PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES PÚBLICOS DO ESTADO DA BAHIA
ASSOCIAÇÃO CLASSISTA DE EDUCAÇÃO BAHIA


FABIANA COREIA MOURA




CENTRO DE ABASTECIMENTO VICENTE GRILO:
EDUCAÇÃO TRABALHO E SUSTENTABILIDADE











JEQUIÉ
2009


FABIANA CORREIA MOURA



CENTRO DE ABASTECIMENTO VICENTE GRILO:
EDUCAÇÃO TRABALHO E SUSTENTABILIDADE





Monografia apresentada ao programa de qualificação profissional Convênio FETRAB-ACEB, em parceria com a Faculdade da Cidade da Salvador como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão e Educação Ambiental. Sob a orientação da Profª Ms. Ludimila Brasileiro Guirra Couto.









JEQUIÉ
2009




















Os poderosos poderão matar uma ou duas rosas,
mas, jamais poderão deter a primavera.
Ernesto Che Guevara





AGRADECIMENTOS

A Deus que em sua plenitude e com seu imensurável amor supre todas as nossas necessidade dando o verdadeiro sentido ao viver, ao descobrir, ao sonhar.
Aos Professores que promoveram o conhecimento necessário para que vencesse esta jornada.
A Toda minha família, mãe, irmã que ao meu lado vem dividindo as afrontas, as dificuldades, em especial a Dona Zenaide, companheira, amiga, minha "mainha", jamais poderei retribuir a altura tudo o que tens feito por mim.
Ao meu companheiro, pela compreensão e lealdade apesar dos muitos obstáculos;
A Regiane e Déa, as irmãs que a vida me presenteou para suprir a carência de muitas outras coisas. Ao Grande exemplo de vida Paulo Vidal de Moura (in memória) que além de pai foi um dos maiores modelos de honestidade que já conheci.
Não poderia esquecer os colegas Wellington e Luis, pelos momentos de risos e descontração, o meu muito obrigado. E as amigas fiéis que partilharam das conquistas e das angustias nos últimos tempos, Vanilda e Mariângela.
A Ludmila, professora orientadora, pela paciência e dedicação.
Aos amigos feirantes do Centro de Abastecimento Vicente Grillo, a estes devo este trabalho e a aprendizagem de uma vida inteira. Em especial, dona Maria, seu apoio foi fundamental.
Enfim a todos que direta ou indiretamente partilharam comigo essa jornada, a esse país, ao povo brasileiro, que lutam para construção de um mundo mais justo e igualitário.








RESUMO
A realização do presente estudo tem como finalidade promover uma discussão teórica sobre educação, trabalho e sustentabilidade mediante uma análise das dimensões econômicas e sustentáveis de um sistema de comercialização, o Centro de Abastecimento Vicente Grillo. Dentro da perspectiva da discussão sócioambiental, esta pesquisa objetivou identificar os principais fatores que provocam impactos ambientais na feira-livre, como também resgatar a cidadania da comunidade de feirantes propondo alternativas para melhorar a qualidade de vida, as condições de trabalho mediante uma atividade comercial sustentável. Esta monografia traz a princípio um breve panorama histórico sobre as primeiras atividades comerciais e sua importância no cenário mundial e local, o processo evolutivo das feiras como também a caracterização do espaço em análise. A metodologia utilizada baseou-se em questionários semi-abertos que permitiu uma análise qualitativa dos dados coletados. Em seguida o estudo traz uma abordagem sobre as questões socioambientais e de saúde pública frente aos instrumentos jurídicos que estabelecem normas e princípios para uso dos espaços urbanos e atividades comerciais tendo como foco de estudo a tríade educação, trabalho e sustentabilidade. Com este estudo pôde-se concluir que a promoção do desenvolvimento local sustentável requer compromisso com a cidadania planetária e ações locais, tendo em vista uma gestão dos recursos naturais de forma racional e sustentável.
Palavras-chave: Feira-livre; Educação; Trabalho; Economia Sustentável















SUMÁRIO


INTRODUÇÃO.....................................................................................................7
1. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................11
1.1. Feiras-Livres: Um panorama histórico.......................................11
1.2. Educação, Trabalho e Sustentabilidade nas feiras-livres..........17

2. ASPECTOS METODOLÓGICOS...............................................................23
2.1. Tipo de Pesquisa...........................................................................23
2.2. Caracterização do Local da Pesquisa..........................................24
2.3. Sujeitos da Pesquisa.....................................................................25
2.4. Coleta de Dados............................................................................25
2.5. Apresentação e Discussão de dados.............................................27
2.5.1. Alternativas para o Centro de Abastecimento Vicente Grillo........38

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................39
REFERENCIAS ...................................................................................................40
APÊNDICE ...........................................................................................................41
ANEXOS ...............................................................................................................44











INTRODUÇÃO

Em todo o transcurso da história da humanidade, com o evoluir das técnicas de trabalho e seu processo divisório o mundo passou por profundas transformações. Formas de habitar, comer, vestir-se enfim a forma de existir do homem registrou mudanças cada vez mais impressionantes que marcam a sua existência, com uma diversidade de origens, saberes, pensamentos e culturas bem distintas. Marcados pela necessidade de se alimentar e proteger-se do fenômenos naturais como chuvas, tempestades os homens sentiram que precisavam vivem em cooperação, em sociedade.
Alguns historiadores destacam que o surgimento da escrita e a instituição da propriedade privada anunciaram mudanças na ordem social, principalmente no instante em que o homem torna-se sedentário e agricultor. O conjunto de atividades humanas desenvolvidas no sentido de melhorar, as condições de vida e sobrevivência consequentemente refletem nas condições sociais principalmente no tocante a organizar-se no sentido de apropriação dos recursos naturais e do bem maior "a terra". Assim a sociedade organiza-se verticalmente, cria-se um estado proprietário de terras e líderes, iniciando uma espécie de submissão, registrada inicialmente por diversos historiadores com espécie de servidão coletiva.
Partindo deste panorama inicial sobre os primórdios das relações sociais e seus primeiros passos para estabelecimento de uma suposta ordem social, cabem alguns questionamentos: Qual a relação existente entre trabalho, educação e sustentabilidade? Tratando-se da relação de exploração do homem pelo homem e da exploração do meio ambiente é que torna-se evidente da importância da educação neste processo de reformulação de conceitos e reconstrução de identidade. Caminhando por este pensamento, a segunda questão é como tratar desta discussão em um trabalho monográfico tendo em vista como campo de pesquisa a feira-livre, especificamente, o Centro de Abastecimento Vicente Grilo (CEAVIG).
Na verdade, é importante destacar que a intenção e anseio por este estudo no CEAVIG trata-se de um projeto de vida e de responsabilidade social, pois a relação pessoal com o ambiente da feira-livre ultrapassa a relação de pesquisador/estudante, mas de experiências, crescimento e aprendizagem construídos na escola da vida.
A feira é um espaço que carrega, a princípio, a competência de desenvolver atividades puramente econômicas, de subsistência das famílias, contudo no decorrer deste estudo será preciso retomar o transcurso da história para compreender na evolução da agricultura e do comércio o importante papel das feiras no desenvolvimento da cultura, das forças produtivas e do comércio local. Considerando a significação presente na criação das feiras livres na expansão da informalidade e do uso dos espaços públicos coletivamente é que se percebe nas entrelinhas da história como as questões sociais, educacionais e ambientais estão entrelaçadas.
A existência das feiras constitui-se na verdade como uma demanda natural de um espaço que reunisse todos os produtos necessários ao consumo; é neste contexto de trocas e de diversidade que este trabalho pretende a abordar a importância da educação na formação do trabalhador autônomo, especificamente, o feirante , buscando medidas sócio-educativas para melhoria da qualidade de vida, otimização do espaço de trabalho, assumindo o compromisso com uma proposta de atividade econômica sustentável.
O Centro de Abastecimento Vicente Grilo é um sistema comercial que movimenta a economia de Jequié e região. Na verdade o CEAVIG congrega um dos mais antigos modelos de comercialização onde diversos problemas podem ser enumerados em virtude de questões sociais, educacionais e ambientais. Problemas como: baixo nível de escolaridade por encontrar vários obstáculos para o acesso a escola ou a formação continuada, crianças fora da escola, algumas trabalhando outras carregadas por seus pais para a feira por não ter onde e com quem ficar, ausência de uma organização sindical sólida e legítima, a instabilidade de segurança no trabalho por falta de manutenção na estrutura física e principalmente falta de políticas públicas eficazes e adequadas as necessidades reais da comunidade.
Além destas questões a inexistência de um Sistema de Gestão Ambiental que apontam novas perspectivas para organização do espaço físico, a forma de exposição dos produtos de hortifrutigranjeiro em mínimas condições de higiene, a utilização de embalagens descartáveis em grandes quantidades, logo produzem muito lixo que fica exposto e espalhado em vários espaços da feira-livre, certamente uma série de impactos ambientais afetam não apenas a comunidade que trabalha como também os transeuntes do local, enfim, a população da região.
É de fundamental importância ressaltar que por se tratar-se de uma comunidade local de trabalhadores este estudo propõe uma análise teórica das dimensões sociais, educacionais e sustentáveis de um sistema de comercialização de grande potencial no município de Jequié-Bahia, o título do trabalho, Centro de Abastecimento Vicente Grilo - Jequié-Bahia: Educação, Trabalho e Sustentabilidade aponta claramente alternativas para questões educacionais sociais e sustentáveis, pautadas em pesquisas e trabalhos de diversos ramos do conhecimento. A elaboração do presente estudo justifica-se pela necessidade de apontar novos olhares e perspectivas para as feiras- livres, tomando como referência para este estudo o CEAVIG, visando um futuro projeto de intervenção que possibilite a viabilização de políticas públicas que contemple as necessidades reais dos trabalhadores do local.
A problemática central para este estudo parte do seguinte questionamento: Quais as alternativas ou mecanismos viáveis para reorganização do Centro de Abastecimento Vicente Grilo e do próprio processo de comercialização dos produtos e serviços a fim de melhorar a qualidade de vida e reduzir os impactos ambientais decorrentes de tal atividade econômica?
Sabe-se que o estudo sobre feiras-livres conta com um número restrito de trabalhos. A história aponta claramente os centros de hortifrutigranjeiro como resultado de um processo de evolução do que ocorria em Champagne, na Itália. Assim sendo este trabalho tem como objetivo geral analisar as dimensões sociais, educacionais e sustentáveis de um sistema de comercialização. Tratando das especificidades tem como objetivos: propiciar a elaboração de um possível projeto de intervenção, propor uma discussão teórica sobre as feiras-livres, abordar os enlaces existentes entre as questões sociais, econômicas, políticas e ambientais.
No tocante ao que alguns estudiosos apontam como estado da arte da pesquisa, ou seja, os referenciais teóricos que a fundamentam são de diversos campos do conhecimento, tais como: Paulo Freire, Maria Alice Nogueira, Maria Encarnação Beltrão Sposito, Marcos Reigota, Boaventura de Souza Santos, Clodoves Boff, Karl Marx, Ricardo Antunes, Neide Deluiz e Victor Novick, dentre outros abordando questões de educação, trabalho, cidadania e sustentabilidade, como também algumas legislações que tratam das questões em discussão.
O público ? alvo desta pesquisa são os feirantes e a administração do Centro de Abastecimento Vicente Grilo. Como procedimento metodológico, esta pesquisa utilizou-se de questionário semi-aberto tendo em vista que os feirantes apresentaram resistência em gravar entrevistas, preferindo os questionários. A pesquisa é de caráter qualitativo uma vez que partindo das respostas dos participantes do estudo e as discussões teóricas é que pretende-se propor alternativas mediante uma análise mais concreta das implicações para uma proposta de atividade comercial pautada na tríade educação, trabalho e sustentabilidade.
Em plena era da informação e da globalização da economia as feiras permanecem insistentemente como um traço, uma expressão viva em diversos lugares. Sendo assim a proposta desta monografia é trazer uma análise profunda e teórica de um dos marcos da evolução dos sistemas comerciais mundiais, as feiras-livres a fim de traçar parâmetros para discutir a questão ambiental na perspectiva do desenvolvimento local sustentável. Tratando-se do Centro de Abastecimento Vicente Grilo, é notável que se constitui um espaço de pesquisa significativo, que de certo modo a comunidade acadêmica do município ainda não despertou de forma mais direta para mergulhar em estudos sobre a ampla dimensão do trabalho informal principalmente das feiras e consequentemente não percebem a existência de um riquíssimo laboratório.
O presente trabalho segue a seguinte estrutura: Introdução, referencial teórico construído com dois capítulos, o inicial traçando um panorama histórico sobre as feiras livres no Brasil, o segundo vem fundamentando o eixo condutor da pesquisa abordando a importância da tríade educação, trabalho e sustentabilidade. Quanto aos aspectos metodológicos partindo de uma perspectiva dialética, tratou-se de uma pesquisa qualitativa baseada em questionário semi-aberto seguido por uma discussão baseando se num diálogo entre as respostas dos participantes a luz dos pressupostos teóricos que fundamentaram o estudo.














