Carta aos meus filhos

12.10.2011

 

Meus queridos filhos,

 

Mais um dia das crianças!

Quero aproveitar esta oportunidade para lhes manifestar algumas coisas que, penso, todo pai, em algum momento, gostaria de dizer para seus filhos, que, para ele, nunca deixarão de ser crianças.

Filhos, talvez vocês ainda não saibam o quanto são amados por seus pais, desde que nasceram. Na verdade, mesmo quando ainda eram apenas uma aspiração, já existia este sentimento, que foi justamente o que permitiu dar vida ao que já concebêramos mental e sensivelmente. 

Desde o momento em que seus olhos se abriram e inalaram a essência de vida que lhes permitiu nascer neste mundo, fomos aprendendo a amá-los cada vez com mais consciência de nosso dever, de nossas responsabilidades. E percebendo como, dia-a-dia, ia m nos reconhecendo como seus pais.

Neste processo, começamos a nos encantar com sua inteligência, com sua sensibilidade, com sua capacidade de entender muito mais do que se costuma pensar que uma criança possa alcançar.  Esta é uma realidade que podemos comprovar em todas as crianças, o que significa que estão muito mais aptas do que possamos imaginar para entender diversas coisas da realidade que as cerca.

E por esta razão, sempre os estimulamos a buscar o conhecimento, cuidando para que nada inibisse essa necessidade espiritual do ser humano de questionar e pensar, para alcançar as respostas ao que queira ou precise saber.

Queridos filhos, o quanto tem sido grata a oportunidade de, simplesmente, tê-los como filhos!

Estamos sinceramente nos empenhando para que, pelo menos, fiquem tão felizes de nos terem como pais, quanto estamos eu e sua mãe.

Sabemos que não somos os melhores pais do mundo, mas os melhores que estamos aprendendo a ser, procurando ser tão conscientes quanto o esforço de superação de nossas limitações nos permitam.

Portanto, sempre que errarmos saibam que nossa intenção foi acertar e não deixem de nos ajudar a perceber o erro, pois, a partir de sua identificação, poderemos acelerar o processo de correção. Sem culpas, sem perdões nem punições.

Filhos, nestes anos de convivência, constatamos o quanto é importante cultivar o amor que nos une, porque é deste cultivo que vai se consolidando o vínculo espiritual que existe em latência entre pais e filhos.

A formação deste vínculo é fruto de um processo em que não podem faltar alguns elementos fundamentais. O primeiro deles, como acabei de dizer, é o amor que se manifesta através do afeto, que é justamente a expressão consciente desse amor incondicional.

Como desdobramento direto desse afeto conscientemente cultivado, outro que brota é a orientação, que implica dar ao filho o que necessita e não o que, na inocência dos primeiros anos, imagina  ter direito. Nesta orientação está contida uma das maiores manifestações de amor de pais para filhos, que é a correção, pois é justamente ela que vai determinando o caráter do ser em formação. É também uma proteção, pois previne para que, no futuro,  não seja uma vítima fácil da ingenuidade. Desta forma, sempre poderá preservar a inocência em seu coração, mas sem se tornar ingênuo.

Também não pode faltar o respeito, mas respaldado por uma atuação em que um possa ver no outro o reflexo do que quer transmitir. E é claro que isto vale para ambos, pois quem aprende deve expressar na conduta o que está aprendendo, exatamente como quem  ensina deve ser, antes de mais nada, exemplo do que transmite.

Esta conduta nos leva a identificar mais um elemento essencial para a construção deste vínculo existencial: a confiança, base para que ambos saibam que sempre podem contar um com o outro nesta fantástica aventura que é a vida!

Por fim, quero falar agora do último elemento que consolidará o vínculo em um dos mais belos sentimentos que deve unir a todos os seres. Este elemento é a simpatia, esta força que torna nossa companhia agradável e até mesmo indispensável, e que favorece que se estabeleça a convivência de uma forma harmoniosa e alegre. Seu cultivo deve ser constante e sua manifestação é muito fácil: através de um alegre bom dia, de um sorriso franco, de um beijo afetuoso, de um abraço-surpresa, de uma constante predisposição a colaborar com tudo e com todos.

E quando unimos o respeito, a confiança e a simpatia, temos uma fórmula, revelada por um mestre de sabedoria, para mudar o mundo, pois quando pais e filhos se tornam também amigos, podem ensinar este mesmo processo a todos os demais seres e assim esperar que, sob o signo da amizade, conquiste- se a verdadeira paz na terra, por ter começado a ser cultivada no templo de maior hierarquia onde são cultuados todos os grandes sentimentos: a família!

Bem, filhos, vocês poderiam talvez estar se perguntando se ainda há algo mais a dizer. A resposta, que está em nosso coração e que os levará também a fazer tudo o que estiver a seu alcance para seus próprios filhos, sem medir esforços, sacrifícios, sem regatear tempo, é o profundo desejo de que sejam os mais felizes seres humanos que possam existir sobre a terra!

E que saibam preservar e compartilhar a felicidade com os demais, para que cada dia mais filhos e pais possam ter essa grande alegria e um dia ver toda a humanidade estreitar as mãos, em um gesto presidido pelo mais puro sentimento de amizade!

Um abraço forte e um beijo de seu pai!

                                                                       Carlos Alberto Soares