por isso uma das duas linhas de ônibus que liga o Bairro ao centro de Nova Iguaçu chama-se Delamare x Nova Iguaçu. Sua ocupação habitacional tem origem entre as décadas de 1930 e 1950. O Bairro da Chatuba juntamente com os Bairros de Presidente Juscelino, Edson Passos, Centro de Mesquita e Banco de Areia em 1952, constituíram o recém criado quinto Distrito da cidade de Nova Iguaçu - o Distrito de Mesquita - e em 1990 também compunha o recém criado Município de Mesquita. O Bairro da Chatuba era caminho dos militares do exército brasileiro para treinamentos militares no campo do Gericinó.

As pessoas foram atraídas pela abundância de água que existia no lugar. Grande parte do território era pântano, mesmo assim o território foi ocupado sem muito planejamento, por isso em nossos dias há pontos de favelização na Chatuba, como algumas áreas na margem do Rio Sarapuí. Desde 1947, quando o Município de Nilópolis foi emancipado de Nova Iguaçu ,os nilopolitanos reivindicaram o Bairro da Chatuba para o Município de Nilópolis. Alegaram um erro na divisão do Território, pois foi usado como divisa o Rio Sarapuí ,quando deveria ser usado como divisa o Rio da Cachoeira, fazendo com que se perdesse a Chatuba para o Município de Nova Iguaçu.Chatuba já abrigou uma Fábrica de Pólvora, por isso a linha de ônibus que liga o Bairro ao centro da cidade de Nova Iguaçu, chama-se Fábrica de Pólvora X Nova Iguaçu.

Memória Viva Chatuba! Uma Comunidade Cheia de Possibilidades

Autora do projeto:

Arte Educadora e Historiadora (em curso) e Animadora Cultural Ymara Rodrigues de Almeida

Apoio operacional:

Diretora Sônia Dias de Oliveira, Deise Gonçalves de Lacerda – Diretora Adjunta, Maria Rita costa – Coordenadora Pedagógica e Suzana Menezes – Orientadora Educacional. (CIEP 034 Brizolão Nelson Cavaquinho)

Colaboradores:

Alunos - Comunidade da Chatuba,

Mulheres da Paz[i]

Data para o início: 04 de Abril de 2009

Período para o recolhimento das fontes de 04 de Abril a 15 de Maio de 2009.

Período para o tratamento das fontes: 15 de Maio a 15 de Junho de 2009.

Mostragem do produto final: mostragem continuada, partindo do final do ano de 2009 e anos posteriores.

Como se dará essa mostragem: vídeo , fotos da cidade, entrevistas com os moradores da Comunidade.

A reconceituação de região se torna necessária para

compreendermos a realidade o mais aproximadamente

possível doque ela é e, assim , nos instrumentalizarmos

para ações políticas, visando a sua mudança.

Silveira, Rosa Maria Godoy, 1985, p .41

 



[i]Mulheres da Paz - LEI Nº 11.530, DE 24 DE OUTUBRO DE 2007. Institui o Programa nacional de Segurança Publica com Cidadania.

PRONACI, lançado em Agosto de 2007, marca uma idéia no combate ao crime. O programa articula políticas públicas de segurança com ações sociais, priorizando a prevenção, sem abrir mão de estratégias de controle e repressão.

Objetivo Geral

Conhecer e reconhecer a História da Chatuba, usando a micro-História como fonte de pesquisa e as relações desse período com a História de Mesquita e do Brasil, compreendendo o período de 1854 e 2009. Com objetivos de investigar como se deu o processo do nome do Bairro, avaliando em que tempo foi e se houve um processo democrático na escolha desse nome,entendendo através dessa investigação o sentido do nome atribuído ao Bairro.

Quem foram os envolvidos?

O que acontecia nesse período no Brasil?

Objetivo específico

Que a Comunidade da Chatuba, junte-se a Comunidade escolar CIEP 034 Brizolão Nelson Cavaquinho, em busca de soluções para o Bairro, através das seguintes iniciativas:

_ Feitura de uma horta comunitária nas dependências do CIEP.

_ Criação de grupo teatral da comunidade, um coral representando a Comunidade escolar e a Comunidade da Chatuba.

_ Busca de parcerias: Comunidade e CIEP Nelson Cavaquinho.

_ Mutirões de limpeza no Bairro.