1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Feira-Livre: Um Panorama Histórico
Traçar a história das feiras-livres, considerada um dos marcos na evolução das formas de produção, comercialização e consumo exige que se retome o processo de desenvolvimento das atividades humanas e da revolução agrícola. Principalmente no que refere-se ao surgimento das técnicas avançadas, no plantio, na colheita, a evolução das trocas, as grandes navegações e a instituição do comércio.
Baseando-se em diferentes matrizes teóricas constata-se as evidências de que o intercâmbio de mercadoria foi um dos fatos marcantes na história da própria humanidade e do comércio. Os indícios da comercialização de produtos e bens de consumo confunde-se no percurso do processo "civilizatório" do homem, vale aqui a ressalva para um questionamento: até que ponto a relação exploratória com o planeta e a própria terra pode ser considerada evolução civilizatória ou retrocesso?
Certamente não existe uma resposta pronta e exata para tal questão. A história esclarece isso no desvelar dos fatos e de todo processo de organização da sociedade. O século XI foi marcado por descobertas e acontecimentos que se consolidou na essência da sociedade humana, tornando-se um divisor de águas na organização da vida social e do espaço geográfico, ou seja, do meio ambiente.
O século XI tem como marca registrada o rompimento com o feudalismo. Dentre os principais fatos ocorridos neste período, caracterizado por diversos historiadores como "Baixa Idade Média", destacaram-se os seguintes:
? Melhoramento das técnicas agrícolas;
? Crescimento demográfico europeu;
? Um maior número de pessoas sendo alimentadas;
? Aumento da produção em virtude do aumento da população produtora de bens de consumo;
? O aceleramento do processo de urbanização como conseqüência do grande número de pessoas trabalhando com a produção de bens de consumo, tecidos, roupas e manufaturados;
? Os meios de transporte evoluem impulsionando o comércio;
? O ímpeto do consumismo cresce desordenadamente;
? O artesanato urbano ganha um crescimento significativo;
? A reabertura dos portos abre espaço para reorganização dos pontos comerciais;
? Formaliza-se as feiras comercializando em atacado.

Os fatos acima elencados nortearam o crescimento e a estruturação das atividades de compra e venda, inaugurando novas formas de organização social com o crescimento de mercadores e a ascensão da burguesia. A política mercantil amplia-se na medida em que as cidades se estruturam legitimando um processo de transformação do mundo agrícola e do modo de vida da população resultantes dos novos modos de produção e da divisão capitalista do trabalho.
Em todo o transcurso da história da humanidade, com o evoluir das técnicas de trabalho e seu processo divisório o mundo passou por profundas transformações. Formas de habitar, comer, vestir-se enfim, a forma de existir do homem registrou mudanças cada vez mais impressionantes que marcam a sua existência, com uma diversidade de origens, saberes, pensamentos e culturas bem distintas.
Alguns historiadores destacam que o surgimento da escrita e a instituição da propriedade privada anunciaram mudanças na ordem social, principalmente no instante em que o homem torna-se sedentário e agricultor. O conjunto de atividades humanas desenvolvidas no sentido de melhorar, as condições de vida e sobrevivência consequentemente refletem nas condições sociais principalmente no tocante a organizar-se no sentido de apropriação dos recursos naturais e do bem maior " a terra". Assim a sociedade organiza-se verticalmente, cria-se um estado proprietário de terras e líderes, iniciando uma espécie de submissão, registrada inicialmente por estudiosos como espécie de servidão coletiva.
A feira é um espaço que carrega a princípio a competência de desenvolver atividades puramente econômicas, contudo no decorrer deste estudo será preciso retomar o transcurso da história para compreender na evolução da agricultura e do comércio o importante papel das feiras no desenvolvimento da cultura, das forças produtivas e do comércio local.
Considerando a significação presente na criação das feiras livres na expansão da informalidade e do uso dos espaços públicos coletivamente é que se percebe nas entrelinhas da história como as questões sociais, educacionais e ambientais estão entrelaçadas. A existência das feiras constitui-se na verdade como uma demanda natural de um espaço que reunisse todos os produtos necessários ao consumo.
Ao remontar o passado, especialmente no século XI as atividades agrícolas existiam apenas no sentido de subsistência, ou seja, para o sustento local. Com o aperfeiçoamento das técnicas, aumento da produtividade e a expansão demográfica européia, surge o excedente de produção que passa a ser utilizado para alimentar a população urbana que já trabalhava na produção de bens de consumo, onde trocavam tecidos por alimentos. "A feira era o centro distribuidor onde os grandes mercadores, que se diferenciavam dos pequenos revendedores errantes e artesões locais, compravam e vendiam." (LACERDA e NEDER, 2007, pág. 1)
As mudanças ocorridas nas práticas de comércio deram origem as feiras-livres. As trocas deram vida a uma prática conhecida como escambo baseando-se no uso de uma espécie de moeda. Com o decorrer dos tempos a ascensão da burguesia novas bases foram constituídas na formação das cidades e das feiras.
No Brasil, as feiras chegam a confundir-se com a própria história. Desde a era colonial, elas multiplicaram-se, ocupando um lugar primordial, não apenas no abastecimento dos primeiros grupos humanos, mas como elemento fundamental que estrutura a própria organização social e econômica das populações. Mesmo no mundo pós-moderno, em plena sociedade da informação e da economia globalizada, as feiras persistem como um traço sócio-cultural que identifica regiões e realidades distantes e distintas.
A gênese da feira-livre remonta o século IX na Europa, "os mercados locais organizados com vistas a suprir a população local com os gêneros de primeira necessidade. (PIRENE 1963 apud SATO, 2007). Logo, percorrendo pelos caminhos da história é que se percebe como as feiras-livres tornaram-se um divisor de águas na evolução das atividades comerciais.
O decorrer dos tempos as guerras e vertiginoso crescimento do cristianismo instaurou profundas mudanças na ordem social, principalmente com o crescimento demográfico e as fugas constantes dão originalidade ao mercados e aos centros urbanos na medida que surge a necessidade de importar alimentos, porém, vale ressaltar que esta ainda tratava-se de uma era de mercados internos. Este momento que tem como marca registrada a ascensão da igreja, logo surgem as grandes tensões em virtude do crescimento do comércio e principalmente do tão desejado lucro.
A Igreja tradicional acusa-os [os mercadores] de praticar a usura e de vender o tempo, que, também ele, só a Deus pertence. As ordens mendicantes legitimam o essencial da atividade dos universitários e dos mercadores, fazendo valer o seu trabalho que merece ser remunerado. [...] O século XIII assiste ao nascimento do urbanismo e do patriotismo urbano. Os mendicantes encontram-se na primeira fila deste movimento. (RUST 2008 apud LE GOFF, pág. 6)


