Cardiopatias Congênitas

 

 

Adriana Ferreira dos Santos

Jeanne Kelly Nascimento Souza

Luísa Oliveira Figueiredo

Luciana dos Santos Batista Vale

Maria Isabel Feitosa

Rayana Tereza

Tammy dos Santos Cruz Miguez

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

Devido à complexidade do desenvolvimento do coração e dos grandes vasos, as malformações cardíacas congênitas são relativamente comuns (MOORE e PERSAUD, 1995).

É importante destacar que as cardiopatias congênitas acometem o coração e os grandes vasos sangüíneos da criança ainda em seu desenvolvimento intra-uterino, afetando, dessa forma na sua anatomia e fisiologia normal.

Aproximadamente 8 em cada 1.000 nascimentos vivos são de crianças portadoras de cardiopatia congênita, mas somente uma ou duas irão apresentar situação ameaçadora à vida no período neonatal(SILVA e GOMES, 2002).

Silva e Gomes (2002) relatam ainda que as cardiopatias congênitas que se manifestam no período neonatal são usualmente as mais graves e as causas mais freqüentes de emergência em Cardiologia Pediátrica.

São divididas em dois tipos: cianótica (coloração azul cianótica na pele causada por uma relativa falta de oxigênio) e não-cianótica.

Uma das causas mais comuns das cardiopatias congênitas é uma infecção por vírus da mãe durante o primeiro trimestre da gravidez, quando o coração fetal está se formando. Existe grande possibilidade de ocorrência de malformações quando a mãe contrai rubéola nessa fase.  Entretanto, algumas malformações congênitas são hereditárias, visto que o mesmo tem ocorrido em gêmeos idênticos e em gerações sucessivas. Os filhos de pacientes que foram tratados cirurgicamente por malformações congênitas apresentam probabilidade 10 vezes maior de terem doenças cardíacas congênitas que crianças em geral. Esses defeitos congênitos no coração podem, muitas vezes, estarem associados a outras malformações congênitas de outros órgãos (GUYTON, 2002).

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

Defeito Septal Ventricular 

 

É a mais freqüente e afeta mais amiúde indivíduos do sexo masculino, sendo responsável por 25% das malformações cardíacas congênitas. A anomalia do septo membranoso constitui o tipo mais comum de DSV (MOORE e PERSAUD, 1995).

Os sintomas característicos são: pode ser assintomática; insuficiência cardíaca com dispnéia e atraso do crescimento; infecções torácicas recorrentes; cianose; endocardite tardia; taquipnéia; taquicardia; hepatomegalia por insuficiência cardíaca (LISSAUER e CLAYDEN, 2002).

Whaley e Wong (1999) descrevem a fisiopatologia:

 

Por causa da maior pressão dentro do ventrículo esquerdo e porque a circulação arterial sistêmica oferece mais resistência do que a circulação pulmonar, o fluxo se da através do defeito para o interior da artéria pulmonar. O maior volume de sangue é bombeado para o interior dos pulmões o que eventualmente pode resultar em maior resistência vascular pulmonar.

 

Diagnóstico fácil com eletrocardiograma e estudo radiológico normal ou pouco alterados é comprovado pelo ecocardiograma mostrando um defeito bem menor do que a aorta e gradiente alto entre os dois ventrículos, evidenciando a normalidade da pressão no ventrículo direito(DAUDT, 2004).

Terapia medicamentosa com os diuréticos, os comumente usados são a furosemida ou uma tiazida e espirololactona. Mais recentemente tem se usado os inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) em combinação com os diuréticos (LISSAUER e CLAYDEN, 2002).

 

Tetralogia de Fallot 

 

Trata-se de uma combinação de quatro anomalias cardíacas, consistindo em: (1) estenose pulmonar, (2) Defeito do septo ventricular, (3) acavalamento da aorta e (4) hipertrofia ventricular direita (GUYTON, 2002).

Os sintomas são caracterizados por rápido aumento da cianose, em geral associado à irritabilidade ou choro inconsolável devido à hipóxia intensa, dispnéia e palidez em virtude da acidose tecidual (LISSAUER e CLAYDEN, 2002).

Guyton (2002) relata que:

Evidencia-se prontamente que a principal dificuldade fisiológica causada pela tetralogia de Fallot é o desvio do sangue para além dos pulmões, sem se tornar oxigenado. Até 75% do sangue venoso que retorna ao coração pode passar diretamente do ventrículo direito para dentro da aorta, sem ser oxigenado. A tetralogia de Fallot é a principal causa de cianose em bebês, conhecidos como bebês azuis.