_ Cuidar das ruas e das escolas do Bairro

Justificativa

Por estar próximo do dia da Baixada Fluminense, dia 30 de Abril, data que se refere á inauguração da primeira Estrada de Ferro construída no Brasil, em 1854, que ligava o Porto de Mauá (Estação de guia de Pacobaíba), Magé à região do Fragoso, no pé da Serra de Petrópolis - Lei de nº. 3.822, de 02/05/2002 – Objetivamos realizar estudo pormenorizado sobre esta Comunidade com intenção de investigar e chamar à atenção à necessidade de serem mais participativos e mudar o seu olhar sobre o Bairro, conhecido como um dos mais violentos da Baixada Fluminense. Para tal, nos baseamos nos seguintes fatores: os indícios de insatisfação relacionada ao Bairro, a desvalorização da educação escolar, a falta de interesse de pais e alunos em participar de atividades oferecidas pela U.E, evasão escolar e tantos outros conflitos existentes nessa comunidade.Por acreditar que só amamos o que conhecemos, é desejo levar ao conhecimento do povo da Chatuba a peculiaridade local revelando fatos pitorescos através de depoimentos dos moradores antigos da região e seus descendentes. A partir desse olhar, permitir, desvelar o quanto cada morador é importante para a construção de uma Comunidade, de uma Região, de um Estado e de um País. As mudanças sócio-políticas e culturais, só acontecem quando as ações se realizam em conjunto.
    Como educadora, acredito no compromisso de ser formadora de opinião, na relevância de fatos do passado, que justificam o presente. Trazer à memória do povo da Chatuba, suas origens e seu passado rico de detalhes no período Imperial – em que a Baixada Fluminense, e em particular, a cidade de Mesquita, Bairro Chatuba – contribuiu de alguma forma para o mapeamento da História da Baixada Fluminense em uma ação de relevância para a projeção de cidadania.




Metodologia- Pesquisa qualitativa

- História oral

- Ambiente natural como fonte de dados para o investigador

- Caráter descritivo

- O significado que as pessoas dão às coisas e a sua vida.

- Pesquisa documental.

- Fotografias.

- Recorte Histórico: ano de 2009 a 1854. Após a investigação, fazer um recorte do tempo e analisar com a Comunidade, esse período, descobrindo quem foram essas pessoas no contexto cultural, social e histórico da Região.

A priori, entrevistar famílias que vivem há mais de 40 anos no local, verificando juntamente com a comunidade, avaliando os dados, visitando bibliotecas e verificando as informações coletadas.

Realizamos um trabalho de sensibilização junto à Comunidade para reconhecimento de talentos. Artistas e vizinhos se encontraram no CIEP Nelson Cavaquinho, numa feira onde puderam mostrar os trabalhos produzidos pelos mesmos e desconhecidos pela maioria. Assim, provocamos que a Comunidade se reconhecesse se descobrissem como parte integrante e importante para a História de suas vidas e de seu Bairro. Esse grande encontro aconteceu no dia 04 de Abril de 2009 e, foi momento de grandes descobertas e trocas. Estiveram conosco – CIEP Nelson Cavaquinho: mulheres da paz, a arte das tranças Nagô, pedicures, poetas, músicos, escritores, contadores de histórias, arte gastronômica, vendedores de roupas usadas, bordadeiras, artesãs, teatro de bonecos e a visita do Secretário de Cultura do Município de Mesquita, como também a historiadora e pesquisadora da mesma Secretaria ,nos trouxeram propostas de parcerias: Secretaria de Cultura e o Projeto Viva Chatuba, marcamos reunião para breve e assim, estreitarmos os laços.

Aconteceu então, a grande aproximação. Dentro desse clima de troca, realizamos um cuidadoso planejamento de comunicação aliado a uma ferramenta poderosa chamada criatividade. É com ela que chamamos a atenção e provocamos o interesse da Comunidade com o questionário sócio-cultural, onde as perguntas com caráter de conhecer os moradores mais antigos e, a partir dessas informações, começarmos o trabalho de pesquisa.

Um senhor, morador antigo, nos procurou após ter recebido o questionário, sentiu-se sensibilizado com o trabalho se dispôs a cooperar com o Projeto. No dia 29 de Abril estaremos começando a primeira entrevista com este morador, que já nos deu mostras de grande sabedoria e conhecimento acerca do assunto. Mora no Bairro há mais de 60 anos.
A partir do material coletado: fotos, documentos antigos, gravações de entrevistas, vídeos, músicas, periódicos e outros, estarão reunidos no espaço da casa do "Projeto Alunos Residentes "que se encontra desativada. Este espaço servirá como local de visitação e laboratório de teatro, fonte de pesquisa permanente e outros. Servirá não somente a Comunidade como também a estudantes, pesquisadores e todos que se interessarem pela Baixada Fluminense e em especial ao Bairro Chatuba.

[...] A memória do indivíduo depende do seu relacionamento com a família, com a classe social, com a escola, com a igreja, com a profissão; enfim, com os grupos de convívio e os grupos de referência peculiares a esse indivíduo (Bosi, Cultura Brasileira 1998,p.54)

 




Referências Bibliográficas

Andrade.C.F.A – construção Auto sustentável – Qualidade na construção , São Paulo, N 12,p.30,43, 1998. São Paulo: Marcos Zero, 1999.

In: Alfredo Bosi. (Org.). Cultura brasileira - temas e situações. 4 ed. ... (Org.). História - 2ª série. 1 ed. São Paulo: Scipione, 2004, v. 1, p. 54-57. ....
Folha de São Paulo, São Paulo, v. 1, p. 3 - 12, 10 maio 1998. ...

SANTOS, Milton (2000) Por UmaOutraGlobalização - do Pensamento Único à Consciência Universal, Record, São Paulo.

Associação Brasileira de Normas e Técnicas. NBR ISSO 14004. Sistemas de Gestão Ambiental: Diretrizes Gerais Sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de apoio. Rio de Janeiro.

Cadernode Pesquisa em Administração, São Paulo, V.1 N] 3, 2º SEM/ 1996.

Silveira Godoy, Maria Rosa – Região e História: Uma Questão de Método 1989.