Segundo Costa e Coulon (1989) O comercio regional na Europa Medieval deu origem aos "portus" localizados ao longo das vias fluviais, utilizadas por serem mais rápidas e seguras que as péssimas e mal-conservadas estradas, e às "feiras", encontros periódicos de produtores e mercadores realizados numa data fixa a cada ano. "A feira junto à abadia de Saint Denis realizava-se em outubro, após a vindima'' . A atividade comercial era vista com desconfiança, apesar de ser reconhecida como importante e necessária para os reis, os nobres e o povo em geral.

O comércio deste período evidentemente não se tratava de grandes redes de supermercados ou centros comerciais, mas de um modelo de comercialização persistente e em vigência no mundo contemporâneo, as feiras-livres. Este período de evolução nas atividades comerciais ocorridas do século IX ao XV ocasionou o surgimento de uma nova classe social, a burguesia.

Neste sentido COSTA e COULON (1989) acrescentam que nos períodos do ano em que as estradas se tornavam intransitáveis devido à chuva ou à neve, os mercadores procuravam parar no cruzamento de grandes rotas em portos fluviais ou marítimos, ou junto a uma antiga cidade ou castelo fortificado. Essa permanência logo fazia surgir um bairro mercantil ou manufatureiro ? o burgo - ao lado do castelo feudal ou da catedral. A princípio, o burgo era apenas "um emaranhado de vielas, cloacas e pocilgas", espremido entre muralhas e portões que se fechavam à noite.

As cidades aumentaram aos poucos sua penetração no campo, incentivando o desbravamento de novas terras de cultivo em torno delas e atraindo camponeses e artesãos, além de elementos da nobreza e de monges fugidos dos mosteiros. Para os camponeses, a cidade significava a liberdade, pois a servidão não existia no solo urbano; dai afirmar-se na época que "o ar das cidades liberta". Este aceleramento na urbanização certamente registrou mais uma vez a natureza exploradora do homem para com a terra. Sendo assim em buscas de riquezas e de lucros a cidades tem sua gênese num sentimento de busca constante de satisfação dos anseios humanos sem qualquer preocupação ambiental com as fontes geradoras, a idéia que se tinha era que a terra em sua plenitude expelia por todos os lados fontes inesgotável de enriquecimento.

Neste contexto o discurso da Igreja mudou A burguesia das cidades procurou se integrar ao mundo rural e feudal, adquirindo terras e palácios, casando-se com membros da aristocracia, comprando títulos de nobreza, aceitando cargos e participando das cortes dos reis, que pouco a pouco foram recuperando o poder político. A Igreja cristã, que antes do século XI via com maus olhos as atividades mercantis e ensinava "ser difícil não pecar quando se tem por profissão comprar e vender" passou a reconhecer a utilidade dos mercadores e banqueiros, tornando-se mais tolerante e aceitando, como legitimo, o direito de lucrar e de cobrar juros devido às dificuldades e riscos enfrentados na profissão. Burguesia nesta ótica revoluciona a ordem social quando rompe com a ingenuidade da fé pura e idônea.

A burguesia desempenhou na História um papel eminentemente revolucionário. Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia calcou aos pés as relações feudais, patriarcais e idílicas. Todos os complexos e variados laços que prendiam o homem feudal a seus "superiores naturais" ela os despedaçou sem piedade, para só deixar subsistir, de homem para homem, o laço do frio interesse, as duras exigências do "pagamento à vista". Afogou os fervores sagrados do êxtase religioso, do entusiasmo cavalheiresco, do sentimentalismo pequeno-burguês nas águas geladas do cálculo egoísta. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas com tanto esforço, pela única e implacável liberdade de comércio. Em uma palavra, em lugar da exploração velada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica, direta e brutal. (MARX e ENGLES, 1848, pag. 2)


As feiras-livres constituíam-se em encontros de vendedores ambulantes, peregrinos e camponeses em determinados locais, épocas e horários, eram organizadas em centros urbanos, podendo ser anuais ou ocorrer por ocasião de festas religiosas, organizadas por mercados regionais. As famosas feiras medievais, como, por exemplo, a de Champagne realizava-se em uma praça, onde os mercadores colocavam à venda produtos vindos de praticamente toda a Europa e de partes do Oriente. Os interessados, a partir das amostras, adquiriam os produtos, que podiam ser entregues por encomenda ou retirados pelos compradores nos armazéns em que ficavam estocados os produtos dos mercadores. Desde o início da Idade Média, as autoridades ofereciam alojamentos, proteção e cunhavam moedas, especialmente para as atividades comerciais realizadas nestes encontros.

Logo percebe-se que a evolução do capitalismo e todo o processo de urbanização teve as feiras-livres como palco de início de toda a formação comercial mundial. As feiras-livres é um traço característico na construção da sociedade capitalista e o que no passado foi o grande propulsor de crescimento da burguesia com o passar dos tempos tornou-se em sua maioria única fonte de sobrevivência de pequenos agricultores, de desempregados, ambulantes enfim da "prole".

Este panorama histórico permite um olhar mais amplo e crítico sobre as mudanças ocorridas nas feiras que viabilizou o surgimento de grandes centros de abastecimento com as mais diversas roupagens, no entanto, apesar da importância na formação das cidades e no processo de urbanização a falência da maioria deste modelo comercial ocorreu em virtude do que Marx certamente já previa, a centralização e a concentração de poder da economia industrial que tornaram ricos cada vez mais ricos e pobres ainda mais pobres, excluídos, à margem da sociedade, fato este resultante da firmação do legado da burguesia.
A grande indústria criou o mercado mundial preparado pela descoberta da América: O mercado mundial acelerou prodigiosamente o desenvolvimento do comércio, da navegação e dos meios de comunicação por terra. Este desenvolvimento reagiu por sua vez sobre a extensão da indústria; e, à medida que a indústria, o comércio, a navegação, as vias férreas se desenvolviam, crescia a burguesia, multiplicando seus capitais e relegando a segundo plano as classes legadas pela Idade Média. (MARX e ENGLES, 1848, pág. 21)

Tecendo linhas finais para este perímetro da discussão referente a uma breve leitura da história das feiras-livres, a evolução do comércio e as transformações econômicas, sociais, políticas e ambientais possibilita a compreensão de como as relações sociais e toda estrutura capitalista viabilizou a problemática ambiental e ampliar o debate é fundamental, principalmente romper com o reducionismo do discurso linear do "ecologicamente correto".




