2.

Só podemos pensar as coisas em uma relação de causa e efeito porque a causalidade está no sujeito, não no mundo, segundo Kant (Crítica da Razão Pura), ao contrário de Hume, que a considerava um hábito (Investigação Sobre o Entendimento Humano). Em Kant as formas a priori do entendimento (os conceitos puros) são as categorias. O conceito de causalidade faz parte dessas categorias. Dessa forma, não podemos conceber a sucessão dos fenômenos a não ser como sucessão causal. Ou seja, sabemos a priori que todo fenômeno é causado e que em toda mudança alguma coisa nunca muda (essa é a sua condição de possibilidade). A crítica kantiana prossegue quando ele diz que “sejam quais forem a maneira e o meios pelos quais o conhecimento possa relacionar-se com objetos, o modo pelo qual o conhecimento se relaciona imediatamente a eles... é a intuição”. Ou seja, só existe intuição se um objeto nos dado. No entanto, “intuições sem conceitos são cegos”. A impossibilidade do conhecimento de um objeto a priori vai além de qualquer relação causal particular. Tanto para Hume quanto para Kant está em pauta o empirismo. Todo conhecimento começa pela experiência, jamais a precede. O papel do sujeito racional é fundamental na crítica. “Não conhecemos a priori nas coisas senão aquilo que nós mesmos nela colocamos”. Na Crítica, os objetos em relação ao sujeito são considerados coisas independentes, a própria matéria do conhecimento. O fenômeno é como esses objetos aparecem para nós, e sendo dependentes do sujeito constituem a forma do conhecimento. Trata-se da crença externa na existência de objetos segundo Hume. Na Investigação Hume diz: “Parece que, em casos isolados de operação de corpos, jamais podemos descobrir, mesmo pelo exame mais minucioso, algo além de um simples acontecimento seguindo-se a outro, e não somos capazes de apreender qualquer força ou poder pelo qual a causa operasse, ou qualquer conexão entre ela e seu suposto efeito” (Investigações VII). Nas operações da Natureza os acontecimentos se sucedem independentemente do sujeito. Nossa maneira de ver o mundo se baseia na crença segundo a qual, nossas percepções vêem os objetos como se apresentam aos sentidos. Mas nesse contexto, se pensarmos no idealismo transcendental, na maneira de conhecer as causas e os efeitos, esse conhecimento é oposto ao empírico. O princípio transcendente ultrapassa o domínio da experiência. Todo o progresso da ciência não abrirá os limites da experiência. Tudo que for dado a nós é sempre relativo. Se for abstraída toda subjetividade, objeto não será encontrado em lugar nenhum.