Rio de Janeiro, 23 abril 2009.

Á

Cora Rónai,

Foi com um prazer infinito que pude ler sua crônica de hoje – "Bando de traíras irresponsáveis" – poderia ser: Os porcos chafurdam sua própria lama – para homenagear o Color de Mello e ficar mais compatível com a foto que aparece na crônica – mas, está bom assim mesmo – o que vale são as ideias lá expostas.

Aplaudi assim porque a tempos escrevi para o jornal defendo a ideia que você hoje advoga - "Não é verdade. O Brasil seja muito melhor do que os seus políticos...", parece que não houve acolhida por "falta de espaço" - entretanto, é muito gratificante saber que não se está sozinho.

É "bando" assim mesmo como você se refere – se qualificam de "V. Excia", mas, não são dignos de qualquer respeito. Quando você escreveu não havia tempo útil de circular a "Briga pública de ministros do STF"; nem o protesto do deputado Sílvio Costa (PMN-PE): "É preciso acabar com o teatro da hipocrisia. Não é justo que a mulher e os filhos dos deputados casados não possam vir a Brasília. Eu sou casado, vocês querem me separar?" Perderam o senso – lógico, moral e legal. Apesar dele ter razão quando diz que é preciso acabar com a hipocrisia.

Além de preciso é fundamental que acabemos com a hipocrisia de alardearmos viver em uma democracia – Os deputados e senadores não representam o povo – o judiciário não julgam segundo a lei, o executivo não trabalha em função da sociedade – Então é hora de acabarmos com a hipocrisia desse discurso democrático – Estado de Direito e coisa e tal.

Políticos trabalham para os seus financiadores – ponto. Financiadores objetivam ganhar dinheiro e não no bem estar social, ou preservação da natureza. O que se apregoa como crescimento é aumento de patrimônio pessoal e não crescimento de condição e de qualidade vida de uma sociedade organizada.

Para viabilizar esses objetivos escusos – a regra é uma só – desregramento. Aí tome carência na educação na saúde...etc e tal.

Troquei de operadora – da Vivo para Oi – resultado, meu telefone velho não serve para funcionar na Oi, assim tenho de comprar um novo – e o velho não presta para nada – desperdício, agressão à natureza em nome do lucro – tudo legal e aceito, (passivamente – a quem reclamar – nas Agencias?).

Fazemos um cheque de maior valor ou um de menor valor – e por isso sou penalizado com uma taxa bancária – irracional – pois estou movimentando meus recursos – mas isto é legal segundo regras do Banco Central.

Isso mostra a irracionalidade em que vivemos – portanto além de acabar com a hipocrisia, também é fundamental que se passe a operar os negócios com racionalidade – isto é, sem o desperdício fundamentado na ideologia americana de progresso = riqueza.

Nessa irracionalidade quero juntar outra tese ainda: Renúncia por atos – não há como continuar tratando de "V. Excia" os Ministros e políticos que por seus atos públicos renunciam a liturgia dessa função – Ministros e Autoridades devem ser tratados como tal quando (enquanto) assim se comportarem. Se voluntariamente, por seus atos, se comportam como "moleques, imbecis ou bandidos" sem compostura – é assim que escolheram, e como devem, ser tratados. Respeito e liturgia é forma de tratamento dispensado quem merece e como dizia D. Ozória - "quem faz por donde".

Sabe o que causa todos esses desmandos? - Excesso de recursos – fáceis de serem arrecadados e de serem gastos sem compromissos de controle e destinação. É necessário uma ideologia que privilegie como riqueza: caráter, seriedade, honestidade, justiça e qualidade de vida. Isso é possível.

Não advogo a extinção da Câmara, do Senado e dos Tribunais superiores, mas sim a sua qualificação – através da implantação de uma verdadeira democracia, onde o povo possa ser respeitado como é dito na constituição.

Apolinario de Araujo Albuquerque044.178.017-20 – CRC-RJ 16.119-1