1.2 Feira-Livre: Educação, Trabalho e Sustentabilidade
No mundo contemporâneo a discussão sobre a construção de uma sociedade democrática, cidadã, e participativa torna-se cada vez mais acirrada. O desafio maior é consolidar esses valores na própria invenção do cotidiano numa era de consumismo excessivo e compulsório, onde o "ter" em detrimento do "ser" torna-se cada vez mais presente nas relações humanas e na própria relação do homem com a terra e o meio ambiente.
Numa era onde a construção de um mundo sustentável traz em seu bojo a necessidade de se reformular a própria democracia. A garantia dos direitos que são inerentes a condição de vida humana precisam ocorrer no cotidiano da vida e não simplesmente nas letras frias das legislações, mas deve se constituir numa luta firmada pela sociedade civil.
A educação ambiental hoje tornou-se uma necessidade nos mais diversos espaços, diferente do que muitos pensam que educação ocorre apenas nas instituições convencionais a educação ocorre nos diversos âmbitos da vida social. Discutir a problemática ambiental na contemporaneidade deve-se necessariamente partir para um debate de múltiplos aspectos. É fundamental que se parta do princípio que a degradação ambiental, assim como as demais questões, políticas, econômicas e sociais é resultado de uma crise que persiste desde a gênese do capitalismo, considerando que a lógica do capital apresenta a falência de um sistema econômico desde os seus rudimentos.
Por entender que as premissas em evidencia neste estudo salientam que a na questão ambiental o debate é filosófico, consequentemente perpassa no seio do conceito de cultura e identidade, da idéia de natureza e natureza humana, da atual revolução tecnológica e da crise de paradigmas emergente, como também no eixo principal que trata da funcionalidade do trabalho e seu papel na construção da sociedade e suas representações. Enfim dialogar com estes pressupostos na perspectiva do desenvolvimento local sustentável é de total relevância, pois consolidar desde a base uma relação econômica de sustentabilidade numa estrutura socioeconômica de extremas desigualdades onde os direitos humanos assegurados pelos instrumentos jurídicos nacionais e mundiais contemplam efetivamente as minorias.
Diante da necessidade de lançar alternativas para formação de comunidades sustentáveis é tendo como base a tríade educação, trabalho e sustentabilidade, é indispensável um aprofundamento no que se refere aos conceitos distintos de cada um dos três elementos que está em pauta nesta discussão.
Partindo para a compreensão do conceito de educação perante os instrumentos legais, neste caso na Lei de Diretrizes e Bases, 9394/96, em seu Artigo 1º afirma: "A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais."
Frente a esta assertiva percebe-se a importância de se abrir novos espaços para promover educação, numa era onde a sociedade passa por uma crise de cunho "civilizatório". Este ideário de civilização tão questionável dentro da lógica capitalista é um problema que se centra basicamente na irracionalidade de consumismo que vem apostando no poder aquisitivo em detrimento dos valores fundamentais a vida e ao exercício da cidadania. Como destaca Magalhães (2002), Os homens evoluíram sempre na direção de se afastarem da natureza para desenvolverem toda as suas potencialidades, num meio social exclusivamente humano, isto é, a sociedade civilizada.
A educação ambiental vem sendo colocada em xeque como ferramenta principal na luta contra este afastamento do homem com a natureza, propondo uma reeducação de hábitos por uma cultura da sustentabilidade. Esta concepção de educação certamente parte da busca por um resgate da liberdade natural do homem como propunha Rousseau.
Sabe-se que o conceito de natureza é bastante diverso, neste sentido torna-se essencial ao se pensar a educação ambiental como proposta para desenvolvimento local sustentável é preciso considerar que esta nova relação homem/natureza não deve partir de um princípio puramente ecológico ou naturalista, mas principalmente na afirmação do direito a um meio ambiente equilibrado como um direito humano e assegurado na Declaração Universal e na Constituição Federal no que diz respeito aos direitos fundamentais.
Diante da necessidade de resgatar este relacionamento sadio do homem com a natureza, compreendendo-se como parte ela, ou tendo-a como organização universal dos seres, essência do ser, conjunto de tudo que existe, enfim, independente de como seja percebida esta deve ser considerada como uma valor cultural.
(...) Cultura é o aprimoramento da natureza humana pela educação em sentido amplo, isto é, como formação das crianças não só pela alfabetização, mas também pela iniciação à vida da coletividade por meio do aprendizado da música, dança, Filosofia etc.(CHAUÍ, 1997, pág.: 290)
O homem "civilizado" buscou na natureza muito mais que seu próprio sustento, a hegemonia do capitalismo tratou de imprimir o consumismo irracional e imediatista como base na identidade do homem. A idéia de modernidade fundamentada pela burguesia nega a problemática ambiental uma vez que a natureza é considerada como uma mera fonte de recursos a serem explorados para acumulação de riquezas.

A organização social e os estilos de vida impostos pela "civilização" produziram e produzem um caudal de problemas. O modo capitalista de produção engendrado pela civilização cristã ocidental européia conduziu ? e inexoravelmente conduz ? ao agravamento da pobreza, da poluição ambiental, da corrupção e da guerra. Na segunda metade do século XX, o homem deu-se conta de um "novo" e grave problema. O estilo "capitalista" de vida ? consumista, voraz de recursos ?, enquanto pareceu "dominar"a natureza recebeu, como "resposta" desta, a ameaça de esgotamento dos recursos ambientais indispensáveis à vida humana. Ante a "revanche" da natureza agredida, pergunta-se: o que vem a ser a crise ecológica? Como foi produzida? Que ameaças a porta? O tema aciona expressivas categorias como ecologia e ecossistemas, ambientalismo e meio-ambiente, desenvolvimento sustentável e justiça ambiental (...) (SANTOS, 2002, p. 260).
A justiça ambiental clama por respostas e estas podem consistir em educação das gerações atuais e futuras, ou melhor, na reeducação da sociedade mundial. Partindo destes pressupostos a construção destes valores localmente em espaços como as feiras-livres podem traduzir em novos significados para esta transformação e de certo modo redimensionar a discussão sobre educação, trabalho, gestão e desenvolvimento local sustentável.
Sabe-se que diante das diversas tensões que hoje afetam a sociedade mundial a crise socioambiental vem tornando a problemática central, uma vez que tal questão atinge diretamente a garantia do principal direito fundamental inerente ao ser humano, o direito a vida. Sendo assim é preciso consolidar instrumentos que tragam em seu bojo o compromisso de discutir e fazer acontecer, localmente um novo paradigma de vida em comunidade e de democracia. É neste sentido que entra em cena o que a Política Nacional de Meio Ambiente propõe, "Pensar globalmente e agir localmente."
Conforme as matrizes teóricas defendidas por Frigotto (2002) apontam para uma questão crucial e nela centra-se toda a relação meio ambiente, trabalho e produtividade, a concepção e a ideologia concernente a trabalho na sociedade capitalista, que se iguala a ocupação, emprego, função e quase sempre embevecida de acentuada exploração do homem pelo homem, neste sentido é que a lógica do capital difunde continuamente a teoria do capital humano.
Diante dos fatos no que se referem às condições de trabalho especialmente da categoria dos trabalhadores informais o poder público tem muito que repensar a fim de assegurar justiça distributiva, acesso ao conhecimento, melhores condições de trabalho e qualidade de vida ou simplesmente o discurso da preservação ambiental não atingirá seu principal objetivo que é a conscientização e sensibilização da população sem distinções.
A proteção dos recursos naturais é fundamental para melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras gerações brasileiras. O primeiro passo é promover a conscientização ambiental da população, frente aos desafios do novo milênio que se inicia o que será uma grande tarefa a que devem se dedicar os ambientalistas e administradores de organismos ambientais, no sentido de orientar e divulgar os princípios que condicionam a sustentabilidade (...) ( BRITO e CÂMARA, 1998, pág.: 21).

Reafirmando e acrescentando o que os teóricos acima citados propõe o desafio para a contemporaneidade se estende no tocante a responsabilização e convocação, tendo em vista que a participação da sociedade civil, movimentos sociais, sindicatos, enfim das mais diversas organizações é indispensável quando se propõe a cultura da sustentabilidade e gestão democrática e compartilhada.
Segundo GADOTTI (2008) O conceito de sustentabilidade é vasto, tendo em vista que os termos "sustentável" e "desenvolvimento" continuam vagos e controvertidos. "Há uma tendência de aplicação do conceito de sustentabilidade a tudo o que é considerado bom, como um conceito guarda-chuva, ou seja, o mercado define um padrão de "desenvolvimento sustentável", como sinônimo de responsabilidade social".
Embora exista uma multiplicidade de significados presente no conceito de sustentabilidade, o consenso consiste exatamente em entender que é algo positivo para a humanidade. Em meio a esta disputa entre conceitos, o principal neste momento é buscar alternativas de efetivação de uma cultura sustentável e isto requer uma mudança de paradigmas no que refere-se a produção e a função do conhecimento, transformação profunda nos sistemas educacionais, políticos e sociais e compreender a idéia de sustentabilidade em sua plenitude e inteireza e não de forma fragmentada como geralmente ocorre.
Caminhando por esta linha Gadotti (2008) discute dois aspectos que redefinem a idéia de sustentabilidade procurando evitar o fato de se atribuir uma percepção ou uma visão em detrimento de outras, logo nas entrelinhas do seu discurso sobre a tarefa de educar para uma vida sustentável da seguinte forma:
? A sustentabilidade ecológica, ambiental e demográfica refere-se à base física do processo de desenvolvimento e a capacidade da natureza suportar a ação humana.
? A sustentabilidade cultural, social e política refere-se à manutenção da diversidade e das identidades, estando relacionada não apenas com a qualidade de vida das pessoas da justiça distributiva, mas também com o processo de construção da cidadania e da participação social no processo de desenvolvimento.
Na verdade não há como delimitar onde começa e termina cada concepção em torno da sustentabilidade ou que tipo ela configure, mas, insiste aí a necessidade de repensar o modelo civilizatório eleito dentro da lógica capitalista, como também o que se entende por cidadania e por trabalho enquanto processo de transformação da natureza, das relações sociais e do próprio homem.
Com base neste debate sobre a cultura da sustentabilidade e a concepção burguesa de trabalho percebe-se que a natureza do trabalho ele tornou-se explorador desde a sua gênese, seja ele formal ou informal, seja o trabalhador "escravo" ou "livre", a lógica do capital é funcionalista em nome do lucro e da produtividade contínua e alienada, como deixou claro a filosofia marxista.
A concepção burguesa de trabalho vai se construindo historicamente, mediante um processo que o reduz a uma coisa, a um objeto, a uma mercadoria que aparece como trabalho abstrato em geral, força de trabalho. Essa interiorização vai estruturando uma percepção ou representação de trabalho que se iguala a ocupação, emprego, função, tarefa, dentro de um mercado (de trabalho). Dessa forma perde-se a compreensão, de um lado, de que o trabalho é uma relação social e que esta relação, na sociedade capitalista, é uma relação de força, de poder e de violência; e de outro, de que o trabalho é a relação social fundamental que define o modo humano de existência (...) envolve as dimensões sociais, estéticas, culturais, artísticas, de lazer etc.(FRIGOTTO, 2002, pág. 14)

O trabalho e sua função social precisa dar conta de recriar um modelo econômico e social que dê conta de assinalar alternativas para uma vida sustentável. A crise contemporânea que destaca que o planeta terra está doente e o que necessariamente está em jogo nesta discussão não é apenas capacidade regenerativa da terra, que com certeza é o essencial, mas também o futuro da humanidade onde se anuncia a escassez de água, alimento, energia, enfim da fontes vitais.
O florescer do capitalismo está diretamente ligado a força do trabalhador e aos meios de produção, a cidadania é relegada ao plano do consumismo que traz em seu bojo uma crise de identidades e de conceitos. A ética da sustentabilidade propõe uma avalanche aos preceitos do capitalismo, pois, está mais que comprovado que modelar uma economia sustentável num mundo que sofre o que alguns psicólogos chamam de bulimia consumista pode tornar-se o grande desafio para o século XXI.















