CATALOGAÇÃO DA AVIFAUNA DO PARQUE LINEAR GAMELINHA, SÃO PAULO-SP (BRASIL)

Autor: Prof. Ms Carlos H. Biagolini – Universidade Guarulhos- UnG

 

Resumo

Parques lineares são áreas de lazer construídas normalmente em espaços existentes entre vias de rodagem, margens de córrego ou rios, margem ou centro de grandes avenidas ou ainda formas de separação de um ambiente do outro e que possuem como característica principal serem estreitos e longos com comprimentos que variam de acordo com comprimento da via que o parque linear acompanha. Este tipo de parque ganhou força em meados dos anos 80 em consequência da redução de espaços naturais como consequência do crescimento populacional. Atualmente os parques lineares tornaram-se importante bolsões de vida faunística e florística na capital paulista, abrigando plantas de diversas espécies e aves que a pouco tempo não eram observadas em ambientes urbanizados. Entre os diversos parques lineares da capital paulista, o Parque Linear Gamelinha, localizado na zona leste de São Paulo, as margens do córrego de mesmo nome, tem 3,8 km de extensão com 25 metros de largura, onde 1,5km são equipados com pistas de caminhada além de barras fixas de musculação. No local é possível encontrar uma grande variedade de plantas introduzidas tanto pelo poder público como também pela própria população que frequêntemente introduzem espécies na maioria frutíferas fator que contribui na aproximação de aves de diferentes espécies. Entre as principais aves observadas neste parque, estão o Sabiá-Laranjeira, Sabiá-do-Campo, Beija-Flores, Pardais, Pombos Domésticos, Rolinhas, Ben-te-vis e Sanhaço-Cinzento, que dividem espaço com outras aves menos frequêntes além de outras com presença sazonal.

Palavras chave: Parque Linear, Aves Urbanas, Espaço Urbano.  

 

Introdução:

           Na primeira metade do século XIX, a cidade de São Paulo, contava com aproximadamente 20.000 habitantes e embora já apresentasse sinais de grande crescimento industrial, muita vegetação natural e intacta ainda era observada pela cidade.  Grandes áreas com cobertura vegetal intacta. Mas com o crescimento populacional, surgia a necessidade de criação de áreas verdes onde a população pudesse freqüentar de maneira que não fosse preciso ser um desbravador para se ter convívio com a natureza. Em 1825, a cidade ganhava o Jardim da Luz, que mais tarde se transformaria no Parque da Luz. Estava nascendo então o primeiro parque municipal da cidade de São Paulo (GUIA DOS PARQUES, 2010).

 

            Os parques lineares da cidade de São Paulo ganharam força em meados dos anos 80 e tornaram-se boa opção de proteção das margens de córregos ou de ocupação de espaços estreitos e longos, ajudando a reduzir a quantidade de lixos nestes espaços. Além disso, resgatam a própria essência da formação das cidades que é oferecer a oportunidade do encontro entre as pessoas (PORTAL PREF.CURITIBA, 2011)

            Os parques urbanos são locais com habitats potenciais para fauna e possibilitam estudar as relações de comunidades de animais em função das mudanças introduzidas pelo homem, como extensas alterações na vegetação, redução de habitat, perturbações associadas à proximidade com populações humanas, etc. (GAVARESK, 1976).

            Os fundos de vales e entornos dos cursos d’água são considerados pela legislação ambiental brasileira como Áreas de Proteção Permanente (APPs) e pela lei não deveriam ser locais de edificações, mas nas áreas urbanas, a realidade tem sido outra, pelo modelo de ocupação do solo até hoje adotado. (CASTRO, 1997)

            Projetos como o Parque Linear Tietê que depois de construído será o maior parque linear do Brasil, reforçam a idéia da necessidade de mais espaços como este. A participação da população na manutenção destes parques e com a introdução de vegetação diversificada sendo frutíferas na maioria das vezes é ruim sob o ponto de vista ecológico, pois não obedece a critérios de porte, tempo de vida, toxidade ou origem do vegetal, no entanto sob o ponto de vista prático torna-se vantajoso, pois aumenta o número de árvores na cidade melhorando a qualidade do ar e diversifica a alimentação disponível para a avifauna existente nestes parques.

            O município de São Paulo vem investindo na implantação de áreas verdes para melhoria da qualidade de vida da população. Neste sentido, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do município de São Paulo vem ampliando a cobertura vegetal por meio de programas de arborização e da criação de novos parques urbanos e a implantação de parques lineares ao longo de cursos de rios e córregos, também faz parte dessa diretriz. (MARIANO, 2011)

            A vegetação existente nos Parques Lineares, além de garantir alimento, oferece também abrigo e nas copas das árvores diversos ninhos são construídos, justificando assim o crescente número de aves e espécies que vivem nestes locais. Segundo o Guia de Parques (2010), são mais de 600 mil novas árvores plantadas de 2005 a 2009, favorecendo a biodiversidade da cidade, principalmente as aves.