De acordo com Guyton (2002) a tetralogia de Fallot é bastante freqüente durante a vida fetal, e seu diagnóstico ecocardiográfico costuma ser realizado sem dificuldades.

Desta maneira, o diagnóstico rotineiro da tetralogia de Fallot baseia-se em o fato do bebê apresentar pele e mucosas azuladas; registro de alta pressão sistólica mo ventrículo direito obtidos através de um cateter; alterações cardíacas na silhueta do coração, mostrando um ventrículo direito aumentado e; angiogramas mostrando fluxo sanguíneo anormal através do defeito septal interventricular, a aorta cavalgante e a área estenótica pulmonar (GUYTON, 2002).

A reparação cirúrgica do problema consiste na correção do defeito do septo ventricular, na abertura da via de saída estreitada do ventrículo direito e da válvula pulmonar estenosada, e no fechamento de qualquer conexão artificial que tenha sido criada entre a aorta e a artéria pulmonar. Quando bem sucedida, a expectativa média de vida do paciente aumente de poucos anos, para 50 anos ou mais (GUYTON, 2002 e MANUAL MERCK 2007).

 

Transposição das grandes artérias

           

A artéria pulmonar parte do ventrículo esquerdo, e a aorta, do ventrículo direito, sem comunicação entre as circulações sistêmica e pulmonar (WHALEY E WONG, 1999).

Assim, no período neonatal o recém-nascido apresenta precocemente sofrimento hipóxico, dependendo de medidas clínicas e cirúrgicas urgentes para evitar a acidose, melhorar a hipoxemia e corrigir o defeito (ZIELINSKY, 1997).

Segundo Behrman e Kliegman (2004), a constatação da cianose no período perinatal na criança com d-TGA é uma verdadeira emergência médica. Deve-se iniciar uma infusão de prostaglandina (PGE) imediatamente após o diagnóstico. Quase todos os recém-nascidos a termo cianóticos se beneficiarão da administração de PGE, e muitos poucos têm reações adversas. Como de fato ocorre apnéia após a administração de PGE, observação estrita, intubação, ou ambas necessárias.

 

Defeito do Septo Atrial

           

Segundo Whaley e Wong (1999) é uma abertura anormal entre os átrios, permitindo que o sangue oriundo do átrio esquerdo, com pressão mais alta, circule para dentro do átrio direito, de pressão menor, causando um maior fluxo de sangue oxigenado para o lado direito do coração. Constam três tipos:

* Ostium primum (DAS 1) – Abertura na extremidade mais inferior do septo;

* Ostium secundum (DAS 2) – Abertura próxima do centro do septo;

* Defeito do seio venoso – Abertura próxima à junção da veia cava superior e o átrio direito.

            Os pacientes podem ser assintomáticos ou desenvolver insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e arritmias (WHALEY E WONG, 1999).

O diagnóstico é feito através de eletrocardiograma (ECG): o bloqueio incompleto do ramo direito é um achado comum; raio X de tórax: pode demonstrar um aumento do átrio e ventrículo direitos, aumento do tronco da artéria pulmonar  e aumento da vasculatura dos pulmões.
Ecocardiograma: pode demonstrar um aumento do átrio e ventrículo direitos, além de hipertensão pulmonar (LISSAUER e CLAYDEN, 2002).

 

Coarctação da Aorta

 

Whaley e Wong (1999) descrevem como um estreitamento localizado próximo à inserção do ducto arterioso, resultando em aumento da pressão proximamente ao defeito   (cabeça e extremidades superiores) e diminuição da pressão distalmente á obstrução (corpo e extremidades inferiores).

É uma das malformações cardiovasculares mais freqüentes, constituindo cerca de 5% a 8% das cardiopatias em geral, ocupando segundo as várias estatísticas, o 6° ou 7° lugar entre os defeitos, predominando no sexo masculino sobre o feminino (EBAID e AFIUNE, 1998).

Whaley e Wong (1999) descrevem que:          

 

É detectada na infância em exames médicos sendo analisada por um aumento da pressão sanguínea e a pulsação sendo mais forte nos membros superiores, já em relação ao pulso femoral é fraca e geralmente ausente, nas extremidades inferiores a pressão sanguínea é menor. Em crianças mais velhas elas podem apresentar vertigens, cefaléias e sangramento nasal, que decorre da hipertensão.

 

Segundo SOUZA et al. (1999) a ecocardiografia bidimensional, associada ao eco-Doppler, permite a visualização da zona da coarctação, o cálculo do gradiente transcoarctação e a presença de anomalias cardíacas associadas.