2. ASPECTOS METODOLÓGICOS
O ato de pesquisar é na verdade uma arte, um desafio, mas que bem elaborada e coerente traz além de bons resultados em termo de conhecimento como também a satisfação pessoal, ressaltando que a pesquisa deve abrir espaço para uma constante reflexão em torno do estudo, envolvendo os diversos sujeitos nesta envolvidos.
2.1. Tipo de pesquisa
A pesquisa que embasa este trabalho monográfico situa-se no campo conceituado como pesquisa exploratória e qualitativa em virtude do caráter do estudo que visa instrumentos para futuras intervenções como também para estudos posteriores e certamente mais aprofundados. É exatamente pela multiplicidade de aspectos e dimensões que envolvem a construção do presente trabalho torna-se evidente a perspectiva exploratória neste tipo de metodologia na qual o instrumento utilizado foi o questionário com questões semi-abertas.
Conforme DESLANDEES E MINAYO ( 1992)Por metodologia compreende-se como caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Diante de tal assertiva a metodologia exerce uma função primordial no cerne das teorias e está sempre referida a elas. No tocante a abrangência de concepções teóricas de abordagem, a teoria e a metodologia caminham juntas, indissociáveis, inseparáveis.
Como bem pontua Antônio Carlos Gil ( 1999) como conjunto de técnicas, a metodologia deve utilizar-se de instrumento claro, coerente, e capaz de encaminhar as questões teóricas para o desafio da prática, ou seja, propondo alternativas para melhorar as múltiplas condições do espaço pesquisado assim como dos sujeitos participantes da pesquisa.
GIL( 1999) Conceitua-se por pesquisa a atividade básica da ciência na sua indagação, no questionamento dos arranjos sociais propondo medidas de reconstrução da realidade As questões da investigação estão relacionadas a interesses e circunstancias socialmente condicionadas. Certamente o processo investigativo e exploratório envolve todo o trabalho, desde o rabiscar das idéias, o contato pessoal, a inserção no local até as considerações finais.
Quando tratarmos da pesquisa qualitativa freqüentemente, as atividades que compõem a fase exploratória, além de antecederem à construção do projeto, também a sucedem. Muitas vezes, por exemplo, é necessário uma aproximação maior com o campo de observação para melhor delinearmos outras questões, tais como os instrumentos de investigação e o grupo de pesquisa. (DESLANDES, 1992, pag.31apud Minayo)

2.2 Caracterização do Local da Pesquisa
No município de Jequié as feiras livres foi um dos marcos iniciais no surgimento da cidade.
A cidade se desenvolveu a partir de movimentada feira que atraía comerciantes de todos os cantos da região, no final do Século XIX. Pertenceu ao município de Maracás de 1860 a 1897. (...)
A partir de 1910 é que se torna cidade e já se transforma em um dos maiores e mais ricos municípios baianos. Pelo curso navegável do Rio das Contas, pequenas embarcações desciam transportando hortifrutigranjeiros e outros produtos de subsistência. (WIKIPÉDIA, 2009)

Pelo curso do Rio das Contas as embarcações desciam transportando hortifrutigranjeiros e outros produtos de subsistência. O principal ponto de revenda das mercadorias de canoeiros, mascates e tropeiros deu origem à atual Praça Luís Viana que recebeu esse nome devido a uma homenagem ao governador que emancipou a cidade. Neste espaço desenvolveu-se a primeira feira da cidade. Em 1914 a cidade foi vítima de uma enchente que provocou mudanças geograficas e no próprio comércio de Jequié.
Apesar do lamentável desmatamento que acabou assoreando o Rio das Contas inviabilizando a navegação o comércio evoluiu, porém pagando um alto preço, a cidade sofre atualmente com os impactos ambientais resultantes de toda exploração. Neste contexto o comerciante Vicente Grillo destacou-se como grande comerciante no município sendo homenagado anos depois com a construção do centro de abastecimento que recebeu o nome de Centro de Abastecimento Vicente Grillo.
O Centro de Abastecimento Vicente Grillo (CEAVIG), foi escolhido como lócus investigativo dessa pesquisa, e está situado no município de Jequié - Bahia, no centro da cidade, é um dos principais centros comerciais da região. Na verdade o local é resultado da transformação da feira-livre no município. O CEAVIG teve sua construção iniciada em março de 1989 e concluído em março de 1990, na administração do Prefeito Luis Carlos Souza Amaral. Quanto à estrutura física, o CEAVIG dispõe de pavilhões com vários tipos de produtos e serviços como lanchonetes, açougues, barracas de verduras e cereais, artesanatos, laticínios, depósitos dentre outros.



2.3 Sujeitos da Pesquisa
Segundo Minayo (1992) Tratando de uma pesquisa qualitativa o que pesa na seleção dos instrumentos e dos sujeitos no ato de pesquisar é responder com clareza a inquietação suscitada na problemática que norteia o estudo. Neste âmbito é necessário que a seleção dos participantes parta de um critério rigoroso e isto depende necessariamente do nível de inserção do pesquisador no campo.
A pesquisa qualitativa não se baseia não se baseia no critério numérico para garantir sua representatividade. Uma pergunta importante neste item é "quais indivíduos sociais tem uma vinculação mais significativa para o problema a ser investigado?" A amostragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões. (DESLANDES, 1992, pag.31apud Minayo)
Os sujeitos que participaram nesta pesquisa são feirantes do Centro de Abastecimento Vicente Grillo, responderam os questionários um total de vinte feirantes sendo que dentre estes estão açougueiros, comerciantes de frutas, verduras, cereais, embalagens, lanchonetes, atacadistas, pequenos agricultores e vendedor de móveis usados. O critério utilizado na escolha dos participantes foram o tempo de experiência em feiras-livres, o segundo requisito foi a forma de organização das barracas e o modo como expões seus produtos e principalmente as condições de trabalho e a qualidade de vida destes trabalhadores.
Vale ressaltar que a relação pessoal com o ambiente da feira, o envolvimento na comunidade foi um dos fatores de maior relevância na seleção do público-alvo presente na construção desta monografia.
2.4. Coleta de Dados
Segundo Boff (1984) O caráter do agente do trabalhador popular não é apenas mais um sujeito no meio da multidão, é aquele que surge do próprio povo e aí exerce uma função, ou seja, um papel fundamental no que se refere a transformação social, é ele o agente que precisa estar inserido no meio do povo, mergulhando-se em seus valores, sua cultura.
A relação pessoal, a vivência com os feirantes, o trabalho no local impulsionaram antes mesmo da vida acadêmica o anseio por estudar a feira-livre, suas peculiaridades e sua função na formação das cidades assim como no processo de urbanização. Diante deste anseio o contato prévio, o diálogo com a comunidade trabalhadora do local, transeuntes e administração foi um dos passos iniciais do estudo, buscando sempre nas leituras promover o diálogo entre as concepções e idéias da população participante na pesquisa e os diversos teóricos.
Diante deste diálogo constante foi possível delinear a pesquisa ampliando a compreensão de que realmente a educação, trabalho e sustentabilidade constituem o alicerce para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável, sociedade esta que compreende o real sentido da cidadania tornando possível através de uma proposta de desenvolvimento local traçar mecanismo de preservação ambiental e sustentabilidade visando sempre a concretização dos direitos humanos e justiça distributiva.
Após todo este contato prévio com a comunidade a pesquisa segue para a etapa seguinte que foi a coleta de dados junto aos feirantes. A princípio pensou-se em entrevistas gravadas partindo de um roteiro simples, porém a comunidade apresentou resistência em gravar entrevistas e alegaram a falta de tempo para responder outros sentiram-se intimidados. Constatado tal fato foi preciso eleger um outro instrumento de pesquisa, neste caso o questionário semi-aberto, foi bem aceito pelos sujeitos e assim o sucesso do trabalho foi totalmente garantido uma vez que apresentaram grande interesse em respondê-los.
Findada a coleta de dados ficou acordado que futuramente as parcerias serão buscadas para em audiência pública os resultados do estudo serem debatidos entre feirantes, administradores e consumidores afim de traçar propostas para mitigação dos impactos ambientais no local como também buscar a criação de espaços para discutir questões como nível de escolarização, qualificação profissional e qualidade de vida.
2.5 Apresentação e discussão dos dados
Os dados abaixo apresentados foram passados por técnicos que trabalham na administração do Centro de Abastecimento Vicente Grillo e trazem uma disposição sobre a estrutura do local e como os estabelecimentos comerciais estão organizados. O presente relatório constam nos arquivos do CEAVIG uma vez que constituem documentos disponível para acesso de toda a comunidade.
Pavilhão A
Restaurantes, lanches, laticínios, e bares e outros. Tamanho Taxas mensais ocupação
Total de Box m² R$ 144
Funcionando m² R$ 144
Fechados m² R$ 22,00 00
Restaurantes 7,50m² R$ 32,00 40
Lanches 4,00m² R$ 22,00 28
Laticínios 4,00m² R$ 22,00 15
Bares 4,00m² R$ 22,00 46
Outros 4,00m² R$ 22,00 14

