O pensador Nietzsche nos dá inúmeras referências para o andar do século XXI. Sua trajetória filosófica nos arremete para o desbravamento e a quebra das ideologias em consonância com a realidade prática da vida.

Ora, como nunca antes na história vivemos de ideais, sejam eles religiosos, científicos, mecanismos marxistas de massa e a idéia de que um mundo melhor seja possível. Essa realidade acaba por criar um sujeito decadente, pois este homem passa a viver do medo. Têm como única segurança suas ideologias. O Mito de prometeu se repete em nossa História e nós abriremos mais uma vez a caixa de Pandora, esquecendo de que apesar da beleza das Utopias da caixa a verdadeira fonte da vida se encontra em nossa própria consciência, em nosso próprio eu.

Não podemos mais viver de dialética, devemos reforçar o sabor da vida, enfrentar o desconhecido, ser póstumos. Essa é a grande novidade. Não existe regra social ou moral que possa determinar sua vontade, pois se assim houver estará preso aos mecanismos de controle do estado, da religião ou das instituições ao qual vende a um preso do nada a sua liberdade, vale lembrar que a ideologia é em sua própria palavra um nada. Um tiro no escuro que seja tragado com o tempo.

Poucas pessoas se colocam diante de sua existência como fato. Gostamos de criar deuses, regras ou normas de conduta ao qual nossa liberdade passa a ser cerceada. A fraqueza humana se encontra em defrontar-se com uma desculpa para tudo, se tudo vai bem é por causa da ideologia, e se tudo vai mal à ideologia nos levou ao fracasso, eis irmãos a era do ressentimento.

Somos sujeitos ressentidos, não queremos acreditar que nada que existe no mundo foi feito para nosso deleite, não somos nós o topo da cadeia alimentar, apenas somos parte dela. O fato deste deslocamento retira de nós a idéia antropocêntrica de que tudo é para o homem, em busca de um referencial machucado pelas doutrinas cristãs, o egoísmo. O egoísmo é a fonte do saber filosófico, se encontrar Buda a sua frente mate-o. Essa idéia de percorrer o caminho foge em grande parte das crendices do mundo moderno. É uma referencia de que o mundo segue o caminho pelo qual nós humanos somos os únicos responsáveis pelos danos. Embora sempre gostemos de nos justificar perante as ideologias.

Essa é a grande criticidade do referencial histórico, porque temos a necessidade de justificar nossos atos a ideologias? A resposta é óbvia não enfrentamos nosso destino, não temos coragem de buscar adentro de nossa realidade o que verdadeiramente somos animais em ruínas, que busca amar o mundo, que se preocupa com os biomas pelo mundo, que tem medo do vírus ebola que morre dó de uma criança africana que morre de fome, mas odiamos aquele que faz parte de nosso mundo, seja ele do trabalho, lazer, ou até quem sabe de uma pessoa que nos cruza as ruas.

O homem é um ser decadente, fazer a transposição filosófica dentre o homem e o além do homem requer coragem para desbravar aquilo que realmente somos, e então, assumir nossos verdadeiros desejos e fantasias, sim somos Dionísio e Apolo. O fato é que nos esquecemos do primeiro e ficamos mancos, pois gostamos de ver nos telejornais a prisão de mais um negro, pobre ou quem sabe homossexual que é marginalizado e condenado a forca do moralismo histórico que nós mesmos construímos.