            Em levantamento realizado pela Prefeitura de São Paulo, foram verificados 85 novas espécies de aves vivendo em áreas verdes urbanas. (PORTAL TERRA, 2011)

 

            O Parque Linear Gamelinha não é reconhecido oficialmente por este nome e sim como Corredor Verde Gamelinha, segundo o Plano Regional Estratégico da Subprefeitura Penha – PRE-PE (2004) e recebe diariamente centenas de pessoas que utilizam o espaço como área de lazer e esporte. Depois que o local se tornou bem arborizado, proporcionou também a possibilidade da prática da Observação de Aves. Este tipo de atividade são prazerosas e instrutivas e combinam perfeitamente com a vocação de preservação dos parques municipais.(GUIA DOS PARQUES, 2010).

            No local podem ser encontradas diversas espécies que se estabeleceram neste corredor verde e adaptando-se a dinâmica do local convivendo com centenas de praticantes de atividades esportivas que freqüentam o local.

 

Materiais e métodos:

            A coleta de dados foi realizada em trecho de 1,5 km do Parque Linear Gamelinha, trecho utilizado como área de práticas esportivas e a visualização foi executada com o auxilio de binóculo bifocal marca Breaker-Cobra com aumento de 07 vezes e câmera fotográfica marca Fuji modelo Finepix zoom 12 vezes.

             Para facilitar a visualização, foram instalados em pontos distintos do trecho estudado 3 bandejas que foram abastecidas a cada 2 dias com frutas (mamão e banana) e uma mistura a base de sementes (painço, girassol, alpiste e senha).

            O ponto de observação ficou localizado a 20 metros aproximadamente de cada bandeja com alimentos e as observações se realizaram no períodos da manhã e da tarde de forma aleatória num total de 30 horas de observação aproximadamente.

            As aves foram observadas e fotografadas para posterior identificação de espécie através de livros especializados em ornitologia.

 

 Resultados obtidos:

            Após o período de realização do experimento, as aves observadas no local, foram às constantes da tabela 01.

Nome popular

Nome científico

Sabiá-Laranjeira

Turdus rufiventris

Sabiá-do-Campo

Mimus saturninus

Corruira

Troglodytes musculus

Pardal

Passer domesticus

Pombo-doméstico

Columba lívia

Bem-te-ví

Pitangus sulphuratus

Sanhaço cinzento

Thraupis sayaca

João-de-barro

Furnarius rufus

 

 

Aves observadas em apenas 01 visualização

Cacatua Branca

Cacatua alba

Canário da Terra

Sicalis flaveola

Tabela 01: Espécies de aves observadas no Parque Linear Gamelinha.

 

 

Conclusão

            Os resultados obtidos apontam para um significativo número de espécies e número de indivíduos. Durante a realização das pesquisas, diversos ninhos foram avistados entre as copas das árvores indicando estarem bem adaptados com a presença de pessoas transitando pelo parque.

 

Referências bibliográficas utilizada e consultada:

 

BIAGOLINI, C.H. Observação de aves urbanas, usado como ferramenta de ensino de ciências e biologia. Anais do III Seminário de Áreas Verdes do Município de São Paulo, 2010.

CASTRO, P. Parque Linear: a água como destaque na revitalização de rios no espaço urbano. Projeto desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais, 1997.

GAVARESKI, C.A. Relation of park size and vegetation to urban BIRD populations in Seatle, Washington, Condor, 78:375-382, 1976

MARIANO, M.V., ALMEIDA, C.M.V.B., SANTOS, A.P.Z. Parques Urbanos Municipais de São Paulo: Contabilidade Ambiental em Emergia. 3rd International Workshop Advances in Cleaner Production, 2011

REDE ESTRUTURAL HÍDRICAA – AMBIENTAL. Plano Regional Estratégico da Subprefeitura da Penha – PRE – PE. Quadro 01 do livro XXI – Anexo à Lei 13885 de 25/08/2004.

SECRETARIA DO VERDE E MEIO AMBIENTE PMSP. Guia dos Parques Municipais de São Paulo.  v2, 2010.

Sites Pesquisados:

(PORTAL CIDADE DE CURITIBA) http://www.biocidade.curitiba.pr.gov.br/biocity/49.html acesso 10/01/12

PORTAL TERRA: http://notícias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,014441134-E18145,00-SP+estudo+mostra+que+abriga+oncas+e+novas+aves.html