Pavilhão B
Barracas ou tabuleiros de cereais e farinha Tamanho Taxas mensais ocupação
Total de barracas m² R$ 144
Funcionando m² R$ 144
Vazias m² R$ 00
Depósitos 2,00m² R$ 10,00 08
Cereais 2,00m² R$ 10,00 69
Farinha 2,00m² R$ 10,00 67

Pavilhão C
Bovinos, suínos, caprinos, vísceras e peixes. Tamanho Taxas mensais Ocupação
Total de açougues m² R$ 52
Funcionando m² R$ 52
Bovinos 11,40 m² R$ 32,00 38
Suínos, ovinos e caprinos. 8,00 m² R$ 22,00 14
Total de Box m² R$ 45
Vísceras 2,00 m² R$ 10,00 30
Peixes 2,00 m² R$ 10,00 15

Pavilhão D
Açougues do BNBe Box de carne do sol Tamanho Taxas mensais Ocupações
Total de Açougues m² R$ 36
Funcionando 10,00m² R$ 32,00 31
Fechados 10,00m² R$ 32,00 05
Total de Box m² R$ 70
Funcionando 2,00m² R$ 10,00 59
Box Fechado 2,00m² R$ 10,00 11

Quadras de artesanatos BNB
Artesanatos, raízes, bares, restaurantes e outros Tamanho Taxas mensais Ocupação
Total de quadras m² R$ 81
Funcionando m² R$ 22,00 76
Artesanatos 16,00m² R$ 22,00 16
Raízes 4,00m² R$ 22,00 10
Bares e restaurantes 7,50m² R$ 22,00 34
Outros 7,50m² R$ 22,00 16
Fechadas m² R$ 05

Quadras de frutas e verduras BNB
Frutas, verduras, mercearia e outros Tamanho Taxas mensais Ocupação
Total de quadras m² R$ 62
Funcionando m² R$ 60
Frutas e verduras 15,00m² R$ 22,00 13

Quadras dos atacadistas
Frutas, verduras, condimentos e outros Tamanho Taxas mensais Ocupação
Total de quadras m² R$ 44
Funcionando m² R$ 44
Frutas 15,00m² R$ 22,00 21
Verduras 15,00m² R$ 22,00 09
Condimentos 15,00m² R$ 22,00 09
Outros 15,00m² R$ 22,00 05

Barracas de temperos, frutas e verduras.
Frutas, verduras, temperos e outros. Tamanho Taxas mensais Ocupação
Total de barracas m² R$ 486
Funcionando 2,00m² R$ 244
Vazias 2,00m² R$ 242
Frutas e verduras 2,00m² R$ 10,00 157
Tempero verde 2,00m² R$ 10,00 05
Tempero seco 2,00m² R$ 10,00 23
Outros 2,00m² R$ 10,00 59

Barracas do produtor rural
Temperos frutas verdura e outros Tamanho Taxas mensais Ocupação
Total de barracas m² Isento 240
Funcionando m² Isento 218
Verduras 2,00m² Isento 141
Frutas 2,00m² Isento 23
Baganas (banana, jaca e outros) 2,00m² Isento 38
Outros 2,00m² Isento 16
Vazias 2,00m² Isento 22

Barracas de beiju e tapioca
Beiju, tapioca, puba e outros. Tamanho Taxas mensais Ocupação
Total de barracas m² Isento 20
Funcionando m² Isento 18
Beiju e tapioca 3,00m² Isento 10
Outros 3,00m² Isento 08
Vazias m² Isento 02

Shopping popular (confecções)
Confecções e calçados Tamanho Taxas mensais Ocupação
Total de Box m² R$ 152
Funcionando m² R$ 146
Confecções 2,50m² R$ 00 141
Calçados 2,50m² R$ 00 05
Vazias 2,50m² R$ 00 06

Ambulantes
Artesanatos, miudezas, CDs, lanches e outros Tamanho Taxas mensais Ocupação
Total de barracas m² Isento 63
Miudezas 1,50m² Isento 38
CDs e DVDs 1,50m² Isento 05
Lanches 1,00m² Isento 22
Fonte: Pesquisa de campo 2009
As informações coletadas mediante questionários (vide apêndice) foram categorizadas de acordo com as semelhanças existentes entre os sujeitos e as respostas apresentadas. Os dados estão sistematizados de acordo com a seguinte lógica: Perfil dos sujeitos, em questão fechadas que tratam respectivamente da escolaridade, faixa etária, estado civil, sexo e experiência profissional.
Os seguintes dados trazem aspectos de total relevância resultantes de uma minuciosa análise dos dados coletados no questionário, uma vez que as respostas reiteram o que este estudo aborda principalmente no tocante as dimensões sociais, econômicas e sustentáveis de um sistema de comercialização. Sente - se claramente a necessidade de uma mediação educativa de caráter social e motivacional visando sanar alguns problemas como o embate constante entre os trabalhadores e a vigilância sanitária mediante medidas sócio-educativas que envolva ajusta de conduta mediante a conscientização e não pela repressão, prática comum na atuação da vigilância sanitária no local, onde em algumas circunstancias as multas são altamente abusivas.
Cada um dos quadros abaixo tratará de suscitar o diálogo entre o que os estudos e trabalhos de diversos teóricos vem apontando tendo como finalidade o desenvolvimento local sustentável através de práticas mitigadoras no que refere-se aos impactos ambientais gerados no local, qualidade de vida dos feirantes e transeuntes e melhores condições de trabalho. Considerando educação, trabalho e sustentabilidade como eixos norteadores do desenvolvimento torna-se possível uma sindicância ativa, onde a representatividade traga novas vozes para a discussão.

Categorias Nº de feirantes
Ensino fundamental I incompleto -
Ensino fundamental I completo 02
Ensino fundamental II incompleto 04
Ensino fundamental II completo 04
Ensino Médio Completo 01
Ensino Superior ( incompleto) 01


Categorias Nº de feirantes
Até 20 anos ***
21 a 30 anos ***
31 a 40 anos 05
41 a 60 anos 06
Acima de 60 anos 01
Quadro B ? Identificação quanto a faixa etária

Categorias Nº de feirantes
Solteiros (as) 04
Casados (as) 06
Divorciados (as) 02
Viúvos (as) ***
Outros (as) ***