A angiografia (aortografia) é importante para definir com maior precisão, o local e a extensão da obstrução, com avaliação da sua gravidade e definição de aspectos da circulação colateral que podem ser relevantes na opção da estratégia operatória (SOUZA et al. 1999).

 

 

Histórico de Enfermagem

 

Os cuidados de enfermagem prestados a uma criança com CC têm inicio tão logo o diagnóstico é suspeitado. Entretanto, em muitos casos os sintomas que sugerem uma anomalia cardíaca não estão presentes ao nascimento ou, se manifestos são tão sutis que facilmente passam despercebidos (WHALEY E WONG, 1999).

Muitos defeitos cardíacos não se tornam evidentes até que o crescimento da criança e /ou o gasto de energia excede a capacidade do coração de oferecer sangue oxigenado. Como o inicio é gradual a criança pode restringir a sua atividade de modo que os sinais de intolerância física sejam menos óbvios (WHALEY E WONG, 1999).

Um componente vital no histórico de enfermagem está relacionado com o impacto do distúrbio sobre a família, principalmente os pais. Portanto, as reações, o enfrentamento e as preocupações na família também devem ser incluídos no processo de avaliação (WHALEY E WONG, 1999).

 

Diagnósticos de Enfermagem - NANDA

 

Auto risco para redução de debito cardíaco relacionado com o defeito estrutural.

 

Prescrições:

 

Administrar digoxina conforme necessário, usando-se as precauções estabelecidas para evitar intoxicações;

Administrar diuréticos conforme prescritos.

 

 

Intolerância a atividade física relacionada com o desequilíbrio entre o suprimento e a oferta de oxigênio.

 

Prescrições:

 

Permitir períodos freqüentes de repouso e períodos interruptos do sono;

Incentivar jogos e atividades silenciosas;

Ajudar a criança a selecionar atividades apropriadas para a idade;

Evitar extremos de temperatura ambiente (porque a hipertemia ou a hipotermia aumenta a necessidade de oxigênio;

Implementar medidas que reduzem a ansiedade;

Responder imediatamente ao choro ou outras manifestações de estresse.

 

Crescimento e desenvolvimento alterados relacionado com oferta inadequada de oxigênio e nutrientes aos tecidos.

 

Prescrições:

 

Oferecer uma dieta balanceada e altamente nutritiva;

Monitorizar a altura e o peso;

Pode ser administrada suplementação de ferro para corrigir a anemia, se prescrito.

 

Conclusão

 

Com o presente trabalho podemos perceber a importância da identificação das cardiopatias congênitas, com o intuito de uma intervenção rápida e adequada.

É fundamental afastar possíveis fatores agravantes do quadro clínico afim de prestar uma assistência de enfermagem de qualidade, buscando assim suprir as necessidades da criança e dos familiares.

Os profissionais de saúde devem estar preparados para orientar e acolher os portadores de cardiopatias, afim de amenizar os sofrimentos e medos.

 

Referências Bibliográficas

 

EBAID, Munir  and  AFIUNE, Jorge Yussef. Coarctação de aorta. Do diagnóstico simples às complicações imprevisíveis. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [online]. 1998, vol.71, n.5.

 

GUYTON, C. Arthur, HALL, John. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanaba Koogan, 10 ed.2002.

 

LISSAUER, Ton e CLAYDEN, Graham - Manual ilustrado de pediatria. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2003

 

Manual Merck, Defeitos Cogênitos, capítulo 254, 2007. Disponível:<http://www.msdbrazil.com/msd43/m_manual/mm_sec23_254.htm>. Acesso 15 de setembro 2010.

MOORE, Keith L., PERSAUD, T.V.N: Embriologia Básica. 4ª edição. Editora: Guanabara koogan, 1995, Rio de Janeiro – RJ

 

Revista da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul - Ano XIII nº 01 Jan/FevMar/Abril2004. Disponível em http://sociedades.cardiol.br/sbc-rs/revista/2004/01/artigo05.pdf

 

Revista de Sociologia Cardiologia Estado de São Paulo — Vol 12 — Nº 5 — Setembro/Outubro de 2002.

 

Revista de Medicina Interna. Vol 6, N.2, 1995. Disponível em http://www.spmi.pt/revista/vol08/ch1_v8n1jan2001.pdf - Acesso em 14 de setembro de 2010.

 

Richard E. Behrman, Robert M. Kliegman Editora: Guanabara Tema: Pediatria Ano: 2004 4ª Edição

 

WHALEY, L.F.; WONG, D.L. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 5ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

 

ZIELINSKY, Paulo. Malformações cardíacas fetais. Diagnóstico e conduta. Arquivo Brasileiro de Cardiologia [online]. 1997, vol.69, n.3, pp. 209-218.