Categorias Nº de feirantes
Sexo masculino 05
Sexo feminino 06


Categorias Nº de feirantes
01 ano ***
01 a 05 anos ***
06 a 10 anos 06
11 a 15 anos ***
16 a 20 anos ***
Mais de 21 anos 06
Quadro E- Identificação quanto tempo de experiência de trabalho em feiras-livres.
Os dados a seguir abordam elementos que sinalizam os aspectos qualitativos deste estudo, uma vez que a partir deste ponto a discussão parte para análise das questões abertas do questionário, visto que estudar a problemática socioambiental tomando como foco de pesquisa as feiras-livres é desafiador, pois trata-se de uma comunidade peculiar que agrega uma série de funções, principalmente na função social do trabalho informal para o desenvolvimento regional e local.
QUESTÃO: Em sua opinião, qual é o principal problema do CEAVIG? Nº de feirantes
Falta de Higiene 04
Desorganização do Local 03
Falta de manutenção, segurança e atuação da vigilância sanitária 03
Descaso do poder público 01
Quadro F- Identificação quanto tempo de experiência de trabalho em feiras-livres. Fonte: Pesquisa de campo 2009
QUESTÃO: Você tem filhos? Com quem ficam as crianças no período em que estão na feira? Nº de feirantes
Não tenho 04
Ficam com parentes ou vizinhos 03
Sim me acompanham no período em que não estão na escola. 03
Sim pois auxiliam no trabalho para o sustento da família. 02
Quadro G- Identificação quanto tempo de experiência de trabalho em feiras-livres.Fonte: Pesquisa de campo 2009
QUESTÃO: Em sua opinião, a maneira como os produtos são expostos e comercializados atendem as normas de higiene? Nº de feirantes
Não 02
Não as frutas e verduras em alguns casos são expostas no chão e as carnes também ficam totalmente exposta. 10
Quadro H- Identificação quanto tempo de experiência de trabalho em feiras-livres.Fonte: Pesquisa de campo 2009
QUESTÃO: A prefeitura municipal oferece algum suporte para melhorar as condições de trabalho dos comerciantes do CEAVIG? Justifique. Nº de feirantes
Não, raramente vemos o administrador 05
Não temos suporte algum apenas cobranças. 07
Quadro I- Identificação quanto tempo de experiência de trabalho em feiras-livres.Fonte: Pesquisa de campo 2009
QUESTÃO: Existe alguma organização sindical no momento no CEAVIG? Você participa ou já participou de alguma? Nº de feirantes
Existia mas nunca participei. 03
Tem mas não exerce função nenhuma. 03
Se existe não tenho conhecimento. 05
Sim, já participei, mas hoje não participo, pois em sua maioria são aproveitadores. 01
Quadro J- Identificação quanto tempo de experiência de trabalho em feiras-livres.Fonte: Pesquisa de campo 2009
QUESTÃO: A forma como o lixo é descartado pelos comerciantes em alguns locais do CEAVIG, traz prejuízos ao meio ambiente e saúde a população. Nº de feirantes
Sim pois jogam em qualquer lugar e acaba provocando doenças e um odor insuportável. 08
Sim, a coleta é insuficiente para a quantidade de lixo produzido no local. 03
Com certeza, sabemos que o lixo bem coletado e separado acaba ajudando o trabalho dos garis e pode servir para reciclagem. 01
Quadro K- Identificação quanto tempo de experiência de trabalho em feiras-livres.Fonte: Pesquisa de campo 2009
QUESTÃO: Quais as principais mudanças que devem ser feitas para melhorar as condições de trabalho, higiene, qualidade de vida e o meio ambiente local? Nº de feirantes
Compromisso do comerciante em colaborar com a limpeza do local. 05
Conscientizar toda a comunidade, tanto os feirantes como as pessoas que usam dos serviços oferecidos na feira, ou seja, o consumidor 02
Uma eleição para administrador para que os feirantes possam ter um representante. 03
Aplicação de recursos para manutenção,reforma e aquisição de equipamentos para que o feirante possa trabalhar respeitando as normas de higiene. 02
Quadro L- Identificação quanto tempo de experiência de trabalho em feiras-livres.Fonte: Pesquisa de campo 2009
QUESTÃO: Você acredita que pode dar uma contribuição pessoal para melhorar os aspectos de higiene do local e reduzir os problemas causados ao meio ambiente gerados pela forma de trabalho dos feirantes do CEAVIG? Justifique. Nº de feirantes
De nossa parte temos contribuído da maneira que podemos, organizando o estabelecimento e procurando atender as normas de higiene. 07
Já contribui muito com dinheiro e não obtive retorno. 05
Quadro M- Identificação quanto tempo de experiência de trabalho em feiras-livres.Fonte: Pesquisa de campo 2009
Os dados acima elencados por si já reafirmam o que proposto por meio desta pesquisa. Uma análise sobre a história do comércio e da figura das feiras na construção da sociedade e na consolidação de todo processo de comercialização evidencia que as feiras livres abre espaço para um debate acirrado sobre a problemática socioambiental. Numa era onde se discutir propostas para efetivação de uma cultura sustentável exige da raça humana na terra uma constante mudanças de hábitos e de valores.
Mais uma vez a pergunta central quando se parte para uma leitura sobre o tema em estudo neste trabalho, por que a feira livre? Por quais vias se fundamentam esta discussão? As respostas passadas pelos feirantes nos questionários validam a idéia de que sem analisar a problemática ambiental enfatizando o desenvolvimento local sustentável numa perspectiva democrática, de justiça distributiva e efetivação dos direitos humanos os tratados e normas legais resumir-se-ão apenas em letras mortas.
Um dos caminhos para promoção da cultura para sustentabilidade bem fomentando pelos feirantes está exatamente na conscientização, na resposta apresentada no quadro L constata-se este fato quando a resposta do grupo categorizada deixa evidente nas entrelinhas "Conscientizar toda a comunidade, tanto os feirantes como as pessoas que usam dos serviços oferecidos na feira, ou seja, o consumidor".
Esta afirmação demonstra que o comerciante está atento aos atos do consumidor/transeunte do local.
Enfim, os dados apresentados neste âmbito da pesquisa, ainda que numa linguagem do senso comum os feirantes que se prontificaram a participar da pesquisa comungam do pensamento dos estudiosos da área, especificamente dos pressupostos teóricos de Moacir Gadotti e Marcos Reigotta quando destaca sobre a necessidade de se reconstruir uma consciência ambiental onde se proponha a o resgate da identidade humana, onde a perspectiva da sustentabilidade saia da linearidade do viés econômico ou puramente " ecológico" mas que entenda a cultura da sustentabilidade como uma construção cotidiana e isso requer atuação política, valorização da natureza, resgate de valores, mudança de hábitos e acima de tudo uma idéia de cidadania viva, cidadania esta que Gadotti denomina como cidadania planetária.


2.5.1 Alternativas para o Centro de Abastecimento Vicente Grillo
Tratando-se da maior e principal feira livre de Jequié, município do interior baiano, O Centro de Abastecimento Vicente Grillo tem como público alvo na verdade é a comunidade de baixa renda da cidade, porém a questão de uma melhor qualidade de vida do para a sua visitação refere-se a todos que freqüentam o local tanto o feirante quanto o consumidor.. Contextualizando este pensamento com a realidade do CEAVIG, pode-se dizer que a melhoria na qualidade de vida e de condições de trabalho e de uso do local implica necessariamente em repensar as formas de comercialização e de uso do local, principalmente no que refere-se ao descarte do lixo e a qualidade dos produtos e serviços.
Com isto, chega-se a conclusão que, antes de prestar algum serviço para o visitante, é preciso pensar, em primeiro lugar, na comunidade local. Então, pode-se dizer que toda melhoria na qualidade para os visitantes, estará favorecendo primeiramente os trabalhadores da feira.
Enfim, como já foi dito nas respostas dadas pelos feirantes nos questionários , deve-se executar melhorias no espaço físico como segurança pública, otimização no serviço de limpeza ,sindicalização, cursos para os trabalhadores e clientes, atividades esportivas e de lazer, escolarização e alfabetização na perspectiva da educação popular visando imprimir valores éticos, de democracia, cidadania, sustentabilidade e respeito aos direitos humanos, principalmente no tocante a atuação da Vigilância Sanitária.
É preciso caminhar para a construção dessa identidade sustentável e comprometida com a saúde do planeta, e isso requer acima de tudo uma governança tripartite, poder público, empresários e sociedade civil trabalhando pelos interesses da coletividade e pela justa distribuição de renda.









CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo buscou analisar as dimensões sociais, educacionais e sustentáveis de um sistema de comercialização que tem suas raízes em um contexto medieval e perdura insistentemente na atual conjuntura do mundo globalizado. Frente a esta análise este estudo traz em seu bojo um conjunto de possibilidades, das quais incluem-se no elenco de objetivos específicos traçados na elaboração deste estudo. A exemplo disso a discussão teórica elaborada consolida a proposição que reafirma que as questões sociais, políticas, ambientais e econômicas estão totalmente entrelaçadas.
Partindo para traçar caminhos viáveis a problemática suscitada este estudo vem apontando um futuro projeto de intervenção que reúna ações da comunidade local paralelas a investimentos e políticas públicas visando a revitalização da economia do Centro de Abastecimento Vicente Grillo apoiada em uma cultura sustentável.
Tecendo considerações finais a este estudo acredito que este trabalho que trata de uma questão bem contemporânea que não se limita a uma crise simples, ecológica ou apenas monetária, mas uma crise civilizatória, uma crise que se insere no cotidiano da vida moderna, uma tensão planetária, um dilema civilizatório deve servir de intensificação de um debate que vem se arrastando a décadas, como reduzir os níveis de degradação ambiental e como refazer o caminho da ação do homem na terra e entre si.
O homem precisa refazer seu próprio caminho e reencontrar-se a degradação e a destruição que vem sendo feita pela raça humana na terra é resultado de uma geração que não compreende a si nem o semelhante.
Os conflitos e as buscas tornaram individuais. As lutas vem se limitando a si e em nome de si, abrir mão dessa natureza imposta pelo satisfação humana e pela propriedade privada legitimando a que Thomas Hobbes afirmara, " O homem é lobo do homem".
Finalizando esta discussão, é preciso ressaltar que a comunidade acadêmica deve rever as funções da universidade visto que em sua maioria vem se prendendo apenas ao ensino, pesquisa e extensão algo primordial na formação do profissional e do cidadão tem sido descartada na trajetória acadêmica especificamente em Jequié.
A feira livre é um espaço de riqueza cultural, de saberes, de política e de amplo espaço para debater a questão ambiental, um riquíssimo laboratório, raramente aproveitado. A universidade tem muito a contribuir com essa comunidade de trabalhadores, os feirantes tem muito a ensinar, ao estudante, ao pesquisador.
O cenário atual aponta para novas concepções de comércio, de feiras-livres e principalmente para um novo conceito de sustentabilidade. Neste sentido sabe-se que uma série de medidas precisa ser tomada e estas requerem além investimentos por parte do poder público requer responsabilidade por parte dos feirantes e da própria população que freqüenta o espaço e ali realizam suas compras
Observando o papel das feiras livres na movimentação do comercio e na própria formação das cidades nota-se que é inegável como as feiras contribuíram para o desenvolvimento e até mesmo da formação dos mercados e dos mais inovados modelos de comercialização. Infelizmente o Brasil tem vivenciado uma espécie de enfraquecimento e consequentemente a extinção de feiras no Brasil.
O interesse das multinacionais em extinguir as feiras é obvio, criaram-se as grandes redes de supermercados que padronizaram os serviços como também os preços contrário ao que ocorre no cotidiano das feiras onde o mercador tem a liberdade de negociar os preços com o consumidor.
Em Jequié, especialmente no Centro de Abastecimento Vicente Grillo, tem se presenciado inúmeras ações que vem desencadeando um empobrecimento da feira e descaracterizando a natureza do comércio que é realizado neste espaço com suas peculiaridades.
A atuação da Vigilância Sanitária tem sido um forte exemplo deste desafio, de um lado é notório que o feirante precisa rever a qualidade e a higiene do espaço para comercializar seus produtos e por outro lado faltam atividades que se integrem a formação do feirante para uma melhor atuação com sua atividade comercial e isso requer o que Paulo Freire salientara nas entrelinhas das suas obras, sempre em seus discursos, é preciso que o diálogo se estabeleça constantemente.
A questão ambiental hoje tem sido fortemente debatida paralela as questões sociais, ou seja não se pode fundamentar o discurso da sustentabilidade por um único viés como tem feito os grandes investidores que aos ser convocados para se responsabilizarem com a exploração absurda do planeta colocam em xeque o desenvolvimento sustentável como o caminho para salvar o planeta ao mesmo tempo que a economia, algo claramente incompatível na lógica do capitalismo.
Partindo desta ótica, é que se ver o desaparecimento das tradicionais feiras que determinam preços ingenuamente, entre compradores e vendedores e a falência de inúmeros feirantes é devido ao que Karl Marx já previa á no século XVIII, o poder de concentração e centralização da economia tornando os ricos cada vez mais ricos e os pobres mais pobres. Sendo assim, o movimento voluntário entre compradores e vendedores é a melhor forma do mercado atender a todos, sem prejuízo de alguém; mas, com ganhos para todos os agentes participativos da economia.
Quanto a regulamentação dos espaços é preciso dar outras condições de trabalho ao feirante e isso requer políticas públicas, investimentos e infraestrutura para que o padrão de qualidade exigido seja alcançados além disso o feirante necessita de espaços para melhorar suas formação, nível de escolaridade e consciência crítica para que compreenda a problemática ambiental como uma luta de todos.
Enfim a exemplo de diversas partes do Brasil a aplicação de recursos por parte do poder público em revitalização das feiras livres tem surtido ótimos resultados. Um novo caminho vem sendo traçado em diversos municípios do Brasil por meio de aplicação de recursos melhorando a qualidade de vida e o trabalho do feirante por meio de investimento e valorização desse tipo de atividade comercial.
A construção deste trabalho foi de fundamental importância não apenas para a formação acadêmica mas para realização pessoal e para traçar novos rumos para O Centro de Abastecimento Vicente Grillo, apesar de saber que efetivar as propostas é uma longa jornada porém mediante este estudo alternativas surgiram e continuarão surgindo e isso depende de uma série de questões, assim este estudo conclui-se com um elenco de alternativas viáveis para tornar não só o CEAVIG mas as inúmeras feiras espalhadas neste país um espaço de integração de valores e praticas sociais que envolvam uma tríade que pode servir de arama no combate a problemática sócio ambiental: educação, trabalho e sustentabilidade. Este elenco de propostas podem ser sinalizadas com as seguintes medidas:
? Formação de um sindicato para debater as questões e estabelecer o diálogo entre o feirante e o poder público.
? Implantação de um espaço na feira onde funcione um auditório e salas para promover momentos de formação para os trabalhadores das feiras livres e até mesmo os consumidores que freqüentam o espaço.
? Desenvolver projetos onde possa formar multiplicadores em educação ambiental.
? Melhorar a estrutura física do local para que o feirante possa expor seus produtos conforme as normas legais.
? Criação de uma Agenda 21 local a fim de indicar prioridades para promoção de ações afirmativas no sentido de melhorar a economia, a estética do local e reduzir os impactos ambientais.
? Investir na otimização da coleta de lixo dando condições para realização da coleta seletiva.
? Construção de uma creche próxima a feira para que filhos de feirantes possam ficar enquanto os pais trabalham.
? Realização de atividades culturais como feiras de artes e apresentações artísticas na feira.
O caminho poder ser aparentemente árduo e desafiador, mas não irrealizável e impossível.








APÊNDICE
APÊNDICE A

PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES PÚBLICOS DO ESTADO DA BAHIA
ASSOCIAÇÃO CLASSISTA DE EDUCAÇÃO BAHIA
PÓS GRAUAÇÃO EM GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

CENTRO DE ABASTECIMENTO VICENTE GRILO: EDUCAÇÃO TRABALHO E SUSTENTABILIDADE
ANÁLISE DAS DIMENSÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS E SUSTENTÁVEIS DE UM SISTEMA DE COMERCIALIZAÇÃO
ROTEIRO DE ENTREVISTA





LOCAL: Centro de Abastecimento Vicente Grillo
IDENTIFICAÇÃO
Nome: ____________________________________________________________
Escolaridade: _______________________________________________________
1.SEXO
( ) Masculino ( ) Feminino
2. FAIXA ETÁRIA:
( ) até 20 anos ( ) de 41 a 60 anos
( ) de 21 a 30 anos ( ) acima de 60 anos
( ) de 31 a 40 anos

3. ESTADO CIVIL:
( ) solteiro(a) ( ) divorciado(a) ( ) casado(a) ( ) viúvo(a) ( ) outros

4.EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL COMO COMERCIANTE EM FEIRAS-LIVRES:
( ) menos de 01 ano ( ) 01 a 05 anos
( ) 06 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos
( ) 16 a 20 anos ( ) mais de 21 anos
5. Em sua opinião, qual é o principal problema presente no CEAVIG?
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6. Você tem filhos? Com quem ficam as crianças no período em que você está na feira trabalhando?
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7. Em sua opinião, a maneira como alguns produtos são expostos e comercializados atendem as normas de higiene?
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8. A prefeitura municipal oferece algum suporte para melhorar as condições de trabalho dos comerciantes do CEAVIG? Justifique.
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9. Existe alguma organização sindical no momento no CEAVIG? Você participa ou já participou de alguma?
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10. A forma como o lixo é descartado pelos comerciantes em alguns locais do CEAVIG, em sua opinião, traz prejuízos ao meio ambiente e a saúde da população?
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11. Em sua opinião quais as principais mudanças que devem ser feitas para melhorar as condições de trabalho, higiene e melhorar a qualidade de vida e o meio-ambiente local no CEAVIG? ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
12. Você acredita que pode dar uma contribuição pessoal para melhorar os aspectos de higiene do local e reduzir os problemas causados ao meio ambiente gerados pela forma de trabalho dos comerciantes/feirantes do CEAVIG? Justifique.
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APÊNDICE B
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996, Segundo o Conselho Nacional de Saúde.

Eu, __________________________________________, aceito livremente participar do estudo,CENTRO DE ABASTECIMENTO VICENTE GRILLO:EDUCAÇÃO,TRABALHO E SUSTENTABILIDADE, sob responsabilidade da Profª Mestre Ludmila Guirra Couto, orientador; Mestre em Educação , pela Universidade Federal da Bahia, UFBA.
? Propósito do estudo: Analisar as condições de trabalho, a qualidade de vida e dos impactos ambientais decorrentes da forma de comercialização dos produtos e do processo de descarte do lixo.
? Participação: ao autorizar a participação estarei à disposição para responder a entrevista que será gravada.
? Riscos: Este estudo não trará riscos para minha integridade física ou moral.
? Confidencialidade do estudo: A identificação dos participantes será mantida em sigilo, sendo que os resultados do presente estudo poderão ser divulgados em congressos e publicados em revistas científicas.
? Benefícios: Compreende na importância da colaboração na efetivação da pesquisa e a relevância social que o estudo pode trazer para a redefinição das atividades comerciais em feiras livres.
? Danos advindos da pesquisa: Se houver algum prejuízo decorrente deste estudo, será providenciado tratamento sem nenhum ônus pelos responsáveis a estudante Fabiana Correia Moura.
? Participação voluntária: Minha participação é, portanto, voluntária, podendo desistir a qualquer momento do estudo, sem qualquer prejuízo e/ou penalidades para mim.
? Consentimento para participação: Eu estou de acordo com a participação no estudo descrito acima. Eu fui devidamente esclarecido quanto os objetivos da pesquisa, aos procedimentos aos quais serei submetido e os possíveis riscos envolvidos na minha participação. Os pesquisadores me garantiram disponibilizar qualquer esclarecimento adicional que eu venha solicitar durante o curso da pesquisa e o direito de desistir da participação em qualquer momento.

___________________________________________________________________________
ASSINATURA DO PARTICIPANTE
COMPROMISSO DO PESQUISADOR
Eu discuti as questões acima apresentadas com cada participante do estudo. É minha opinião que cada indivíduo entenda os riscos, benefícios e obrigações relacionadas a esta pesquisa.

__________________________________Jequié, _______ / ___________/__________
Assinatura do Pesquisador



















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